sábado, 3 de janeiro de 2015

Solenidade da Epifania do Senhor (II)

O Catecismo da Igreja explica que a Epifania é a manifestação de Jesus como Messias Israel, Filho de Deus e Salvador do mundo. “O mundo cristão celebra como epifania três eventos: a Epifania propriamente dita perante os magos do oriente (como está relatado em Mateus 2,1-12) e que é celebrada no dia 6 de Janeiro; a Epifania a João Batista (O Batismo de Jesus) no rio Jordão; e a Epifania a seus discípulos e início de sua vida pública com o milagre de Caná quando começa o seu ministério.” ( 528)

Desde que Adão e Eva pecaram, Deus toma a iniciativa e vai ao encontro da humanidade para se revelar como Deus” que salva”. E no tempo previsto enviou seu Filho amado Jesus Cristo, nascido do seio da Virgem Maria. Por amor a cada um de nós, Jesus se entregou à morte de cruz. E, assim nos tirou das trevas do pecado e nos trouxe para o seu Reino de luz, dando-nos vida nova pelo seu Espírito. O Papa Bento XVI diz que Jesus, “por amor, fez-se história na nossa história; por amor veio trazer-nos o germe da vida nova (cf. Jo 3, 3-6)” E continua dizendo que Deus “se revelou na história como luz do mundo, para guiar e introduzir finalmente a humanidade na terra prometida, onde reinarão liberdade, justiça e paz”. Nesse dia a liturgia tem como tema a luz, por isso o Papa conclui:” se manifesta para nós a luz de um Deus que nos mostra o seu rosto, que se nos apresenta na manjedoura de Belém, que nos aparece na Cruz”.

Não há trevas, portanto, que resista à luz de Cristo: “Eu sou a luz do mundo; quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8, 12).  O Papa Bento XVI continua a nos ensinar: “Cristo é luz, e a luz não pode obscurecer, mas apenas iluminar, esclarecer, revelar. Portanto, ninguém tenha receio de Cristo e da sua mensagem! E se ao longo da história os cristãos, sendo homens limitados e pecadores, por vezes o traíram com os seus comportamentos, isto faz sobressair ainda mais que a luz é Cristo e que a Igreja a reflete unicamente permanecendo unida a Ele.” Precisamos também ser luz para os irmãos; ser testemunho de fé, esperança e caridade, para que outras pessoas vendo nosso exemplo também queiram seguir Jesus Cristo.

A luz da estrela de Belém guiou os Reis Magos até ao Deus da luz, Jesus Cristo.   Chegando à gruta, os Reis Magos ajoelharam-se diante daquele que é Rei e Senhor de tudo e O presentearam com ouro, significando a realeza de Jesus; o incenso, significando a sua divindade; e mirra, significando a sua humanidade (Mt 2, 11).

Pelo ensinamento da Igreja os Reis Magos representam todos os povos e nações que adoram e glorificam a Jesus Cristo, o Messias enviado do Pai. E que Jesus não veio salvar somente um povo, mas homens e mulheres de todas as culturas e nações. Esses são os nomes dos Reis Magos: Belchior, Gaspar e Baltazar. Seus restos mortais encontram-se na cidade de Colônia (Alemanha). Eram dotados de muita sabedoria e tinham conhecimento de Astronomia: viram a estrela no Oriente e a seguiram até à Gruta de Belém, onde estava o Menino Jesus, Maria e José.

A festa da Epifania fala do encontro dos Reis Magos com Jesus Menino, na manjedoura.  Esse encontro só foi possível, porque os Magos buscaram a Verdade com o coração humilde e desapegado. Infelizmente o mesmo não aconteceu com Herodes.

Ver Jesus, tocar Jesus, sentir-se amado por Ele, requer de nós o querer e o despojamento; é entregar totalmente, sem restrições o nosso coração a Ele. Deixemos que Jesus se manifeste poderosamente em nossa vida, transformando-a radicalmente.
                                      
A Salvação é para todos

Jesus veio para salvar a todos. A Palavra diz que Deus “não quer que alguém pereça; ao contrário, quer que todos se arrependam”.(2 Pr 3,9) Os Magos representam a universalidade da salvação. Vieram do Oriente representado todos os povos e raças do mundo que creem no Senhor. O Menino Jesus na pequena manjedoura se manifesta (Epifania) como salvador de toda a humanidade. O Papa Bento XVI disse: “Epifania quer dizer a manifestação de Jesus a todos os povos, representados hoje pelos Magos, que chegaram a Belém provenientes do Oriente para prestar homenagem ao Rei dos Judeus, cujo nascimento eles tinham reconhecido através do aparecimento de uma estrela nova no céu”.

