quarta-feira, 22 de outubro de 2014

V Centenário Teresiano

TEMAS DE TEOLOGIA TERESIANA
CAPÍTULO I
A ORAÇÃO CRISTÃ, AMIZADE COM DEUS.
Frei Jesus Castellano Cervera, OCD

Doutrina e mensagem de santa Teresa
A oração é o carisma de Santa Teresa na Igreja, o seu ensinamento específico. O Papa Paulo VI confirmou-o ao conferir-lhe o título de Doutora da Igreja e ao motivar a atualidade da sua mensagem com estas palavras: “Ornada por este título magistral (queremos que) ela tenha uma missão mais abalizada a realizar, na sua Família religiosa e na Igreja orante e no mundo, com sua mensagem perene e presente: a mensagem da oração” (Insegnamenti de Paolo VI, VIII(1970), Roma, pág. 952)

Dizer que a oração é o carisma de Teresa na Igreja não significa somente afirmar que é uma sua especialidade, mas sim asserir que é este o dom de graça, o serviço eclesial, ontem e hoje.

Deve frisar-se, porém, que a oração cristã da qual Teresa possui a chave de compreensão é a pessoal, silenciosa, contemplativa, capaz de fazer a síntese da resposta total a Deus na vida cristã, ponto de convergência da totalidade da experiência religiosa em Cristo.

Como para outros setores da espiritualidade de Teresa, que ao mesmo tempo experiência e testemunho, uma tratação ampla do tema deve compreender: a experiência da oração, em todo o amplo arco da existência, como proposta nos seus livros; a doutrina ou síntese reflexa dada à sua experiência no contato com as fontes da revelação e o confronto com a teologia; a pedagogia, como iniciação prática, mistagógica, - à própria oração, às suas exigências morais e psicológicas, - à educação do seu crescimento, enquanto amadurecimento harmônico do cristão na sua reposta ao amor para com Deus. Não podemos obviamente desenvolver aqui um tema tão amplo. Remetemos a autores abalizados e recentes trabalhos sobre o argumento. Escolhemos, porém um método de exposição que na sua simplicidade possa colher a essência da mensagem teresiana, e a sua atualidade também para a Igreja de hoje. A respeito quero fazer duas breves anotações:

A primeira relativa ao sentido da oração como amizade com Deus. Sabe-se que Teresa usa emblematicamente esta categoria humana que é também uma categoria essência da revelação bíblica de Deus. Isto permite-nos oferecer com Teresa uma mensagem cristã com raízes antropológicas e com valor marcadamente bíblico que confere à doutrina teresiana amplo respiro de atualidade. A oração é assim colocada imediatamente em relação com a categoria fundamental do cristianismo que a caridade teologal, O discursos teresiano adquire assim altura teológica e remete a oração no lugar que lhe cabe no âmbito da fé e da teologia.

A segunda anotação é relativa à atualidade da mensagem. Hoje, afortunadamente, a oração é de extrema atualidade na Igreja e se está valorizando ao máximo a procura da oração contemplativa ou da contemplação cristã. Na síntese, arduamente procurada, especialmente depois do Concílio, de uma oração não alienante, fortemente personalizada e aberta ao empenho. Mira-se na coerência de valores e atitudes que componham a unidade da oração como polarização total para com Deus, plenitude de verdade no homem, capacidade de abertura e de empenho para com os outros. Pois bem, Teresa ensina propriamente este tipo de oração-vida, educa à contemplação em quanto atitude global de cristãos maduros que são “contemplativos” em sentido bem preciso (C 17-18).

Na atual variedade de expressões da oração pessoal, com perigosas gangorras entre a superficialidade emotiva e a busca da interioridade psicológica, Teresa que mira diretamente no Cristo como chave da oração cristã, nos oferece um ensinamento global, rico e aberto, com que fariam muito bem confrontar-se todas as experiências de orações hoje na Igreja, de modo especial no que se refere ao sentido de crescimento e de amadurecimento da experiência contemplativa, o empenho das obras e a unidade de vida do cristão.

