terça-feira, 9 de outubro de 2018

Quarta-feira da 27ª semana do Tempo Comum


1ª Leitura (Gal 2,1-2.7-14): Irmãos: Passados catorze anos, subi novamente a Jerusalém com Barnabé e fiz-me acompanhar também de Tito. Eu subi para lá, de acordo com uma revelação, e expus o Evangelho que prego entre os gentios, numa reunião particular com os principais dirigentes, para me assegurar de não correr ou não ter corrido em vão. Viram então que me estava confiada a evangelização dos que não eram judeus, como a Pedro a dos que eram judeus. – De fato, Aquele que exercera em Pedro a sua ação em ordem ao apostolado entre os judeus, tinha-a exercido em mim em ordem aos gentios –. Por isso, Tiago, Pedro e João, que eram considerados como as colunas, ao reconhecerem a graça que me fora concedida, estenderam-nos as mãos, a mim e a Barnabé, em sinal de acordo: Nós seríamos para os gentios e eles para os judeus. Só nos pediram que nos lembrássemos dos seus pobres, o que eu procurei pôr em prática com grande diligência. Mas quando Pedro veio a Antioquia, opus-me a ele abertamente, porque era digno de censura. De fato, antes de terem vindo alguns homens da parte de Tiago, ele comia com os gentios. Mas depois de eles chegarem, retirava-se e mantinha-se à parte, com receio dos partidários da circuncisão. Com ele começaram a dissimular também os outros judeus, de tal modo que até Barnabé se deixou arrastar pela sua dissimulação. Quando eu vi que eles não procediam corretamente segundo a verdade do Evangelho, disse a Pedro diante de todos: «Se tu, que és judeu, vives à maneira dos gentios e não dos judeus, como podes obrigar os gentios a proceder como os judeus?».

Salmo Responsorial: 116
R. Ide por todo o mundo e anunciai a boa nova.

Louvai o Senhor, todas as nações, aclamai-O, todos os povos.

É firme a sua misericórdia para conosco, a fidelidade do Senhor permanece para sempre.

Aleluia. Recebestes o espírito de adoção filial; nele clamamos: «Abba, ó Pai». Aleluia.

Evangelho (Lc 11,1-4): Um dia, Jesus estava orando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: «Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou a seus discípulos». Ele respondeu: «Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja teu nome; venha o teu Reino; dá-nos, a cada dia, o pão cotidiano, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todo aquele que nos deve; e não nos introduzas em tentação».

«Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou a seus discípulos»

Fr. Austin Chukwuemeka IHEKWEME (Ikenanzizi, Nigeria)

Hoje vemos como um dos discípulos lhe diz a Jesus: «Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou a seus discípulos» (Lc 11,1). A resposta de Jesus: «Quando orardes, dizei: Pai santificado seja teu nome; venha o teu Reino; dá-nos a cada dia o pão cotidiano, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todo aquele que nos deve; e não nos introduzas em tentação» (Lc 11,2-4), pode ser resumida com uma frase: a correta disposição para a oração cristã é a disposição de uma criança diante do seu pai.

Vemos em seguida que a oração, segundo Jesus, é um trato do tipo pai-filho. Isto é, um assunto familiar baseado em uma relação de familiaridade e amor. A imagem de Deus como pai nos fala de uma relação baseada no afeto e na intimidade, e não no de poder e autoridade.

Rezar como cristãos supõe em uma situação onde vemos a Deus como pai e lhe falamos, como seus filhos: «Orar é falar com Deus. Mas, de que? -De que? Dele, de você: alegrias, tristezas, êxitos e fracassos, ambições nobres, preocupações diárias..., fraquezas! E ações de graças e petições: e Amor e desagravo. Em duas palavras: conhecer-lhe e conhecer você: tratar-se!» (São Josemaria).

Quando os filhos falam com seus pais prestam atenção em uma coisa: transmitir em palavras e linguagem corporal o que sentem no coração. Chegamos a ser melhores mulheres e homens de oração quando nosso trato com Deus se faz mais íntimo, como o de um pai com seu filho. Disso nos deixou como exemplo o próprio Jesus. Ele é o caminho.

E, se acode à Virgem, mestra de oração, que fácil lhe será! De fato, «a contemplação de Cristo tem em Maria seu modelo insuperável. O rosto do Filho lhe pertence de um modo especial (...). Ninguém se dedicou com a assiduidade de Maria à contemplação do rosto de Cristo» (S. João Paulo II).

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* No evangelho de ontem, vimos Maria sentada aos pés de Jesus, escutando a sua palavra. Quem escutou a palavra de Deus deverá dar uma resposta na oração. Assim, o evangelho de hoje dá continuidade ao evangelho de ontem trazendo a passagem na qual Jesus, pela sua maneira de rezar, provoca nos discípulos a vontade de rezar, de aprender dele como rezar.

* Lucas 11,1: Jesus, exemplo de oração.
“Um dia, Jesus estava rezando em certo lugar. Quando terminou, um dos discípulos pediu: "Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou os discípulos dele." É estranha a pergunta do discípulo, pois naquele tempo, o povo aprendia a rezar desde pequeno. Todos e todas rezavam três vezes ao dia, de manhã, meio dia e à noite. Rezavam muito os salmos. Tinham as suas práticas devocionais, tinham os salmos, tinham as reuniões semanais na sinagoga e os encontros diários em casa. Mas parece que não bastava. O discípulo queria mais: “Ensina-nos a rezar!”Na atitude de Jesus ele descobriu que poderia dar mais um passo e que, para isso necessitaria uma iniciação. O desejo de rezar está em todos, mas a maneira de rezar pede uma ajuda. A maneira de rezar vai mudando ao longo dos anos da vida e mudou ao longo dos séculos. Jesus foi um bom mestre. Ensinou a rezar por palavras e pelo testemunho.

