segunda-feira, 23 de junho de 2014

Mês do Sagrado Coração de Jesus – O Nascimento de São João Batista

LECTIO DIVINA  
Evangelho (Lc 1,57-66.80): Quando se completou o tempo da gravidez, Isabel deu à luz um filho. Os vizinhos e os parentes ouviram quanta misericórdia o Senhor lhe tinha demonstrado, e alegravam-se com ela. No oitavo dia, foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. A mãe, porém, disse: “Não. Ele vai se chamar João». Disseram-lhe: «Ninguém entre os teus parentes é chamado com este nome! ». Por meio de sinais, então, perguntaram ao pai como ele queria que o menino se chamasse. Zacarias pediu uma tabuinha e escreveu: «João é o seu nome! » E todos ficaram admirados. No mesmo instante, sua boca se abriu, a língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. Todos os vizinhos se encheram de temor, e a notícia se espalhou por toda a região montanhosa da Judéia. Todos os que ouviram a notícia ficavam pensando: «Que vai ser este menino? » De fato, a mão do Senhor estava com ele. O menino crescia e seu espírito se fortalecia. Ele vivia nos desertos, até o dia de se apresentar publicamente diante de Israel

Comentário: Rev. D. Joan MARTÍNEZ Porcel (Barcelona, Espanha)

O menino crescia e seu espírito se fortalecia

Hoje, celebramos solenemente o nascimento do Batista. São João é um homem de grandes contrastes: vive o silêncio do deserto, mas dai mesmo move as massas e as convida com voz convincente à conversão; é humilde para reconhecer que ele é tão somente é a voz, não a Palavra, mas não tem medo de falar e é capaz de acusar e denunciar as injustiças até aos mesmos reis; convida aos seus discípulos a ir até Jesus, mas não rejeita conversar com o rei Herodes enquanto está em prisão. Silencioso e humilde é também valente e decidido até derramar seu sangue. João Batista é um grande homem! O maior dos nascidos de mulher, assim o elogiará Jesus; mas somente é o precursor de Cristo.

Talvez o segredo de sua grandeza está em sua consciência de saber-se elegido por Deus; assim o expressa o evangelista: «O menino foi crescendo e fortificava-se em espírito, e viveu nos desertos até o dia em que se apresentou diante de Israel.» (Lc 1,80). Toda sua infância e juventude estiveram marcadas pela consciência de sua missão: dar testemunho; e o fez batizando a Cristo no Rio Jordão, preparando para o Senhor um povo bem disposto e, ao final de sua vida, derramando seu sangue em favor da verdade. Com nosso conhecimento de João, podemos responder à pergunta de seus contemporâneos: «Todos os que o ouviam conservavam-no no coração, dizendo: Que será este menino? Porque a mão do Senhor estava com ele» (Lc 1,66).

Todos nós, pelo batismo, fomos escolhidos e enviados a dar testemunho do Senhor. Em um ambiente de indiferença, são João é modelo e ajuda para nós; são Agostinho nos diz: «Admira a João o quanto seja possível, pois o que admiras aproveita a Cristo. Aproveita a Cristo, repito, não porque lhe ofereces alguma coisa a Ele, e sim para que tu possas progredir Nele». Em João, suas atitudes de Precursor, manifestadas na sua oração atenta ao Espírito, em sua fortaleza e sua humildade, nos ajudam a abrir horizontes novos de santidade para nós e para nossos irmãos.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* Lucas 1,57-58: Nascimento de João Batista
“Completou-se para Isabel o tempo do parto e ela deu à luz um filho. Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido bom para Isabel, e se alegraram com ela”. Como tantas mulheres do AT, Isabel era estéril: Como Deus teve piedade de Sara (Gn 16,1; 17,17; 18,12), de Raquel (Gn 29,31) e de Ana (1Sam 1,2.6.11) transformando a esterilidade em fecundidade, assim Ele teve piedade de Isabel, e ela concebeu um filho. Grávida, Isabel escondeu-se durante cinco meses. Quando, depois de cinco meses, o povo pôde verificar no corpo dela como Deus tinha sido bom para Isabel, todos se alegraram com ela. Este ambiente comunitário em que todos se envolvem com a vida dos outros, tanto na alegria como na dor, é o ambiente em que João e Jesus nasceram, cresceram e receberam a sua formação. Um ambiente assim marca a personalidade das pessoas pelo resto da sua vida. É este ambiente comunitário que mais nos falta hoje.

* Lucas 1,59: Dar o nome no oitavo dia.
“No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias”. O envolvimento da comunidade na vida da família de Zacarias, Isabel e João é tanto que os parentes e vizinhos chegam a interferir até na escolha do nome do menino. Querem dar ao menino o nome do pai: Zacarias!” Zacarias quer dizer: Deus se lembrou. Talvez quisessem expressar a gratidão a Deus por Ele ter se lembrado de Isabel e de Zacarias e por ter-lhes dado um filho na velhice.

* Lucas 1,60-63: O nome dele será João!
Mas Isabel intervém e não permite os parentes tomarem a dianteira na questão do nome. Lembrando o anúncio do nome pelo anjo a Zacarias (Lc 1,13), ela diz: "Não! Ele vai se chamar João". Num lugar pequeno como Ain Karem na serra da Judéia, o controle social é muito forte. E quando uma pessoa sai fora dos costumes normais do lugar, ela é criticada. Isabel não seguiu os costumes do lugar e escolheu um nome fora dos padrões normais. Por isso, os parentes e vizinhos reclamam: "Você não tem nenhum parente com esse nome!" Os parentes não cedem com facilidade e fazem sinais ao pai para saber dele como quer que o menino seja chamado. Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: "O nome dele é João." Todos ficaram admirados, pois 
deviam ter percebido algo do mistério que Deus que envolvia o nascimento do menino.
É esta percepção que o povo teve do mistério de Deus presente nos fatos tão comuns da vida, que Lucas quer comunicar a nós, seus leitores e leitoras. Na sua maneira de descrever os acontecimentos, Lucas não é como o fotógrafo que só registra o que os olhos podem ver. Ele é como quem usa o Raio-X que registra aquilo que os olhos não podem ver. Lucas lê os fatos com o Raio-X da fé que revela o que o olhar comum não percebe.

* Lucas 1,64-66: A notícia do menino se espalha
“No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia se espalhou por toda a região montanhosa da Judéia. E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: "O que será que esse menino vai ser?" De fato, a mão do Senhor estava com ele”. A maneira de Lucas descrever os fatos evoca as circunstâncias do nascimento de pessoas que no AT tiveram um papel importante na realização do projeto de Deus e cuja infância já parecia marcada pelo destino privilegiado que iam ter: Moisés (Ex 2,1-10), Sansão (Jz 13,1-4 e 13,24-25), Samuel (1Sam 1,13-28 e 2,11).

Para um confronto pessoal
1. O que mais me cativou na maneira de Lucas descrever os fatos da vida?
2. Como leio os fatos da minha vida? Como fotografia ou como raio-X?

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