sábado, 22 de junho de 2019

XII Domingo do Tempo Comum


Textos: Zac 12, 10-11; Gal 3, 26-29; Lc 9, 18-24

Evangelho (Lc 9,18-24): Jesus estava orando, a sós, e os discípulos estavam com ele. Então, perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que eu sou?». Eles responderam: «Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; outros ainda acham que algum dos antigos profetas ressuscitou». Mas Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que eu sou?». Pedro respondeu: «O Cristo de Deus». Mas ele advertiu-os para que não contassem isso a ninguém.  E explicou: «É necessário o Filho do Homem sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar». Depois, Jesus começou a dizer a todos: «Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar sua vida a perderá, e quem perder sua vida por causa de mim a salvará».

«E vós, quem dizeis que eu sou?»

Rev. D. Ferran JARABO i Carbonell  (Agullana, Girona, Espanha)

Hoje, no Evangelho, Jesus coloca-nos diante de uma pergunta fundamental. Da resposta depende a nossa vida: «E vós, quem dizeis que eu sou?» (Lc 9,20). Pedro respondeu em nome de todos: «O Cristo de Deus». Qual é a nossa resposta? Conhecemos Jesus suficientemente para poder responder? A oração, a leitura do Evangelho, a vida sacramental e a Igreja são fontes inseparáveis que nos levam a conhecê-Lo e a "vivê-Lo". Até que sejamos capazes de responder com Pedro, com todo o coração e a mesma humildade, certamente ainda não nos deixámos transformar por Ele. Temos de conseguir sentir como Pedro, de sentir como a Igreja para poder responder satisfatoriamente à pergunta de Jesus!

Mas o Evangelho de hoje acaba com uma exortação a seguir o Senhor desde a humildade, desde a negação e a cruz. Seguir Jesus deste modo só pode dar salvação, liberdade. «O que acontece com o ouro puro, também acontece com a Igreja; ou seja, quando passa pelo fogo, não lhe acontece nenhum mal, pelo contrário, aumenta o seu esplendor» (Santo Ambrósio). Nem as contrariedades, nem a perseguição por causa do Reino, nos devem assustar, devem antes ser motivo de esperança e até de alegria. Dar a vida por Cristo não é perdê-la, é ganhá-la para toda a eternidade. Jesus pede que nos humilhemos totalmente por fidelidade ao Evangelho, Ele quer que, livremente, lhe demos toda a nossa existência. Vale a pena dar a vida pelo Reino!

Seguir, imitar, viver a vida da graça, enfim, permanecer em Deus é o objetivo da nossa vida cristã: «Deus fez-se homem para que, imitando o exemplo de um homem, o que é possível, cheguemos a Deus, algo que antes era impossível» (Santo Agostinho). Que Deus, com a força do seu Espirito Santo, a isso nos ajude!

Seguir a Cristo nunca é fácil.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Seguir a Cristo requer levar a sério as condições que hoje Cristo nos coloca: “Se alguém quiser vir detrás de mim, que não se busque a si, que tome a sua cruz de cada dia e me siga”. Não buscarmos a nós mesmos, que é egoísmo, mas a vontade de Deus. Pegar cada um a sua própria cruz de cada dia, participação de alguma farpa da cruz de Cristo: cruz física, cruz psicológica, cruz moral, cruz espiritual. Seguir a Cristo, pois Ele deixou bem nítidas as pegadas no evangelho, no Sacrário e no pobre necessitado.

Em primeiro lugar, não foi fácil seguir a Cristo durante a sua vida terrena. Perguntemos a esse jovem rico do evangelho que deu as costas a Cristo (cf. Mc 10, 17-30). Perguntemos a esses escribas e fariseus, que embora escutavam, não se abriram à fé Nele e preferiram seguir atados aos seus pergaminhos, tradições e sobretudo, à sua soberba. Perguntemos a quantos Cristo deu de comer e encheu o estômago deles de pão material, mas quando lhes vaticinou o outro Pão, o Pão do seu Corpo (cf. Jo 6), retiraram-se muitos e o abandonaram. Perguntemos a Pedro que quando Cristo fez o se anúncio da paixão e morte, quis dissuadi-lo para mudar de ideia; e Cristo somente lhe disse bem firme: “Afasta-te de mim, Satanás, pensas como os homens e não como Deus”. Perguntemos aos mesmos apóstolos, escolhidos por Cristo, que demoraram tanto em entender a mensagem de Jesus, e falharam justamente na hora da Paixão, deixando-o sozinho, a exceção de João. Perguntemos a quantos escutaram aquelas palavras: “Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, pegue a sua cruz e siga-me” (Mt 16, 24); fizeram como que não ouviram e seguiram outro caminho, em busca talvez de um profeta que lhes prometa a felicidade sem cruz e sem renúncia. Com quantos amigos terminou Cristo na sua vida terrena? Podemos contar com os dedos das mãos. Sim, seguir a Cristo é difícil, porque é subida, o caminho é espinhoso em muitas ocasiões, poucos momentos de oásis e muito suor e lágrimas. Mas a presença de Cristo consola, anima, fortalece e fortifica a nossa alma e o nosso corpo. E hoje encontramos essa presença especialmente na oração, nos sacramentos e na caridade com o pobre, onde Ele se faz também carne necessitada de um gole de água, de um pedaço de vestido, de um teto para abrigar-se. 

