sábado, 8 de setembro de 2012

XXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM


Ir. Mª das Dores Rodrigues, fma

     O Evangelho desta semana aponta-nos um novo horizonte da ação de Jesus junto dos pagãos, destinatários, também eles, do Reino de Deus. Trazem-lhe um surdo-mudo e pedem-lhe que imponha as suas mãos para curá-lo. É uma das poucas vezes que vemos Jesus fora do seu país. No meio de gente pertencente a outra religião (“pagãos”) Jesus torna-se significativo e atua como Deus Salvador, sendo salvação para quantos o reconhecem. Também para nós, tudo o que Jesus faz é admirável. Chega até a curar toda a nossa surdez e mudez…

EVANGELHO – Mc 7,31-37
Naquele tempo, Jesus deixou de novo a região de Tiro e, passando por Sidônia, veio para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole. Trouxeram-Lhe então um surdo que mal podia falar e suplicaram-Lhe que impusesse as mãos sobre ele. Jesus, afastando-Se com ele da multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e com saliva tocou-lhe a língua. Depois, erguendo os olhos ao Céu, suspirou e disse-lhe: «Effathá», que quer dizer «Abre-te». Imediatamente se abriram os ouvidos do homem, soltou-se-lhe a prisão da língua e começou a falar corretamente. Jesus recomendou que não contassem nada a ninguém. Mas, quanto mais lho recomendava, tanto mais intensamente eles o apregoavam. Cheios de assombro, diziam: «Tudo o que faz é admirável: faz que os surdos ouçam e que os mudos falem».

SEGUNDA-FEIRA

PALAVRA  - Naquele tempo, Jesus deixou de novo a região de Tiro e, passando por Sidônia, veio para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole. 
     Para o Evangelista S. Marcos são importantes as referências geográficas onde se desenrola a ação Salvadora de Jesus. Este episódio situa-se nos arredores da Decápole, sem precisar nenhum lugar concreto. Trata-se de território pagão, helenista, não sujeito às leis judaicas, visto completamente à margem do projeto de salvação. Os judeus não podiam misturar-se com a gente destas terras. Jesus, portador da salvação para todos, sai das fronteiras de Israel e dirige-se a eles, aproxima-se fisicamente dos pagãos para realizar, também neles e para eles, a salvação.

MEDITAÇÃO
     Hoje, como ontem, o amor de Deus e a salvação são dons oferecidos a todos. Não há geografia, cultura, estrato social, poder econômico… , que possam condicionar o acesso ao Amor de Deus que nos refaz, recria, reconstrói continuamente, tornando-nos mais homens, mais pessoas, mais filhos de Deus, mais santos. No projeto de Salvação apenas uma condição nos é pedida; um imperativo nos é dirigido: “abre-te”.

ORAÇÃO
     “Eu vos louvo e exalto, meu Deus! Hei de bendizer-vos para sempre; continuamente invocarei o vosso nome, grande e digno de louvor! Anunciarei as vossas proezas, e publicarei as vossas maravilhas, os vossos prodígios e a vossa imensa bondade!” (cf. Sl 145, 1-7)

AÇÃO
     Neste início do ano letivo, ou de trabalho, vou tomar consciência da gratuidade salvífica de Deus que passa pelo “território” da minha existência a fim de realizar maravilhas. Que devo fazer para me dar conta da Sua presença e me abrir ao Seu projeto?

TERÇA-FEIRA

PALAVRA  - Trouxeram-Lhe então um surdo que mal podia falar e suplicaram-Lhe que impusesse as mãos sobre ele.
      Não é o surdo-mudo que tem a iniciativa de se encontrar com Jesus; ele manifesta-se instalado, acomodado a uma vida sem relação; não sente necessidade de abrir as janelas do seu coração para o encontro e para a comunhão com Deus. É preciso que alguém o traga e o apresente a Jesus. É preciso alguém que o empurre para uma vida nova de amor e comunhão. Este surdo-mudo representa os que vivem fechados ao amor e aos projetos de Deus, ocupados em construir a sua vida no egoísmo, no orgulho, na auto-suficiencia, no acomodamento e isolamento. Tudo isto é manifesto na passividade do homem.

