LECTIO DIVINA PARA A II SEMANA DA PÁSCOA
FESTA DA DIVINA MISERICÓRDIA
«A PAZ
ESTEJA CONVOSCO!»
Pe. David Teixeira, sdb
Todos
estamos necessitados da paz de Jesus: uma paz que se faz memória de amor,
presença acompanhante, esperança de um mundo novo, fé neste acreditar que nos
faz de Deus. Para podermos reconhecer como é abundante a graça do Deus amor que
em Jesus se faz salvação. Porque vimos (e vemos) o Senhor, também nós podemos
reconhecer em Jesus o nosso “Senhor e o nosso Deus”.
Evangelho segundo São João (Jo 20, 19-31)

SEGUNDA-FEIRA
Palavra - Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado.
Segundo
o evangelista São João, a aparição de Jesus aos seus discípulos acontece logo
na tarde daquele dia, o primeiro da semana, em que Jesus ressuscitou. Estando
reunidos os discípulos, Jesus, superando o obstáculo menor das portas fechadas,
faz-se presente e, perante o medo, deseja-lhes a paz. Para sossegá-los e
afastar qualquer dúvida de que era ele, mostra-lhes as mãos e o lado, marcas da
sua crucifixão.
Meditação
Que medos teriam os discípulos? O
texto refere-se apenas ao medo dos judeus. Mas não teriam também medo de Jesus,
quando este lhes apareceu, como um fantasma? Também eu tenho demasiados medos
que me roubam a paz. Medo dos outros: do que possam dizer acerca de mim e do
que me possam fazer. Medo do que me possa acontecer? Medo de Jesus, o
ressuscitado?
Oração
Vivo intranquilo/a com mil e uma
coisas, Senhor. Coisas que estranhamente alimento e, depois, me consomem. Nesta
Páscoa, em que, por mim, vences todas as portas fechadas, vem à minha vida. Vem
e liberta-me de todos esses medos sem sentido, ensina-me a aproveitar aqueles
que me ajudam a ser mais e faz que não tenho medo senão de perder-te a ti, meu
único bem e minha paz.
Ação
Sempre que deparar, hoje, com uma
situação de medo, procuro imaginar como Jesus, o ressuscitado, se faz presente,
me dá a sua paz e mostra as suas mãos e o seu lado. Depois de, assim, enfrentar
esse medo (atenção que não digo superar, porque pode ser um medo saudável),
agradeço.
TERÇA-FEIRA
Palavra - Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor.
Ficarem
cheios de alegria foi a reação destes discípulos ao verem Jesus e certificarem
de que era realmente ele. Perante a certeza do Senhor que se faz presente, o
medo dos judeus e do fantasma de Jesus, dá lugar à alegria. Esta alegria
constitui assim um dos dons e frutos da ressurreição de Jesus.
Meditação
Medito um pouco na minha vida e
procuro rever os meus momentos de alegria. Que motivos é que me proporcionaram
essa alegria? Jesus está incluído nessas motivações? Quanto é que ainda me
falta para perceber que Jesus me dá a alegria que supera as minhas alegrias
circunstanciais e que mais ninguém me pode dar ou usurpar?
Oração
Neste mundo do bem-estar e
simultaneamente depressivo, todos ansiamos pela alegria. Buscamo-la a todo o
custo, pagando, por vezes, um preço demasiado alto. Concede-me buscar em ti a
minha única alegria. És tu, meu Senhor, quem me dá e quem faz nascer em mim a
alegria que resiste ao tempo, a modas e a qualquer intempérie. Obrigado/a.
Ação
Na certeza de que o Senhor está
comigo e é a minha fonte de alegria, procuro aproveitar as várias situações
deste meu dia para ficar cheio/a de alegria e agradecido/a.
QUARTA-FEIRA
Palavra - Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».
Para contrariar o medo paralisante
dos seus discípulos, Jesus envia-os a continuar a não menos desafiante missão
do perdão que antes lhe tinha sido confiada por Deus. Para fazê-los
participantes da sua vida ressuscitada e os animar nesta nova etapa das suas
vidas, sopra sobre eles o Espírito Santo, o doador do perdão.
Meditação
São muitas as repercussões que a
ressurreição de Jesus deve ter na minha vida. Primeiro, a paz. Depois, a
alegria. Agora, o perdão. A iniciativa nunca é minha. Não sou eu que ressuscito
Jesus. Não é de mim que vem a paz ou a alegria. Não sou eu que me envio. Não
sou eu que perdoo. Para um cristão, tudo é dom e tarefa. Que tenho feito com a
ressurreição, o Espírito, a paz, a alegria, o perdão, a missão que recebi?
