sábado, 22 de agosto de 2015

XXI Domingo do Tempo Comum

Textos: Josué 24, 1-2a.15-17.18b; Ef 5, 21-32; Jo 6, 60-69

Evangelho (Jo 6,60-69): Muitos discípulos que o ouviram disseram então: «Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?». Percebendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso, Jesus perguntou: «Isso vos escandaliza? Que será, então, quando virdes o Filho do Homem subir para onde estava antes? O Espírito é que dá a vida. A carne para nada serve. As palavras que vos falei são Espírito e são vida. Mas há alguns entre vós que não creem». Jesus sabia desde o início quem eram os que acreditavam e quem havia de entregá-lo. E acrescentou: «É por isso que eu vos disse: Ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai? ». A partir daquele momento, muitos discípulos o abandonaram e não mais andavam com Ele. Jesus disse aos Doze: «Vós também quereis ir embora? ». Simão Pedro respondeu: «A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus».

«A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna»

Rev. D. Miquel VENQUE i To (Barcelona, Espanha)

Hoje, o Evangelho nos coloca em Cafarnaum, onde Jesus é seguido por muitos que haviam visto seus milagres, em especial o da multiplicação espetacular dos pães. Em termos humanos, Jesus ali corria o risco de sucumbir às glórias humanas; inclusive, queriam coroá-lo rei. Este é um momento chave na catequese de Jesus. É o momento em que Ele começa a expor claramente a dimensão sobrenatural de sua mensagem. E como Jesus é tão bom catequista, sacerdote perfeito, o melhor bispo e papa, deixa a multidão seguir, sente pena, mas Ele é fiel à sua mensagem, a popularidade não o cega.

Santa Rosa de Lima, Virgem
Um grande sacerdote dizia que, ao longo da história da Igreja, muitas pessoas que pareciam colunas imprescindíveis acabaram caindo: «Abandonaram e não mais andavam com Ele» (Jo 6,66). Você e eu podemos cair, passar, criticar, seguir nossos desejos? Com humildade e confiança, digamos a Jesus que queremos ser fiéis a Ele hoje, amanhã e todos os dias; que nos permita ver o pouco sentido evangélico que há em discutir os ensinamentos de Deus ou da Igreja pelo fato de não os entendo? «A quem iremos, Senhor?» (Jo 6,68). Peçamos mais sentido sobrenatural. Somente em Jesus e na sua Igreja encontramos a Palavra de vida eterna: «Tu tens palavras de vida eterna» (Jo 6,68).

Como Pedro, sabemos que Jesus nos fala uma linguagem que ultrapassa o sentido humano, linguagem que há que sintonizar corretamente para alcançar seu pleno sentido; caso contrário só ouvimos sons incoerentes e desagradáveis; precisamos afinar a sintonia. Como Pedro, também em nossa vida cristã temos momentos nos quais há que renovar e manifestar que estamos em Jesus e que queremos seguir com Ele. Pedro amava a Jesus Cristo, por isso permaneceu com Ele; os outros o queriam pelo pão, pelas guloseimas, por razões políticas e o deixam. O segredo da fidelidade é amar, confiar. Peçamos à Virgo Fidelis que nos ajude hoje e agora a ser fiéis à nossa Igreja.

A Eucaristia nos coloca diante de um dilema: “Também vós quereis ir embora? ”: crer ou abandoná-lo.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Hoje terminamos a leitura do capítulo seis de São João, sobreo discurso eucarístico. E terminamos com as reações dos presentes diante das palavras de Jesus: “Quem pode aguentar este discurso tão duro? ”. É o mesmo dilema que pôs Josué aos seus ao entrar na terra prometida: “Preferem servir Javé ou os deuses falsos? ” (1ª leitura).

Em primeiro lugar, na primeira leitura está claro o dilema: eleger quem: Javé ou os deuses estrangeiros? Os deuses “além do rio” exigem menos, são mais cômodos, não proíbem isto ou aquilo; não impõem não roubar, não fornicar, não matar. O que exige a Aliança de Javé é muito mais duro que a frouxa moral dos deuses dos povos vizinhos. Josué, sucessor de Moisés, convoca todos em assembleia solene, para renovar a Aliança do Sinai, um tanto esquecida já, e lhes coloca um claro dilema: quem vocês querem servir, a Deus que os libertou do Egito ou aos deuses que vão encontrando nos povos vizinhos e que são mais permissivos? Porque continuam tendo a tentação terrível da idolatria. Nesse dia a resposta do povo a Josué foi: elegemos a Deus! E assim o povo de Siquém, reunido em assembleia com Josué, pôde entrar para possuir a terra prometida. Sabemos também que logo na sua história, o povo de Israel faltou muitas vezes ao que tinha prometido.      

