terça-feira, 11 de setembro de 2012

Queridos irmãos no Carmelo:
Entre os dias 13 e 23 de setembro, estarei no Congresso Internacional do Laicato Carmelita em Sassone (Roma).
Mas, para que vocês não deixem de fazer a Lectio Divina durante este período de grandes festas para nossa Ordem, especialmente para o nosso Sodalício, adiantarei os textos para a oração.
Quarta-feira (dia12) e Quinta-feira (dia 13) da 23ª semana do Tempo Comum.
14 de setembro – Festa da Santa Cruz – Senhor Bom Jesus dos Passos (Patrono do nosso Sodalício).
15 de setembro – Memória de Nossa Senhora das Dores.
16 de setembro – XXIV Domingo do Tempo Comum.
17 de setembro – Festa de Santo Alberto Patriarca de Jerusalém e Legislador da nossa Ordem.
23 de setembro – XXV Domingo do Tempo Comum.
A partir do dia 24, retomaremos as meditações cotidianas.
Rezem por todos nós que estaremos no Congresso.
Marco Antônio, otcarm.

XXV Domingo do Tempo Comum
 
«O Filho do homem vai ser entregue... Quem quiser ser o primeiro será o servo de todos»

 Ir. Alzira Sousa, fma

     O caminho de Jerusalém estava inundado de dificuldades, incertezas e ambiguidades. Para onde os conduzia o Senhor? Que quereriam dizer aquelas palavras de “morte e ressurreição”? Ninguém está de acordo com Jesus: mas ele está a realizar a vontade do Pai. Se o Senhor desaparecer, quem será o primeiro? Não ficam “bem na pintura” estes discípulos do Messias que se dá a conhecer. Melhor seria que se conscientizassem que primeiro é aquele que serve. Que a melhor atitude é a daquele que acolhe, mesmo a mais simples das crianças. Que a salvação chega através da humildade e da simplicidade de quem se deixa conduzir pelos caminhos da boa nova da salvação.
 
Evangelho segundo São Marcos (Mc 9, 30-37) - Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia. Jesus não queria que ninguém o soubesse, porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens, que vão matá-lo; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará». Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de interrogá-lo. Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?». Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos». E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes: «Quem receber uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a mim, mas Àquele que me enviou».
 
 
SEGUNDA-FEIRA
 
 
PALAVRA - “Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia. Jesus não queria que ninguém o soubesse, porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens, que vão matá-lo; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará»
     Este episódio surge logo a seguir a Jesus ter curado um epiléptico e ter salientado aos discípulos o poder da oração. Tendo-se retirado, Jesus parte com os seus discípulos pela Galileia sem desejar dar-se a conhecer pelas curas ou milagres que realizava. Ao longo deste caminho através da Galileia Jesus prepara os seus discípulos para um novo anúncio da sua Paixão.
MEDITAÇÃO
     O “retirar-se” de Jesus não é um gesto de receio ou de vergonha, mas de saber eleger as prioridades na sua missão. A prudência de Jesus era a fim de evitar mal-entendidos sobre a missão do Messias. Como tal, Jesus repete o anúncio da sua entrega às mãos dos homens. Jesus foi um mestre itinerante, acompanhava os discípulos ao longo de um caminho! No nosso caminho esta é também a nossa primeira vocação como discípulos do Senhor que se fez Servo por amor.
ORAÇÃO
     Rezo parte do salmo 54 (53)
Senhor, salvai-me pelo vosso nome,
pelo vosso poder fazei-me justiça.
Senhor, ouvi a minha oração,
atendei às palavras da minha boca.
Deus vem em meu auxílio,
o Senhor sustenta a minha vida.
De bom grado oferecerei sacrifícios,
cantarei a glória do vosso nome, Senhor.
AÇÃO
     Procurarei viver hoje em cada dimensão da minha vida esta esperança certa que Jesus me transmite. Mesmo nos desafios e nas dúvidas, dou espaço à experiência de «paixão, morte e ressurreição» que caracteriza o quotidiano do cristão.

