sábado, 27 de junho de 2020

SOLENIDADE DE S. PEDRO E S. PAULO (Missa Da Vigília)


Primeira Leitura (At 3, 1-10) - Naqueles dias, Pedro e João subiam ao templo para a oração das três horas da tarde. Trouxeram então um homem, coxo de nascença, que colocavam todos os dias à porta do templo, chamada Porta Formosa, para pedir esmola aos que entravam. Ao ver Pedro e João, que iam a entrar no templo, pediu-lhes esmola. Pedro, juntamente com João, olhou fixamente para ele e disse-lhe: «Olha para nós». O coxo olhava atentamente para Pedro e João, esperando receber deles alguma coisa. Pedro disse-lhe: «Não tenho ouro nem prata, mas dou-te o que tenho: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda». E, tomando-lhe a mão direita, levantou-o. Nesse instante fortaleceram-se lhe os pés e os tornozelos, levantou-se de um salto, pôs-se de pé e começou a andar depois entrou com eles no templo, caminhando, saltando e louvando a Deus. Toda a gente o viu caminhar e louvar a Deus e, sabendo que era aquele que costumava estar sentado, a mendigar, à Porta Formosa do templo, ficaram cheios de admiração e assombro pelo que lhe tinha acontecido.

Salmo Responsorial    Sl 18 A (19 A), 2-3.4-5 (R. 5a)
R. A sua mensagem ressoou por toda a terra.

Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
O dia transmite ao outro esta mensagem e a noite a dá a conhecer à outra noite.

Não são palavras nem linguagem cujo sentido se não perceba.
O seu eco ressoou por toda a terra e a sua notícia até aos confins do mundo.

Segunda Leitura (Gal 1,11-20) - Eu vos declaro, irmãos: O Evangelho anunciado por mim não é de inspiração humana, porque não o recebi ou aprendi de nenhum homem, mas por uma revelação de Jesus Cristo. Certamente ouvistes falar do meu proceder outrora no judaísmo e como perseguia terrivelmente a Igreja de Deus e procurava destruí-la. Fazia mais progressos no judaísmo do que muitos dos meus compatriotas da mesma idade, por ser extremamente zeloso das tradições dos meus pais. Mas quando Aquele que me destinou desde o seio materno e me chamou pela sua graça, Se dignou revelar em mim o seu Filho para que eu O anunciasse aos gentios, decididamente não consultei a carne e o sangue, nem subi a Jerusalém para ir ter com os que foram Apóstolos antes de mim mas retirei-me para a Arábia e depois voltei novamente a Damasco. Três anos mais tarde, subi a Jerusalém para ir conhecer Pedro e fiquei junto dele quinze dias. Não vi mais nenhum dos Apóstolos, a não ser Tiago, irmão do Senhor. O que vos escrevo, diante de Deus o afirmo: não estou a mentir.

Aleluia. Senhor, que sabeis tudo, bem sabeis que Vos amo. Aleluia

Evangelho (Jo 21, 15-19) - Quando Jesus Se manifestou aos seus discípulos junto ao mar de Tiberíades, depois de comerem, perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes?». Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta os meus cordeiros». Voltou a perguntar-lhe segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?». Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas». Perguntou-lhe pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?». Pedro entristeceu-se por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez se O amava e respondeu-Lhe: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: Quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias mas quando fores mais velho, estenderás a mão e outro te cingirá e te levará para onde não queres». Jesus disse isto para indicar o género de morte com que Pedro havia de dar glória a Deus. Dito isto, acrescentou: «Segue-Me».

Que todos digamos como Pedro: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo».

ADRIANO TEIXEIRA e GERALDO MORUJÃO

15-17 É fácil de ver na tripla confissão de amor de Pedro uma reparação da sua tripla negação (18, 17.25-27); na redação do texto grego, pode ver-se também um jogo de palavras muito expressivo, pois na 1ª e 2ª pergunta Jesus interroga Pedro com um verbo de amor mais divino, profundo e intelectual (amas-Me? – agapâs me), ao passo que Pedro responde com um verbo de simples afeição e amizade (sou teu amigo – filô se); à 3ª vez, Jesus condescende com Pedro, usando este segundo verbo, e Pedro ficou triste por se lembrar que esta mudança de Jesus se devia à imperfeição do seu amor. Toda a Tradição católica viu neste encargo de pastorear todo o rebanho de Cristo (cordeiros e ovelhas) o cumprimento da promessa do primado (Mt 16, 17-19 e Lc 22, 31-32; cf. 1 Pe 5, 2.4. Recorde-se, a propósito, o que diz o Concílio Vaticano II, LG, 22: «O colégio ou corpo episcopal não tem autoridade a não ser em união com o Pontífice Romano, sucessor de Pedro, entendido como sua cabeça, permanecendo inteiro o poder do seu primado sobre todos, quer pastores, quer fiéis. Pois o Romano Pontífice, em virtude do seu cargo de Vigário de Cristo e Pastor de toda a Igreja, nela tem pleno, supremo e universal poder, que pode sempre exercer livremente­».