Apresentamos a síntese da doutrina teresiana sobre a oração em dois momentos:
1) o conceito de oração como amizade com Deus e suas ressonâncias bíblicas.
2) o dinamismo da amizade com Deus por um caminho de oração.

I. O CONCEITO DE ORAÇÃO COMO AMIZADE COM DEUS E AS SUA RESSONÂNCIAS BÍBLICAS

1. Uma conhecida definição da oração cristã
Entre as muitas definições ou descrições da oração cristã oferecidas pelos tratados de vida espiritual, encontramos também a de Teresa no livro da sua Vida, 8,5. Embora não sendo tecnicamente uma definição, encerra em si uma série de elementos que a tornam extremamente interessante. Mas se não quisermos banalizar o conceito teresiano ou interpretá-lo subjetivamente, faz-se mister realizar uma simples exegese e exposição, partindo do texto original espanhol.

A. Um contexto importante
O contexto em que encontra inserida a definição da oração dada por Teresa é significativo.

No capítulo 7 da autobiografia Teresa descreveu com acentos dramáticos a sua situação de crise religiosa no Mosteiro da Encarnação; crise que tem por causa também a manutenção de amizades humanas que Deus reprova abertamente; mas paradoxalmente. Teresa afirma a sua solidão mais escura em nível de uma amizade espiritual que a reconduza sobre a reto caminho.

Entre amizade humana e a solidão espiritual, Teresa se mantém de pé com a praxe da oração; praxe aprendida de jovem, cultivada com amor, retribuída por Deus com graças interiores; mas a oração que passa pelos altos e baixos da sua vida espiritual; é abandonada durante um período de tempo, retomada penosamente durante um longo trato da vida, entre lutas e aridez. Mas na fidelidade à oração, à amizade com Deus está a chave do seu sucesso, a oportunidade de uma conservação como graça que lhe conferiu o próprio Cristo (V 9,1-2).

Neste preciso contexto, que preludia a narração da sua conversão. Teresa insere a apologia da oração na qual empenha o seu pessoal testemunho, dirige um convite premente, exprime a definição e as exigências desta oração de amizade, para desembocar finalmente numa oração dirigida a Deus. Eis o texto na tradução mais conhecida deste trecho de Teresa: “O bem que quem pratica a oração - refiro-me à oração mental - obtém já foi tratado por muitos santos e homens bons. Gloria a Deus por isso! Se assim não fosse, embora pouco humilde, eu não sou tão soberba que me atrevesse a falar disso.

Do que tenho experiência posso falar: quem começou a ter oração não deve deixá-la, por mais pecados que cometa. Com ela, terá como se recuperar e, sem ela, terá muito mais dificuldades. E que o demônio nunca tente ninguém como tentou a mim, levando-me a abandonar a oração por humildade; creiam-me que as palavras do Senhor não hão de faltar se nos arrependermos de verdade e tivermos o firme propósito de não mais a ofendê-Lo; nesse caso, Ele nos recebe com a mesma amizade, concedendo-nos as mesmas graças de antes e, à vezes, se o arrependimento fizer jus, muitas mais.

Por isso, peço aos que ainda não começaram que, por amor a Deus, não se privem de tanto bem. Não há o que temer, mas o que desejar. Porque, mesmo que não vá adiante nem se esforce pela perfeição, a ponto de merecer os gostos e os regalos que Deus dá aos perfeitos, ao menos irá conhecendo o caminho que leva ao céu. Se perseverar, tudo espero da misericórdia de Deus, pois ninguém fez amizade com Ele em vão, visto que a oração mental nada é para mim senão um relacionamento íntimo de amizade, um frequente entretimento a sós com Aquele que sabemos nos ama.

