domingo, 7 de janeiro de 2018

O Batismo do Senhor


Textos: Is 42, 1-4.6-7; At 10, 34-38; Mc 1, 7-11


Evangelho (Mc 1,7-11): João proclamava: «Depois de mim vem aquele que é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de, abaixando-me, desatar a correia de suas sandálias. Eu vos batizei com água. Ele vos batizará com o Espírito Santo». Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi batizado por João, no rio Jordão. Logo que saiu da água, viu o céu rasgar-se e o Espírito, como pomba, descer sobre ele. E do céu veio uma voz: «Tu és o meu Filho amado; em ti está meu pleno agrado».

«Tu és o meu Filho amado; em ti está meu pleno agrado»

Mons. Salvador CRISTAU i Coll Bispo Auxiliar de Terrassa (Barcelona, Espanha)

Hoje, solenidade do Batismo do Senhor, termina o ciclo de das festas de Natal. Diz o Evangelho que João tinha se apresentado no deserto e «predicava um batismo de conversão para o perdão dos pecados» (Mc 1,4). As pessoas iam escutá-lo, confessavam seus pecados e se batizavam por ele no rio Jordão. E entre aquelas pessoas se apresentou também Jesus para ser batizado.

Nas festas de Natal vimos como Jesus se manifestava aos pastores e aos magos que, chegando desde Oriente, o adoraram e lhe ofereceram seus dons. De fato, a vida de Jesus ao mundo é para manifestar o amor de Deus que nos salva.

E lá, no Jordão, aconteceu uma nova manifestação da divindade de Jesus: o céu se abriu e ele Espírito Santo, em forma de uma pomba descendia em sua direção e se ouviu a voz do Pai: «Tu és o meu Filho amado; em ti me comprazo.» (Mc 1,11). É o Pai do céu neste caso e o Espírito Santo quem o manifesta. É Deus mesmo que nos revela quem é Jesus, seu Filho amado.

Mas não era uma revelação só para João e os judeus. Era também para nós. O mesmo Jesus, o Filho amado do Pai, manifestado aos judeus no Jordão, se manifesta continuamente a nós a cada dia. Na Igreja, na oração, nos irmãos, no Batismo que recebemos e que nos fez filhos do mesmo Pai.

Preguntamos, pois: —Reconheço sua presença, seu amor em minha vida? —Vivo uma verdadeira relação de amor filial com Deus? Disse o Papa Francisco: «O que Deus quer do homem é uma relação “pai-filho”, acaricie e diga: ‘Eu estou contigo’».

Também a nós o Pai do céu, no meio de nossas lutas e dificuldades, nos diz: «Tu és o meu Filho amado; em ti está meu pleno agrado».

“Tu és o meu Filho bem-amado; em ti encontro o meu agrado”

Pe. Thomaz Hughes, SVD

S. Pedro Tomás. Patriarca de Constantinopla
Bispo de nossa Ordem
Nesse Domingo, que comemora o batismo de Jesus, mais uma vez encontramos a figura do Precursor, João Batista, que foi uma das principais personagens das liturgias do Advento.  Mas, na leitura de hoje, a ênfase mesmo está na aceitação não somente do batismo de João, mas de quem viria depois dele: literalmente “atrás de mim”.  A expressão, que denota a dignidade, como em um cortejo, põe toda a importância na pessoa que vem – pois tirar as sandálias era serviço de um escravo.  Jesus é o mais importante, pois com a vinda dele inaugura-se o tempo de salvação, esperado naquele tempo por muitas pessoas e grupos (como os Essênios) somente para o fim dos tempos.

Nesse texto de Marcos, o interesse volta-se menos para o batismo de Jesus como tal, e mais para a revelação divina que se lhe seguiu.  Sendo batizado por João, Jesus coloca-se dentro da humanidade caída, e publicamente assume o compromisso com a vontade do Pai.  A frase “viu os céus rasgarem-se e o Espírito como uma pomba descer sobre si” enfatiza que Deus intervém para realizar as suas promessas (cf. Is 63,19) através do envio do Espírito Santo.  Descendo sobre Jesus, o Espírito o designa como sendo o Salvador prometido e esperado.  A voz do Pai confirma que Ele reconhece Jesus, desde o início do seu ministério público como seu Filho (cf. Sl 2,7), seu bem-amado, objeto da sua predileção.

Um dos sentidos mais importantes do nosso batismo também é o nosso compromisso público com a vontade do Pai.  Todos nós podemos sentir a veracidade da mesma frase usada pelo Pai diante de Jesus – cada um (a) de nós também é verdadeiramente filho (a) do Pai Celeste (cf. I Jo 3,1), a quem aprouve escolher-nos.  Nada pode nos separar desse amor divino – nem a nossa fraqueza, nem o pecado (cf. Rm 8,39). O que é importante é reconhecer que Deus nos amou primeiro, incondicionalmente, e cabe a nós responder a este amor gratuito por uma vida digna de filhos e filhas do Pai, no seguimento de Jesus (cf. I Jo 4, 10-11).  Jesus não achou privilégio ser o amado do Pai, mas assumiu as consequências – uma vida de fidelidade, que o levaria até a Cruz e a Ressurreição! (cf. Fl. 2,6-11) Celebrando essa festa litúrgica, renovemos o compromisso do nosso batismo, comprometendo-nos com o seguimento do Mestre, no esforço de criação do mundo que Deus quer, um mundo onde reinam o amor, a justiça e a verdadeira paz.  O nosso batismo confirma que somos parceiros de Deus no ato permanente de criação, fazendo crescer o Reino dele, que “já está no meio de nós” (cf. Mc 1,14).


