sexta-feira, 19 de setembro de 2025

XXV Domingo do Tempo Comum

São Mateus, Apóstolo e Evangelista
Ven. Jerônimo Gracian da Mãe de Deus, presbítero da ocarm/ocd
 
1ª Leitura (Am 8,4-7):
Escutai bem, vós que espezinhais o pobre e quereis eliminar os humildes da terra. Vós dizeis: «Quando passará a lua nova, para podermos vender o nosso grão? Quando chegará o fim do sábado, para podermos abrir os celeiros de trigo? Faremos a medida mais pequena, aumentaremos o preço, arranjaremos balanças falsas. Compraremos os necessitados por dinheiro e os indigentes por um par de sandálias. Venderemos até as cascas do nosso trigo». Mas o Senhor jurou pela glória de Jacob: «Nunca esquecerei nenhuma das suas obras».
 
Salmo Responsorial: 112
R. Louvai o Senhor, que levanta os fracos.
 
Louvai, servos do Senhor, louvai o nome do Senhor. Bendito seja o nome do Senhor, agora e para sempre.
 
O Senhor domina sobre todos os povos, a sua glória está acima dos céus. Quem se compara ao Senhor nosso Deus, que tem o seu trono nas alturas e Se inclina lá do alto a olhar o céu e a terra?
 
Levanta do pó o indigente e tira o pobre da miséria, para o fazer sentar com os grandes, com os grandes do seu povo.
 
2ª Leitura (1Tim 2,1-8): Caríssimo: Recomendo, antes de tudo, que se façam preces, orações, súplicas e ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todas as autoridades, para que possamos levar uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isto é bom e agradável aos olhos de Deus, nosso Salvador; Ele quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se entregou à morte pela redenção de todos. Tal é o testemunho que foi dado a seu tempo e do qual fui constituído arauto e apóstolo – digo a verdade, não minto – mestre dos gentios na fé e na verdade. Quero, portanto, que os homens rezem em toda a parte, erguendo para o Céu as mãos santas, sem ira nem contenda.
 
Aleluia. Jesus Cristo, sendo rico, fez-Se pobre, para nos enriquecer na sua pobreza. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 16,1-13): Depois, Jesus falou ainda aos discípulos: «Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. Ele o chamou e lhe disse: ‘Que ouço dizer a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’. O administrador, então, começou a refletir: ‘Meu senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Cavar, não tenho forças; mendigar, tenho vergonha. Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’. Então chamou cada um dos que estavam devendo ao seu senhor. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor? ’ Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo! ’ O administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve: cinquenta! ’ Depois perguntou a outro: ‘E tu, quando deves? ’ Ele respondeu: ‘Cem sacas de trigo. ’ O administrador disse: ‘Pega tua conta e escreve: oitenta’. E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque agiu com esperteza. De fato, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz. «Eu vos digo: usai o ‘Dinheiro’, embora iníquo, para fazer amigos. Quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel também nas grandes, e quem é injusto nas pequenas será injusto também nas grandes. Por isso, se não sois fiéis no uso do ‘Dinheiro iníquo’, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores. Pois vai odiar a um e amar o outro, ou se apegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao ‘Dinheiro’».
 
«Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro»
 
Rev. D. Joan MARQUÉS i Suriñach (Vilamarí, Girona, Espanha)
 
Hoje o Evangelho nos apresenta a figura do administrador infiel: um homem que se aproveitava do ofício para roubar a seu amo. Era um simples administrador e, atuava como amo. É conveniente que tenhamos presente:
 
1) Os bens materiais são realidades boas, porque saíram das mãos de Deus. Portanto, os devemos amar.
 
2) Mas não os podemos “adorar” como se fossem Deus e a finalidade de nossa existência; devemos estar desprendidos deles. As riquezas são para servir a Deus e a nossos irmãos os homens; não devem servir para destronar a Deus do nosso coração e das nossas obras: «Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro» (Lc 16,13).
 
3) Não somos os amos dos bens materiais e, sim simples administradores; portanto, não somente devemos conservar, mas também fazê-los produzir ao máximo, dentro de nossas possibilidades. A parábola dos talentos o ensina claramente (cf. Mt 25,14-30).
 
4) Não podemos cair na avareza; devemos praticar a liberalidade, que é una virtude cristã que devemos viver todos, os ricos e os pobres, cada um segundo suas circunstâncias. Devemos dar aos outros!
 
E se já tenho suficientes bens para cobrir meus gastos? Sim; também você deve se esforçar por multiplicá-los e poder dar mais (paróquia, dioceses, Caritas, apostolado). Lembre as palavras de São Ambrósio: «Não é uma parte de teus bens o que tu dás ao pobre; o que lhe das já lhe pertence. Porque o que foi dado para o uso de todos, tu te aproprias. A terra foi dada para todo mundo, e não somente para os ricos».
 