E se ainda não o amais (porque, para que o amor seja verdadeiro e duradouro a amizade, deve haver compatibilidade; o Senhor exige, como se sabe, que não se cometam faltas, que se seja perfeito; nós no entanto, somos viciosos, sensuais e ingratos, não podeis vós mesmos chegar a amá-Lo, porque não é de vossa condição” V 8,5). Notar-se-á que a definição teresiana veio à pena da autora quase iluminada pela palavra “Amigo” aplicada ao Senhor. O primeiro editor espanhol, Frei Luís de León, quis encher o espaço deixado no texto original: “ninguém fez amizade com Ele...” com as palavras sem dele obter grande recompensa. Estas últimas palavras estão sobrando. É a palavra “Amigo” que faz fluir a pena de Teresa para expressar os seu noto conceito.

Este texto tem a vantagem de sintetizar uma experiência de oração cujas derivações encontram-se coerentemente em todos os livros teresianos. Vale a pena portanto, antes de passar a analisar alguns valores originais, fazer uma simples exegese dos termos.

B. Uma análise literal
- “Tratar de amizade”. Teresa define a oração com um termo bastante longo como o de trato, amizade, ou mais concretamente com “ser amigos”, ter uma relação de amizade. Ser orantes e ser amigos de Deus. Privilegia a situação, a atitude global da vida antes de descer ao concreto “entreter-se” que supõe esta amizade. Nesta acentuação há o desejo de falar de uma vida mais que de um momento, de uma condição permanente de relação com Deus mais do que de um ato concreto de oração.

- “Estando tratando”. Na repetição teresiana, corrente em seu modo de escrever, temos a coerência de uma amizade marcada por momentos concretos em que os amigos se encontram e conversam; se é verdade que não existe verdadeira amizade se esta não é atitude duradoura, é também verdade, como observa com perspicácia Teresa, que “também a relação de parentesco e de amizade desaparece com a falta de comunicação” (C 26,10).

Os dois polos da amizade são mencionados para estabelecer dois polos da oração: a oração-vida que supõe um relacionamento constante com Deus, e a oração-exercício que requer tempos oportunos dedicados a esta experiência de encontro, de escuta e de diálogo.

- “Muchas veces”. Muitas vezes, com frequência. À oração com exercício Teresa atribui a necessária frequência, perseverança que é índice de fidelidade e de contínuo crescimento no amor: tempos longos, fortes, para uma realidade destinada a crescer dinamicamente até tornar-se uma história de amizade que requer constante verificação.

- “A solas”. Na solidão, mais do que “a sós”, segundo o texto espanhol. É claro que esta solidão requer o espaço do silêncio interior para escutar e falar. A solidão então é exigida como uma necessidade de concentração para ser num relacionamento vital com Deus; mas também como necessidade de fazer calar quanto impede a consciência e a revelação da presença de Deus. Mas, deve notar-se, contra toda acusação de intimismo, a motivação dada por Teresa para este “a solas” da oração, não podia ser mais valioso: “porque assim fazia o Senhor quando rezava, e não porque tivesse necessidade, mas para nosso ensinamento” (C 24,4).

Vê-se que Teresa meditou frequentemente sobre a oração silenciosa e solitária de Jesus, recordada pelos evangelistas, de modo que apresenta o Cristo como modelo da oração; mas subjaz também na motivação teresiana outro ensinamento de Jesus: “Sabeis que sua Majestade nos ensina a orar em solidão” (Ibi), fazendo referimento ao claro conselho sobre a oração “no quarto e em segredo”, conforme a terminologia de Mt 6,6.. Mas a própria Teresa relativiza este princípio quando escreve: “Seria bem duro se somente nos esconderijos se pudesse fazer oração...” (F 5,16); a motivação é simples: “o verdadeiro amante nunca para de amar e pensa sempre no Amado” (ibi). Teresa oferece também outros conselhos para uma oração encarnada nas situações da vida (C 29,5); no meio das dificuldades do sofrimento e da doença (V7,12). Ademais, deve confirmar-se contra toda a acusação de intimismo, Teresa coloca sempre como verificação da oração o amor aos irmãos e o serviço a eles, até experimentar que na oração a solidão se cumula de presenças e a alma é impulsionada a deixar a Deus pelo próximo (Exclamação 2).