Oração
Não te entendo, Senhor. Quando tenho
medos, em vez de me resguardares, encarregas-me de uma tarefa exigente. No entanto,
tens a sensatez de me confiar também uma grande ajuda: o teu Espírito. Ajuda-me
a ser consciente de que, com o teu Espírito, é “dando que se recebe, é
perdoando que se é perdoado e é morrendo que se ressuscita para a vida eterna”
(S. Francisco de Assis).
Partilhar é a palavra de ordem para
esta Páscoa. Diz o Evangelho que o que recebi de graça, devo dá-lo de graça
(cf. Mt 10,8). Portanto, invisto o dia de hoje na partilha da nova vida de
Jesus, da paz, da alegria, do perdão, do Espírito, sobretudo com aqueles que
mais precisarem.
QUINTA-FEIRA
Palavra - Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei».
Os discípulos, pondo logo em prática
a missão confiada por Jesus, começam por partilhar com Tomé a sua experiência
de Jesus ressuscitado. Tomé, no entanto, não consegue acreditar neles porque
não lhe basta a experiência dos outros, precisa ele de se encontrar com Jesus,
de experimentar, ver e tocar.
Meditação
O nosso Deus, ainda que seja um
mistério, é um Deus que se deixa entrever. No entanto, frequentemente sou como
Tomé e teimo em ter experiências de Deus à minha maneira. Por causa disso,
desperdiço todas as outras experiências que Ele está disposto a conceder-me.
Porque é que não sou capaz aceitar a maneira como Ele quer que eu O
experimente?
Oração
(Fico uns momentos a sós com Ele, em
silêncio, para permitir que se revele e se deixe experimentar.)
Ação
Ter o coração, olhos e ouvido bem
atentos para perceber as muitas experiências de Deus que Ele me concede fazer
ao longo do dia: esta lectio, um amigo, uma paisagem, um gesto, um necessitado,
uma notícia, etc.
SEXTA-FEIRA
Palavra - Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa, e Tomé com eles. Veio Jesus (…) disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente».
Parece
que os discípulos começam a reunir-se periodicamente, semana a semana. E também
parece que Jesus começa a aparecer-lhes semana a semana. Desta vez está Tomé
com eles. Sabendo Jesus que ele não tinha acreditado nos outros discípulos, sem
o criticar, convida-o a ir mais longe do que qualquer um dos outros foi: a
tocar nas suas mãos e no seu lado, para conseguir o mesmo objetivo: que
acreditasse.
Meditação
Em cada eucaristia, Jesus vem e
deixa-se ouvir, tocar e comer para que eu acredite. Como vivo cada eucaristia?
Sinto realmente que estou entre outros que vivem a mesma fé que eu? Sinto que
Jesus se faz presente e se deixa ouvir, tocar e comer? Sinto que Ele fortalece
a minha pouca fé? Sinto que devo continuar a eucaristia no meu dia-a-dia?
Oração
Sei que entendes as minhas distrações,
cansaços e faltas de fé, mas quero pedir-te perdão, Senhor, pelas vezes que em
que não participo na eucaristia, em que o faço de maneira leviana, em que não
contemplo o mistério da tua presença, em que sou sensível aos pequenos gestos e
palavras, e deito a perder a oportunidade de um encontro contigo. Desculpa…
Ação
Sendo sexta-feira e tendo ainda
fresca a celebração da paixão e morte do Senhor, procuro ir à eucaristia e
aproveitar todos os momentos para usufruir da sua presença tão próxima e generosa,
e pedir-lhe que aumente a minha fé.
SÁBADO
Palavra - Tomé respondeu-lhe: «Meu Senhor e meu Deus!».
Esta
resposta de Tomé confessa o senhorio e a divindade de Jesus. Realmente, com a
sua paixão, morte e ressurreição, o homem Jesus se revela totalmente como Deus
e Senhor. Graças a esta Páscoa de Jesus, Tomé realiza a sua páscoa: de
incrédulo passa a crente em Jesus ressuscitado.
Meditação
Sou consciente de que só serei
realmente cristã/o e viverei como ressuscitado/a se declarar e viver tendo a
Jesus como Senhor e Deus? O que significa isto para mim? Que consequências tem
na minha vida? Que tenho ainda de fazer para afirmar como Tomé que Jesus é ‘meu
Senhor e meu Deus’? O que me impede de realizar a minha páscoa?
Oração
Celebramos nesta semana (dia 16) o aniversário da eleição do Papa
Bento XVI, faço uma oração espontânea em ação de graças a Deus por ele.
Ação
Em cada coisa que fizer ao longo do
dia de hoje, faço-a perante e apoiando-me neste Jesus que é o meu Senhor e o
meu Deus.
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