sexta-feira, 4 de julho de 2025

XIV Domingo do Tempo Comum

Santa Maria Goretti, virgem e mártir
 
1ª Leitura (Is 66,10-14c):
Alegrai-vos com Jerusalém, exultai com ela, todos vós que a amais. Com ela enchei-vos de júbilo, todos vós que participastes no seu luto. Assim podereis beber e saciar-vos com o leite das suas consolações, podereis deliciar-vos no seio da sua magnificência. Porque assim fala o Senhor: «Farei correr para Jerusalém a paz como um rio e a riqueza das nações como torrente transbordante. Os seus meninos de peito serão levados ao colo e acariciados sobre os joelhos. Como a mãe que anima o seu filho, também Eu vos confortarei: em Jerusalém sereis consolados. Quando o virdes, alegrar-se-á o vosso coração e, como a verdura, retomarão vigor os vossos membros. A mão do Senhor manifestar-se-á aos seus servos.
 
Salmo Responsorial: 65
R. A terra inteira aclame o Senhor.
 
Aclamai a Deus, terra inteira, cantai a glória do seu nome, celebrai os seus louvores, dizei a Deus: «Maravilhosas são as vossas obras».
 
A terra inteira Vos adore e celebre, entoe hinos ao vosso nome. Vinde contemplar as obras de Deus, admirável na sua ação pelos homens.
 
Mudou o mar em terra firme, atravessaram o rio a pé enxuto. Alegremo-nos n’Ele: domina eternamente com o seu poder.
 
Todos os que temeis a Deus, vinde e ouvi, vou narrar-vos quanto Ele fez por mim. Bendito seja Deus que não rejeitou a minha prece, nem me retirou a sua misericórdia.
 
2ª Leitura (Gal 6,14-18): Irmãos: Longe de mim gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão valem alguma coisa: o que tem valor é a nova criatura. Paz e misericórdia para quantos seguirem esta norma, bem como para o Israel de Deus. Doravante ninguém me importune, porque eu trago no meu corpo os estigmas de Jesus. Irmãos, a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o vosso espírito. Amém.
 
Aleluia. Reine em vossos corações a paz de Cristo, habite em vós a sua palavra. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 10,1-12.17-20): O Senhor escolheu outros setenta e dois e enviou-os, dois a dois, à sua frente, a toda cidade e lugar para onde ele mesmo devia ir. E dizia-lhes: «A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua colheita. Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não vos demoreis para saudar ninguém pelo caminho! Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; senão, ela retornará a vós. Permanecei naquela mesma casa; comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador tem direito a seu salário. Não passeis de casa em casa. Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, curai os doentes que nela houver e dizei: ‘O Reino de Deus está próximo de vós’. Mas quando entrardes numa cidade e não fordes bem recebidos, saindo pelas ruas, dizei: ‘Até a poeira de vossa cidade que se grudou aos nossos pés, sacudimos contra vós. No entanto, sabei que o Reino de Deus está próximo!’ Eu vos digo: naquele dia, Sodoma receberá sentença menos dura do que aquela cidade. Os setenta e dois voltaram alegres, dizendo: «Senhor, até os demônios nos obedecem por causa do teu nome». Jesus respondeu: «Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. Eu vos dei o poder de pisar em cobras e escorpiões, e sobre toda a força do inimigo. Nada vos poderá fazer mal. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos nos céus».
 
«Ide!»
 
Dr. Josef ARQUER (Berlin, Alemanha)
 
Hoje, prestamos atenção a alguns que, entre a multidão, procuraram aproximar-se de Jesus Cristo, que está a falar enquanto contempla os campos repletos de espigas: «E dizia-lhes: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua colheita.”» (Lc 10,2). De repente, fixa o olhar neles e vai mostrando a alguns, um a um: tu, e tu, e tu. Até setenta e dois...
 
Admirados, ouvem dizer que vão, dois a dois, a todos os povoados e a lugares onde Ele irá. Talvez algum tenha respondido: - Mas, Senhor, se eu só vim para te ouvir, porque é tão belo o que dizes!
 
