BB. João Batista Duverneil, Miguel Luís Brulard e Tiago Gagnot, Presbíteros e mártires |
1ª Leitura (Ez
18,1-10.13.30-32): O Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo:
«Porque andais a repetir este provérbio em Israel: ‘Os pais comeram uvas verdes
e embotaram-se os dentes dos filhos’? Pela minha vida – diz o Senhor Deus – não
voltareis a repetir este provérbio em Israel. Todas as vidas Me pertencem,
tanto a do pai como a do filho. Aquele que pecar é que morrerá. O homem justo,
que pratica o direito e a justiça, que não participa nos festins das montanhas,
nem levanta os olhos para os falsos deuses da casa de Israel; que não desonra a
esposa do seu próximo nem se aproxima da mulher em tempo indevido; que não
explora ninguém, que devolve o penhor de uma dívida paga e não comete roubos;
que dá o seu pão a quem tem fome e dá roupa a quem não tem que vestir; que não
é usurário nem aceita juros, que afasta as suas mãos da iniquidade e exerce
verdadeira justiça entre os homens; que segue as minhas leis e observa os meus
preceitos, praticando fielmente a verdade, esse homem é verdadeiramente justo e
viverá – diz o Senhor Deus – Mas se ele tem um filho violento e sanguinário,
que pratica alguma destas ações, esse filho não viverá, por ter praticado essas
ações abomináveis; mas certamente morrerá e o seu sangue cairá sobre ele. Por
isso, casa de Israel, Eu julgarei cada um segundo as suas ações – diz o Senhor
Deus –. Convertei-vos e renunciai a todas as vossas iniquidades e o pecado
deixará de ser a vossa ruína. Lançai para longe todos os vossos pecados e
formai um coração novo e um espírito novo. Porque havias de morrer, casa de
Israel? Eu não desejo a morte de ninguém – diz o Senhor Deus –. Convertei-vos e
vivereis».
Salmo Responsorial: 50
R. Dai-me, Senhor, um coração puro.
Criai
em mim, ó Deus, um coração puro e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
Não queirais repelir-me da vossa presença e não retireis de mim o vosso
espírito de santidade.
Dai-me
de novo a alegria da vossa salvação e sustentai-me com espírito generoso.
Ensinarei aos pecadores os vossos caminhos e os transviados hão de voltar para
Vós.
Não
é do sacrifício que Vos agradais e, se eu oferecer um holocausto, não o
aceitareis. Sacrifício agradável a Deus é o espírito arrependido: não
desprezeis, Senhor, um espírito humilhado e contrito.
Aleluia. Bendito sejais, ó Pai,
Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os mistérios do
reino. Aleluia.
Evangelho (Mt
19,13-15): Naquele momento, levaram crianças a Jesus,
para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os discípulos,
porém, as repreenderam. Jesus disse: «Deixai as crianças, e não as impeçais de
virem a mim; porque a pessoas assim é que pertence o Reino dos Céus». E depois
de impor as mãos sobre elas, ele partiu dali.
«Levaram crianças a Jesus, para que
impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os discípulos, porém, as
repreenderam».
Rev.
D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Hoje
podemos contemplar uma cena que, infelizmente, é demasiado atual: «Levaram
crianças a Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração.
Os discípulos, porém, as repreenderam» (Mt 19,13). Jesus ama especialmente as
crianças; nós, com os pobres raciocínios típicos de “gente crescida”,
impedimo-los de se aproximarem de Jesus e do Pai: Quando forem crescidos, se o
desejarem, logo escolherão…! Isto é um grande erro.
Os
pobres, quer dizer, os mais carentes, os mais necessitados, são objeto de
particular predileção por parte do Senhor. E as crianças, os pequenos são muito
“pobres”. São pobres em idade, são pobres em formação… São indefesos. Por isso
a Igreja — Nossa “Mãe” — dispõe que os pais levem cedo os seus filhos a
batizar, para que o Espírito Santo ponha moradia nas suas almas e entrem no
calor da comunidade dos crentes. Assim o indica tanto o Catecismo da Igreja bem
como o Código do Direito Canônico, ordenamentos da mais alta esfera da Igreja
(que, com toda a comunidade, deve ter ordenamentos).
Mas
não! Quando forem crescidos! É absurda esta maneira de proceder. E, se não,
perguntemo-nos: Que comerá esta criança? O que a sua mãe lhe der, sem esperar
que a criança especifique o que prefere. Que língua falará esta criança? A que
lhe falarem os seus pais (ou seja, a criança nunca poderá escolher nenhuma
língua). Para que escola irá esta criança? Para a que os seus pais o levarem,
sem esperarem que o menino defina os estudos que prefere.
O
que comeu Jesus? Aquilo que lhe deu sua Mãe, Maria. Que língua falou Jesus? A
dos seus pais. Que religião aprendeu e praticou o Menino Jesus? A dos seus
pais, a religião judia. Depois, quando já era mais crescido, mas graças à instrução
que recebera de seus pais, fundou uma nova religião… Mas, primeiro, a dos seus
pais, como é natural.