Em segundo lugar, não foi fácil seguir a Cristo durante os primeiros séculos do Cristianismo, quando Jesus subiu ao céu. “Crucifica-o”. Este grito dos judeus contra Jesus continua sendo escutado durante três primeiros séculos contra os cristãos. “Christiani ne sint” (morram os cristãos), reza o edito imperial. Mas os discípulos de Cristo crucificado, sem outras armas que a sua paciência e a sua verdade, superam todas as ciladas. Até o governo de Nero a Igreja pôde se propagar com certa liberdade. Deste este imperador até o século IV se perseguiu à morte os cristãos, procurando aniquilá-los por todos os meios. Eles mantiveram firmes a sua fé até a morte, com o auxílio divino: homens, mulheres e crianças sofreram alegres os tormentos e a morte por se confessarem cristãos. Muitos pagãos se converteram ao ver o seu valor nos tormentos e o exemplo na sua vida impecável: Quantas perseguições? Houve 10 perseguições gerais, que se estendiam por todo o Império; e muitas perseguições locais que afetavam só tal o qual província. Que tormentos? Às vezes serviam de espetáculo à plebe ávida de sangue e emoções fortes: crucifixão, bestas no circo, fogo lento, tochas… Estes tormentos foram sem dúvida terríveis nas últimas perseguições, nas que se pretendia quebrantar a vontade e conseguir a sua apostasia: fome, dentes de ferro, flagelação até deixar descobertos os ossos, azeite fervendo e pele derretendo, etc. Como sofriam e morriam os primeiros cristãos? Serenos e em paz, com ânsias de se unirem a Cristo. Humildes e caridosos, perdoando os seus verdugos e rogando pela sua salvação. Às vezes discutiam com os seus juízes demonstrando-lhes a verdade da religião. O Espírito que neles habitava colocava na boca deles as palavras que tinha que responder. Causas das perseguições? A verdadeira causa era que a vida exemplar dos cristãos constituía uma constante repreensão dos vícios pagãos. Jesus tinha anunciado claramente: “Sereis perseguidos porque não sois do mundo”. Os pretextos que punham os perseguidores eram: são inimigos do estado, poia não acatam às ordens do imperador, são ímpios e atraem as maldições dos deuses, não querem tributar-lhes culto. Tertuliano lhes respondeu: “Ide aos vossos cárceres e vede quantos pagãos criminais há neles e quantos criminais cristãos: depois julgai vós”. Outros pretextos: cometem crimes tremendos na celebração dos seus mistérios: p.e., comem crianças… São causa de divisão dentro do império.      

Finalmente, não será fácil para cada um de nós, os seus seguidores. Seguir a Cristo na política não é fácil. Como acabou sir Thomas Moro, primeiro ministro, na Inglaterra do século XVI, com o rei adúltero Henrique VIII? Seguir a Cristo na medicina não é fácil. Quantos médicos diante da objeção de consciência, por não aceitar o aborto, foram despedidos das clínicas! Seguir a Cristo na economia não é fácil. Como acabam os economistas que fazem luz às corrupções? Seguir a Cristo no meio pagão e descristianizado, não é fácil; esses cristãos honestos não conseguem postos e são marginalizados e humilhados. Seguir a Cristo no matrimônio e na família, não é fácil. Seguir a Cristo como jovem que não se deixa levar por esses ambientes que oferecem “pão e circo”, não é fácil. Seguir a Cristo como religiosas e freiras, não é fácil. Seguir a Cristo como sacerdotes fiéis ao celibato, não é fácil. Seguir a Cristo cuidando e dedicando-se aos pobres, enfermos e anciãos, não é fácil.     

Para refletir: Penso seguir a Cristo desde a comodidade? Levo a minha cruz com serenidade e amor, unida à cruz de Cristo? Já coloquei os meus pés nas pegadas que Cristo deixou no evangelho?

Para rezar: Nem sempre sois o meu tesouro, Senhor. Nem sempre tenho-vos no centro da minha vida. Porém, quero lutar para optar cada vez mais por Vós. Quero descobrir-vos e ter-vos como o único e mais prezado tesouro da minha vida. Nem sempre sois o meu Senhor. As riquezas, o ter, o consumo… me atraem demais e me acostumam ao cômodo, ao que é fácil. Sei que seguir-vos exige sacrifício, que deixar-me levar por esses senhores, afastar-me-á irremediavelmente de Vós. Quero ser livre e ter-vos como o meu único Senhor.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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