domingo, 23 de dezembro de 2012

Vigília do Natal de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo



  Evangelho segundo S. Lucas 2,1-14. - Por aqueles dias, saiu um édito da parte de César Augusto para ser recenseada toda a terra. Este recenseamento foi o primeiro que se fez, sendo Quirino governador da Síria. Todos iam recensear-se, cada qual à sua própria cidade. Também José, deixando a cidade de Nazaré, na Galileia, subiu até à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e linhagem de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que se encontrava grávida. E, quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz e teve o seu filho primogênito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria. Na mesma região encontravam-se uns pastores que pernoitavam nos campos, guardando os seus rebanhos durante a noite. Um anjo do Senhor apareceu-lhes, e a glória do Senhor refulgiu em volta deles; e tiveram muito medo. O anjo disse-lhes: «Não temais, pois vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.» De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, louvando a Deus e dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado.»

E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós (Jo 1,14)

 Hoje, com a simplicidade das crianças, consideramos o grande mistério de nossa fé. O nascimento de Jesus marca a chegada da “plenitude dos tempos”. Desde o pecado de nossos primeiros pais, a linhagem humana se havia afastado do Criador. Mas Deus, compadecido de nossa triste situação, enviou o seu Filho eterno, nascido da Virgem Maria, para resgatar-nos da escravidão do pecado.

O apóstolo João o explica usando expressões de grande profundidade teológica: «No principio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus.» (Jo 1,1). João chama “Palavra” ao Filho de Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. E Complementa: «E o verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o filho único recebe do seu pai, cheio de graça e de verdade» (Jo 1,14).

Isto é o que celebramos hoje, por isso fazemos festa. Maravilhados, contemplamos Jesus acabado de nascer. É um recém nascido… E, ao mesmo tempo, Deus onipotente; sem deixar de ser Deus, agora é também um de nós.

Veio à terra para devolver-nos a condição de filhos de Deus. Mas é necessário que cada um acolha em seu interior a salvação que Ele nos oferece. Tal como explica São João, «Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo 1,12). Filhos de Deus! Ficamos admirados ante este mistério inefável: «O Filho de Deus se fez filho do homem para fazer aos homens filhos de Deus» (São João Crisóstomo).

Acolhamos Jesus, busquemos: somente Nele encontraremos a salvação, a verdadeira solução para nossos problemas; só Ele dá o último sentido da vida e das contrariedades e da dor. Por isto, hoje lhes proponho: vamos ler mais o Evangelho, vamos meditá-lo; vamos procurar viver verdadeiramente de acordo com os ensinamentos de Jesus, ele Filho de Deus que veio a nós. E então veremos como será verdade que, entre todos, faremos um mundo melhor.

Beato João XXIII (1881-1963), papa
Diário da Alma

"Deitado numa manjedoura"

Amanhã deve ser dia de grande recolhimento e de grande fervor. Jesus está próximo, está mesmo a sair do seio materno. Já faz ouvir a sua voz cheia de amor: “Eis que eu venho!” (Ap 16,15)

E eu devo preparar-me com uma atenção especial para a sua vinda, porque dela espero benefícios imensos. Tenho grandes coisas a comunicar-lhe e ele tem enormes e incontáveis presentes para me oferecer.

Amanhã, o meu espírito e o meu coração devem ficar calmos durante todo o dia, diante do tabernáculo, transformado nestes dias em estábulo de Belém.

“Vem, bom Jesus, vem e não tardes!”… A noite vai avançada, as estrelas cintilam no frio do céu. Chegam aos meus ouvidos as vozes barulhentas e os gritos da cidade.

São os que gozam este mundo, os que festejam com excessos a pobreza do Salvador. E eu velo, pensando no mistério de Belém. Vem, Senhor Jesus, estou à tua espera. Maria e José, rejeitados pelos habitantes e sentindo que o momento se aproxima, partem para o campo à procura de um abrigo. Eu sou apenas um pobre pastor, só tenho um pobre estábulo, uma pequena manjedoura e um pouco de palha.  Ofereço-vos tudo, tende a bondade de aceitar esta pobre cabana. Apressa-te, Jesus, eis o meu coração para ti. A minha alma é pobre e vazia de virtudes, a palha das minhas muitas imperfeições picar-te-á; mas que queres tu, Senhor? É tudo o que possuo. A tua pobreza comove-me, enternece-me, arranca-me lágrimas. Mas não vejo nada melhor para te oferecer. Jesus, enfeita a minha alma com a tua presença, com as tuas graças, queima a palha e transforma-a em lençol para o teu corpo santíssimo… Jesus, eu te espero… Eles deixam-te gelar; vem para o meu coração. Sou apenas um pobrezinho mas aquecer-te-ei como puder; pelo menos, quero que te alegres com o desejo que tenho de te amar muito.

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