Cristo purificou no seu Batismo as águas, santificou-as e as fecundou, para que nessas águas nascêssemos como filhos da Igreja, santos e regenerados, pois estávamos mortos pelo pecado.

Pe Antonio Rivero, L.C. 

Celebramos uma nova manifestação de Jesus no rio Jordão. Cristo é o novo Noé que se submerge nesta água, que lembra as águas do dilúvio, para eliminar nelas os nossos pecados; e, como Noé depois do dilúvio, também Ele recebe a pomba divina que anuncia a paz e a salvação para os homens. E com este dia fechamos o ciclo do Natal e abrimos o Tempo Ordinário que precederá à Quaresma.

Em primeiro lugar, neste dia do Batismo, Jesus viu que os céus “se abriam”. Porque os céus à raiz do pecado original estavam fechados para nós. Hoje se abrem para indicar que em Cristo o céu se reconciliou com a terra, que já não existe senão um só rebanho formado pelos anjos e pelos homens, e um só pastor de todos, que as clausuradas portas do Paraíso se abriram para os pecadores arrependidos. Do Menino recém-nascido passamos ao Profeta e Mestre que Deus nos enviou e que vai começar a sua missão. E com o nosso batismo nos incorporamos também nós na sua missão salvífica.

Em segundo lugar, por que Cristo quis ser batizado? Não para ser purificado dos seus pecados, Ele, que era a pureza original. Se Cristo desceu ao Jordão foi para purificar as águas, para comunicar-lhes a sua própria pureza, de tal maneira que daqui a adiante essas águas fossem capazes de purificar os homens mediante o Batismo. O calor do corpo vivo de Cristo posto em contato com as águas fez que estas fossem aptas para limpar não somente o exterior dos corpos-que é a sua virtualidade natural-, mas também o mais recôndito das almas, o pecado. Ao penetrar, pois, Jesus no Jordão, as águas deste rio, e a de todos os rios, todas as águas do mundo, fizeram-se aptas para a ordem sacramental. Já não seriam somente “águas da terra”, serão também “ondas de Cristo”. O Cristo que se submerge no Jordão é o Cordeiro que carrega os pecados e que tira os pecados. Por isso, o Batismo do Jordão antecipa em figura à Cruz, que está no telão de fundo daquele episódio. A partir de hoje começa para Cristo a rude ascensão ao Calvário. E já pregado na cruz, do seu lado brotou sangue e água. O Batismo é fruto da Páscoa.

Finalmente, desde este dia Cristo fecundou as águas, isto é, a água não só ficaria limpa, mas que ademais disso se converteria no seio materno da Igreja feita fecunda. Esposo e Esposa são, no Jordão, “uma só carne”. Cristo, no seu Batismo, purificou, pois, a Igreja, mas para unir-se com Ele em esponsais. É, nada mais e nada menos, o que diz São Paulo na sua epístola aos efésios: “Maridos, amai vossas esposas, como Cristo amou sua Igreja e se entregou por ela para santificá-la. Ele a purificou com o batismo da água e a palavra, porque quis para si uma Igreja resplandecente, sem mancha e sem ruga e sem nenhum defeito, mas santa e imaculada” (Ef 5, 25). O Batismo no Jordão é assim o banho espiritual graças ao qual a Esposa-Igreja recebeu a última preparação antes de ser apresentada ao Esposo. Desposando-se o Senhor com a Igreja no Jordão, deixou na água o germe da sua fecundidade para fazer da água o seio da Igreja-Esposa. Ao longo dos séculos, das águas do Batismo -seio virginal da Mãe Igreja- incessantemente nascerão novos filhos, filhos de Deus.

Para refletir: Medito com frequência no dom do meu batismo? A que altura chegou a mim a água batismal: já chegou até os meus joelhos, até o coração, a cabeça? A água já levou todos os meus pecados? Já renunciei Satanás, as suas obras e as suas pompas? Vivo como membro comprometido da Igreja, filho consciente de Deus, irmão de Cristo, templo aberto do Espírito?

Para rezar: Obrigado, Senhor, pelo dom do Batismo. Senhor, que eu viva ao que me comprometi no dia do Batismo: a ser santo e ser missionário. Convosco quero, Senhor, escutar o meu nome e um chamado “Tu és o meu filho” para que nunca faltem em vossa causa boas testemunhas que propõem a vossa palavra, que pronunciem o vosso nome, que deem testemunho do vosso Reino, que ofereçam o que são e o que têm, e Deus seja conhecido, amado e bendito nas quatro direções do mundo.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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