quarta-feira, 10 de julho de 2019

Quinta-feira da 14ª semana do Tempo Comum


1ª Leitura (Gen 44,18-21.3-29; 45,1-5): Naqueles dias, Judá aproximou-se de José e disse-lhe: «Meu senhor, peço-te que deixes este teu servo falar diante de ti, sem que a tua cólera se inflame contra mim, pois tu és como o próprio faraó. Fizeste, meu senhor, esta pergunta aos teus servos: ‘Tendes pai e mais algum irmão?’ E nós, meu senhor, respondemos-te: ‘Temos um pai já idoso e um irmão pequeno, que lhe nasceu na velhice. O irmão deste morreu; e ele ficou a ser o único filho de sua mãe. O nosso pai gosta muito dele’. Mas tu disseste a estes teus servos: ‘Trazei-mo aqui, para eu o ver com os meus olhos. Se o vosso irmão mais novo não vier convosco, não podeis voltar à minha presença’. Quando voltámos para junto do nosso pai, teu servo, referimos-lhe as tuas palavras, meu senhor. E quando o nosso pai nos disse: ‘Voltai para nos comprardes alguns mantimentos’, nós tivemos de lhe responder: ‘Não podemos ir. Só iremos, se o nosso irmão mais novo for conosco, porque não podemos voltar à presença desse homem, sem o levarmos em nossa companhia’. Então o nosso pai, teu servo, disse: ‘Bem sabeis que minha esposa me deu dois filhos. Um deles deixou-me e eu disse comigo: Certamente foi devorado pelas feras. E não tornei a vê-lo até hoje. Se levardes também este para longe de mim e lhe acontecer alguma desgraça, fareis que os meus cabelos brancos desçam tristemente à morada dos mortos’». Então José não se pôde conter diante dos que o rodeavam e bradou: «Fazei sair toda a gente da minha presença». E ninguém ficou junto de José, quando ele se deu a conhecer aos seus irmãos. Chorou em tão altos brados que os egípcios o ouviram e a notícia chegou à casa do faraó. «Eu sou José. – disse ele aos seus irmãos – Vive ainda meu pai?» Os irmãos não puderam responder-lhe, porque ficaram perturbados diante dele. Então José disse aos seus irmãos: «Aproximai-vos de mim». E eles aproximaram-se. José continuou: «Eu sou José, o vosso irmão que vendestes para o Egito. Mas agora não vos aflijais, nem vos censureis por me terdes vendido para aqui, porque foi para salvar as vossas vidas que Deus me enviou adiante de vós».

Salmo Responsorial: 104
R. Recordai as maravilhas do Senhor.

Deus chamou a fome sobre aquela terra e privou-os do pão que dá o sustento. Adiante deles enviara um homem: José vendido como escravo.

Apertaram-lhe os pés com grilhões, lançaram-lhe ao pescoço uma coleira de ferro, até que se cumpriu a profecia e a palavra do Senhor o mostrou inocente.

Então o rei mandou que o soltassem, o soberano dos povos deu-lhe a liberdade; e fê-lo senhor da sua casa e governador de todos os seus domínios.

Aleluia. Está próximo o reino de Deus: arrependei-vos e acreditai no Evangelho. Aleluia.

Evangelho (Mt 10,7-15): Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: «No vosso caminho, proclamai-o Reino dos Céus está próximo. Curai doentes, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expulsai demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar! Não leveis ouro, nem prata, nem dinheiro à cintura; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão, pois o trabalhador tem direito a seu sustento. Em qualquer cidade ou povoado em que entrardes, procurai saber quem ali é digno e permanecei com ele até a vossa partida. Ao entrardes na casa, saudai-a: se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se ela não for digna, volte para vós a vossa paz. Se alguém não vos receber, nem escutar vossas palavras, saí daquela casa ou daquela cidade e sacudi a poeira dos vossos pés. Em verdade, vos digo: no dia do juízo, a terra de Sodoma e Gomorra receberá uma sentença menos dura do que aquela cidade».

«No vosso caminho, proclamai: O Reino dos Céus está próximo»

Rev. D. Antonio BORDAS i Belmonte (L’Ametlla de Mar, Tarragona, Espanha)

Hoje, o texto do Evangelho convida-nos a evangelizar; diz-nos: «Pregai» (cf. Mt 10,7). O anúncio é a boa nova de Jesus, que tenta falar-nos sobre o reino de Deus, que Ele é nosso salvador, enviado pelo Pai ao mundo e, por este motivo, o único que nos pode renovar desde o nosso interior e mudar a sociedade em que vivemos.

