sábado, 8 de agosto de 2015

XIX Domingo do Tempo Comum

Textos: 1 Re 19, 4-8; Ef 4, 30 – 5, 2; Jo 6, 41-51

Sta Teresa Benedita da Cruz
Virgem de nossa Ordem e Mártir
Evangelho (Jo 6,41-51): Então, os judeus começaram a murmurar contra Jesus, porque ele dissera: «Eu sou o pão que desceu do céu». Diziam: «Este não é Jesus, o filho de José? Não conhecemos nós o seu pai e sua mãe? Como pode, então, dizer que desceu do céu?» Jesus respondeu: «Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrair. E eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos Profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o ensinamento do Pai e o aprendeu vem a mim. Ninguém jamais viu o Pai, a não ser aquele que vem de junto de Deus: este viu o Pai. Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê, tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. Aqui está o pão que desce do céu, para que não morra quem dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne, entregue pela vida do mundo».

«Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrair»

Fray Lluc TORCAL Monge del Monastério de Sta. Mª de Poblet  (Santa Maria de Poblet, Tarragona, Espanha).

Hoje, o Evangelho apresenta o desconcerto que a presença de Jesus causou em seus compatriotas: «Este não é Jesus, o filho de José? Não conhecemos nós o seu pai e a sua mãe? Como pode, então, dizer que desceu do céu?» (Jo 6, 42). A vida de Jesus entre os seus foi tão normal que, ao começar a Proclamação do Reino, aqueles que O conheciam se escandalizaram do que então lhes dizia.

De que Pai lhes falava Jesus que ninguém havia visto? Que pão descido do céu era esse que aqueles que o comessem viveriam para sempre? Ele negava que fosse o maná do deserto porque, os que o comeram, morreram. «E o pão que eu darei é a minha carne, entregue pela vida do mundo» (Jo 6, 51). Sua carne poderia ser um alimento para nós? O desconcerto que Jesus provocava entre os judeus pode também se dar entre nós se nós não nos respondermos a uma pergunta central para nossa vida cristã: Quem é Jesus?

Muitos homens e mulheres, antes que nós, se fizeram esta pergunta, a responderam de uma forma pessoal, foram a Jesus, O seguiram e agora desfrutam de uma vida sem fim e plena de amor. E aos que vão a Jesus, Ele os ressuscitará no último dia (cf. Jo 6, 44). João Cassiano exortava seus monges dizendo-lhes: «Aproximai-vos a Deus, e Deus se aproximará de vós’, porque ‘ninguém pode ir a Jesus se o Pai que O enviou não o atrai’ (...). No Evangelho escutamos ao Senhor que nos convida a ir até Ele: ‘Vinde a Mim todos os que estais cansados e esgotados, e eu os farei repousar». Acolhamos a Palavra do Evangelho que nos aproxima a Jesus cada dia; acolhamos o convite do próprio Evangelho de entrar em comunhão com Ele comendo sua carne, porque «este é o verdadeiro alimento, a carne de Cristo, o qual, sendo a Palavra, fez-se carne para nós» (Orígenes).

Sem fé é impossível entender, valorizar e se aproximar do banquete onde se serve para nós este Pão de vida eterna, que é Jesus.

Pe. Antonio Rivero, L.C

Continua a catequese de Jesus sobre o Pão da Vida na sinagoga de Cafarnaum. Hoje Cristo nos pede fé para crer que Ele é o verdadeiro Pão da Vida que Deus envia à humanidade para saciar a sua fome. O que crer Nele terá a vida eterna.

Em primeiro lugar, a fé pode passar por momentos duros psicológicos, como aconteceu com o profeta Elias na primeira leitura de hoje. Elias, fugindo das ameaças de morte da rainha Jezabel, é vencido pelo medo e pela depressão, apesar de ter feito gala de coragem e de confiança na cena anterior. Esta imagem do profeta, tocando os limites da existência, resulta entranhável e comovedora. Não menos comovedores são os cuidados de Deus para como profeta, brindando-lhe comida e alento através de um anjo numa dupla cena que lembra a da torrente Querit. Já no deserto, a fuga de Elias se converte numa peregrinação ao Horeb, à montanha de Deus: “Fortalecido por esse alimento, caminhou quarenta dias e quarenta noites até a montanha de Deus, o Horeb”. Elias parece desbandar-se do caminho do povo em busca das origens da fé. Para nos aproximar e gostar do Pão da Eucaristia temos que vencer todos os obstáculos desde a fé e da confiança em Deus. Deus deu a Elias pão para comer, o que o encheu de energia. Assim também nós na Eucaristia.

Em segundo lugar, o Evangelho me convida a purificar a fé de outros obstáculos mentais. O povo, que seguiu Jesus até agora mais por interesse próprio do que por fé, começa a criticá-lo. Não estão preparados para crer e seguir as suas palavras, quando repreende neles a sua prudência humana e as suas ideias preconcebidas. Não é estranho à nossa experiência: tendemos também a eleger o que mais gostaríamos ou não gostaríamos crer. Jesus deixa bem claro que a fé é um presente de Deus: “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o atrair”.  Temos que sentir a atração por Jesus! Caso contrário, qualquer espertão por ai, ou um carrossel psicodélico ou feira de praça atrairá mais a nossa atenção do que este Pão de vida eterna.  

Finalmente, e com a fé robustecida e purificada, então estamos preparados para comer deste Pão e a nossa alma terá vida; cresceremos na fé, esperança, amor a Deus; amor, justiça e solidariedade com os demais. Se comermos o Corpo de Cristo, não morreremos para sempre; viveremos para sempre depois da morte, pois a Eucaristia é penhor da glória futura. Na semana passada contemplamos a Eucaristia como sacrifício; sacrifício incruento de Cristo, atualizado na santa missa. Hoje damos um passo mais: a Eucaristia também é penhor da glória final. Quem a receber como corresponde, viverá para sempre. Não quer dizer, logicamente, que a recepção da Eucaristia vai nos libertar da morte corporal. Nós comungamos com frequência, e apesar de tudo um dia vamos morrer. Aqui se trata da morte espiritual, da morte eterna. O Pão que desce do céu nos liberta dessa morte e nos dá vida que não perece. Todo alimento nutre segundo as suas propriedades. O alimento da terra alimenta para o tempo. O alimento celestial, que é Cristo, Pão descido do céu, alimenta para a vida eterna. O nosso Horeb é o céu. Até ali, até esse limiar, acompanhar-nos-á o pão descido do céu.  

Para refletir: Quais são as minhas motivações para receber a Santa Comunhão? Desfruto do banquete da Eucaristia? Como está minha fé neste sacramento da Eucaristia?

Para rezar: Obrigado, Senhor, pela vossa Eucaristia que não só nos acompanha na nossa peregrinação ao céu, mas que, em certo modo, já desde agora semeia algo de “céu” no nosso interior. Senhor, dai-me consciência de que na Sagrada Comunhão vos recebo ressuscitado e glorioso; e me aplicas o fruto da vossa Paixão; e me comunicais o germe da vossa ressurreição. Quanta alegria me dá o que diz São Gregório de Nisa: “ao receber-vos, converteis-me em princípio de ressurreição, freando em Vós a decomposição da minha natureza”. Vós sois, Senhor, o remédio de imortalidade, como santo Inácio de Antioquia dizia. E eu creio nisso.  

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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