O Papa Bento XVI disse: “Aquelas personagens provenientes do Oriente não são as últimas, mas as primeiras da grande procissão daqueles que, através de todas as épocas da história, sabem reconhecer a mensagem da estrela, sabem caminhar pelas veredas indicadas pela Sagrada Escritura e, assim, sabem encontrar Aquele que é aparentemente fraco e frágil, mas que, ao contrário, tem o poder de conferir a maior e mais profunda alegria ao coração do homem”.

“Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que magos vieram do oriente a Jerusalém.  Perguntaram eles: Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo”.

A boa notícia do nascimento do Salvador não ficou restrita a Belém, mas chega através da indicação da estrela até aos reis Magos, no Oriente. O Papa Bento XVI disse assim: “Com efeito, antes da chegada dos Magos, o conhecimento deste acontecimento tinha ido um pouco além do círculo familiar: depois de Maria e José, e provavelmente de outros parentes, conheciam-no os pastores de Belém os quais, ao ouvir a jubilosa notícia, se apressaram a ir ver o menino, que se encontrava ainda na manjedoura”. A boa nova da salvação deve alcançar a todos os povos para que creiam em Jesus, arrependam-se de seus pecados e se salvem.

“A esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado e toda Jerusalém com ele”.

O rei Herodes ficou temeroso quando ouviu falar da realeza de Jesus. Jesus é Rei, mas um Rei diferente do que Herodes representava para o povo. O Livro do profeta Isaías se refere assim ao Rei Jesus, nascido no presépio de Belém: “Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado; tem a soberania sobre os seus ombros, e este é o seu nome: Conselheiro Admirável, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz” (9, 5).  O Papa Bento XVI disse assim: “Herodes alarmou-se porque viu naquele que os Magos procuravam um concorrente para si mesmo e para os seus filhos. Os chefes e os habitantes de Jerusalém, ao contrário, ficaram admirados, como se despertassem de um certo torpor e precisassem de refletir”.

“Convocou os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo e indagou deles onde havia de nascer o Cristo. Disseram-lhe: Em Belém, na Judéia, porque assim foi escrito pelo profeta: “E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo (Miq 5,2)”.

São João Paulo II disse: “Belém, nestes dias, torna-se o lugar para onde se voltam os olhos de todos os crentes. A representação do presépio, que a tradição popular espalhou em todas as partes da terra, ajuda-nos a refletir melhor sobre a mensagem que de Belém continua a irradiar para a humanidade inteira. Nesta pobre gruta contemplamos um Deus que, por amor, se faz menino”.

A Palavra de Deus é a luz que nos leva a Jesus. Também devemos levar a luz da Palavra de Deus a todos que se encontram na escuridão. O Papa Bento XVI disse: “Caros irmãos e irmãs, deixemo-nos guiar pela estrela, que é a Palavra de Deus; sigamo-la na nossa vida, caminhando com a Igreja, onde a Palavra armou a sua tenda. A nossa senda será sempre iluminada por uma luz que sinal algum nos pode oferecer. E também nós poderemos tornar-nos estrelas para os outros, reflexo daquela luz que Cristo fez resplandecer sobre nós”.

“Herodes, então, chamou secretamente os magos e perguntou-lhes sobre a época exata em que o astro lhes tinha aparecido.  E, enviando-os a Belém, disse: Ide e informai-vos bem a respeito do menino. Quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo”.

O rei Herodes tinha medo que Jesus “o rei dos judeus” pudesse tirar seu poder e sua coroa. Por isso quis saber onde Jesus se encontrava para ir até lá. Mas Herodes não queria adorar Jesus, mas matá-lo.  O Papa Bento XVI disse: “Certamente, ele estava interessado no menino de que os Magos falavam; no entanto, não com a finalidade de o adorar, como quer fazer entender, mentindo, mas sim para o suprimir. Herodes é um homem de poder, que no próximo só consegue ver um rival para combater”.

Podemos ver nos versículos seguintes desse Evangelho, que o rei Herodes era muito cruel.  Por causas das más intenções dele sobre Jesus, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e mandou-o fugir para o Egito com o menino Jesus e, Maria sua mãe.  A Palavra diz: “Um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo”.