Jesus anunciava que «o Reino dos Céus está próximo» (Mt 10,7). Ele anunciava o reino de Deus, que se fazia presente entre os homens e mulheres à medida que o bem avançava e o mal retrocedia.

Jesus quer a salvação do homem total, seu corpo e seu espírito; mais ainda, perante o enigma que preocupa a humanidade, que é a morte, Jesus propõe a ressurreição. Quem vive morto pelo pecado, quando recupera a graça, experimenta uma nova vida. Este é um grande mistério que começamos a experimentar a partir de nosso baptismo: os cristãos estamos chamados à ressurreição.

Uma amostra de como o Papa Francisco procura o bem do homem: «Esta ‘cultura do descarte’ tornou-nos insensíveis também ao esbanjamento e ao desaproveitamento de alimentos. Outrora, os nossos avós prestavam muita atenção a não perder nada da comida que sobejava. A comida que se desaproveita é como se fosse roubada da mesa do pobre, de quantos têm fome!».

Jesus diz-nos que sejamos sempre portadores de paz. Quando os sacerdotes levam a Comunhão a um enfermo dizem: «A paz do Senhor esteja nesta casa! ». E a paz de Cristo permanece aí, se houver pessoas dignas dela. Para receber os dons do reino de Deus é necessário ter boa disposição interior. Por outro lado, também vemos como muita gente dá desculpas para não receber o Evangelho.

Temos uma grande responsabilidade entre os homens: é que, depois de crer, não podemos deixar de anunciar o Evangelho, porque vivemos dele e queremos que outros também vivam.

«Não leveis nem ouro, nem prata (...) para o caminho»

Rev. D. David COMPTE i Verdaguer (Manlleu, Barcelona, Espanha)

Hoje, até o imprevisível queremos prever. Hoje, se multiplicam os serviços a domicílio. E se hoje falamos tanto de paz, talvez seja porque temos muita necessidade dela. Hoje, o Evangelho nos fala exatamente desses vários “hoje”. Mas vamos por partes.

Queremos prever até o imprevisível: em breve estaremos fazendo um seguro para o caso do nosso seguro falhar. Ou então quando comprarmos uma calça o vendedor nos vai oferecer um modelo com manchas ou com o desbotado já incluído! O Evangelho de hoje, com a sua proposta de irmos sem bagagem («Não leveis nem ouro nem prata...»), nos convida à confiança e à disponibilidade. Mas nos alerta: isto não significa um descuido nem tampouco improviso. Viver esta realidade só é possível quando nossa vida está enraizada no fundamental: na pessoa de Cristo. Como dizia o Papa João Paulo II, «é necessário respeitar um princípio essencial da visão cristã de vida: a primazia da graça (...). Não se há de esquecer que, sem Cristo, nada podemos fazer» (cf. Jo 15,5).

Também afirmamos que hoje proliferam os serviços a domicílio: não cozinhamos mais em casa, agora o arroz com feijão é feito para você, na sua casa, por outros. Isto é um exemplo de como a sociedade pretende se organizar prescindindo dos outros. Hoje Jesus nos diz: «Ide»; saí. Isto quer dizer, preocupe-se com quem está ao seu lado. Estejamos, portanto atentos e abertos para as necessidades dos mais próximos.

Férias! Uma paisagem tranquila... Serão sinônimos de paz? Talvez devêssemos duvidar disto. Às vezes é um descanso para as angústias interiores, que mais adiante voltarão a despertar. Nós cristãos sabemos que somos portadores de paz, e mais ainda, que esta paz impregna todo nosso ser —mesmo quando à nossa volta o ambiente seja hostil— na medida em que seguirmos de perto a Jesus.

Deixemos que Jesus nos toque, pela força do Cristo de Hoje! E «quem encontrou verdadeiramente a Cristo não deve guardá-Lo só para si, deve anunciá-Lo» (João Paulo II).

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz a segunda parte do envio dos discípulos. Ontem vimos a insistência de Jesus em dirigir-se primeiro para as ovelhas perdidas de Israel. Hoje, veremos as instruções concretas de como realizar a missão.

