domingo, 27 de maio de 2012


MÊS DE MARIA
MEDITAÇÃO – 28º dia
Maria não temas (Lc 1,30)

Frei José Carlos Lopes Almeida, OP
      Gabriel desce até Nazaré, a essa pequena aldeia perdia no meio de nada, para anunciar a uma jovem, a uma virgem desposada com José, um homem da tribo de David, que foi escolhida para ser a mãe do Salvador. O seu nome é Maria e espera-se o seu consentimento, a sua aceitação do convite de Deus. Espera-se, porque só ela pode dizer que sim, só ela.
A entrada do anjo e a sua saudação provocam uma perturbação no espírito e no coração da jovem donzela. Quem é ele, mas sobretudo quem é ela, que graça a habita ou o que fez para o Senhor estar com ela? Ela, uma pobre mulher que vive na intimidade do seu lar, no silêncio da sua pureza, nesse desejo de viver sem deixar marca.
Maria perturba-se na sua humildade, nesse desejo de despojamento, pois o anúncio do anjo coloca-a num estatuto que ela não conhece no seu coração, num patamar que a retira da sua simplicidade, nessa proeminência que nunca buscou nem deseja.
Maria não temas é a resposta do anjo ao temor, a essa interrogação que nasce dentro dela. O temor perturba e não nada pode perturbar este momento. Ele é demasiado importante para poder se perturbado, mesmo pela humildade.
Há muito em jogo, porque essa humildade pode perturbar e inviabilizar o projeto de Deus de habitar entre os homens, de construir o seu novo templo, e enquanto esse novo templo não se ergue é necessário que tu Marias sejas a tenda em que Deus habitará até à edificação do templo.
São apenas necessários nove meses para a construção, ainda que depois sejam necessários mais alguns anos para que esse templo cresça e se aperfeiçoe. Contudo é necessário lançar os alicerces, gerar o corpo, e a ti cabe essa tarefa, és convidada a essa missão.
Aceita Maria, porque todos esperamos esse novo templo, essa nova presença de Deus entre os homens, sem barreiras de línguas ou cores, sem fronteiras ou adros cercados. Aceita Maria, porque serás a Arca da Nova Aliança, não já construída de madeiras preciosas e revestida a ouro, mas feita da carne de todos homens e revestida da graça com Deus já te cumulou.
Aceita Maria, porque no teu sim também a nós se nos abre a porta de podermos ser templos, arcas da aliança, tenda sobre cuja cobertura repousará a sombra do Senhor. Aceita Maria, para também nós podermos experimentar a gestação e a maternidade, esse filho Outro que cresce em nós com aspirações de eternidade.
Não temas Maria, porque da tua audácia depende também a nossa ousadia.

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