Reflexões de Frei Carlos Mesters,
O.Carm.
* O evangelho é bem curto. Apenas três versículos. Descreve
como Jesus acolhia as crianças.
* Mateus 19,13: A atitude dos
discípulos frente às crianças
Levaram
as crianças até Jesus, para que impusesse as mãos nelas e rezasse por elas. Os
discípulos repreendiam as mães. Por quê? Provavelmente, de acordo com as normas
severas das leis da impureza, crianças pequenas nas condições em que viviam
eram consideradas impuras. Se elas tocassem em Jesus, Jesus ficaria impuro. Por
isso, era importante evitar que elas chegassem perto e tocassem nele. Pois já
havia acontecido uma vez, quando um leproso tocou em Jesus. Jesus ficou impuro
e já não podia entrar na cidade. Tinha de ficar em lugares desertos (Mc 1,4-45)
* Mateus 19,14-15: A atitude da
Jesus: acolhe e defende a vida das crianças
Jesus
repreende os discípulos e diz: Deixem as crianças, e não lhes proíbam de vir a
mim, porque o Reino do Céu pertence a elas." Jesus não se importa de
transgredir as normas que impediam a fraternidade e o acolhimento a ser dado
aos pequenos. A nova experiência de Deus como Pai marcou a vida de Jesus e lhe
deu olhos novos para perceber e avaliar o relacionamento entre as pessoas.
Jesus se coloca do lado dos pequenos, dos excluídos, e assume a sua defesa.
Impressiona quando se junta tudo que a Bíblia informa sobre as atitudes de
Jesus em defesa da vida das crianças, dos pequenos:
1.
Agradecer pelo Reino presente nos pequenos. A alegria de Jesus é grande, quando
percebe que as crianças, os pequenos, entendem as coisas do Reino que ele anunciava
ao povo. “Pai, eu te agradeço!” (Mt 11,25-26) Jesus reconhece que os pequenos
entendem mais do Reino que os doutores!
2.
Defender o direito de gritar.
Quando Jesus, entrando no Templo, derrubou as mesas dos cambistas, eram as
crianças as que mais gritavam. “Hosana ao filho de Davi!” (Mt 21,15).
Criticadas pelos chefes dos sacerdotes e pelos escribas, Jesus as defende e em
sua defesa invoca as Escrituras (Mt 21,16).
3.
Identificar-se com os pequenos.
Jesus abraça as crianças e identifica-se com elas. Quem recebe uma criança, é a
Jesus que recebe (Mc 9, 37). “E tudo que vocês fizerem a um destes mais
pequenos foi a mim que o fizeram” (Mt 25,40).
4.
Acolher e não escandalizar.
Uma das palavras mais duras de Jesus é contra os que causam escândalo nos pequenos,
isto é, são o motivo pelo qual os pequenos deixam de acreditar em Deus. Para
estes, melhor seria ter uma pedra de moinho amarrada no pescoço e ser jogado no
fundo do mar (Lc 17,1-2; Mt 18,5-7). Jesus condena o sistema, tanto político
como religioso, que é motivo de criança, gente humilde, perder sua fé em Deus.
5.
Tornar-se como criança.
Jesus pede que os discípulos se tornem como criança e aceitem o Reino como
criança. Sem isso não é possível entrar no Reino (Lc 9,46-48). Ele coloca a
criança como professor de adulto! O que não era normal. Costumamos fazer o
contrário.
6.
Acolher e tocar. (O
evangelho de hoje) Mães com crianças chegam perto de Jesus para pedir a bênção.
Os apóstolos reagem e as afastam. Jesus corrige os adultos e acolhe as mães com
as crianças. Toca nelas e lhes dá um abraço. “Deixem vir as crianças, não as
impeçam!” (Mc 10,13-16; Mt 19,13-15). Dentro das normas da época, tanto as mães
como as crianças pequenas, todas elas viviam, praticamente, num estado
permanente de impureza legal. Tocar nelas significava contrair impureza! Jesus
não se incomoda
7.
Acolher e curar.
São muitas as crianças e jovens que ele acolhe, cura ou ressuscita: a filha do
Jairo de 12 anos (Mc 5,41-42), a filha da mulher Cananéia (Mc 7,29-30), o filho
da viúva de Naim (Lc 7,14-15), o menino epilético (Mc 9,25-26), o filho do
Centurião (Lc 7,9-10), o filho do funcionário público (Jo 4,50), o menino dos
cinco pães e dois peixes (Jo 6,9).
Para um confronto pessoal
1) Crianças: o que você já aprendeu das crianças ao longo
dos anos da sua vida? E o que as crianças aprenderam de você sobre Deus, sobre
Jesus e sobre a vida?
2) Qual a imagem de Deus que irradio para as crianças?
Deus severo, bondoso, distante ou ausente?
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