* Lucas 11,2-4: A oração do Pai Nosso
“Jesus respondeu: "Quando vocês rezarem, digam: Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de amanhã, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos aqueles que nos devem; e não nos deixes cair em tentação”. No evangelho de Mateus, de maneira muito didática, Jesus resumiu todo o seu ensinamento em sete pedidos dirigidos ao Pai. Aqui no evangelho de Lucas são cinco pedidos. Nestes sete ou cinco pedidos, Jesus retoma as grandes promessas do Antigo Testamento e pede que o Pai nos ajude a realizá-las. Os primeiros três (ou dois) dizem respeito ao relacionamento nosso com Deus. Os outros quatro (ou três) dizem respeito ao relacionamento entre nós.

EM MATEUS
Introdução: Pai Nosso que estás no céu!
1º pedido: Santificação do Nome
2º pedido: Vinda do Reino
3º pedido: Realização da Vontade
4º pedido: Pão de cada dia
5º pedido: Perdão das dívidas
6º pedido: Não cair nas Tentações
7º pedido: Libertação do Maligno
EM LUCAS
Introdução: Pai
1º pedido: Santificação do Nome
2º pedido: Vinda do Reino
3º pedido: Pão de cada dia
4º pedido: Perdão dos pecados
5º pedido: Não cair nas Tentações



* Pai (Nosso): O título exprime o novo relacionamento com Deus (Pai). É o fundamento da fraternidade
1. Santificar o Nome: O nome é JAVÉ. Significa Estou com você! Deus conosco. Neste NOME Deus se deu a conhecer (Ex 3,11-15). O Nome de Deus é santificado quando é usado com fé e não com magia; quando é usado conforme o seu verdadeiro objetivo, isto é, não para a opressão, mas sim para a libertação do povo e para a construção do Reino.
2. Vinda do Reino: O único Dono e Rei da vida humana é Deus (Is 45,21; 46,9). A vinda do Reino é a realização de todas as esperanças e promessas. É a vida plena, a superação das frustrações sofridas com os reis e os governos humanos. Este Reino acontecerá, quando a vontade de Deus for plenamente realizada.
3. Pão de cada dia: No êxodo, cada dia, o povo recebia o maná no deserto (Ex 16,35). A Providência Divina passava pela organização fraterna, pela partilha. Jesus nos convida para realizar um novo êxodo, uma nova maneira de convivência fraterna que garante o pão para todos (Mt 6,34-44; Jo 6,48-51).
4. Perdão das dívidas: Cada 50 anos, o Ano Jubilar obrigava todos a perdoar as dívidas. Era um novo começo (Lv 25,8-55). Jesus anuncia um novo Ano Jubilar, "um ano da graça da parte do Senhor" (Lc 4,19). O Evangelho quer recomeçar tudo de novo! Hoje, a dívida externa não é perdoada! Lucas mudou “dívidas” para “pecados”
5. Não cair na Tentação: No êxodo, o povo foi tentado e caiu (Dt 9,6-12). Murmurou e quis voltar atrás (Ex 16,3; 17,3). No novo êxodo, a tentação será superada pela força que o povo recebe de Deus (1Cor 10,12-13).

* O testemunho de oração de Jesus no Evangelho de Lucas:
* Aos doze anos de idade, ele vai ao Templo, na Casa do Pai (Lc 2,46-50).
* Na hora de ser batizado e de assumir a missão, ele reza (Lc 3,21).
* Na hora de iniciar a missão, passa quarenta dias no deserto (Lc 4,1-2).
* Na hora da tentação, ele enfrenta o diabo com textos da Escritura (Lc 4,3-12).
* Jesus tem o costume de participar das celebrações nas sinagogas aos sábados (Lc 4,16)
* Procura a solidão do deserto para rezar (Lc 5,16; 9,18).
* Na véspera de escolher os doze Apóstolos, passa a noite em oração (Lc 6,12).
* Reza antes das refeições (Lc 9,16; 24,30).
* Na hora de fazer levantamento da realidade e de falar da sua paixão, ele reza (Lc 9,18).
* Na crise, sobe o Monte para rezar e é transfigurado enquanto reza (Lc 9,28).
* Diante da revelação do Evangelho aos pequenos, ele diz: “Pai eu te agradeço!” (Lc 10,21)
* Rezando, desperta nos apóstolos vontade de rezar (Lc 11,1).
* Rezou por Pedro para ele não desfalecer na fé (Lc 22,32).
* Celebra a Ceia Pascal com seus discípulos (Lc 22,7-14).
* No Horto das Oliveiras, ele reza, mesmo suando sangue (Lc 22,41-42).
* Na angústia da agonia pede aos amigos para rezar com ele (Lc 22,40.46).
* Na hora de ser pregado na cruz, pede perdão pelos carrascos (Lc 23,34).
* Na hora da morte, ele diz: "Em tuas mãos entrego meu espírito!" (Lc 23,46; Sl 31,6)
* Jesus morre soltando o grito do pobre (Lc 23,46).

Para um confronto pessoal
1) Rezo? Como rezo? O que significa a oração para mim?
2) Pai Nosso: passe em revista os cinco pedidos e verifique como estão sendo vividos em sua vida?

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