O Senhor põe-nos em guarda contra os perigos que irão encontrar. «Ide, eis que vos mando como cordeiros para o meio de lobos”. «Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não vos demoreis para saudar ninguém pelo caminho!» (Lc 10,3-4). Interpretando a linguagem expressiva de Jesus: - Deixai de lado os meios humanos. Eu vos envio e isto basta. Mesmo que se sintam distantes, continuam perto, Eu acompanho-vos.
 
Ao contrário dos Doze, chamados pelo Senhor para que permaneçam junto a Ele, os setenta e dois logo regressarão às suas famílias e ao seu trabalho. E aí viverão o que tinham descoberto junto a Jesus: dar testemunho, cada um no seu lugar, simplesmente ajudando quem os rodeia a aproximar-se de Jesus Cristo.
 
«Eu vos envio»
 
Rev. D. Iñaki BALLBÉ i Turu (Terrassa, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, a Igreja contempla como, além dos Doze, havia muitos discípulos que tinham sido chamados pelo Senhor Jesus e que o seguiam. Dentre todos esses discípulos, Jesus Cristo escolhe setenta e dois para uma missão concreta. Exige-lhes —da mesma forma que os Apóstolos— total desprendimento e abandono completo na Providência divina.
 
O Concilio Vaticano II no Decreto Apostolicam actuositatem, recorda-nos que desde o Batismo cada cristão é chamado por Cristo para cumprir uma missão. A Igreja, em nome do Senhor, «Por isso, o sagrado Concílio pede instantemente no Senhor a todos os leigos que respondam com decisão de vontade, ânimo generoso e disponibilidade de coração à voz de Cristo, que nesta hora os convida com maior insistência, e ao impulso do Espírito Santo. Os mais novos tomem como dirigido a si de modo particular este chamamento, e recebam-no com alegria e magnanimidade. Com efeito, é o próprio Senhor que, por meio deste sagrado Concílio, mais uma vez convida todos os leigos a que se unam a Ele cada vez mais intimamente, e sentindo como próprio o que é d'Ele (cfr. Fil. 2,5), se associe à Sua missão salvadora. É Ele quem de novo os envia a todas as cidades e lugares aonde há-de chegar (cfr. Lc. 10,1); para que, nas diversas formas e modalidades do apostolado único da Igreja, se tornem verdadeiros cooperadores de Cristo, trabalhando sempre na obra do Senhor com plena consciência de que o seu trabalho não é vão no Senhor (cfr. 1 Cor. 15,28)» (n.33).
 
Cristo quer infundir em seus discípulos a audácia apostólica; por isso diz: «Eu vos envio». E São João Crisóstomo comenta: «isto basta para dar-lhes ânimo, isto basta para que tenhais confiança e não temais aqueles que vos agridem». A audácia dos Apóstolos e dos discípulos vinha dessa segura confiança por terem sido enviados pelo próprio Deus. Atuavam, como explicou com firmeza Pedro no Sinédrio, em nome de Jesus Cristo Nazareno, «pois não existe debaixo do céu outro nome dado à humanidade pelo qual devamos ser salvos» (At 4,12).
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Ele os enviou assim, porque há dois preceitos da caridade: o amor a Deus e o amor ao próximo; e entre menos de dois não pode haver caridade» (São Gregório Magno)
 
«São Lucas destaca o entusiasmo dos discípulos pelos frutos da missão. Oxalá que este evangelho desperte em todos os batizados a consciência de que são missionários de Cristo» (Bento XVI)
 
«(…) Os Doze e os outros discípulos participam da missão de Cristo, do seu poder, mas também da sua sorte. Com todos estes atos, Cristo prepara e constrói a sua Igreja» (Catecismo da Igreja Católica, nº 765)
 
A alegria de ser discípulo

Pe Eduardo Caseiro
 
O chamamento e envio dos primeiros discípulos por parte de Jesus para a missão de anunciar a Boa Nova do Reino é um tema recorrente nos Evangelhos. Podemos mesmo dizer que constitui um dos seus eixos. Porque o Evangelho não nos quer simplesmente transmitir conteúdos doutrinais e morais, mas dar-nos também a alegre notícia de que somos chamados a continuar neste mundo a obra de Jesus, sob a certeza confiante da sua presença por meio do Espírito Santo.
 