18-19 «Estenderás as mãos... Segue-Me». Pedro havia de seguir a Cristo até ao ponto de vir a morrer crucificado em Roma, na perseguição de Nero (64-68), segundo a tradição documentada já por S. Clemente, no século I. Também se diz que, por humildade, pediu para ser crucificado de cabeça para baixo.

21-22 Jesus não satisfaz curiosidades inúteis, mas apela à fidelidade: «segue-me». Tendo em conta que Pedro já morrera havia uns 40 anos, não deixa de impressionar a ligação tão íntima entre o discípulo amado e Pedro, aparecendo este sempre numa posição de superioridade (cf. Jo 13, 24; 18, 15-16; 20, 1-8; 21, 1-12.15.20-23); há quem veja nisto um apelo a um critério a seguir nas relações entre as comunidades joaninas da Ásia Menor e a Igreja de Roma.

No Evangelho de João é o Ressuscitado que transmite Seus poderes a seus discípulos (João 20,21-23). Em particular, é no quadro das aparições do Ressuscitado que o primado é conferida a Pedro (nossa leitura de hoje), ao contrário de Mateus, Marcos e Lucas (Sinóticos), que situam esse acontecimento antes da morte de Jesus (Mateus 16,13-20). O evangelista João quer manifestar que os poderes missionários de sacramentais da Igreja são apenas a irradiação da glória do Ressuscitado (cf. também Mateus 28,18-19).

Nessa passagem, consagrada ao primado de Pedro, a transmissão de poderes por Jesus não se faz sem algum humor. Por três vezes Pedro renega seu Mestre (João 18,17-27); também por três vezes Jesus exige dele uma profissão de amor. Pedro se acreditava superior aos outros em seu zelo para com o Senhor (Mateus 26,33); Cristo o convida para uma superioridade no amor (“mais do que estes”, versículo 15).

Pedro não afirma abertamente seu apego ao Senhor: humildemente se abandona ao conhecimento que dele Cristo pode ter (“tu o sabes…”: 15-17). Cristo lhe pergunta duas vezes se tem amor por ele (ágape) e Pedro responde que tem apego (philein) por seu Mestre. O Apóstolo, portanto, não se pronuncia sobre o amor religioso que Jesus lhe pede; contenta-se em manifestar-lhe sua amizade.

Na realidade, é pelo exercício de seu primado e pela maneira como amará os cordeiros e as ovelhas do Senhor que Pedro manifestará seu apego ao Senhor e o ágape que o anima.

O amor (ágape) trazido por Cristo em sua morte (João 15,14) de agora em diante tem sua instituição própria: a Igreja, conduzida por Pedro, é o sacramento visível do ágape do Salvador. Que o pastor ame as suas ovelhas segundo convém, e o sinal do amor de Cristo pelas pessoas será entregue ao mundo. O primado, portanto, não é uma recompensa dada ao amor eventual de Pedro por seu Mestre: trata-se de instituição que revela o amor de Cristo pelas pessoas.

Para reflexão:
1 - Estamos diante de dois grandes Santos. Mas foram seres humanos. Pedro negou que fosse seguidor de Cristo e Paulo, na Epístola aos Gálatas diz: «Perseguia terrivelmente a Igreja de Deus e procurava destruí-la.»
2 - Por aqui vemos que os santos não nasceram santos e ao longo da sua vida tiveram que lutar muito, para imitar Jesus Cristo.
3 - A vida de cada um de nós não será diferente. O Senhor convida-nos a ser santos e conta com a nossa correspondência ao seu chamamento.
4 - No caminhar para a santidade acompanha-nos Jesus Cristo com tudo aquilo de que necessitamos. Não faltará também a cruz. Contemos com os momentos de desânimo e as quedas.
5 - O verdadeiro discípulo de Jesus saberá levantar-se sempre. Ainda que seja muitas vezes em cada dia! «Tudo posso n'Aquele que me conforta».

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