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
Em segundo lugar, agora é Cristo quem pergunta aos que o seguiam: quereis ficar comigo ou ir embora? De novo o dilema. O que Jesus pedia aos seus não era fácil, porque supunha uma mudança de mentalidade e de vida. São livres. Jesus vê que alguns vão indo embora, assustados com as suas palavras e faz essa pergunta direta aos seus apóstolos. Em efeito, alguns vão embora e outros permanecem. Pedro, que não entende muito do que Jesus disse- como tampouco devia entender os demais- mas que tem uma fé e um amor enormes para com Cristo, responde dizendo: “A quem iremos? ”. Optaram por Ele e ficam os doze que formarão a Igreja, mas já não ficam como antes, sem compromisso; agora sabem que o elegeram para toda a vida e para morte. Em Cafarnaum, foi a primeira comunidade apostólica ainda fiel a que disse, por boca de Pedro: “Senhor, a quem iremos? ”.

Finalmente, compete a nós responder hoje a Cristo: quem vamos seguir: Ele e a sua doutrina ou o mundo com as suas propostas fáceis, tentadoras e embriagadoras? De novo o dilema. Também nós como o povo de Israel (1 leitura) e como os primeiros discípulos de Jesus (evangelho) fomos eleitos. Eleitos como objetos do seu amor, admitidos na família de Deus no batismo, admitidos a sua mesma mesa na Eucaristia, admitidos à “feliz esperança” da vinda do seu Reino. Por parte nossa também nós elegemos a Deus. A prova disto: o nosso batismo, reafirmado na confirmação. A prova disto: recebemos a primeira comunhão. Prova disto: casamo-nos em Cristo pela Igreja. Porém, o que acontece com a gente? Somos instáveis. A nossa vida parece àquele pano de Penélope: é um contínuo fazer e desfazer propósitos, um oscilar continuo entre os dois polos de atração que são Deus e o mundo com os seus ídolos. Servimos a dois senhores. Mas Deus detesta isto. Ou Ele ou o mundo. Deus é ciumento. E por isso, não estamos de acordo com a doutrina do matrimônio indissolúvel. E por isso não aceitamos a doutrina sobre a moral sexual e regulação da natalidade que a Igreja ensina e defende. E por isso fugimos da cruz, quando a vemos aparecer na esquina. E por isso, assentimos com o rabo do olho diante das ideologias que estão sendo servidas em bandeja para nós, por exemplo, a ideologia do gênero. E não aceitamos aquilo de oferecer o outro lado da face. E assim estamos: ajoelhando-nos diante de Deus e diante de Baal. Quantos passam de uma oração a uma blasfêmia! Saem da Igreja e vão aos lugares de perdição. Não, é preciso fazer uma opção: ou Cristo ou o mundo. Ou o Evangelho de Cristo ou as máximas do mundo.      

Para refletir: Quem estou alimentando e seguindo na minha vida: o homem velho e passional, ou o homem novo, que vive conforme o Espírito? Já optei por Cristo e pelo seu Evangelho ou prefiro escutar e seguir as sereias deste mundo? Cada quanto renovo as minhas promessas batismais?

Para rezar: com Santo Tomás de Aquino quero rezar:
“Todo-poderoso e eterno Deus, aproximo-me do sacramento do vosso Unigênito Filho, o meu Senhor Jesus Cristo, como enfermo ao médico da vida, como manchado à fonte da misericórdia, como cego à luz da eterna claridade, como pobre e mendigo ao Senhor do céu e da terra. Rogo, pois, Senhor, a vossa infinita generosidade que digneis curar a minha enfermidade, lavar as minhas manchas, iluminar a minha cegueira, enriquecer a minha pobreza, vestir a minha desnudez, para que me aproximar para receber o pão dos anjos, o Rei dos reis e Senhor dos que dominam, com tanta reverência e humildade, com tanta contrição e devoção, com tanta pureza e fé, com tal propósito e intenção como convêm à saúde da minha alma. Concedei-me, peço-vos, receber não só o sacramento do corpo e do sangue do Senhor, mas também a graça e virtude do sacramento. Benigníssimo Deus, concedei-me receber o corpo que o vosso Filho Unigênito, o nosso Senhor Jesus Cristo, tomou da Virgem Maria, de tal maneira que mereça ser incorporado ao seu Corpo Místico e ser contado entre os seus membros”:  

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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