segunda-feira, 19 de março de 2012

M E D I T A Ç Õ E S    Q U A R E S M A I S

O SERVO SOFREDOR - A história da paixão de Cristo XXVIII

O cireneu, chamado Simão

     Ao saírem, encontraram um cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a carregar-lhe a cruz. (Mateus 27.32)
     O cortejo chegou ao ponto mais fundo do vale. Agora começaria a lenta subida ao monte Gólgota. Jesus caiu exausto sob o peso da cruz. Não é de admirar. Por tudo o que sofreu nas últimas horas, desde quinta-feira à noite, quando foi preso. Suas forças humanas se esgotaram.
    Os soldados viram que não adiantava chicotear. Olharam em derredor para ver quem poderia ajudar. Não fizeram isto por compaixão com Jesus ou para lhe aliviar o peso da cruz, mas simplesmente, porque não queriam atrasar a crucificação, ou talvez por medo de que ele viesse a morrer antes. Mas, em derredor deles não se achava ninguém que pudesse carregar a cruz. Lembramos a ordem de Deus: Se vires prostrado debaixo da sua carga o jumento daquele que te aborrece, não o abandonarás, mas ajudá-lo-ás a erguê-lo (Êxodo 23.5). Mesmo do jumento de um inimigo deveríamos ter compaixão. Aqui está o Filho de Deus e ninguém para lhe ajudar a carregar a cruz. Onde estavam os discípulos, especialmente Pedro que estava pronto a morrer com Jesus? Estamos nós hoje prontos a nos empenhar no trabalho de levar o evangelho a todas as nações? Ou também nos esquivamos para ficar diante da televisão, em nossos momentos de lazer e recreações?
     Os soldados não lhe ajudaram. Então um dos soldados viu um homem que veio do campo e olhou de curioso. Eles o agarraram e o obrigaram a carregar a cruz. Era Simão, de uma cidade ao norte da África, chamada Cirene. Provavelmente um judeu que veio para a festa da páscoa e se hospedou numa cidade circunvizinhança. Quando o chamaram, ele não quis, mas eles o obrigaram a isso. Realmente era algo muito vergonhoso carregar a cruz de um condenado. Além disso, isso o tornava impuro para participar das festividades da páscoa. Talvez fosse um motivo porque lançaram mão de Simão que parecia ser um estrangeiro.
    Forçaram a Simão a carregar a cruz. Na noite passada, no jardim do Getsêmani, um anjo veio confortá-lo; aqui Simão precisa ajudar a carregar a cruz. Inesperada e fulminantemente Simão viu-se sob a cruz. Era acaso? Por que ele escolheu esse caminho? Por que os soldados tomaram a ele? As pessoas dizem: Isto é acaso. Deus não vê isso assim. O profeta Jeremias afirma: Eu sei, ó SENHOR, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos (Jeremias 10.23). E o salmista afirma: Ele, que forma (governa, dirige) o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras (Salmos 33.15).
      Esta hora que parecia para Simão horrível, tornou-se uma hora de grande bênção. Nesta hora Deus lhe abriu o céu para ele e para seus familiares. Não que o carregar da cruz o tivesse purificado, mas o colocou em contato com Jesus. Provavelmente ao chegar ao Gólgota, Simão não saiu logo dali, mas observou atentamente os acontecimentos. Ouviu sobre Jesus, ouviu as palavras e a oração de Jesus. Estas palavras o levaram ao verdadeiro conhecimento de quem era Jesus, e à fé em Cristo.
     No dia de Pentecostes encontramos pessoas de Cirene em Jerusalém. Atos dos Apóstolos menciona seus filhos: Rufo e Alexandre (Atos 19.33; Romanos 16.13). Em Cirene foi fundada uma das primeiras comunidades cristãs. Este encontro transformou-se num momento de grande bênção para Simão, sua família e sua cidade. O encontro com Jesus, seja sob que condições, traz bênção para as pessoas.

 Tome a sua cruz e siga-me

     Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. (Mateus 16.24)
     O cortejo seguiu lentamente morro acima. Havia três condenados que portavam suas cruzes.
     Comecemos pelo primeiro, Jesus. Ele carregou sua cruz por uma boa parte do trajeto. Exausto e esgotados pelos sofrimentos, caiu. Os soldados romanos tomaram a Simão o Cireneu, e o obrigaram a carregar a cruz de Jesus. Mas Jesus continuou a carregar a cruz principal, os pecados de toda a humanidade. Nisso ninguém lhe poderia ajudar. Ele carregou sozinho esse peso até a morte na cruz.
     Após ele, vinham Simão, carregando a cruz de Jesus. Esta cruz foi-lhe imposta a força, e veio a ser lhe uma bênção. Assim Jesus, em seu grande amor, impõe por vezes cruzes aos seus fiéis, que no momento não compreendemos e nos pesam, mas que nos são uma bênção.
     Que cruzes são estas? São diversos. Por vezes o ódio e desprezo do mundo por causa do nome de Jesus. Por vezes, prejuízos materiais por causa de nosso comportamento cristão, por não compartilharmos as injustiças, fraudes e enganos do mundo. Outras vezes são enfermidades, a fim de nos afastar do amor ao mundo e das coisas que há no mundo. Enfermidades que Jesus santificou para nós (Isaias 53.4).
    Nossa carne se opõe à cruz. Simão não a quis carregar. Ao apóstolo Pedro Jesus diz: Eles te conduzirão para onde não queres ir (João 21.18). Esta cruz que Jesus impõe, no entanto, nos é uma bênção. O apóstolo Paulo escreve: E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.  Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado (Romanos 5.3-5). Nestes momentos de cruz, Jesus não nos deixa sozinhos, ele diz: Não temas eu estou contigo. Por isso o apóstolo Paulo afirma: Tudo posso naquele que me fortalece (Filipenses 4.13). E ao apóstolo Paulo, Jesus disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo (2 Coríntios 12.9).
    Enquanto estivermos aqui na terra, sempre teremos uma cruz a carregar, ora mais pesada, ora mais leve, porque a igreja está sob a cruz. A verdadeira libertação só virá na Jerusalém celestial. Lá nos serão enxugadas todas as lágrimas (Apocalipse 21.4).
    Atrás de Jesus seguiam dois malfeitores, carregando suas cruzes. Recebiam o castigo que seus atos mereceram. O apóstolo Pedro diz: Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem (1 Pedro 4.15). Há muitos sofrimentos que não são cruzes, são sofrimentos que causamos por nossos pecados. Quer por vícios que arruínam a saúde, quer por má educação de nossos filhos que nos causam sofrimentos, quer porque não fomos honestos, defraudamos e colhemos as conseqüências. Esses não têm motivos para se queixarem da cruz. Estes são sofrimentos devem nos levar ao arrependimento. E quando reconhecemos nossas culpas e recorremos a Jesus, como o malfeitor na cruz, ouviremos de Jesus também as palavras confortadoras: Perdoados são os teus pecados. E Jesus nos dará forças para suportar as aflições. Mas os que não se arrependem, a cruz lhes é um castigo e prenúncio dos grandes sofrimentos infernais.

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