quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

PREPARAÇÃO PARA A SOLENIDADE DA
EPIFANIA DO SENHOR
São Bruno de Segni (c. 1045-1123), bispo1º sermão sobre a Epifania
"Ouro, incenso e mirra"
     Guiados pela estrela, os magos que vieram do Oriente até Belém entraram na casa onde a Bem-aventurada Virgem Maria se encontrava com o Menino; e, abrindo os seus tesouros, ofereceram três coisas ao Senhor: ouro, incenso e mirra, pelos quais confessaram que Ele era verdadeiramente rei, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem.
     São também estes os dons que a Santa Igreja não cessa de oferecer a Deus, seu Salvador. Oferece o incenso, quando crê e confessa que Ele é o verdadeiro Senhor, o Criador do universo; oferece a mirra, quando afirma que Ele tomou a substância da nossa carne, na qual quis sofrer e morrer pela nossa salvação; oferece o ouro quando não hesita em proclamar que Ele reina eternamente, com o Pai e o Espírito Santo. [...] Esta oferenda pode ainda adquirir outro sentido místico. Segundo Salomão, o ouro significa a sabedoria celeste: «O tesouro mais desejável encontra-se na boca do sábio» (Pr 21, 10). [...] De acordo com o salmista, o incenso simboliza a oração pura: «Senhor, que a minha oração se eleve na Tua presença como nuvens de incenso» (Sl 140, 2). Pois quando a nossa oração é pura, exala em direção a Deus um perfume mais puro que o fumo do incenso; e, assim como este fumo se eleva para o céu, assim a nossa oração se dirige ao Senhor. A mirra simboliza a mortificação da nossa carne. Assim, pois, oferecemos ouro ao Senhor quando resplandecemos na Sua presença pela luz da sabedoria celeste. [...] Oferecemos-Lhe incenso quando elevamos para Ele uma oração pura. E oferecemos-Lhe mirra quando, por meio da abstinência, «mortificando a nossa carne, com os seus vícios e as suas cobiças» (Ga 5, 24), levamos a cruz atrás de Jesus.

São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense e doutor da Igreja - 1º sermão para a Epifania
«Caindo de joelhos, prostraram-se diante d’Ele»
     O desígnio de Deus não foi apenas descer à terra, mas ser nela conhecido; não foi nascer, apenas, mas dar-Se a conhecer. De fato, é com vista a esse conhecimento que celebramos a Epifania, esse grande dia da Sua manifestação. Hoje mesmo, de fato, os magos vieram do Oriente em busca do nascer do Sol da Justiça (Ml 3,20), esse de quem se diz: «Eis o homem, cujo nome é Oriente» (Za 6,12). Hoje adoraram o menino nascido da Virgem, seguindo a direção traçada por uma nova estrela. Temos pois aqui, irmãos, um grande motivo de alegria, como aliás também nas palavras do apóstolo Paulo: «A bondade de Deus nosso Salvador e o seu amor pelos homens foram-nos manifestadas» (Tt 3,4). […] Que fazeis, magos, que fazeis? Adorais um menino de colo, envolto em faixas miseráveis, num pobre casebre? Será este, então, Deus? Mas «Deus mora no seu templo santo, o Senhor tem o seu trono nos céus» (Sl 10,4), e vós, vós procurá-lo assim, num qualquer estábulo, uma criança de colo? Que fazeis? Porque ofereceis esse ouro? Será este o rei? Mas onde está a sua corte real, o seu trono, a multidão de cortesãos? Acaso um estábulo é um palácio, acaso uma manjedoura é um trono, serão Maria e José membros da sua corte? Como podem os homens ser tolos a ponto de adorar uma simples criança, um ser assim desprezível, quer pela pouca idade, quer pela evidente pobreza de seus pais?
     Loucos, sim, tornaram-se loucos, para serem sábios; o Espírito Santo ensinou-lhes primeiro o que o apóstolo Paulo mais tarde proclamou: «Aquele que quer ser sábio, torne-se louco para ser sábio. Pois já que o mundo, por meio da sua sabedoria, não conseguiu reconhecer Deus na sua Sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação» (1 Co 1,21). […] Prostaram-se portanto diante daquela humilde criança, prestando-Lhe homenagem como a um rei, adorando-O como um Deus. Aquele que de longe os guiou através de uma estrela fez brilhar a Sua luz no mais profundo dos seus corações.

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