Santa
Isabel da Hungria, viúva
1ª
Leitura (Dan 12,1-3): Naquele tempo, surgirá Miguel, o grande chefe dos
Anjos, que protege os filhos do teu povo. Será um tempo de angústia, como não
terá havido até então, desde que existem nações. Mas nesse tempo, virá a
salvação para o teu povo, para aqueles que estiverem inscritos no livro de
Deus. Muitos dos que dormem no pó da terra acordarão, uns para a vida eterna,
outros para a vergonha e o horror eterno. Os sábios resplandecerão como a luz
do firmamento e os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça brilharão
como estrelas por toda a eternidade.
Salmo
Responsorial: 15
R. Defendei-me, Senhor: Vós
sois o meu refúgio.
Senhor, porção da minha herança e
do meu cálice, está nas vossas mãos o meu destino. O Senhor está sempre na
minha presença, com Ele a meu lado não vacilarei.
Por isso o meu coração se alegra
e a minha alma exulta e até o meu corpo descansa tranquilo. Vós não
abandonareis a minha alma na mansão dos mortos, nem deixareis o vosso fiel
sofrer a corrupção.
Dar-me-eis a conhecer os caminhos
da vida, alegria plena em vossa presença, delícias eternas à vossa direita.
2ª
Leitura (Heb 10,11-14.18): Todo o sacerdote da antiga aliança se
apresenta cada dia para exercer o seu ministério e oferecer muitas vezes os
mesmos sacrifícios, que nunca poderão perdoar os pecados. Cristo, ao contrário,
tendo oferecido pelos pecados um único sacrifício, sentou-Se para sempre à
direita de Deus, esperando desde então que os seus inimigos sejam postos como
escabelo dos seus pés. Porque, com uma única oblação, tornou perfeitos para
sempre os que Ele santifica. Onde há remissão dos pecados, já não há
necessidade de oblação pelo pecado.
Aleluia. Vigiai e orai em todo
o tempo, para poderdes comparecer diante do Filho do homem. Aleluia.
Evangelho
(Mc 13,24-32): Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos: «Mas, naqueles
dias, depois daquela aflição, o sol ficará escuro e a lua perderá sua
claridade, as estrelas cairão do céu e as potências celestes serão abaladas.
Então verão o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. Ele
enviará os anjos para reunir os seus eleitos dos quatro cantos da terra, da
extremidade da terra à extremidade do céu. Aprendei da figueira a lição: quando
seus ramos vicejam e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto.
Vós, do mesmo modo, quando virdes acontecer estas coisas, ficai sabendo que
está próximo, às portas. Em verdade vos digo: esta geração não passará até que
tudo isso aconteça. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não
passarão. Ora, quanto àquele dia ou hora, ninguém tem conhecimento, nem os
anjos do céu, nem mesmo o Filho. Só o Pai».
«Está próximo»
Rev. D. Pedro IGLESIAS Martínez (Ripollet,
Barcelona, Espanha)
Hoje, recordamos como a Igreja
nos preparava, ao começar o ano litúrgico, para a primeira vinda de Cristo, que
nos traz a salvação. A duas semanas do final do ano, prepara-nos para a segunda
vinda, aquela em que se pronunciará a última e definitiva palavra sobre cada um
de nós.
Perante o Evangelho de hoje
podemos pensar que ainda vem longe, mas «Ele está próximo» (Mc 13,29). E,
contudo, na nossa sociedade é incômodo -até incorreto!- aludir à morte. Porém,
não podemos falar de ressurreição sem pensar que temos de morrer. O fim do
mundo, para cada um de nós, ocorre no dia em que falecermos, momento em que
terminará o tempo que nos foi dado para optar. O Evangelho é sempre uma Boa
Nova e o Deus de Cristo é Deus de Vida: por que esse medo?; talvez pela nossa
falta de esperança?
Diante da rapidez com que esse
juízo chegará, temos de saber converter-nos em juízes severos, não dos outros,
mas de nós próprios. Não cair no engano da autojustificação, do relativismo ou
do -eu não acho que seja assim-... Jesus Cristo se nos dá através da Igreja e,
com Ele, os meios e recursos para que esse juízo universal não seja o dia da
nossa condenação, mas um espetáculo muito interessante, em que finalmente, se tornarão
públicas as verdades mais ocultas dos conflitos que tanto atormentaram os
homens.
A Igreja anuncia que temos um
salvador, Cristo, o Senhor. Menos medos e mais coerência na nossa atuação, de
acordo com aquilo em que cremos! «Quando chegarmos à presença de Deus, nos
perguntarão duas coisas: se estávamos na Igreja e se trabalhávamos na Igreja;
Tudo o resto não tem valor» (São J.H. Newman). A Igreja não só nos ensina uma
forma de morrer, mas também uma de forma de viver para poder ressuscitar.
Porque o que prega não é a sua mensagem, mas a Daquele cuja palavra é fonte de
vida. Só partindo desta esperança enfrentaremos com serenidade o juízo de Deus.
O céu e a terra passarão, mas
as minhas palavras não passarão.
D. António Couto
* O melhor conhecimento da
linguagem apocalíptica, construída de imagens e recursos simbólicos para falar
do fim do mundo, permite-nos hoje escutar a mensagem esperançosa de Jesus, sem
cair na tentação de semear angústia e terror nas consciências.
* Um dia a história
apaixonante do ser humano sobre a terra chegará ao seu final. Esta é a
convicção firme de Jesus. Esta é, também, a previsão da ciência atual. O mundo
não é eterno. Esta vida terminará. O que será das nossas lutas e trabalhos, dos
nossos esforços e aspirações?
* Jesus fala com sobriedade.
