sexta-feira, 25 de abril de 2025

II Domingo da Páscoa – FESTA DA DIVINA MISERICÓRDIA

 Santa Zita, virgem
 
1ª Leitura (At 4,32-35):
A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma; ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas tudo entre eles era comum. Os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus com grande poder e gozavam todos de grande simpatia. Não havia entre eles qualquer necessitado, porque todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas e traziam o produto das vendas, que depunham aos pés dos Apóstolos. Distribuía-se então a cada um conforme a sua necessidade.
 
Salmo Responsorial: 117
R. Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia.
 
Diga a casa de Israel: é eterna a sua misericórdia. Diga a casa de Aarão: é eterna a sua misericórdia. Digam os que temem o Senhor: é eterna a sua misericórdia.
 
A mão do Senhor fez prodígios, a mão do Senhor foi magnífica. Não morrerei, mas hei de viver, para anunciar as obras do Senhor. Com dureza me castigou o Senhor, mas não me deixou morrer.
 
A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular. Tudo isto veio do Senhor: é admirável aos nossos olhos. Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.
 
2ª Leitura (1Jo 5,1-6): Caríssimos: Quem acredita que Jesus é o Messias, nasceu de Deus, e quem ama Aquele que gerou ama também Aquele que nasceu d’Ele. Nós sabemos que amamos os filhos de Deus quando amamos a Deus e cumprimos os seus mandamentos, porque o amor de Deus consiste em guardar os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o vencedor do mundo senão aquele que acredita que Jesus é o Filho de Deus? Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo; não só com a água, mas com a água e o sangue. É o Espírito que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade.
 
Aleluia. Disse o Senhor a Tomé: «Porque Me viste, acreditaste; felizes os que acreditam sem terem visto». Aleluia.
 
Evangelho (Jo 20,19-31): Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos, com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: «A paz esteja convosco». Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor. Jesus disse, de novo: «A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio». Então, soprou sobre eles e falou: «Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, ficarão retidos». Tomé, chamado Gêmeo, que era um dos Doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe: «Nós vimos o Senhor!». Mas Tomé disse: «Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos, se eu não puser a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, os discípulos encontravam-se reunidos na casa, e Tomé estava com eles. Estando as portas fechadas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!». Tomé respondeu: «Meu Senhor e meu Deus!». Jesus lhe disse: «Creste porque me viste? Bem-aventurados os que não viram, e creram!». Jesus fez diante dos discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.
 
«Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados»
 
Rev. D. Joan Ant. MATEO i García (Tremp, Lleida, Espanha)
 
Hoje, segundo Domingo da Páscoa, completamos a oitava deste tempo litúrgico, uma das oitavas —juntamente com a do Natal— que a renovação litúrgica do Concílio Vaticano II manteve. Durante oito dias, contemplamos o mesmo mistério a aprofundamo-lo à luz do Espírito Santo.
 
Por desígnio do Papa S. João Paulo II, a este Domingo chama-se o Domingo da Divina Misericórdia. Trata-se de algo que vai muito mais além de uma devoção particular. Como explicou o Santo Padre na sua encíclica Dives in misericórdia, a Divina Misericórdia é a manifestação amorosa de Deus em uma história ferida pelo pecado. A palavra “Misericórdia” tem a sua origem em duas palavras: “Miséria” e “Coração”. Deus coloca a nossa miserável situação devida ao pecado no Seu coração de Pai, que é fiel aos Seus desígnios. Jesus Cristo, morto e ressuscitado, é a suprema manifestação e atuação da Divina Misericórdia. «Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito» (Jo 3,16) e entregou-O à morte para que fossemos salvos. «Para redimir o escravo sacrificou o Filho», temos proclamado no Pregão pascal da Vigília. E, uma vez ressuscitado, constituiu-O em fonte de salvação para todos os que creem nele. Pela fé e pela conversão, acolhemos o tesouro da Divina Misericórdia.
 
A Santa Madre Igreja, que quer que os seus filhos vivam da vida do Ressuscitado, manda que —pelo menos na Páscoa— se comungue na graça de Deus. A cinquentena pascal é o tempo oportuno para cumprir esta determinação. É um bom momento para confessar-se, acolhendo o poder de perdoar os pecados que o Senhor ressuscitado conferiu à sua Igreja, já que Ele disse aos Apóstolos: «Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados» (Jo 20,22-23). Assim iremos ao encontro das fontes da Divina Misericórdia. E não hesitemos em levar os nossos amigos a estas fontes de vida: à Eucaristia e à Confissão. Jesus ressuscitado conta conosco.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«E a Vós, Senhor, que vedes claramente, com os vossos olhos, os abismos da consciência humana o que, de mim, Te poderia passar despercebido, mesmo que me recusasse a confessá-lo?» (Santo Agostinho)
 
«Muitas vezes pensamos que confessar-nos é como ir à lavandaria. Mas Jesus, no confessionário, não é uma lavandaria. A confissão é um encontro com Jesus que nos espera tal qual somos» (Francisco)
 
«Cristo age em cada um dos sacramentos. Ele dirige-Se pessoalmente a cada um dos pecadores: “Meu filho, os teus pecados são-te perdoados” (Mc 2, 5); Ele é o médico que Se inclina sobre cada um dos doentes com necessidade d'Ele para os curar: alivia-os e reintegra-os na comunhão fraterna. A confissão pessoal é, pois, a forma mais significativa da reconciliação com Deus e com a Igreja» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.484)
 
“Meu Senhor e meu Deus!”
 