 
TERÇA-FEIRA

 
PALAVRA - «Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de interrogá-lo».
     Os discípulos não compreendiam o alcance das palavras do Mestre. São várias as passagens do Evangelho em que isso vem referido, até mesmo ao longo de outro caminho, aquele para Emaús. Como era possível que o Messias voltasse a afirmar-se, não como o vitorioso e forte, mas como o Servo de Yhaweh anunciado por Isaías? O “não compreenderem” significa aqui, o mesmo que discordar. Os discípulos discordam do caminho da cruz. Como tal, até tinham medo de Lhe perguntar algo mais.
MEDITAÇÃO
     Jesus quer fazer compreender aos seus que o sentido da sua Paixão e o sentido da vida cristã em geral, não é a procura de grandezas e popularidade, mas o serviço de Deus e dos homens segundo os caminhos de Deus: os da humildade, da simplicidade e do amor até ao fim.
ORAÇÃO
     Medito no texto da carta de Paulo aos Filipenses que ilustra os sentimentos de Jesus aos quais devemos todos aspirar.
     “Tende entre vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus: Ele, que é de condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus; no entanto, esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-se semelhante aos homens e sendo, ao manifestar-se, identificado como homem, rebaixou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” (Fl 2,5-8)
AÇÃO
     Ao longo do dia procuro converter as minhas atitudes e gestos de vaidade, de auto-suficiência e de orgulho, tendo sempre presente a atitude amorosa Jesus, o Servo.

 
QUARTA-FEIRA

 
PALAVRA - «Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?». Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior.»
     Esta procura dos primeiros lugares era muito comum na época em que os fariseus discutiam sobre os graus hierárquicos na Sinagoga, à mesa, etc. Os apóstolos estavam, por isso, bem inculturados. Mas parece que nada do que Jesus disse fez eco nos seus corações. Diante do anúncio da Paixão tinham-se posto a discutir quem era o maior, o mais importante, o que teria mais poder!  Marcos sugere que Jesus sabia claramente o tema da discussão ao longo do caminho. Contudo, esperou chegarem a casa, provavelmente de Pedro, para intervir e catequizar os discípulos. Era ali, num ambiente mais familiar e mais íntimo, que os assuntos particulares eram tratados, perguntas mais pessoais surgiam e respostas mais profundas eram dadas.
MEDITAÇÃO
     O tema de “quem é o maior” era frequente na época de Jesus e no contexto cultural em que vivia. Contudo, poderíamos tomá-lo como extremamente atual: com que critérios medimos a grandeza das pessoas? Mesmo no nosso círculo de amigos, de trabalho, de animadores não seria pertinente esta pergunta de Jesus?
ORAÇÃO
«SENHOR, o meu coração não é orgulhoso,
nem os meus olhos são altivos;
não corro atrás de grandezas
ou de coisas superiores a mim.
Pelo contrário, estou sossegado e tranquilo,
como criança saciada ao colo da mãe;
a minha alma é como uma criança saciada!
Israel, espera no Senhor,
desde agora e para sempre!»  (Sl 131)
AÇÃO
     Interrogo-me sobre os preconceitos que posso ter face às pessoas com quem me relaciono e ouso falar ou realizar algo com alguém com quem normalmente tenho dificuldade de diálogo. Deixo-me espantar pela simplicidade que a vida me oferece.

QUINTA-FEIRA

 
PALAVRA - «Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos».
     A lógica do Reino de Deus é totalmente outra. O Mestre afirma a necessidade de agir de modo diferente! O “primeiro” é aquele que serve e se coloca em último lugar. Ele mesmo afirma que veio para servir e não para ser servido (Mc 10,42-45) e convida os seus a agir como Ele! Na última ceia lava os pés dos comensais (Jo 13, 14-15) e ordena que aprendam a lavar os pés uns dos outros, isto é, a servir. São as palavras e as atitudes do próprio Jesus que constituem a grande motivação para o discípulo se colocar na atitude de serviço. Ele foi o exemplo.
MEDITAÇÃO
     Será que na nossa vida procuramos de fato seguir a lógica de Deus ou preferimos trilhar pelos caminhos do materialismo?  Se procurarmos viver os valores da nossa fé cristã, com certeza seremos alvo de perseguição; estamos conscientes disto ou temos medo?  Muitas vezes a simples presença de um cristão autêntico incomoda muitos: seria bom perguntarmo-nos diante de que pessoas nos sentimos incomodados?
ORAÇÃO
     Ao longo do dia acompanha-me o salmo 99:
Aclamai o SENHOR, terra inteira,
servi ao SENHOR com alegria,
vinde à sua presença com cânticos de júbilo!
Sabei que o SENHOR é Deus;
foi Ele quem nos criou e nós pertencemos-lhe,
somos o seu povo e as ovelhas do seu rebanho.
Entrai pelas suas portas em ação de graças;
entrai nos seus átrios com hinos de louvor;
glorificai-o e bendizei o seu nome.
O SENHOR é bom! O seu amor é eterno!
É eterna a sua fidelidade!
AÇÃO
     SERVIR. Identifico uma situação e arrisco vivê-la nesta atitude de servo. Descubro a alegria de servir por amor, de ser fiel ao Senhor nas coisas pequenas... inspiro-me no Mestre.