- “Con quien sabemos nos ama”. Com Deus, isto é, que conhecemos e sabemos ser nosso amigo, numa ativa e sempre viva comunicação de amor. Nesta palavra está o segredo da oração: cientes de que Deus nos ama, fé em Deus que é nosso amigo. A oração então repropõe o diálogo de amor da revelação e torna-se também resposta. É diálogo, mas enquanto é o homem que deve responder a um amor que se manifestou. Um “sabemos” que é experiencial mas que depende em definitiva da revelação através da qual nós “sabemos e cremos” no amor que Deus tem por nós. Indiretamente, isto supõe que a oração cristã, como frisa Teresa, nasce da escuta da palavra, da revelação de Deus realizada em Jesus Cristo e que se torna pela própria oração evento e experiência de fé. Na oração se colhe pessoalmente o sentido da revelação como “história de Salvação e de comunhão” do Deus que é Amigo dos homens.

2. Alguns traços característicos da oração

A. Amizade: experiência humana, revelação divina
Na definição da oração Santa Teresa sintetizou a sua experiência humana e acolheu a revelação divina de Deus amor.

- A amizade humana de Teresa está na base de uma compreensão da revelação e da oração. Teresa sempre foi grande amiga; os primeiros capítulos da sua autobiografia revelam uma pessoa que desde o início amou e foi amada, doou e acolheu a amizade. Capacidade esta que foi pouco a pouco se desenvolvendo nos momentos fortes e sentidos de conversação e de comunicação, palavra chave do vocabulário teresiano da amizade. Escuta e participação, vibração da sensibilidade e do coração que conduziu Teresa à beira do abismo. Experiência de dor e de sofrimento. Uma amizade que somente em Cristo encontrou o equilíbrio, quando este ocupou definitivamente o centro afetivo do seu ser, libertando-a afetivamente e libertando nela positivamente toda a carga humana e a capacidade de dom (V 24,5-7; 37,4-6). Pode dizer-se que a experiência teresiana da amizade, purificada pela conversão e passada por uma autêntica ressurreição, foi assumida pela graça na bagagem das experiências cristãs da nossa Santa como uma espécie de “preambula amoris” (preâmbulos do amor) que lhe permitem colher o sentido mesmo da caridade para com Deus e para com o próximo como uma relação de amizade. Amar a Deus é ser amigos de Deus; amar o próximo e levar a caridade à concretude e a intimidade da amizade (C 4-7; 5M 3).

É curioso notar que na pedagogia da oração Teresa assumiu, como princípios teológicos, observações de tipo psicológico-humano, brotadas da sua experiência de amizade. Referimos somente alguns:

- O princípio da identificação: “Para que o amor seja verdadeiro e amizade duradoura ocorre paridade de condições”, ou melhor uma combinação e semelhança de caracteres (V 8,5). É o princípio da amizade que, ou encontra semelhantes os amigos, ou os torna semelhantes pela comunicação; Teresa aplicará este princípio à necessidade de nos tornarmos da mesma condição de Deus.

- O princípio da frequência da comunhão: “Parentesco e amizade se perdem com a falta de comunicação” (C 26,10). Observação psicológica que Teresa aplica à oração que deve ser frequente para que Deus não se torne para nos uma pessoa distante e estranha à nossa experiência.

- A força do olhar na comunhão dos amigos: “Não parece que nos escutam os homens quando falamos com eles se não vemos que nos olham” (CE 29,5; C 29,5 em nota). Finíssima observação que revela em Teresa uma atenta amiga que fala face a face com os amigos e consegue valorizar ao máximo também para a oração a força do olhar como forma de comunhão. Devemos olhar para Deus, se cremos escutar sua palavra; mas também Deus deve olhar-nos, se é verdade que nos ama e nos escuta.

- A importância do amor para qualquer relação de amizade: “Não é pequeno dom para o discípulo saber que o mestre lhe quer bem” (C 26,10). Norma sábia da pedagogia, convicção profunda com que Teresa convida a colher e a escutar todo o ensinamento de Jesus sobre a oração.