Pe. José Augusto, da Diocese de Leiria-Fátima
 
*
O relato evangélico começa por fazer um apontamento temporal e espacial do episódio que se vai seguir. No que respeita ao tempo, tudo se passa na tarde do primeiro dia da semana, ainda debaixo dos holofotes do acontecimento da ressurreição, algumas horas depois da experiência do sepulcro vazio. O local é a casa onde os discípulos estavam reunidos e escondidos com medo das autoridades judaicas. Depois desta introdução, os discípulos são surpreendidos pela aparição de Jesus ressuscitado, sem que nada o fizesse esperar. Àqueles corações desiludidos perante a morte na cruz, perplexos com o relato do túmulo vazio e espantados diante do que estavam a ver, Jesus concede o primeiro dom da sua ressurreição: a paz, harmonia, serenidade e plenitude de todos os bens que a saudação hebraica Shalom significa. Assim pacificados e revestidos de alegria pascal, os discípulos recebem do Ressuscitado o Espírito Santo e são enviados para levar ao mundo o perdão dos pecados.
 
* Entramos, depois, numa segunda parte do texto onde a figura principal é o apóstolo Tomé. Tendo estado ausente quando Jesus apareceu, pôde escutar o entusiasmo e a alegria dos que tinham presenciado a cena: “Vimos o Senhor!” Mas a palavra dos companheiros não foi suficiente para o levar a acreditar, o seu testemunho não bastou. A sua fé precisava de ver o sinal dos cravos e de tocar as feridas da paixão, exigia provas irrefutáveis e não se contentava com palavras de terceiros. Duvidava da possibilidade da ressurreição ou da veracidade das palavras dos outros discípulos? Talvez um pouco das duas. O que é certo é que a fé da comunidade não lhe foi suficiente.
 
* O relato continua com uma nova referência temporal: passaram oito dias, ou seja, estamos novamente no primeiro dia da semana, ocasião em que a comunidade dos discípulos se reunia. É de singular importância salientar que, logo desde o acontecimento da ressurreição, a cadência semanal marcou a vida dos discípulos: o “seu” dia era aquele em que Cristo ressuscitara, era o dia do Senhor, o domingo. É nesse contexto que se dá a nova aparição de Jesus aos discípulos, agora com Tomé presente. Em primeiro lugar somos surpreendidos com as palavras fortes que Jesus dirige a Tomé, em resposta às dúvidas que ele manifestara anteriormente. As provas que ele exigira para acreditar estão ali, diante dos seus olhos e ao alcance da sua mão. Por isso mesmo é que a sua profissão de fé também não se faz esperar: «Meu Senhor e meu Deus!»
 
* Tomé torna-se assim um exemplo para todos os crentes: para aqueles que têm dificuldades e vacilam; para aqueles que fazem depender a sua fé de provas irrefutáveis; para aqueles que a buscam de forma isolada, autónoma ou até individualista; para os que não se satisfazem com o testemunho, ainda que coerente, daqueles que os precederam; para os que, apesar de interiormente o desejarem, ainda não chegaram à fé e se definem como eternos buscadores de Cristo vivo. Em suma, Tomé é exemplo de todos os que caminham na fé.
 
* Na tarde daquele dia, o primeiro da semana - O domingo marca a vida da comunidade dos crentes desde a sua origem. Ele é o primeiro dia da semana, em que Cristo inicia um tempo novo com a sua ressurreição. Por isso mesmo, ele é também o dia por excelência da Eucaristia, memorial do mistério pascal do Senhor, de onde todos recebemos vida em abundância. Consequentemente, o domingo torna-se o dia da comunidade, em que ela se reúne para celebrar a sua fé, se alimentar da Palavra e do Pão da vida e viver o mandamento do amor fraterno.
 
* Vimos o Senhor - A celebração da Páscoa permite-nos, tal como aconteceu com os discípulos, “ver” o Senhor com os olhos da fé, pois Ele vem até nós com uma força e uma luz renovada. A sua vitória sobre a morte surpreende-nos e enche de alegria os nossos dias. Ainda que os nossos problemas e angústias possam permanecer, a celebração da Páscoa desafia-nos a uma esperança renovada e a uma visão positiva sobre a vida.
 
* Se não vir …, se não meter …, não acreditarei - A condição humana é caraterizada por muitas limitações e, consequentemente, muitas inseguranças. Por isso, buscamos certezas, pontos firmes onde alicerçar a nossa vida. No campo da fé, procuramos também provas irrefutáveis da existência de Deus e da sua bondade. Às vezes, quando não as temos, duvidamos. Outras vezes, só acreditamos depois de elas nos serem apresentadas. Outras vezes ainda, deixamos de acreditar quando elas não nos chegam com gostaríamos.
 
Para meditação:
1. Como vivo o meu domingo? Que importância lhe dou? É dia do Senhor, da Eucaristia e da comunidade?
2. O que significa para mim dizer no Credo que acredito na ressurreição de Jesus? É uma afirmação teórica, mais ou menos aceitável e compreensível do ponto de vista teórico ou é o facto histórico que dá sentido ao meu acreditar e à minha prática cristã?
3. Por que é que eu acredito? Porque tive experiências de Deus na minha vida, porque dou crédito a testemunhos de outros, porque cheguei à conclusão de que sem Deus a vida não fazia sentido, por outra razão qualquer? A exemplo de Tomé, quais são os “ses” da minha fé?

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