sábado, 2 de agosto de 2014

XVIII domingo do Tempo Comum

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Textos: Is 55, 1-3; Rm 8, 35.37-39; Mt 14, 13-21

Deus quer saciar a nossa fome e a nossa sede.

Deus sabe da nossa fome e sede radicais. Por isso preparou desde sempre pratos substanciosos e vinhos soleira (primeira leitura). Mas foi distribuindo de gole em gole. E quando já não aguentou o seu coração nos deu para comer generosamente como manjar o Corpo e para beber o Sangue do seu Filho Jesus Cristo, e ficamos satisfeitos (evangelho). Com este alimento teremos forças para satisfazer as nossas necessidades espirituais e sair vitoriosos diante das lutas diárias (segunda leitura). E inclusive nos sobrará para alimentar os nossos irmãos necessitados.

Em primeiro lugar, vejamos as diversas fomes e os diversos tipos de sede que tem o homem de hoje. Fome e sede de Deus, que se não é canalizada nos faz cair na tentação paradisíaca do “sereis como deuses”. Fome e sede de espiritualidade, que se não é orientada se converte em supermercado onde cada um satisfaz as suas emoções e sentimentos. Fome e sede de liberdade, que se não é formada desemboca em libertinagem. Fome e sede de fama e de honra, que se não é purificada nos faz cair no espetáculo de apoteose como tantos faraós, reis, guerreiros, legisladores, cantores e atores. Fome e sede de dinheiro, que se não é controlada nos rouba o sono e a paz. Fome e sede de sexo, que se não é integrado com as outras dimensões do amor afetivo, amistoso e espiritual, nos devora, engole e no faz cair no erotismo. Fome e sede, que se não se faz irmã da misericórdia, nos empurra à crueldade. Fome e sede de saúde, que se não é equilibrada se converte em fonte de hipocondria. Fome e sede de descanso, que se não é dosificada é motivo de preguiça e vagabundagem.

Em segundo lugar, Deus em Cristo vem para saciar completamente a nossa fome e sede interior. Desde o Antigo Testamento, Isaias nos fazia o convite de Deus: “Ide por agua... vinde, comei sem pagar vinho e tomai leite grátis... comereis bem...”. Esta multiplicação de pães e de peixes, narrada hoje no evangelho, é o anúncio e o prelúdio do que Cristo será para todos nós: o nosso alimento, antecipação do mistério da Eucaristia. A metáfora da comida e da bebida é bem apropriada para fazer-nos compreender outros bens que Deus nos presenteia: a sua proximidade, o seu perdão, o seu amor. Quantas vezes Jesus utilizou o ambiente de uma refeição para fazer-nos sentar à mesa do perdão e da salvação! Ali está Cristo Alimento em cada missa. Ali está Cristo Alimento no evangelho.

Finalmente, mas também nos encarrega “dai vós mesmos de comer”. Deus não se encarrega de fazer tudo. Cristo não prevê tudo com o seu milagre. Cristo dá os pães e os peixes multiplicados aos discípulos, e depois eles repartem entre as pessoas. Devemos compartilhar com Ele a sua compaixão e a sua sintonia com o faminto, em todos os sentidos de fome e de sede. Somos colaboradores desse Cristo que quer saciar a fome e a sede da humanidade. Que triste seria ficarmos num cantinho comendo, sozinhos, o pão da nossa fé, da nossa esperança, do nosso amor, da nossa bondade! Que triste seria não compartilhar o vinho da nossa alegria, do nosso otimismo, da nossa solidariedade, do nosso conselho! São João Paulo II disse: “Penso no drama da fome que atormenta a milhares e milhares de seres humanos, nas doenças que flagelam os países em desenvolvimento, na solidão dos anciãos, na desolação dos não têm emprego, na tortura dos emigrantes. Não podemos criar castelos no ar: pelo amor mútuo e, em particular, pela atenção aos necessitados seremos reconhecidos como verdadeiros discípulos de Cristo. Em base a este critério se comprovará a autenticidade das nossas celebrações eucarísticas” (Mane nobiscum Domine, 28).

Para refletir:
1. Do que tenho fome e sede?
2. Aonde vou saciar a minha fome e a minha sede?
3. Compartilho o meu pão com os meus irmãos ou como o meu pão sozinho num cantinho isolado?

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