* O excerto do Evangelho de Lucas deste domingo fala-nos desse chamamento e desse envio, dando-nos uma série de indicações que nos ajudam a compreender a missão da Igreja neste mundo e a corresponsabilidade de todos os batizados em relação a essa missão. Abramos por isso o nosso coração a esta Palavra que hoje nos é dirigida.
 
* O texto que escutámos narra o chamamento e o envio dos primeiros discípulos pelo olhar de Lucas. Nele encontramos uma particularidade relativamente aos restantes Evangelhos: Jesus não chama os doze, aquele grupo identificado diretamente com os Apóstolos, lido comummente como a origem do ministério ordenado na Igreja. Lucas fala dos setenta e dois discípulos, um número bem mais largo, para nos indicar que a missão não é reservada apenas a um pequeno grupo de escolhidos, mas a todos aqueles que aceitarem o convite a segui-lo, apresentando-se por isso como um excerto capaz de nos provocar pessoalmente para nos descobrirmos diretamente implicados na vida e na missão da Igreja.
 
* É interessante que este texto deixa bem claro que os discípulos são enviados às aldeias e localidades onde Jesus “devia de ir”, porque a tarefa dos discípulos não é pregar a sua própria mensagem, mas preparar os corações para acolher a presença de Jesus que quer vir à vida de cada um. A missão é descrita sem rodeios, e as dificuldades que dela vêm não são escondidas. Já o modo como os discípulos são convidados a partir para a missão é desconcertante: pobres e simples, sem bolsa, nem alforge, nem sandálias, para que se saibam portadores de um único tesouro, o anúncio da vida que Jesus a todos quer dar, e se recordem que a força do Evangelho não reside nos meios materiais, mas na força libertadora da Palavra. A urgência da missão é clara, e não deve ficar pelas saudações iniciais, mas deve ir ao coração do Evangelho. No fim, vem a recompensa: o dom da alegria, que não vem do orgulho de nos sentirmos escolhidos, mas da certeza de nos sabermos acolhidos no Reino dos Céus, na vida plena e verdadeira, meta de todos os homens.
 
* Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. Jesus envia os seus discípulos, todos os seus discípulos, fazendo deles participantes da sua missão. Mas não os envia sozinhos, mas dois a dois. O anúncio do Evangelho é uma tarefa comunitária, que não é feita por iniciativa pessoal e própria, mas em comunhão com os irmãos.
 
* Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem, curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: ‘Está perto de vós o reino de Deus’. O conteúdo da missão do discípulo é muito claro: cuidar dos frágeis e desprotegidos e anunciar a todos o Deus que se fez próximo. Estamos diante de uma dupla missão: o serviço e o anúncio.
 
* Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos antes porque os vossos nomes estão escritos nos Céus. A recompensa que recebemos enquanto colaboradores de Deus, fiéis discípulos do Seu Filho não consistem em bens materiais ou em elogios mundanos, mas na certeza de nos sabermos destinatários do seu Reino, que um dia se cumprirá no Céu, na plena comunhão com Deus e com os irmãos.
 
Meditação:
1. Como vivo o chamamento de Jesus a ser seu discípulo? Como algo que sou chamado a responder individualmente, ou como um chamamento que é feito na comunidade e para ser vivido em comunidade? No final da Eucaristia, quando escuto o ‘Ide em Paz e o Senhor vos acompanhe’ tomo consciência que fomos enviados em comunidade para a missão de anunciar o Evangelho no meio do mundo?
2. Como vivo a dupla dimensão da missão? A minha vida anuncia a Boa Nova do Evangelho? E fá-lo apenas com Palavras ou incarnando esse anúncio no serviço aos mais frágeis? Vivo a Eucaristia como um momento no qual sou nutrido da Palavra de Deus e do Corpo do Senhor para que o possa anunciar com palavras e com obras?
3. Quando me coloco ao serviço do Evangelho, seja na minha vida pessoal, seja na vida da comunidade, espero algo em troca? A minha entrega depende da visibilidade que terá a minha obra, ou da certeza de que o serviço é o único modo de ser verdadeiramente discípulo do Senhor?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO