Santo
Afonso Rodríguez, viúvo e religioso
1ª
Leitura (Rom 9,1-5): Irmãos: Em Cristo digo a verdade, não minto, e
disso me dá testemunho a consciência no Espírito Santo: Sinto uma grande
tristeza e uma dor contínua no meu coração. Quisera eu próprio ser anátema,
separado de Cristo, para bem dos meus irmãos, que são do mesmo sangue que eu,
que são israelitas, a quem pertencem a adopção filial, a glória, as alianças, a
legislação, o culto e as promessas, a quem pertencem os Patriarcas e de quem
procede Cristo segundo a carne, Ele que está acima de todas as coisas, Deus bendito
por todos os séculos. Amém.
Salmo
Responsorial: 147
R. Jerusalém, louva o teu
Senhor.
Glorifica, Jerusalém, o Senhor,
louva, Sião, o teu Deus. Ele reforçou as tuas portas e abençoou os teus filhos.
Estabeleceu a paz nas tuas
fronteiras e saciou-te com a flor da farinha. Envia à terra a sua palavra,
corre veloz a sua mensagem.
Revelou a sua palavra a Jacob,
suas leis e preceitos a Israel. Não fez assim com nenhum outro povo, a nenhum
outro manifestou os seus juízos.
Aleluia. As minhas ovelhas
escutam a minha voz, diz o Senhor; Eu conheço as minhas ovelhas e elas
seguem-Me. Aleluia.
Evangelho
(Lc 14,1-6): Num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes
dos fariseus. Estes o observavam. Em frente de Jesus estava um homem que sofria
de hidropisia. Tomando a palavra, Jesus disse aos doutores da Lei e aos
fariseus: «Em dia de sábado, é permitido curar ou não?» Eles ficaram em
silêncio. Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e o despediu. Depois lhes
disse: «Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira
logo daí, mesmo em dia de sábado?» E eles não foram capazes de responder a
isso.
«Em dia de sábado, é permitido
curar ou não?»
Rev. D. Darío Gustavo GATTI
Giorgio ISSDSch (Rosario, Santa Fe, Argentina)
Hoje o Evangelho mostra-nos
Jesus: firme como o boi, manso como o jumento. Está em casa de um fariseu
importante; é sábado. «Estes o observavam» (Lc 14,1). Neste ambiente de
julgamento, Jesus olha diante de si e vê um homem hidrópico. A sua pergunta é
direta: «Em dia de sábado, é permitido curar ou não?» (Lc 14,3). Uma questão
que desafia a rigidez da lei em favor da compaixão, do coração. A lei do
sábado, como o nosso domingo, destinava-se ao descanso e à santificação, mas
tinha-se tornado um peso. Com a imagem do «filho ou do boi que cai num poço»,
Jesus denuncia a incoerência daqueles que, preocupados com os seus bens, não
hesitariam em resgatá-los, mas adiariam — por ser sábado — a cura de uma
pessoa.
Um dos que foi resgatado de um
poço é Saulo de Tarso. Imaginemos a sua ação de graças, em sintonia com as
palavras do Papa Leão XIV: «Ao mesmo tempo que agradecemos ao Senhor a vocação
com que transformou a sua vida…, pedimos-lhe que saibamos cultivar e difundir a
sua caridade, tornando-nos próximos uns dos outros.» São Beda interpreta o boi
e o jumento como «os povos judeu e gentio, chamados a ser libertados do poço da
concupiscência.» Jesus resgata todos, sem distinção de condição ou de tempo.
Sendo o “Filho”, certamente recordaria aquela noite em Belém, sob o olhar terno
de Maria e José, onde um boi e um jumento o contemplavam: esse Menino que vinha
tirar-nos do poço do pecado, a todos e para sempre. Hoje, com olhos de
misericórdia, anima-nos a olhar primeiro para as pessoas antes das coisas, a
dar prioridade à vida, todos os dias.
A cura deste dia, e a palavra de
Jesus, interpelam-nos: serão as nossas normas, tradições ou comodidades que nos
impedem de ver a necessidade do outro? A mesa — símbolo e sacramento da
comunidade e da vida eucarística — à qual todos somos convidados, revela uma
verdade profunda: a nossa vida tem um valor incalculável. Nela, Jesus lava os
pés, dá-se em alimento e recomenda: «Fazei isto em memória de Mim» (Lc 22,19).
«Em dia de sábado, é permitido
curar ou não?»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant
Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Hoje fixamos nossa atenção na
pergunta aguçada que Jesus faz aos fariseus: «Em dia de sábado, é permitido
curar ou não?» (Lc 14,3), e na significativa anotação que faz são Lucas: «E
eles não foram capazes de responder a isso» (Lc 14,4).
São muitos os episódios
evangélicos nos quais o Senhor joga na cara dos fariseus sua hipocrisia. É
notável o empenho de Deus em nos deixar claro até que ponto lhe desagrada esse
pecado –a falsa aparência, o engano vaidoso-, que se situa nas antípodas
daquele elogio de Cristo a Natanael: «Aí está um verdadeiro israelita, em quem
não há falsidade» (Jo 1,47). Deus ama a simplicidade de coração, a ingenuidade
do espírito e, pelo contrário, rechaça energicamente o que é emaranhado, o
olhar vago, a dupla moral, a hipocrisia.
O significativo da pergunta do
Senhor e da resposta silenciosa dos fariseus, é a má consciência que estes, no
fundo, tinham. Diante jazia um doente que buscava sua cura por Jesus. O
cumprimento da Lei judaica –mera atenção à letra com desprezo ao espírito- e a
fátua presunção de sua conduta honorável os leva a escandalizar-se ante a
atitude de Cristo que, levado pelo seu coração misericordioso, não se deixa
amarrar pelo formalismo de uma lei, e quer devolver a saúde a quem carecia
dela.
Os fariseus se dão conta de que
sua conduta hipócrita não é justificável e, por isso, calam. Nesta parte
resplandece uma clara lição: a necessidade de entender que a santidade é
seguimento de Cristo –até o enamorar-se plenamente- e não frio cumprimento legal
de uns preceitos. Os mandamentos são santos porque procedem diretamente da
Sabedoria infinita de Deus, mas que é possível vive-los de uma maneira
legalista e vazia, e então se dá a incongruência –autêntico sarcasmo- de
pretender seguir a Deus para terminar indo atrás de nós mesmo.
Deixemos que a encantadora
simplicidade da Virgem Maria se imponha nas nossas vidas.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Esse hidrópico foi curado em
presença do fariseu, porque pela doença do corpo de uma pessoa se expressa a
doença do coração do outro» (São Gregório Magno)
«O caminho para ser fiéis à lei,
sem descuidar a justiça, sem descuidar o amor, é o caminho contrário: desde o
amor à integridade; desde o amor ao discernimento; desde o amor à lei. Esse é o
caminho que nos ensina Jesus» (Francisco)
«(...) Os regimes cuja natureza
for contrária à lei natural, à ordem pública e aos direitos fundamentais das
pessoas, não podem promover o bem comum das nações onde se impuseram»
(Catecismo da Igreja Católica, n° 1901)
Reflexões de Frei Carlos Mesters,
O.Carm.
* O evangelho de hoje traz
mais um episódio de discussão entre Jesus e os fariseus, acontecido durante a
longa viagem de Jesus desde a Galileia até Jerusalém. É muito difícil de
situar este fato no contexto da vida de Jesus. Existem semelhanças com um fato
narrado no evangelho de Marcos (Mc 3,1-6). Provavelmente, trata-se de uma das
muitas histórias transmitidas oralmente e que, na transmissão oral, foram sendo
adaptadas de acordo com a situação, as necessidades e as esperanças do povo das
comunidades.
* Lucas 14,1: O convite em dia
de sábado. “Num dia de sábado aconteceu que Jesus foi comer em casa de um
dos chefes dos fariseus, que o observavam”. Esta informação inicial sobre
refeição na casa de um fariseu é o gancho para Lucas contar vários episódios
que falam da refeição: cura do homem doente (Lc 14,2-6), escolha dos lugares à
mesa (Lc 14,7-11), escolha dos convidados (Lc 14,12-14), convidados que recusam
o convite (Lc 14,15-24). Muitas vezes Jesus é convidado pelos fariseus para
participar das refeições. No convite deve ter havido também um motivo de
curiosidade e um pouco de malícia. Querem observar Jesus de perto para ver se
ele observa em tudo as prescrições da lei.
* Lucas 14,2: A situação que
vai provocar a ação de Jesus. “Havia um homem hidrópico diante de Jesus”.
Não se diz como um hidrópico pôde entrar na casa do chefe dos fariseus. Mas se
ele está diante de Jesus é porque quer ser curado. Os fariseus que o observam
Jesus. Era dia de sábado, e em dia de sábado é proibido curar. O que fazer?
Pode ou não pode?
* Lucas 14,3: A pergunta de
Jesus aos escribas e fariseus. “Tomando a palavra, Jesus falou aos
especialistas em leis e aos fariseus: "A Lei permite ou não permite curar
em dia de sábado?" Com a sua
pergunta Jesus explicita o problema que estava no ar: pode ou não pode curar em
dia de sábado? A lei permite, sim ou não? No evangelho de Marcos, a pergunta é
mais provocadora: “Em dia de sábado pode fazer o bem ou o mal, salvar ou
matar?” (Mc 3,4).
* Lucas 14,4-6: A cura. Os
fariseus não responderam e ficaram em silêncio. Diante do silêncio de quem não
aprova nem desaprova, Jesus tomou o homem pela mão, o curou, e o despediu. Em
seguida, para responder a uma possível crítica, explicitou o motivo que o levou
a curar: "Se alguém de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não
o tiraria logo, mesmo em dia de sábado?"
Com esta pergunta Jesus mostra a incoerência dos doutores e dos
fariseus. Se qualquer um deles, em dia de sábado, não vê problema nenhum em
socorrer a um filho ou até a um animal, Jesus também tem o direito de ajudar e
curar o hidrópico. A pergunta de Jesus evoca o salmo, onde se diz que o próprio
Deus socorres a homens e animais (Sl 36,8). Os fariseus “não foram capazes de
responder a isso” . Pois diante da evidência não há argumento que a negue.
Para um confronto pessoal
1) A liberdade de Jesus
diante da situação. Mesmo observado por quem não o aprova, ele não perde a
liberdade. Qual a liberdade que existe em mim?
2) Há momentos difíceis na
vida, em que somos obrigados a escolher entre a necessidade imediata de um
próximo e a letra da lei. Como agir?
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