segunda-feira, 30 de julho de 2018

31 de julho: Santo Inácio de Loyola, presbítero


Evangelho (Lc 14,25-33): Naquele tempo, muito povo acompanhava Jesus. Voltando-se, disse-lhes: «Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo. Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-la? Para que, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la, todos os que o virem não comecem a zombar dele, dizendo: ‘Este homem principiou a edificar, mas não pode terminar’. Ou qual é o rei que, estando para guerrear com outro rei, não se senta primeiro para considerar se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, quando o outro ainda está longe, envia-lhe embaixadores para tratar da paz. Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo».

«Quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench  (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, celebrando a memória de Sto. Inácio de Loyola (1492-1556), tomamos consciência de que todos os tempos são sempre “tempos de Deus”. A época de Sto. Inácio - como tantas outras - não foi fácil nem para a Europa nem para a Igreja: décadas em que os papas residiram em Avignon (submetidos à França); o cisma do Ocidente (com três papas ao mesmo tempo, cada um deles pretendendo ser o autêntico)… até terminar na reforma protestante.

Paradoxos da vida, Inácio de Loyola e o reformador Martinho Lutero (+1546) foram plenamente coetâneos e coincidentes no tempo. Porém, que distinta foi a reacção - a “reforma” - de cada um. Na verdade, não há melhor reforma do que a identificação com Jesus Cristo: «Quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo» (Lc 14,27). Jesus humilde, pobre, obediente, misericordioso… Durante a paixão, o silêncio e a discrição foram o seu “protesto”.

Inácio de Loyola viveu muitos anos na corte, sonhando com grandezas - poderíamos dizer - “de cavalaria”. Mas a convalescença necessária, como consequência de um ferimento de guerra, foi a ocasião providencial para ler calmamente a vida de Jesus Cristo e a de alguns santos: eis aí os autênticos reformadores! Isto “despertou-lhe” o espírito: «E se eu fizesse o mesmo que São Francisco ou que São Domingos?», começou a perguntar-se.

Os nossos também são tempos necessitados de “reforma”: «Como gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres!» (Papa Francisco). Não há alternativa: «Qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo» (Lc 14,33). Perante os poderes fácticos - não o esqueçamos – a nossa força vem de Deus. Foi assim que Sto. Inácio – despojando-se de coisas e de sonhos - começou a entregar-se à vida de oração e à atenção aos outros. Nesse caminho juntaram-se-lhe alguns companheiros com que fundou a Companhia de Jesus, uma fundação que tem orientado inumeráveis frutos dentro da Igreja!

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

*  O evangelho de hoje traz a explicação que Jesus, a pedido dos discípulos, deu da parábola do joio e do trigo. Alguns estudiosos acham que esta explicação, dada por Jesus aos discípulos, não seja de Jesus, mas sim da comunidade. É possível e provável, pois uma parábola, por sua própria natureza, pede o envolvimento e a participação das pessoas na descoberta do sentido. Assim como a planta já está dentro da sua semente, assim, de certo modo, a explicação da comunidade já está dentro da parábola. É exatamente este o objetivo que Jesus queria e ainda quer alcançar com a parábola. O sentido que nós hoje vamos descobrindo na parábola que Jesus contou dois mil anos atrás já estava implicado na história que Jesus contou, como a flor já está dentro da sua semente.

*  Mateus 13,36: O pedido dos discípulos para explicar a parábola do joio e do trigo
Os discípulos, em casa conversam com Jesus e pedem uma explicação da parábola do joio e do trigo (Mt 13,24-30). Várias vezes se informa que Jesus, em casa, continuava o seu ensinamento aos discípulos (Mc 7,17; 9,28.33; 10,10). Naquele tempo não havia televisão e nas longas horas das noites do inverno o povo reunia para conversar e tratar dos assuntos doa vida. Jesus fazia o mesmo. Era nestas ocasiões que ele completava o ensinamento e a formação dos discípulos.

*  Mateus 13,38-39: O significado de cada um dos elementos da parábola
Jesus responde retomando cada um dos seis elementos da parábola e lhes dá um sentido: o campo é o mundo; a boa semente são os membros do Reino; o joio são os membros do adversário (maligno); o inimigo é o diabo; a colheita é o fim dos tempos; os ceifadores são os anjos. Experimente você agora ler de novo a parábola (Mt 13,24-30) colocando o sentido certo em cada um dos seis elementos: campo, boa semente, joio, inimigo, colheita e ceifadores. Aí, a história toma um sentido totalmente diferente e você alcança o objetivo que Jesus tinha em mente ao contar esta história do joio e do trigo ao povo. Alguns acham que esta parábola que deve ser entendida como uma alegoria e não como uma parábola propriamente dita.

*  Mateus 13,40-43: A aplicação da parábola ou da alegoria
Com estas informações dadas por Jesus você entenderá a aplicação que ele dá: Assim como o joio é recolhido e queimado no fogo, o mesmo também acontecerá no fim dos tempos: o Filho do Homem enviará os seus anjos, e eles recolherão todos os que levam os outros a pecar e os que praticam o mal, e depois os lançarão na fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e ranger os dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai”. O destino do joio é a fornalha, o destino do trigo bom é o brilho do sol no Reino do Pai. Por de trás destas duas imagens está a experiência das pessoas. Depois que elas escutaram Jesus e o aceitaram em suas vidas, tudo mudou para elas. O fim chegou. Ou seja, em Jesus chegou aquilo que, no fundo, todos esperavam: a realização das promessas. A vida agora se divide em antes e depois que escutaram e aceitaram Jesus em suas vidas. A nova vida começou como o brilho do sol. Se tivessem continuado a viver como antes, seriam como o joio jogado na fornalha, vida sem sentido e sem serventia para nada.

*  Parábola e Alegoria.
Existe a parábola. Existe a alegoria. Existe a mistura das duas que é a forma mais comum. Geralmente tudo é chamado de parábola. No evangelho de hoje temos o exemplo de uma alegoria. Uma alegoria é uma história que a pessoa conta, mas enquanto conta, ela não pensa nos elementos da história, mas sim no assunto que deve ser esclarecido. Ao ler uma alegoria não é necessário olhar primeiro a história como um todo, pois numa alegoria a história não se constrói em torno de um ponto central que depois serve como meio de comparação, mas cada elementos tem a sua função independente a partir do sentido que recebe. Trata-se de descobrir o que cada elemento das duas histórias nos tem a dizer sobre o Reino como fez a explicação que Jesus deu da parábola: campo, boa semente, joio, inimigo, colheita e ceifadores. Geralmente, as parábolas são alegorizantes. Mistura das duas.

Para um confronto pessoal
1) No campo existe tudo misturado: joio e trigo. No campo da minha vida, o que prevalece: o joio ou o trigo?
2) Você já tentou conversar com outras pessoas para descobrir o sentido de alguma parábola?

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