Quando Herodes soube que a sagrada família havia fugido, mandou matar todas as crianças de dois anos para baixo, que tinham a idade de Jesus na ocasião. ” O massacre dos inocentes do tempo de Jesus, estando ele pacificamente protegido pelos Reis Magos, foi a consequência da decisão sangrenta de Herodes. A partir de então, quantos mártires – homens e mulheres –, na história do Cristianismo, não pagaram com a sua vida essa resistência iniciada com a fidelidade ao Evangelho e à pessoa de Cristo?” (Vaticano)

“Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram. E eis que e estrela, que tinham visto no oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou. A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria. Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra”. 

Os Magos após se despedirem do rei Herodes partiram e puderam ver novamente a estrela. Os Magos Seguiram a estrela e por isso “acharam o menino com Maria, sua mãe”. (V.11) Hoje a Igreja é a estrela que nos guia até Jesus. Nela encontramos a luz da Palavra, dos sacramentos, da fé.  O Papa Bento XVI disse: “Os Magos viram de novo a estrela, que os guiou até ao lugar onde estava Jesus. Entraram, prostraram-se e adoraram-no, oferecendo os dons simbólicos: ouro, incenso e mirra.  Eis a epifania, a manifestação: a vinda e a adoração dos Magos são o primeiro sinal da identidade singular do Filho de Deus, que é também o filho da Virgem Maria”.

“Avisados em sonhos de não tornarem a Herodes, voltaram para sua terra por outro caminho”.

O Papa Bento XVI explica assim esse versículo: “Teria sido natural voltar a Jerusalém, ao palácio de Herodes e ao Templo, para dar realce à sua descoberta. Ao contrário, os Magos, que escolheram como seu soberano o Menino, guardaram-na, segundo o estilo de Maria, ou melhor, do próprio Deus e, assim como tinham surgido, desapareceram no silêncio, satisfeitos, mas também transformados pelo encontro com a Verdade”.

Eis os significados dos presentes dados pelos Magos a Jesus: ouro, incenso e mirra. O ouro significa realeza – Jesus é Rei. O incenso (a fumaça) significa a oração dos fiéis que chega a Deus (representa a natureza divina de Jesus). A mirra foi utilizada por ocasião do embalsamento do corpo de Jesus, após a sua morte na cruz (representa a natureza humana de Jesus).

Santo Agostinho disse: “Também nós, reconhecendo Cristo, nosso rei e sacerdote morto por nós, O honramos como se tivéssemos oferecido ouro, incenso e mirra; só nos falta dar testemunho dele, percorrendo um caminho diferente daquele pelo qual viemos”.

Os Magos podem ter sidos reis, sacerdotes ou astrônomos. Tinham os nomes de Belchior, Baltasar e Gaspar. O importante é o significado desse momento da história cristã, onde esses amigos e adoradores de Deus nos mostram que aonde está a luz, ali se encontra o salvador Jesus.

O Papa Bento XVI ensinou-nos: “Os Magos não só se puseram a caminho, mas a partir daquele seu gesto teve início algo de novo, foi traçado um novo caminho, desceu sobre o mundo uma nova luz que não se apagou. Realiza-se a visão do profeta: aquela luz não pode mais ser ignorada no mundo: os homens caminharão rumo àquele Menino e serão iluminados pela alegria que só Ele sabe doar. A luz de Belém continua a resplandecer no mundo inteiro”.

Concluímos essa reflexão com as palavras do profeta Isaías que confirmam a passagem evangélica narrada por São Mateus. Palavras essas que referem ao nosso Senhor Jesus, aquele que nos conduz através dos caminhos da vida orientando-nos com a sua divina Luz:  “Levanta-te, sê radiosa, eis a tua luz! A glória do Senhor se levanta sobre ti.  Vê, a noite cobre a terra e a escuridão, os povos, mas sobre ti levanta-se o Senhor, e sua glória te ilumina.  As nações se encaminharão à tua luz, e os reis, ao brilho de tua aurora”. (Is 60, 1-3)

Oração do Dia: Ó Deus, que hoje revelastes o vosso Filho às nações, guiando-as pela estrela, concedei aos vossos servos e servas, que já vos conhecem pela fé, contemplar-vos um dia face a face no céu. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

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