sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

FAMÍLIA DE NAZARÉ: MODELO PARA AS FAMÍLIAS CRISTÃS DO NOSSO TEMPO?
     Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas - “Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor. Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia e tornava-se robusto, enchendo-se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele”.
     “Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor...”. Maria e José são fiéis aos costumes da sua religião, por isso levam Jesus ao Templo, oito dias após o nascimento, para ser circuncidado e oferecerem por Ele o sacrifício que manda a lei por ser o primogênito. Realiza-se igualmente o rito da purificação da mãe. A circuncisão era o rito pelo qual o varão se incorporava no povo da aliança, evidenciando a sua pertença ao povo das promessas. No entanto, a intenção do evangelista Lucas é exprimir, por meio das palavras de Simeão e de Ana, o caráter da obra salvadora que Jesus realizará e a maneira como n’Ele se cumprem todos os anúncios dos profetas.
     Da mesma forma que José e Maria vão ao Templo para que se realize o projeto salvador de Deus, o nosso culto deve ser animado não pela norma e o preceito, mas pelo compromisso na construção do reino de Deus. A festa de hoje é também uma motivação para que os pais não neguem aos seus filhos a educação nos valores da fé e sejam responsáveis com eles para que, com o seu exemplo, os filhos aprendam a educar retamente as futuras gerações de cristãos.
     Creio que a pergunta é mais do que legítima, apesar de já conhecer a resposta: o modelo da família de Nazaré pode ser proposto à família de hoje, tantos séculos e tantas mudanças depois?
     Nós sabemos e acreditamos que sim. Apesar de a distância parecer enorme e de a evolução da família parecer levar para outros horizontes, vale a pena escutar o que nos diz a Palavra de Deus encarnada numa família. A família de Nazaré é muito mais do que um quadro idílico e piedoso para pendurar na parede.
     A Família de Nazaré é um desafio para nós. Vejamos como:
     Jesus é apresentado no Templo. E dois personagens – Simeão e Ana –, velhos na idade mas jovens na esperança e na certeza da fidelidade de Deus às suas promessas, desvelam o sentido e o destino misterioso daquele Menino. Neste gesto de apresentação, Maria e José mostram como um filho é uma realidade sagrada que não pode ser profanada, mas um mistério que tem de ser acolhido e respeitado.
     E mostram também como um filho não é para ‘uso dos pais’, nem pode servir para alimentar as suas ambições ou vaidades. O espetáculo mais deprimente é ver como tantos adultos tratam as crianças como bonecos ou manequins, sujeitando-os aos seus próprios caprichos ou desejos frustrados. Quantos pais se esforçam por ajudar o filho a descobrir a sua vocação, o seu lugar e tarefa no mundo?
     Na leitura do evangelho, que nos diz como o Menino ‘crescia, se tornava robusto e se enchia de sabedoria’, também percebemos como um filho cresce e se faz forte não apenas engolindo alimento ou praticando desporto ou outra atividade. Um filho cresce verdadeiramente se é alimentado e robustecido com uma ‘alimentação’ à base de valores, ideais, exemplos.
     Um Filho deve receber, na família, lições de vida e de compromisso. Deve aprender a sabedoria, que o faça descobrir o sentido da sua vida, que está muito para além da carreira, do êxito, dos negócios, dos estudos… Um filho – mas já sei que falo de coisas ‘estranhas’ – devia ser educado para ser capaz de passar do ‘aquilo que tenho direito a ter’ para ‘aquilo que tenho o dever de dar aos outros’.
     Só a título de exemplo, para acabar: quantos pais se preocupam mais e são mais fiéis à natação ou balé ou desporto dos filhos do que à Eucaristia ou à catequese? Afinal, para nós, família cristã, o que é que é mais essencial? Por onde vão as nossas opções?
     Afinal, talvez a família de Nazaré, sem saudosismos inconseqüentes, possa deixar-nos algumas intuições fundamentais.
     Senhor, obrigado por santificares a família e o seu amor.
     Abençoa,Senhor as nossas famílias.
     À semelhança da Família de Nazaré, ajuda-nos, pais, a querer ser os primeiros educadores dos nossos filhos.
     Ajuda-nos, filhos, a dar valor aos nossos pais.
     Ajuda-nos, casal, a ser tolerantes, compreensivos e testemunhas do amor de Cristo.
     Ajuda-nos, família, a ser espaço construtor da Paz.
     Ajuda-nos, Senhor, a imitar o modelo da Sagrada Família, modelo na virtude,na humildade, na procura constante da Palavra de Deus, utilizando-a como construtora do nosso dia a dia.

Da Constituição Pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II
Santidade do matrimônio e da família

     O homem e a mulher, que pelo pacto conjugal já não são dois, mas uma só carne (Mt 19,6), prestam-se mutuamente serviço e auxílio, experimentam e realizam cada dia mais plenamente o senso de sua unidade pela união íntima das pessoas e das atividades. Essa união íntima, doação recíproca de duas pessoas, bem como o bem dos filhos exigem a perfeita fidelidade dos cônjuges e sua indissolúvel unidade.O autêntico amor conjugal é assumido no amor divino. É guiado e enriquecido pelo poder redentor de Cristo e pela ação salvífica da Igreja, para que os esposos sejam conduzidos eficazmente a Deus e ajudados e confortados na sublime missão de pai e mãe. Por isso os esposos cristãos são robustecidos – e como que consagrados – por um sacramento especial para os deveres e dignidades de seu encargo.Exercendo o dever conjugal e familiar em virtude desse sacramento, imbuídos do Espírito de Cristo, que lhes impregna toda a vida com a fé, a esperança e a caridade, aproximam-secada vez mais da própria perfeição e mútua santificação e,assim unidos, contribuem para a glorificação de Deus.Em consequência, tendo à frente os próprios pais com o exemplo e a oração familiar, os filhos e todos os que convivem no círculo da família encontrarão mais facilmente o caminho de humanidade, salvação e santidade. Mas os cônjuges, providos com a dignidade e o dever da paternidade e maternidade, cumprirão diligentemente o ofício da educação,sobretudo religiosa, que, em primeiro lugar, complete a eles.Como membros vivos da família, a seu modo colaboram os filhos para a santificação dos pais. Retribuirão, com efeito, os benefícios dos pais de alma agradecida, com piedade e confiança e os assistirão nas adversidades e na solidão da velhice como convém a filhos. Seja honrada por todos a viuvez, assumida com fortaleza de ânimo em continuidade coma vocação conjugal. Assim a família comunicará generosamente suas riquezas espirituais também às outras famílias. E a família cristã patenteará a todos a presença vivado Salvador no mundo e a autêntica natureza da Igreja pelo amor dos cônjuges, pela fecundidade generosa, pela unidade e fidelidade, e pela amável cooperação de todos os membros, porque se origina do matrimônio, imagem e participação no pacto de amor entre Cristo e a Igreja.

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