MEDITAÇÃO
     O fato de o surdo-mudo ser trazido e apresentado a Jesus por outras pessoas recorda-nos a nossa responsabilidade em levar a Jesus os outros: conhecidos, amigos, colegas, familiares… que vivem prisioneiros da surdez; não escutam a Palavra salvífica do Mestre; não comunicam com Aquele que ama sem condição! Diante de tanta gente fechada em esquemas de acomodamento, indiferença e orgulho, temos de arriscar apresentar-lhes a proposta alternativa que Cristo oferece a todos, sobretudo através do nosso acolhimento e testemunho.

ORAÇÃO
     “O Senhor é bondoso e compassivo, lento para o castigo e cheio de amor e paciência!
Ele é bom para com todos; a sua clemência ultrapassa todas as obras.
Eu vos louvo, Senhor, porque levantas os que caem e ergues todos os prostrados”. (cf. Sl 145, 8-14)

AÇÃO
     Com a minha presença, um telefonema, um SMS, um e-mail… vou tentar animar alguém que conheça necessitado de apoio, de ajuda… e na minha oração apresentá-lo a Jesus para que o recupere numa vida nova de Amor, sentido e comunhão.

QUARTA-FEIRA

PALAVRA  - Jesus, afastando-Se com ele da multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e com saliva tocou-lhe a língua. 
    Afastado da multidão, a sós com o surdo-mudo, Jesus realiza gestos significativos de aproximação, de cuidado, de cura. Gestos que podem parecer estranhos, mas cheios de sentido: tocar significava transmitir força; a saliva simbolizava a energia vital, equivalente ao sopro de Deus na narrativa da criação (cf. Gn 2, 7). Jesus transmite Vida a esta pessoa, dotando-a da capacidade de ser um Homem novo, aberto à comunhão com Deus e com as outras pessoas.

MEDITAÇÃO
     Também nós, muitas vezes, partilhamos desta condição de “fechamento” ao amor de Deus e ao Seu projeto de vida. Deixemos que Jesus nos afaste com Ele do vazio ou sem sentido que nos torna ‘surdos-mudos’. Num encontro profundo de reflexão, oração, deixemos que Jesus nos toque o coração, reacenda o nosso amor, reavive a nossa fé, nos abra à Vida plena que Ele nos comunica e nos torne pessoas mais autênticas e felizes.

ORAÇÃO
“O Senhor é justo em todos os seus caminhos e compassivo em todas as suas obras!
O Senhor está perto de todos os que O invocam; de quantos O invocam com sinceridade;
escuta os seus gemidos e os salva!
O Senhor guarda os que O amam!
Ó Senhor, Vós abris as vossa mão e nos saciais com abundância!” ( Cf. Sl 145, 15-20

AÇÃO
      Vou parar durante uns momentos, afastando-me dos barulhos e preocupações, e no silêncio, refletindo esta Palavra e rezando, vou deixar que o Senhor toque algum aspecto da minha vida mais necessitado de cura.

QUINTA-FEIRA

PALAVRA  - Depois, erguendo os olhos ao Céu, suspirou e disse-lhe: «Effathá», que quer dizer «Abre-te».
     O gesto de Jesus de levantar os olhos ao Céu é expressão da sua oração, da invocação de Deus Pai. É frequente encontrarmos Jesus a rezar antes de realizar curas e outros milagres. Para Jesus, os acontecimentos importantes, os momentos de decisão e de testemunho são sempre precedidos pela oração, manifestando assim a ligação estreita entre Jesus e o Pai; entre a ação de Jesus no meio dos homens e o projeto salvífico de Deus. Desta intimidade com o Pai, brota um suspiro libertador: “abre-te”!

MEDITAÇÃO
     “Abre-te!” Imperativo que brota do profundo amor de Jesus. Palavra que continua a ser dirigida a cada uma de nós. Um convite a quem está fechado no seu mundo. Um desafio a abrir o coração à vida nova da relação com Deus e com os irmãos. Um apelo a sair do nosso isolamento, comodismo e deixar que a nossa vida seja uma história de comunhão com Deus e com as pessoas. Neste processo, Jesus precisa da nossa abertura, exige o nosso compromisso e colaboração.

ORAÇÃO
     Senhor, envia-me o teu Espírito de amor e de luz. Move-me na abertura ao teu amor, aos teus convites e desafios; abre-me ao teu projeto! Quero aperceber-me da tua proximidade e dos teus toques na minha vida. Transforma-me! Renova-me, a partir de dentro, no coração, na vontade. Ensina-me e ajuda-me a acolher a tua proposta e a abrir-te sempre o coração, a vida.

