sábado, 12 de setembro de 2015

XXIV Domingo do Tempo Comum

Textos: Is 50, 5-9a; Tg 2, 14-18; Mc 8, 27-35

Evangelho (Mc 8,27-35): Jesus e seus discípulos partiram para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho, ele perguntou aos discípulos: «Quem dizem as pessoas que eu sou?». Eles responderam: «Uns dizem João Batista; outros, Elias; outros ainda, um dos profetas». Jesus, então, perguntou: «E vós, quem dizeis que eu sou?». Pedro respondeu: «Tu és o Cristo». E Jesus os advertiu para que não contassem isso a ninguém. E começou a ensinar-lhes que era necessário o Filho do Homem sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar. Falava isso abertamente. Então, Pedro, chamando-o de lado, começou a censurá-lo. Jesus, porém, voltou-se e, vendo os seus discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: «Vai para trás de mim, satanás! Pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim, as dos homens!». Chamou, então, a multidão, juntamente com os discípulos, e disse-lhes: «Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me! Pois quem quiser salvar sua vida a perderá; mas quem perder sua vida por causa de mim e do Evangelho, a salvará».

«Se alguém quer vir após mim (...) tome a sua cruz e siga-me!»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

S. João Crisóstomo, Bispo e Doutor
Hoje em dia nos encontramos com situações similares à descrita nesta passagem evangélica. Se agora mesmo, Deus nos perguntasse «quem dizem os homens que eu sou?» (Mc 8,27), teríamos que informar-lhes sobre todo tipo de respostas, inclusive pitorescas. Bastaria com dar uma olhada no que se diz, e no que se comenta, nos mais variados meios de comunicação. Só que... já se passaram mais de vinte séculos de tempo da Igreja. Depois de tantos anos, condoemo-nos e -com Santa Faustina- nos queixamos diante de Jesus: «Por que é tão pequeno o número dos que te conhecem?».

Jesus, naquela ocasião da confissão de fé feita por Simão Pedro, «E Jesus os advertiu para que não contassem isso a ninguém» (Mc 8,30). Sua condição messiânica devia ser transmitida ao povo judeu com uma pedagogia progressiva. Mais tarde chegaria o momento fundamental em que Jesus Cristo declararia -de uma vez e para sempre- que Ele era o Messias: «Eu sou» (Lc 22,70). Desde então, já não há escusa para não lhe declarar nem lhe reconhecer como o Filho de Deus vindo ao mundo para nossa salvação. Mais ainda: todos os batizados têm esse gozoso dever sacerdotal de predicar o Evangelho por todo o mundo e a toda criatura (cf. Mc 16,15). Esta chamada à predicação da Boa Nova é tanto mais urgente se levamos em consideração que sobre Ele continuam proferindo todo tipo de opiniões equivocadas, inclusive blasfêmias.

Mas o anuncio de sua messianidade e da chegada do seu Reino passa pela Cruz. Efetivamente, Jesus Cristo «E começou a ensinar-lhes que era necessário o Filho do Homem sofrer muito» (Mc 8,31), e o Catecismo nos lembra que «a Igreja avança em sua peregrinação através das persecuções do mundo e dos consolos de Deus» (n. 769). Eis aqui, pois, o caminho para seguir a Cristo e dá-lo a conhecer: «Si alguém quer vir após mim (...) tome sua cruz e siga-me» (Mc 8,34).

Em verdade, quem é Jesus e qual é a sua missão?

Pe. Antonio Rivero, L.C.

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
Hoje lemos a primeira confissão clara de Pedro: “Tu és o Messias”. Ao final escutaremos, depois de ter passado Cristo pela sua paixão, morte e ressureição, a surpreendente afirmação do centurião romano: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus”.

Em primeiro lugar, quem é Jesus para muitos? Aqui temos diversas respostas que foram dadas ao longo dos séculos. Para os judeus: “é um samaritano” (Jo 8.48). Para os samaritanos: “é verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4,42). Para os fariseus: “é um comilão e beberão” (Mt 11,19). Para Natanael: “Tu és o Filho de Deus” (Jo 1, 49). Para os sacerdotes e fariseus: “é um mentiroso” (Mt 27,63). Para João Batista: “Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Para André: “Achamos o Messias” (Jo 1,41). Para o povo: “Tens um demônio” (Jo 7,20). Para Tomé: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28). Para os seus parentes: “Ele está fora de si” (Mc 3,21). Para Mahatma Gandhi, artífice da independência da Índia em 1947: “Jesus é a figura mais grande da história”. Para o poeta hindu Tagore: “Se os cristãos fossem como o seu mestre, já teríeis a Índia em vossos pés”. Para Ibn Arabí, filósofo, teósofo y místico mulçumano: “Aquele qual enfermidade chama-se Jesus Cristo, já não se pode curar”. Para Jean Fernoit (jornalista): “Durante longo tempo tenho acreditado que Jesus Cristo era filho de Deus, Deus mesmo. Agora não estou seguro. Porém pouco importa. Nenhum homem jamais tem falado nem amado como ele. Ele nos disse que estava em cada um de nós, mas isto ainda eu não chego a crê-lo”. Para Eddy Merck, ciclista belga: “Desejo dar a conhecer Jesus a todos aqueles que não lhe conhecem. Para mim Cristo tem uma presença continua em toda minha vida. Creio profundamente n’Ele, na sua história e na sua divindade”. Para K. Rahner, um dos teólogos católicos jesuítas mais importantes do século XX: “Cristo é a resposta total à pergunta total do homem”. Outro disse: “sou o que sou, porque tenho encontrado em Jesus Cristo a fonte de dois grandes valores da minha vida: a liberdade e o amor”. Para o escritor russo Dostoievski: “Não tem nada mais bonito, mais profundo, mais amável, mais razoável, mais valente, mais perfeito que Cristo, e digo-me a mim mesmo com amor zeloso que não pode ter nada mais perfeito”.