* Mateus 10,7: O objetivo da missão: revelar a presença do Reino.
“Vão e anunciem: O Reino do Céu está próximo”. O objetivo principal é anunciar a proximidade do Reino. Aqui está a novidade trazida por Jesus. Para os outros judeus ainda faltava muito para o Reino poder chegar. Só chegaria, depois que eles tivessem realizado a sua parte. A chegada do Reino dependia do esforço deles. Para os fariseus, por exemplo, o Reino só chegaria quando a observância da Lei fosse perfeita. Para os Essênios, quando o país fosse purificado. Jesus pensa diferente. Ele tem outra maneira de ler os fatos. Ele diz que o prazo já se esgotou (Mc 1,15). Quando ele diz que o Reino está próximo ou que o Reino chegou, Jesus não quer dizer que o Reino estava chegando só naquele momento, mas sim que já estava aí, independentemente do esforço feito pelo povo. Aquilo que todos esperavam, já estava presente no meio do povo, gratuitamente, mas o povo não o sabia, nem o percebia (cf. Lc 17,21). Jesus o percebeu! Pois ele lia a realidade com um olhar diferente. E é esta presença escondida do Reino no meio do povo, que ele vai revelar e anunciar aos pobres da sua terra (Lc 4,18). Esta é a semente de mostarda que vai receber a chuva da sua palavra e o calor do seu amor. 

* Mateus 10,8: Os sinais da presença do Reino: acolher os excluídos.
Como anunciar a presença do Reino? Só por meio de palavras e discursos? Não! Os sinais da presença do Reino são antes de tudo gestos concretos, realizados de graça: “Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, deem também de graça”. Isto significa que os discípulos devem acolher para dentro da comunidade os que dela foram excluídos. Esta prática solidária critica tanto a religião como a sociedade excludente, e aponta saídas concretas.

* Mateus 10,9-10: Não levar nada no caminho
Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e as discípulas de Jesus não podem levar nada: “Não levem nos cintos moedas de ouro, de prata ou de cobre; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão, porque o operário tem direito ao seu alimento”. Isto significa que devem confiar na hospitalidade do povo. Pois o discípulo que vai sem nada levando apenas a paz (Mc 10,13), mostra que confia no povo. Acredita que vai ser acolhido, que vai poder participar da vida e do trabalho do povo do lugar e que vai poder sobreviver com aquilo que receberá em troca, pois o operário direito ao seu alimento. Isto significa que os discípulos devem confiar na partilha Por meio desta prática eles criticam as leis de exclusão e resgatam os antigos valores da convivência comunitária.

* Mateus 10,11-13: Partilhar a paz na comunidade.
Os discípulos não devem andar de casa em casa, mas devem procurar uma pessoa de Paz e permanecer nesta casa. Isto é, devem conviver de maneira estável. Assim, por meio desta nova prática, criticam a cultura de acumulação que marcava a política do Império Romano, e anunciam um novo modelo de convivência. Caso todas estas exigências forem preenchidas, os discípulos podem gritar: O Reino chegou! Anunciar o Reino não consiste, em primeiro lugar, em ensinar verdades e doutrinas, mas sim em provocar a uma nova maneira fraterna de viver e de conviver a partir da Boa Nova que Jesus nos trouxe de que Deus é Pai e Mãe de todos e de todas.

* Mateus 10,14-15: A severidade da ameaça.
Como entender esta ameaça tão severa? É que Jesus não veio trazer uma coisa totalmente nova. Ele veio resgatar os valores comunitários do passado: a hospitalidade, a partilha, a comunhão de mesa, a acolhida aos excluídos. Isto explica a severidade contra os que recusam a mensagem. Pois eles não recusam algo novo, mas sim o seu próprio passado, a sua própria cultura e sabedoria! A pedagogia de Jesus tem por objetivo desenterrar a memória, resgatar a sabedoria do povo, reconstruir a comunidade, renovar a Aliança, refazer a vida.

Para um confronto pessoal
1) Como realizar hoje a recomendação de não levar nada no caminho quando se vai em missão?
2) Jesus manda procurar uma pessoa de paz, para poder viver na casa dela. Quais seria hoje uma pessoa de paz a quem nos dirigir no anúncio da Boa Nova?

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