quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Preparando-nos para a festa de Santa Teresa de Jesus



SÉTIMO DIA - ORAÇÃO PESSOAL

    Toda a oração é «pessoal»; por ser um ato ou uma atividade tipicamente humana, realizada pela pessoa do orante; e por colocar o orante em comunhão/comunicação com a Pessoa divina. É impossível, por isso, uma oração mecânica ou despersonalizada, realizada por técnicas ou mecanismos alheios à pessoa. Na oração, a pessoa é insubstituível, tanto nas formas humildes (ritos, devoções...), como nas profundas manifestações da oração mística.
     Se aqui falamos de oração pessoal é para a distinguirmos, por razões práticas, da oração comunitária e litúrgica. 

1. O ACONTECIMENTO EVANGÉLICO
     No Evangelho não se trata de um episódio esporádico mas de um fato reiterado e constante, concretizado num encontro ou diálogo a sós de um homem ou de uma mulher com Jesus, para implorar o misterioso poder divino que reside na pessoa do Senhor. Por exemplo: «Senhor, se quiseres podes curar-me» (súplica do leproso). «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim» (grito de cego). «Senhor, dá-me dessa água» (mulher da Samaria). «Senhor, se estivesses aqui, Lázaro não teria morrido» (lamento de Marta). Ou o gesto secreto e os desejos da hemorroíssa; ou o caso mais exemplar de todos, o da Mãe de Jesus em Caná: «Não têm vinho!».
    Em qualquer destes casos, uma mulher ou um homem, separa-se de certo modo do grupo que rodeia Jesus, para lhe dirigir uma suplica «a sós». Casos similares abundam no Antigo Testamento, dirigindo-se a Javé: Moisés no Monte, Elias no deserto, Judite, Ester... São simples paradigmas da oração pessoal cristã. 

2. O QUE É: EM QUE CONSISTE A ORAÇÃO PESSOAL?
    É, acima de tudo, a expressão própria e inconfundível do cristão enquanto filho singular e inconfundível de Deus, dotado de voz e sentimentos próprios quando se abre ao diálogo com Deus Pai, o mesmo que tem voz e modulações próprias e inconfundíveis quando se coloca em diálogo com os homens, seus irmãos. Segundo S. Paulo, «nas entranhas de cada renascido se derramou o Espírito, para que digamos Abbá, Pai (Rom 5,5).
    Não é uma oração sem dimensão eclesial, desligada da comunidade. A oração pessoal do cristão acontece na Igreja – corpo místico de Cristo -, ou melhor, na comunidade materialmente reunida, mas sem assumir forma comunitária. Responde à dupla condição privilegiada do «renascido em Cristo»: ser membro do corpo místico de Jesus e não poder orar fora Dele; mas ao mesmo tempo ser pessoa, filho do Pai, responsável insubstituível perante Deus.
    A nossa oração acontece a partir de dois impulsos fundamentais: atua desde o profundo sentido de transcendência e indigência que domina o mais profundo do espírito criado («criastes-nos, para vós, Senhor...»), e simultaneamente atua o sacerdócio universal do cristão; a oração é o seu ato sacerdotal por excelência, em união com Cristo, único e sumo sacerdote. 

3. COMO É: CARACTERÍSTICAS DA ORAÇÃO PESSOAL
    É livre. Não condicionada por ritos, formulas, gestos ou ambientes preestabelecidos. Aberta à criatividade ou às opções de cada orante. Sob a ação do Espírito.
    Está fortemente identificada com o orante. Possui as características psicológicas do orante, e é reflexo da sua pessoa, da sua história de salvação, da conjuntura presente, assim como da sua sensibilidade fraterna, humanitária, eclesial...
    Constitui indício da vida espiritual do orante, do seu crescimento em Cristo, assim como também do seu crescimento e experiência humana: é diferente a oração pessoal da criança e a do adulto; diferentes a oração do principiante e do contemplativo, amadurecido pela experiência de Deus.
    É sumamente variada e mutante. Está exposta aos altos e baixos e riscos em que incorre a pessoa do orante; a sua pobreza ou a sua riqueza interior; a sua maior ou menor abertura e disponibilidade à ação do Espírito. 

4. AS SUAS POSSIBILIDADES
    Tem espaço e modulações ilimitadas. Pode florescer em todo o tempo e lugar; pode expressar-se simultânea ou sucessivamente em todas as tonalidades da oração cristã, e assumir algum dos seus típicos conteúdos: louvor, súplica, ação de graças, expiação, oferecimento, intercessão...; realiza a dupla advertência evangélica de «orar sempre», e não necessariamente «no templo ou no monte, mas em espírito e verdade». É possível no trabalho e na rua, de acordo com as duas formulas clássicas: o «orat et labora», e a prática da «presença de Deus».
    É susceptível de um desenvolvimento ilimitado, desde as formas mais rudimentares (terço, jaculatórias...) até á imersão na mais perfeita contemplação.
    É não só compatível com as outras formas de oração (de grupo, litúrgica...), mas também se nutre delas – especialmente da oração litúrgica – e enriquece-as. 

5. SEM ELA...
    Sem oração pessoal esvaziam-se de conteúdo todas as outras formas de oração: tanto a litúrgica como qualquer outra oração comunitária redundariam em puro formalismo ritualista, carente de sentido religioso. Também a vida do cristão, o seu trabalho, a sua missão pessoal, ficariam sumamente privados de sentido religioso ou de autêntica vida cristã, sem o alento da oração pessoal.
Oração: Deus onipotente que, com o fogo do vosso amor abrasastes, de modo admirável, Santa Teresa, fortalecendo-a para assumir árduas tarefas em prol do vosso nome, concedei-nos, por sua intercessão, sentir intimamente a força do vosso amor a fim de sermos levados a trabalhar por vós, com generosidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

LEIA, ABAIXO, O TEXTO DA LECTIO DIVINA DA SOLENIDADE DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA

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