sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Sábado XIX do Tempo Comum

BB. João Batista Duverneil,
Miguel Luís Brulard
e Tiago Gagnot,
Presbíteros e mártires

1ª Leitura (Ez 18,1-10.13.30-32): O Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo: «Porque andais a repetir este provérbio em Israel: ‘Os pais comeram uvas verdes e embotaram-se os dentes dos filhos’? Pela minha vida – diz o Senhor Deus – não voltareis a repetir este provérbio em Israel. Todas as vidas Me pertencem, tanto a do pai como a do filho. Aquele que pecar é que morrerá. O homem justo, que pratica o direito e a justiça, que não participa nos festins das montanhas, nem levanta os olhos para os falsos deuses da casa de Israel; que não desonra a esposa do seu próximo nem se aproxima da mulher em tempo indevido; que não explora ninguém, que devolve o penhor de uma dívida paga e não comete roubos; que dá o seu pão a quem tem fome e dá roupa a quem não tem que vestir; que não é usurário nem aceita juros, que afasta as suas mãos da iniquidade e exerce verdadeira justiça entre os homens; que segue as minhas leis e observa os meus preceitos, praticando fielmente a verdade, esse homem é verdadeiramente justo e viverá – diz o Senhor Deus – Mas se ele tem um filho violento e sanguinário, que pratica alguma destas ações, esse filho não viverá, por ter praticado essas ações abomináveis; mas certamente morrerá e o seu sangue cairá sobre ele. Por isso, casa de Israel, Eu julgarei cada um segundo as suas ações – diz o Senhor Deus –. Convertei-vos e renunciai a todas as vossas iniquidades e o pecado deixará de ser a vossa ruína. Lançai para longe todos os vossos pecados e formai um coração novo e um espírito novo. Porque havias de morrer, casa de Israel? Eu não desejo a morte de ninguém – diz o Senhor Deus –. Convertei-vos e vivereis».

Salmo Responsorial: 50
R. Dai-me, Senhor, um coração puro.

Criai em mim, ó Deus, um coração puro e fazei nascer dentro de mim um espírito firme. Não queirais repelir-me da vossa presença e não retireis de mim o vosso espírito de santidade.

Dai-me de novo a alegria da vossa salvação e sustentai-me com espírito generoso. Ensinarei aos pecadores os vossos caminhos e os transviados hão de voltar para Vós.

Não é do sacrifício que Vos agradais e, se eu oferecer um holocausto, não o aceitareis. Sacrifício agradável a Deus é o espírito arrependido: não desprezeis, Senhor, um espírito humilhado e contrito.

Aleluia. Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os mistérios do reino. Aleluia.

Evangelho (Mt 19,13-15): Naquele momento, levaram crianças a Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os discípulos, porém, as repreenderam. Jesus disse: «Deixai as crianças, e não as impeçais de virem a mim; porque a pessoas assim é que pertence o Reino dos Céus». E depois de impor as mãos sobre elas, ele partiu dali.

«Levaram crianças a Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os discípulos, porém, as repreenderam».

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje podemos contemplar uma cena que, infelizmente, é demasiado atual: «Levaram crianças a Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os discípulos, porém, as repreenderam» (Mt 19,13). Jesus ama especialmente as crianças; nós, com os pobres raciocínios típicos de “gente crescida”, impedimo-los de se aproximarem de Jesus e do Pai: Quando forem crescidos, se o desejarem, logo escolherão…! Isto é um grande erro.

Os pobres, quer dizer, os mais carentes, os mais necessitados, são objeto de particular predileção por parte do Senhor. E as crianças, os pequenos são muito “pobres”. São pobres em idade, são pobres em formação… São indefesos. Por isso a Igreja — Nossa “Mãe” — dispõe que os pais levem cedo os seus filhos a batizar, para que o Espírito Santo ponha moradia nas suas almas e entrem no calor da comunidade dos crentes. Assim o indica tanto o Catecismo da Igreja bem como o Código do Direito Canônico, ordenamentos da mais alta esfera da Igreja (que, com toda a comunidade, deve ter ordenamentos).

Mas não! Quando forem crescidos! É absurda esta maneira de proceder. E, se não, perguntemo-nos: Que comerá esta criança? O que a sua mãe lhe der, sem esperar que a criança especifique o que prefere. Que língua falará esta criança? A que lhe falarem os seus pais (ou seja, a criança nunca poderá escolher nenhuma língua). Para que escola irá esta criança? Para a que os seus pais o levarem, sem esperarem que o menino defina os estudos que prefere.