Não deseja alimentar nenhuma curiosidade mórbida. Corta pela raiz qualquer
intenção de especular com cálculos, datas ou prazos. “Ninguém sabe o dia ou a
hora..., somente o Pai”. Nada de psicose perante o final. O mundo está em boas
mãos. Não caminhamos para o caos. Podemos confiar em Deus, nosso Criador e Pai.
* A partir desta confiança
total, Jesus expõe a sua esperança: a criação atual terminará, porém será para
deixar lugar a uma nova criação, a qual terá Cristo ressuscitado como centro. É
possível crer em algo tão grandioso? Podemos falar assim antes que alguma coisa
tenha acontecido?
* Jesus recorre a imagens que
todos podem entender. Um dia o sol e a lua que hoje iluminam a terra e
tornam possível a vida, apagar-se-ão. O mundo ficará às escuras. A história da
Humanidade também se apagará? Terminarão, assim, as nossas esperanças?
* Segundo a versão de
Marcos, no meio dessa noite poder-se-á ver o “Filho do Homem”, quer dizer,
Cristo ressuscitado que virá “com grande poder e glória”. A sua luz salvadora
iluminará tudo. Ele será o centro de um mundo novo, o princípio de uma
humanidade renovada para sempre.
* Jesus sabe que não é fácil
crer nas suas palavras. Como pode provar que as coisas acontecerão assim?
Com uma simplicidade surpreendente, convida a viver esta vida como uma
primavera. Todos conhecem a experiência: a vida que parecia morta durante o
inverno começa a despertar; nos galhos da figueira brotam de novo pequenas
folhas. Todos sabem que o Verão está próximo.
* Esta vida que agora
conhecemos é como a primavera. Todavia, não é possível a colheita. Não
podemos obter sucessos definitivos. Porém, há pequenos sinais de que a vida
está em gestação. Os nossos esforços por um mundo melhor não se perderão.
Ninguém sabe o dia, mas Jesus virá. Com a sua vinda revelar-se-á o mistério
último da realidade que os crentes chamam de Deus.
* Como conclusão reflexiva
podemos dizer o seguinte. O discurso apocalíptico que encontramos em Marcos
quer oferecer algumas convicções para alimentar a esperança daqueles (e de nós)
cristãos. Não o devemos interpretar em sentido literal mas tentar descobrir a
fé contida nessas imagens e símbolos que para nós não são fáceis de entender e
são até um pouco estranhos.
* Primeira convicção. A
história apaixonante da Humanidade chegará um dia ao seu fim. O “sol” que
assinala a sucessão dos anos apagar-se-á. A “lua” que marca o ritmo dos meses
já não brilhará. Não haverá dias nem noites. Também as “estrelas cairão do
céu”, a distância entre o céu e a terra desaparecerá, já não haverá espaço.
Esta vida que agora vivemos não será para sempre. Um dia chegará a Vida
definitiva, sem espaço nem tempo Viveremos no Mistério de Deus.
* Segunda convicção. Jesus
voltará e os seus seguidores poderão ver finalmente o seu rosto: “verão o Filho
do Homem vir”. O sol, a lua e os astros apagar-se-ão mas o mundo não ficará sem
luz. Será Jesus quem o iluminará para sempre instaurando a verdade, a justiça e
a paz na história humana tão escrava hoje de abusos, injustiças e mentiras.
* Terceira convicção.
Jesus trará consigo a salvação de Deus. Chega com o poder grande e salvador do
Pai. Não se apresenta com aspecto ameaçador. O evangelista evita falar aqui de
juízos e de condenações. Jesus vem “reunir os seus eleitos”, os que esperam com
fé a sua salvação.
* Quarta convicção. As
palavras de Jesus “não passarão”. Não perderão a sua força salvadora.
Continuarão a alimentar a esperança dos seus seguidores e a ser o alento dos
pobres. Não caminhamos para o nada, para o vazio. Espera-nos o abraço de Deus.
* O cenário do Evangelho deste
Domingo XXXIII do Tempo Comum (Marcos 13,24-32) não é de terror, mas de amor!
Novos céus e nova terra, saídos das mãos de Deus-Pai, com o Filho-que-Vem, e
que está próximo, à porta. É como o noivo do Cântico dos Cânticos 5,2, que bate
à porta, descrito pela noiva que dorme, mas escuta com um coração sempre
vigilante! Única atitude da Igreja Una e Santa, que Domingo após Domingo, se
reúne com emoção e alegria à volta do seu Senhor-que-Vem. Tudo tão suave e tão
cheio de maravilha: o nosso Deus revelando ou simplesmente com todo o carinho
desvelando, isto é, retirando o véu que encobre a verdadeira realidade, perante
os nossos olhos atónitos!
* Uma parte da Igreja antiga lia
este «discurso escatológico» e outros textos similares do Novo Testamento no
sentido da chegada iminente do «fim do mundo» (leitura ainda hoje
desgraçadamente doentia nas seitas, com ano, dia e hora marcados!). Sim, é do
«fim do mundo» que se trata, mas num sentido novo e inaudito: é a Palavra de
Deus que não passa, e que é Amor e é Primeira e Última, sempre nova, portanto,
que vem «pôr fim ao nosso mundo» de posse e egoísmo, autossatisfação e auto
expansão ilimitada. É o Último, que é o Amor gratuito e desinteressado, que põe
fim ao penúltimo, que é a nossa vã maneira de viver. Neste sentido novo, é de
desejar que o nosso mundo velho e caduco entre em agonia e acabe já, para que
comece verdadeiramente em nós e já um mundo novo e belo, cuja matriz é o Amor
gratuito e incondicional. Neste sentido intenso e belo, vale a oração «Senhor,
vem!, porque, com sabedoria serena, sabemos que «o Senhor vem!».
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