AÇÃO
     Num exame à minha vida verificarei o que está na origem do meu fechamento a Deus e aos outros. Vou tomar consciência daquilo que me torna “surdo-mudo” na relação com Deus e com as pessoas.

SEXTA-FEIRA

PALAVRA  - Imediatamente se abriram os ouvidos do homem, soltou-se-lhe a prisão da língua e começou a falar corretamente.
     O encontro com Jesus transforma radicalmente a vida deste homem; agora ouve e fala. Torna-se capaz de comunicar, de escutar, de falar, de partilhar, de entrar em comunhão. Neste surdo-mudo e nesta cura, o Evangelista recorda a missão de Jesus que veio para abrir os ouvidos e os corações dos homens, quer à Palavra e à vontade de Deus, quer à relação e ao diálogo com os irmãos. Como já anunciara o Profeta Isaías “abrir-se-ão os olhos aos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos” (Is 35, 4), porque Deus vem salvar-nos.

MEDITAÇÃO
     O processo de transformação do surdo-mudo repete-se na nossa vida. Deus não nos abandona; caminha conosco, aproxima-se das nossas limitações e misérias. Quando nos sentimos cegos na fé, surdos no entendimento, mudos no amor… Deus permanece a nosso lado, suspirando de amor, dizendo-nos confiadamente: “abre-te”. Aponta-nos o caminho da vida, as sendas do Evangelho, o percurso da Páscoa. E só assim o milagre acontece na nossa vida; só assim o Homem novo cresce em mim, moldado pelo imenso amor de Deus que não deixa de me refazer!

ORAÇÃO
   Confiante nesta proximidade amorosa e libertadora de Deus, rezo pausadamente e meditando em cada palavra a oração que Jesus ensinou aos seus discípulos: o Pai-Nosso.

AÇÃO
      Hoje examino a minha vida pela positiva; recordo e revivo experiências da proximidade libertadora de Deus que trouxeram serenidade, alegria, sentido e crescimento à minha vida.

SÁBADO

PALAVRA  - Jesus recomendou que não contassem nada a ninguém. Mas, quanto mais lho recomendava, tanto mais intensamente eles o apregoavam. Cheios de assombro, diziam: «Tudo o que faz é admirável: faz que os surdos ouçam e que os mudos falem».
    No final do relato da cura do surdo-mudo as testemunhas do acontecimento louvam a ação admirável do Mestre. Parece-nos ter aqui um eco de Gn 1,31: “Deus vendo a sua obra, considerou-a muito boa”. A missão de Jesus de abrir o coração dos homens à comunhão com Deus e ao amor aos irmãos é uma nova criação. Daí nasce o Homem Novo, alicerçado na Páscoa de Cristo. É a admirável criação de Deus, conferindo ao homem a plenitude das suas potencialidades: abertura a Deus e à Vida.

MEDITAÇÃO
     Quem adere a Cristo e quer segui-Lo no caminho do amor de Deus e da entrega aos irmãos, não pode resignar-se a viver fechado. O encontro profundo e verdadeiro com Jesus transforma-nos continuamente, tira-nos da mediocridade e nos desperta para o compromisso. Abre-nos e impulsiona-nos para o empenho e o testemunho. Encontramo-nos com Deus na oração, nos sacramentos, no silêncio, na relação, no serviço aos outros, …e sempre que Ele queira e tantas vezes de forma surpreendente. Encontrarmo-nos com o Senhor é condição para a transformação da nossa vida e de descobrirmos, com assombro, as maravilhas que Ele realiza em nós e à nossa volta.

ORAÇÃO
Com o Salmo 92 proclamo o meu louvor a Deus:
“É bom louvar o Senhor e cantar salmos ao Vosso nome, ó Altíssimo;
Anunciar, pela manhã os vossos favores e pela noite a vossa fidelidade.
Senhor, como são magníficas as vossas obras, e como são profundos os vossos desígnios”
Vós me alegrais, Senhor, com as vossas obras; exulto com os feitos das vossas mãos.
Sois eternamente excelso! “

AÇÃO
    Reavivo em mim e à minha volta a alegria, enquanto expressão e manifestação do imenso amor de Deus que nos habita e sustém no amor aos irmãos. 

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