O que comeu Jesus? Aquilo que lhe deu sua Mãe, Maria. Que língua falou Jesus? A dos seus pais. Que religião aprendeu e praticou o Menino Jesus? A dos seus pais, a religião judia. Depois, quando já era mais crescido, mas graças à instrução que recebera de seus pais, fundou uma nova religião… Mas, primeiro, a dos seus pais, como é natural.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho é bem curto. Apenas três versículos. Descreve como Jesus acolhia as crianças.

* Mateus 19,13: A atitude dos discípulos frente às crianças
Levaram as crianças até Jesus, para que impusesse as mãos nelas e rezasse por elas. Os discípulos repreendiam as mães. Por quê? Provavelmente, de acordo com as normas severas das leis da impureza, crianças pequenas nas condições em que viviam eram consideradas impuras. Se elas tocassem em Jesus, Jesus ficaria impuro. Por isso, era importante evitar que elas chegassem perto e tocassem nele. Pois já havia acontecido uma vez, quando um leproso tocou em Jesus. Jesus ficou impuro e já não podia entrar na cidade. Tinha de ficar em lugares desertos (Mc 1,4-45)

* Mateus 19,14-15: A atitude da Jesus: acolhe e defende a vida das crianças
Jesus repreende os discípulos e diz: Deixem as crianças, e não lhes proíbam de vir a mim, porque o Reino do Céu pertence a elas." Jesus não se importa de transgredir as normas que impediam a fraternidade e o acolhimento a ser dado aos pequenos. A nova experiência de Deus como Pai marcou a vida de Jesus e lhe deu olhos novos para perceber e avaliar o relacionamento entre as pessoas. Jesus se coloca do lado dos pequenos, dos excluídos, e assume a sua defesa. Impressiona quando se junta tudo que a Bíblia informa sobre as atitudes de Jesus em defesa da vida das crianças, dos pequenos:

1. Agradecer pelo Reino presente nos pequenos. A alegria de Jesus é grande, quando percebe que as crianças, os pequenos, entendem as coisas do Reino que ele anunciava ao povo. “Pai, eu te agradeço!” (Mt 11,25-26) Jesus reconhece que os pequenos entendem mais do Reino que os doutores!

2. Defender o direito de gritar. Quando Jesus, entrando no Templo, derrubou as mesas dos cambistas, eram as crianças as que mais gritavam. “Hosana ao filho de Davi!” (Mt 21,15). Criticadas pelos chefes dos sacerdotes e pelos escribas, Jesus as defende e em sua defesa invoca as Escrituras (Mt 21,16).

3. Identificar-se com os pequenos. Jesus abraça as crianças e identifica-se com elas. Quem recebe uma criança, é a Jesus que recebe (Mc 9, 37). “E tudo que vocês fizerem a um destes mais pequenos foi a mim que o fizeram” (Mt 25,40).

4. Acolher e não escandalizar. Uma das palavras mais duras de Jesus é contra os que causam escândalo nos pequenos, isto é, são o motivo pelo qual os pequenos deixam de acreditar em Deus. Para estes, melhor seria ter uma pedra de moinho amarrada no pescoço e ser jogado no fundo do mar (Lc 17,1-2; Mt 18,5-7). Jesus condena o sistema, tanto político como religioso, que é motivo de criança, gente humilde, perder sua fé em Deus.

5. Tornar-se como criança. Jesus pede que os discípulos se tornem como criança e aceitem o Reino como criança. Sem isso não é possível entrar no Reino (Lc 9,46-48). Ele coloca a criança como professor de adulto! O que não era normal. Costumamos fazer o contrário.

6. Acolher e tocar. (O evangelho de hoje) Mães com crianças chegam perto de Jesus para pedir a bênção. Os apóstolos reagem e as afastam. Jesus corrige os adultos e acolhe as mães com as crianças. Toca nelas e lhes dá um abraço. “Deixem vir as crianças, não as impeçam!” (Mc 10,13-16; Mt 19,13-15). Dentro das normas da época, tanto as mães como as crianças pequenas, todas elas viviam, praticamente, num estado permanente de impureza legal. Tocar nelas significava contrair impureza! Jesus não se incomoda

7. Acolher e curar. São muitas as crianças e jovens que ele acolhe, cura ou ressuscita: a filha do Jairo de 12 anos (Mc 5,41-42), a filha da mulher Cananéia (Mc 7,29-30), o filho da viúva de Naim (Lc 7,14-15), o menino epilético (Mc 9,25-26), o filho do Centurião (Lc 7,9-10), o filho do funcionário público (Jo 4,50), o menino dos cinco pães e dois peixes (Jo 6,9).

Para um confronto pessoal
1) Crianças: o que você já aprendeu das crianças ao longo dos anos da sua vida? E o que as crianças aprenderam de você sobre Deus, sobre Jesus e sobre a vida?
2) Qual a imagem de Deus que irradio para as crianças? Deus severo, bondoso, distante ou ausente?

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