Em segundo lugar, e Jesus, quem diz ser ele mesmo? Tudo menos triunfalista, charlatão, ganhador de votos e carreirista. Ele definiu-se assim, como escrevi no meu primeiro libro sobre Jesus Cristo: “Eu sou o Caminho, a Verdade, a Vida, a Ressurreição, a Luz do mundo, o Bom Pastor, a Porta das ovelhas, o Pão da vida, a Videira verdadeira, Rei dos corações”. Os apóstolos receberam de Jesus uma boa chamada de atenção, porque eles não lhe entendiam. Ainda ressoa nos nossos ouvidos o que lhe disse a Pedro: “Afasta-te de mim Satanás! Tu pensas como os homens, não como Deus! ”. Ser como Satanás significa que Pedro, sem querê-lo, estava tentando a Jesus para que não aceitasse o plano de Deus, senão que seguira as apetências humanas que buscam o êxito e a vitória. O caminho de Jesus era a cruz. Aos apóstolos não lhes entrava na cabeça que seu Mestre, o Messias, pudesse fracassar. Temos que aceitar a Cristo não só como Messias, mas também como o Servo que se entrega pelos demais, que enfrentou a humilhação, os golpes, os cuspes, a coroa de espinhas, os ultrajes; como Isaías bem nos falou hoje na primeira leitura, prefigurando a Cristo como o Servo das dores. Hoje Jesus condenou o triunfalismo de Pedro e, ao condená-lo, condenou o triunfalismo da Igreja Licinio-constantiniana e dos cristãos e da hierarquia triunfalistas.

Finalmente, e para nós, quem é Jesus? Cada um de nós tem feito ou está fazendo a própria experiência de Cristo. Cada um de nós deve responder a esta pregunta que hoje nos faz Jesus. Talvez Médico, Amigo, Mestre, Pastor, Água viva, Pão de vida eterna, Senhor da nossa vida, Juiz supremo, Redentor dos nossos pecados? O que tem que ficar bem claro é isto: não existe em todos os livros sagrados inspirados por Deus nenhum outro messias que o sofredor dos profetas, nem outro Jesus que o nascido para o vexame, a cruz e a ressurreição, nem outra Igreja que a fundada para o serviço e a salvação dos homens, nem outro cristão que o imitador de Cristo. Querer uma Igreja triunfalista é desnaturalizar, secularizar e socializar a Igreja. Temos que nos convencer que o triunfalismo é anti-evangélico. Tiremos da nossa agenda toda altivez e pedantaria religiosa, e vivamos humildes, alegres e firmes na fé messiânica proclamada por Cristo no evangelho de hoje; não por Pedro, a quem Cristo teve que lhe chamar fortemente a atenção.

Para refletir: Somente gosto que Cristo leve-me para o Tabor, aonde está o resplendor e a luz? Ou também aceito que me convide e leve-me ao Calvário, para acompanhar-lhe na grande tarefa da Redenção, ainda que tenha que suar sangue? Que conceito tenho de Cristo e da Igreja: triunfalista ou humilde?

Para rezar: JESUS, filho de Maria e de José, irmão e salvador nosso: um dia perguntastes aos teus discípulos o que se comentava de Ti, qual era a opinião sobre a tua pessoa. E, se julgamos as respostas, muitos não te conheciam de verdade. Só Pedro, o futuro primeiro Papa, deu a resposta certa: TU ÉS O CRISTO, O FILHO DE DEUS VIVO. Ainda hoje, são tão variadas as ideias sobre a tua pessoa, que se poderiam escrever milhares de livros e de teorias. Mas para nós, o que nos preocupa é chegar a conhecer-te melhor para amar-te mais. Sabemos que não és um mago, nem um bruxo, senão que alguém muito superior a eles; ainda que às vezes, não podemos negá-lo, que temos corrido com eles. Nosso sincero desejo é experimentar teu Amor e transmiti-lo aos nossos irmãos. Oxalá que nos queiras iluminar com o teu Espírito Santo, e que nós, teus irmãos, possamos dizer com os lábios, e manifestar com nossas ações que TU ÉS O CRISTO, O FILHO DE DEUS VIVO.

Qualquer sugestão ou dúvida podem comunicar-se com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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