sexta-feira, 14 de julho de 2017

16 de julho: Solenidade de Nossa Senhora do Carmo

Evangelho (Jo 19,25-27): Naquele tempo, Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa.

Reflexão

Jesus tem em suas mãos seu destino
Estamos na metade do capítulo 19 do Evangelho de João, que começa com a flagelação, a coroação com a coroa de espinhos, a apresentação de Jesus por Pilatos para o povo: "Eis o homem" (Jo 19, 5), condenado à morte na cruz, a via sacra e a crucificação. Na narrativa da Paixão segundo João, Jesus tem em suas mãos o controle de sua própria vida e de tudo o que está acontecendo ao seu redor. Por esta razão, encontramos frases como: "Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura" (v. 5) ou as palavras a Pilatos: "Não terias nenhum poder sobre mim, se eu tivesse dado do alto "(v. 11) além disso, o texto apresentado pela liturgia de hoje mostra que Jesus não só tem o controle de tudo o que está acontecendo, mas também o que está acontecendo ao redor. É muito importante o que descreve o evangelista: “Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse …” (v. 26). As palavras de Jesus em sua simplicidade são as palavras da revelação, palavras com o que quer expressar a sua vontade: "Eis aí o teu filho" (v. 26), "Eis aí a tua mãe" (v.  27). Estas palavras de Jesus trazer à mente as palavras de Pilatos com as quais apresentou a pessoa de Jesus para o povo: "Eis o homem" (v. 5). Jesus desde seu trono, a cruz, com suas palavras, não só pronuncia a sua vontade, como também o que está verdadeiramente em seu amor por nós e qual é o fruto desse amor. É o Cordeiro de Deus, o pastor que dá a sua vida para reunir a todos em um só rebanho, a Igreja.

Junto à cruz
Nessa passagem encontramos também uma palavra muito importante que se repete duas vezes, quando o evangelista fala da mãe de Jesus e do discípulo amado. O evangelista diz que a mãe de Jesus estava "junto à cruz" (v. 25) e o discípulo amado estava "perto dela" (v. 26). Este importante detalhe tem um significado bíblico muito profundo. Apenas o quarto evangelista diz que a mãe de Jesus estava junto à cruz. Os outros evangelistas não especificam.

Lucas diz-nos que “Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que o acompanhavam desde a Galileia, se mantinham a distância, olhando essas coisas.” (Lc 23,49).

Mateus escreve: "Grande número de mulheres estava ali, observando de longe. Elas haviam acompanhado Jesus desde a Galileia, prestando-lhe serviços. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.” (Mt 27,55-56).

Marcos diz que "Estavam ali também algumas mulheres olhando de longe; entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago Menor e de Joset, e Salomé. Quando ele estava na Galileia, estas o seguiam e lhe prestavam serviços. Estavam ali também muitas outras mulheres que com ele tinham subido a Jerusalém.” (Mc 15,40-41).

Assim, apenas João enfatiza que a mãe de Jesus estava lá, não seguindo-o de longe, mas sim junto à cruz, na companhia de outras mulheres. De pé, como uma mulher forte que continua a crendo, esperando e tendo confiança em Deus, mesmo neste momento tão difícil. A mãe de Jesus está naquele momento importante no qual "tudo está consumado" (v. 30) na missão de Jesus. Além disso, o evangelista ressalta a presença da mãe de Jesus, no início de sua missão, nas bodas de Cana, onde João usa quase a mesma expressão: "Eu estava ali a mãe de Jesus" (Jo 2,1)

A mulher e o discípulo
Nas bodas de Caná e na cruz, Jesus mostra a sua glória e sua mãe está presente de uma forma ativa. Nas bodas de Caná é evidente, de uma forma simbólica, o que aconteceu na cruz. Durante a festa de casamento em Caná, Jesus transformou a água contida em seis potes (Jo 2,6). O número seis simboliza a imperfeição. O número perfeito é o sete. Por esta razão, Jesus responde à sua mãe: "Minha hora ainda não chegou" (Jo 2,04).