 
 SEXTA-FEIRA

 
 PALAVRA - «E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes: «Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe.»
     O convite de Jesus é colocar-se a serviço de todos sem excluir ninguém. O Mestre toma uma criança como exemplo, abraça-a e pede que ela seja acolhida. Para entendermos este gesto tenhamos presente que para os judeus a criança não tinha direitos e até era considerada impura porque não podia cumprir os preceitos da Lei.
MEDITAÇÃO
     Quem acredita em Jesus, quem o aceita, é convidado a acolhê-lo e a servi-lo em todas as “crianças”, isto é, nas pessoas pequenas, fracas, dependentes, pecadoras e sofredoras. Por quatro vezes se repete a palavra “receber” ou seja, acolher, num só versículo deste texto (Mc 9, 37). Será que esta insistência de Jesus não nos diz nada? O que significa acolher? Não significa infantilizar ninguém mas sim ajudar, compreender, educar, tratar com amor as pessoas para que possam crescer e serem felizes. É o oposto da lógica da competição e do domínio dos mais fracos.
ORAÇÃO
      Medito hoje no mandamento do amor segundo S. João (Jo 13, 12-15)
 “Depois de lhes ter lavado os pés e de ter posto o manto, voltou a sentar-se à mesa e disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-me 'o Mestre' e 'o Senhor', e dizeis bem, porque o sou. Ora, se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Na verdade, dei-vos exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também.”
AÇÃO
      Na minha turma, no meu local de trabalho ou de estudo procuro perceber as “crianças” de que o Evangelho de hoje me fala. Os mais tristes ou desanimados, os que só conseguem dar agressividade, os que não sabem sorrir, os que têm errado muito na vida... Faço-me próximo num “abraço” de compreensão, de diálogo, de primeiro passo...

 
SÁBADO

 
 PALAVRA - «E quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou.»
     Deus entrega seu Filho à humanidade. O Filho continua esta entrega e essa entrega é também acolhimento. É por isso que Jesus chama os discípulos a acolherem os pequenos. Deste modo acolhem-no a Ele e, por Ele, o Pai. Ele é a “criança”, aquele que depende totalmente do Pai e da Sua vontade ao ponto de se entregar nas mãos dos homens. Receber os pequenos é servir e é essa entrega de serviço que faz o discípulo grande. O discípulo participa do serviço do Mestre. E quem acolhe Jesus, acolhe o Pai. Temos um caminho ascendente: “criança” - Jesus - Pai. O acesso a Jesus dá-se através do amor ao próximo, em especial, ao marginalizado da sociedade. O acesso ao Pai dá-se por Jesus. Ele é o único caminho.
 MEDITAÇÃO
     O grande anúncio que nós, cristãos, podemos fazer à humanidade é o serviço (o amor), dando vida e dando a vida, com o preço que esse gesto significa. Somos o ícone de Jesus na comunidade, identificamo-nos com Ele, abraçando-o nas pessoas dos “menores”. O caminho do discípulo há de passar, também ele, pelo serviço até o fim, até à cruz, pois a diaconia do Mestre prolonga-se nas ações da comunidade cristã.
ORAÇÃO
     Rezo e contemplo em cada encontro esta última frase do Evangelho:
«Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou». (Mc 9,37)
AÇÃO
     Nesta semana é-nos dada a ocasião para fazer o ponto e situação sobre os nossos valores, sobre o que é importante para nós na vida: o que conta verdadeiramente para mim? A segunda leitura e o Evangelho podem ajudar-nos a refletir nisso. Tomar o tempo para se questionar simplesmente, em verdade, diante do Senhor: no fundo, o que é que eu procuro, o que espero da vida? Como estou a reconhecer-Te nas “crianças” a quem é difícil amar?
 

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