Você é um egoísta que só pensa em acumular bens materiais para si, como o administrador do Evangelho, mentindo, roubando, praticando a avareza e a dureza de coração, que lhe impedem comover-se ante as necessidades dos outros? Não pensa frequentemente nas palavras de São Paulo: «Que cada um dê conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento, pois “Deus ama quem dá com alegria» (2Cor 9,7) Seja generoso!
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Não tenho outra forma de te demostrar meu amor que jogando flores, é dizer, não deixando fugir nenhum pequeno sacrifício, nem uma só mirada, nem uma soa palavra, aproveitando até as menores coisas e fazendolas por amor» (Santa Teresa de Lisieux)
 
«O dinheiro não é “injusto” em si mesmo, mas mais que qualquer outra coisa pode encerrar ao homem num egoísmo cego» (Bento XVI)
 
«” Eles punham tudo em comum” (At 4,32):” Tudo o que o verdadeiro cristão possui, deve olhá-lo como um bem que lhe é comum com os demais, e deve estar sempre pronto e ser diligente para ir em socorro do pobre e da miséria do próximo”. O cristão é um administrador dos bens do Senhor» (Catecismo da Igreja Católica, n° 952)
 
“Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”
 
Pe. André Batista, da Diocese de Leiria-Fátima
 
Jesus continua o seu caminho até Jerusalém e desta vez não se dirige aos fariseus, aos escribas ou às autoridades, mas aos próprios discípulos. Deste modo, dirige-se a nós, hoje, seus discípulos, alertando para a forma sábia de usar os bens materiais, concretamente o dinheiro.
 
Na parábola, Jesus vai buscar o exemplo de um administrador de uma propriedade que é acusado de gerir de maneira incompetente os bens do seu senhor e por isso é despedido. Confrontado com essa situação, decide juntar os devedores do patrão e perdoar-lhes parte da dívida. Para compreender a parábola é necessário saber que, num procedimento administrativo usual ao tempo, a forma de um administrador obter o seu ganho era aumentando a dívida dos devedores para obter a sua “comissão”; o que este administrador fez, foi diminuir a sua margem para assim agradar aos devedores e granjear a sua simpatia.
 
Portanto, não é por este gesto que ele é designado como desonesto, mas pela sua conduta anterior. Aliás, é elogiado pela sua astúcia. Este administrador desonesto, mas astuto, sabe que o dinheiro tem um valor relativo e não tem problemas em trocá-lo por outros valores mais significativos: a amizade, a gratidão. Jesus conclui a história convidando os discípulos a serem tão hábeis como este administrador, usando os bens deste mundo, não como um fim em si mesmos, mas para conseguir algo mais importante e mais duradouro, os valores do “Reino”.
 
Continuando o seu discurso, Jesus concretiza a mensagem da parábola alertando os discípulos para a necessidade de priorizar os bens espirituais, eternos e duradouros, sobre os bens materiais egoístas, mesquinhos e perecíveis.
 
• Para ganhar mais dinheiro, há quem trabalhe doze ou quinze horas por dia e prescinda da família e dos amigos; por dinheiro, há quem sacrifique a sua dignidade e apareça a expor, diante de uma câmara de televisão, a sua intimidade e a sua privacidade; por dinheiro, há quem venda a sua consciência e renuncie a princípios em que acredita; por dinheiro, há quem seja injusto, explore os seus operários, se recuse a pagar o salário do mês porque o trabalhador é ilegal e não se pode queixar às autoridades…
 
• Jesus avisa os discípulos de que a aposta obsessiva no “deus dinheiro” não é o caminho mais seguro para construir valores duradouros, geradores de vida plena e de felicidade. É preciso que saibamos aquilo em que devemos apostar…
 
• Todo este discurso não significa que o dinheiro seja uma coisa desprezível e imoral, do qual devamos fugir a todo o custo. O dinheiro (é preciso ter os pés bem assentes na terra) é algo imprescindível para vivermos neste mundo e para termos uma vida com qualidade e dignidade…
No entanto, Jesus recomenda que o dinheiro não se torne uma obsessão, uma escravidão, pois Ele não nos assegura (e muitas vezes até perturba) a conquista dos valores duradouros e da vida plena.
 
MEDITAÇÃO:
1. Que pensamos disto? Ser escravo dos bens é algo que só acontece aos outros? Talvez não cheguemos, nunca, a estes casos extremos; mas até onde seríamos capazes de ir por causa do dinheiro?
2. O que é, para nós, mais importante: os valores do “Reino” ou o dinheiro? Na nossa atividade profissional, o que é que nos move: o dinheiro, ou o serviço que prestamos e a ajuda que damos aos nossos irmãos? O que é que nos torna mais livres, mais humanos e mais felizes: a escravidão dos bens ou o amor e a partilha?

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