A hora em que Jesus renovou tudo, foi a hora da cruz. Os discípulos lhe perguntaram: "Senhor, é este o momento de reconstruir o reino de Israel?" (Atos 1,6). Na cruz, com água e sangue, Jesus faz nascer a Igreja e, ao mesmo tempo, ela torna-se sua esposa. É o início de um novo tempo. Tanto nas bodas de Caná como na cruz, Jesus não chama sua mãe pelo próprio nome, mas dá-lhe o belo título de "Mulher" (Jo 2,4 e 19,26). Na cruz, Jesus não está falando com sua mãe movido apenas por um sentimento natural, de filho com sua mãe. O título de "Mulher" deixa claro que no momento em que Jesus estava abrindo o coração de sua mãe para a maternidade espiritual de seus discípulos, representados na pessoa do discípulo amado, que está sempre perto de Jesus, o discípulo que no último jantar reclinou a cabeça sobre o peito de Jesus (Jo 13,23-26).

O discípulo que compreendeu o mistério de Jesus e manteve-se fiel ao seu mestre até a crucificação, e, posteriormente, deveria ser o primeiro discípulo a acreditar que Cristo tinha ressuscitado ao ver o túmulo vazio e os panos no chão (João 20,4-8) enquanto Maria de Magdala garante que haviam tirado o corpo de Jesus (Jo 20,2). Portanto, o discípulo é aquele que acredita e mantém-se fiel ao seu Senhor em todas as provações da vida.

O discípulo a quem Jesus amava, não tem nome, porque ele representa a você e a mim, e a todos os que são verdadeiros discípulos. A mulher torna-se mãe do discípulo. A mulher, que nunca é chamada pelo evangelista com o nome próprio, não apenas a mãe de Jesus, mas também a Igreja. O evangelista João gosta de chamar a Igreja de "mulher" ou "senhora". Este título está na segunda Carta de João (2 Jo 1,5) e no livro do Apocalipse: "Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida com o sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas. Estava grávida e gritava em dores de parto, atormentada para dar à luz. "(Ap 12,1-2) A mulher, então, é a imagem da Igreja Mãe que está com dores de parto para gerar a Deus novos filhos. A mãe de Jesus é a imagem perfeita da Igreja esposa de Cristo em trabalho de parto para gerar novos filhos ao esposo.

O discípulo recebe em casa a mulher
Se Jesus deixou nas mãos da Mulher (sua Mãe e a Igreja) os seus discípulos representados na pessoa do discípulo amado, também deixou nas mãos dos discípulos a Mulher (sua mãe e da Igreja). O evangelista diz que quando Jesus viu o discípulo a quem ele amava com sua mãe lhe disse: "Eis a tua mãe" (V. 27)

O evangelista continua: “E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa" (v. 27). Isto significa que o discípulo recebeu a mulher como uma valiosa e querida pessoa. Isso novamente nos recorda quando João diz em suas cartas, quando ele chama a si mesmo o presbítero que ama a Senhora eleita (2 João 1), que reza por ela (2 Jo 5) para que a cuide e a defenda contra anticristo, isto é, aqueles que não reconhecem a Cristo e tentam perturbar os filhos da Igreja, os discípulos de Jesus (2 Jo 7,10).

As palavras do versículo 27: “E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa", nos lembra que também aquilo que encontramos no início do Evangelho de Mateus. O evangelista abre sua narrativa com a visão do anjo no sonho de José, o esposo de Maria. Nesta visão, o anjo diz a José: "José, filho de David, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo" (Mt 1,20). Mateus abre o seu Evangelho com o Senhor, confiando Maria e Jesus a José, enquanto João conclui seu relato com Jesus confiando sua Mãe e a Igreja nas mãos do discípulo amado.

Para um confronto pessoal
● O que é que você mais atenção nesta passagem e na reflexão?
● Na cruz, Jesus nos deu tudo: sua vida e sua Mãe. E você, você está preparado para dar algo para o Senhor? Você é capaz de renunciar a suas coisas, a seus gostos, etc. para servir a Deus e ajudar o próximo?
● “E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa". Você acha que as famílias de hoje seguem o exemplo do discípulo amado de Jesus? O que essas palavras significam para sua vida cristã?

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