segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

6 de janeiro (Féria do Natal)

Evangelho (Mc 6,34-44): Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão por eles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas. Já estava ficando tarde, quando os discípulos se aproximaram de Jesus e disseram: «Este lugar é deserto e já é tarde. Despede-os, para que possam ir aos sítios e povoados vizinhos e comprar algo para comer» Mas ele respondeu: «Vós mesmos, dai-lhes de comer»! Os discípulos perguntaram: «Queres que gastemos duzentos denários para comprar pão e dar de comer a toda essa gente? » Jesus perguntou: «Quantos pães tendes? Ide ver». Eles foram ver e disseram: «Cinco pães e dois peixes». Então, Jesus mandou que todos se sentassem, na relva verde, em grupos para a refeição. Todos se sentaram, em grupos de cem e de cinquenta. Em seguida, Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e ia dando-os aos discípulos, para que os distribuíssem. Dividiu, também, entre todos, os dois peixes. Todos comeram e ficaram saciados, e ainda encheram doze cestos de pedaços dos pães e dos peixes. Os que comeram dos pães foram cinco mil homens».

Comentário: Rev. D. Xavier SOBREVÍA i Vidal (Castelldefels, Espanha)

Porque eram como ovelhas que não têm pastor

Hoje, Jesus mostra-nos como Ele é sensível às necessidades das pessoas que saem ao seu encontro. Não pode encontrar-se com pessoas e passar indiferente perante as necessidades delas. O coração de Jesus se compadece ao ver a grande quantidade de gente que lhe seguia «como ovelhas que não têm pastor» (Mc 6,34). O Mestre deixa atrás os projetos prévios e começa a ensinar. Quantas vezes nós deixamos que a urgência ou a impaciência mandem sobre nossa conduta? Quantas vezes não queremos mudar de planos para atender necessidades imediatas e imprevistas? Jesus dá-nos exemplo de flexibilidade, de modificar a programação prévia e de estar disponível para pessoas que o seguem.

O tempo passa depressa. Quando você ama é fácil que o tempo passe muito depressa. E Jesus, que ama muito, está explicando a doutrina de uma maneira prolongada. Estava ficando tarde, os discípulos lhe avisaram ao Mestre, lhes preocupa que a multidão possa comer. Então Jesus faz uma proposta incrível: «Vós mesmos, dai-lhes de comer» (Mc 6,37). Não somente lhe preocupa dar o alimento espiritual com seus ensinos, senão também o alimento do corpo. O discípulo põe dificuldades, que são reais, muito reais: Os pães custam muito dinheiro (cf. Mc 6,37). Veem as dificuldades materiais, mas seus olhos ainda não reconhecem que quem lhes fala o pode tudo; lhes falta fé.

Jesus não manda fazer uma fila; faz sentar às pessoas em grupos. Comunitariamente descansarão e compartilharão. Pediu aos discípulos a comida que levavam: somente são cinco pães e dois peixes. Jesus os pega, invoca a benza de Deus e os reparte. Uma comida tão escassa que servirá para alimentar milhares de homens e ainda restarão doze cestas. Milagre que prefigura o alimento espiritual da Eucaristia, Pão de vida que se estende gratuitamente a todos os povos da Terra para dar vida e vida eterna.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* Uma breve informação sobre o objetivo do Evangelho de Mateus. O Evangelho de Mateus foi escrito na segunda metade do primeiro século para animar as pequenas e frágeis comunidades de Judeus convertidos que vivam na região da Galileia e da Síria. Elas sofriam perseguições e ameaças da parte dos irmãos judeus pelo fato de aceitarem Jesus como messias e de acolherem os pagãos. Para fortalecê-las na fé, o evangelho de Mateus insiste em dizer que Jesus é realmente o Messias e que a salvação trazida por ele não é só para os judeus, mas para toda a humanidade. Logo no início do seu evangelho, na genealogia, Mateus já aponta para a vocação universal de Jesus, pois como “Filho de Abraão” (Mt 1, 1.17) ele será “fonte de bênção para todas as nações do mundo” (Gen. 12,3). Na visita dos magos, vindos do Oriente, ele sugere novamente que a salvação se dirige aos pagãos (Mt 2,1-12). No texto de evangelho de hoje, ele mostra como a luz que brilhou na “Galileia dos Gentios” brilha também fora das fronteiras de Israel, na Decápole e no além-Jordão (Mt 4,12-25). Mais adiante, no Sermão da Montanha, Jesus dirá que a vocação da comunidade cristã é ser “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-14) e pede amor aos inimigos (Mt 5,43-48). Jesus é o Servo de Deus que anuncia o direito às nações (Mt 12,18). Ajudado pela mulher Cananeia, o próprio Jesus ultrapassa as fronteiras da raça (Mt 15,21-28). Ultrapassa também as leis da pureza que impediam a abertura do Evangelho para os pagãos (Mt 15,1-20). E no final, quando Jesus envia seus discípulos a todas as Nações, fica ainda mais clara a universalidade da salvação (Mt 28,19-20). Da mesma maneira, as comunidades são chamadas a abrir-se para todos, sem excluir ninguém, pois todos são chamados a viver como filhos e filhas de Deus.

* O evangelho de hoje descreve como se iniciou esta missão universal. Foi a notícia da prisão de João Batista que levou Jesus a começar sua pregação. João tinha dito: "Arrependei-vos, porque o Reino de Deus está próximo!" (Mt 3,2). Por isso ele foi preso por Herodes. Quando Jesus soube que João foi preso, voltou para a Galileia anunciando a mesma mensagem: "Arrependei-vos, porque o Reino de Deus está próximo!" (Mt 4,17) Com outras palavras, desde o início, a pregação do evangelho trazia riscos, mas Jesus não recuou. Deste modo, Mateus anima as comunidades que estavam correndo os mesmos riscos de perseguição. E ele cita o texto de Isaías: "O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz!" Como Jesus, as comunidades são chamadas a ser "Luz dos povos".

* Jesus começa o anúncio da Boa Nova andando por toda a Galileia. Ele não fica parado, esperando que o povo chegue e vá até ele. Ele mesmo vai nas reuniões do povo, nas sinagogas, para anunciar sua mensagem. O povo leva a ele os doentes, os endemoniados, e Jesus acolhe a todos e os cura. Este serviço aos doentes faz parte da Boa Nova e revela ao povo a presença do Reino.

* Assim, a fama de Jesus se espalha por toda a região, atravessa as fronteiras da Galileia, penetra na Judeia, chega até Jerusalém, vai para o além Jordão e alcança a Síria e a Decápole. Era nestas mesmas regiões, que se encontravam as comunidades para as quais Mateus estava escrevendo o seu evangelho. Agora, elas ficam sabendo que, apesar de todas as dificuldades e riscos, elas já estão sendo essa luz que brilha nas trevas.

Para um confronto pessoal
1. Será que alguma luz se irradia de você para os outros?
2. Hoje, muitos se fecham na religião católica. Como viver hoje a universalidade da salvação?

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