- A necessidade de sinceridade nas relações e dom do juízo dos outros: “Ninguém nos conhece melhor do que os que convivem conosco, se têm para conosco uma atitude de amor e um desejo de nos fazer o bem (V 17,7). É o princípio da correção mútua na caridade que Teresa sabe aplicar a Deus na oração que de modo implacável e “terrível” trata os seus amigos.

Poderiam multiplicar-se os exemplos. Baste a tomada de consciência sobre um princípio: na amizade humana Teresa pode colher o sentido da amizade divina; mas a experiência de Deus Amigo superou a experiência e expectativa da amizade humana. Coerentemente, Teresa vê a sua existência como uma experiência de um Deus Amigo que lhe veio ao encontro, desde os primeiros anos da sua vida, que não a abandonou nas crises da vida religiosa, que se lhe mostrou “amigo fiel” até as mais imprevisíveis graças místicas. A oração é portanto para Teresa a experiência deste amor preveniente de Deus “por quem sabemos ser amados”. Toda a autobiografia teresiana, das primeiras páginas do prólogo às últimas do epílogo, constitui testemunho prestado a este Deus que ama sem medidas. Pode afirmar-se que a oração para santa Teresa é o âmbito onde se colhe ao vivo o sentido da revelação de Deus como comunhão e comunicação, graça, aliança, amizade. Portanto é na oração que se sintetiza de algum modo a história da salvação individual, pessoal, e onde, como num cruzamento, convergem todas as experiências pessoais à luz do Deus Amor.

B. Personalismo e afetividade
Notou-se que o conceito teresiano de oração acentua estes dois aspectos, assumindo uma fisionomia característica nas muitas definições da oração dadas ao longo da história.
No personalismo Teresa coloca em realce o encontro de Deus com o homem, onde prevalece a atenção das pessoas mais do que as coisas a serem ditas ou as atitudes para expressar. Diz-se que em Teresa é mais importante a relação de amizade como encontro pessoal que a “elevatio mentis in Deum” e a “petítio decentium a Deo” que caracteriza outras definições.

Mas não se pode esquecer que também a definição teresiana encontra ressonâncias na
Tradição da Igreja, na teologia de Clemente Alexandrino sobre a oração do amigo de Deus: “O homem espiritual frequenta a Deus como um amigo íntimo, coração a coração...” (Stromata VII PG 9,44). São João Crisóstomo escreve: “A oração ou diálogo com Deus é um bem sumo. É de fato uma comunhão íntima com Deus...” (Homilia sobre a oração, 6: PG 64,462). Gosto de frisar esta afinidade com Clemente e especialmente como Crisóstomo, um padre da Igreja que

Teresa amou particularmente e de quem recolheu algumas anotações de leitura nos últimos anos de sua vida.

Toda a pedagogia teresiana da oração indicará o caminho rumo ao encontro pessoal, profundo, não superficial, sincero, no qual depois fluirão consequentemente todas as formas do relacionamento de amizade, as atitudes orantes, semelhantes à da oração bíblica, amplamente documentada em todas as páginas teresianas: louvor, bênção, agradecimento, confissão arrependimento, intercessão. E neste encontro tudo se tornará ocasião de relacionamento, as coisas de Deus e as do homem. Garantido o fluxo do amor, tudo poderá ser expressão de amizade: o estar, o olhar, a escuta, a presença silenciosa, o grito espontâneo, o caminhar na presença de Deus, o trabalhar sentindo-se na companhia do Senhor que, como ensina Teresa, “também entre as panelas da cozinha está presente a nós, ajudando-nos interiormente e exteriormente” (F 5,8).

- Na acentuação afetiva, Teresa ensina que a oração é um “negócio do coração”; não tanto da sensibilidade quanto da vontade. Ela privilegia o coração sobre o intelecto, o recolhimento sobre a meditação, o olhar cheio de amor mais do que as considerações que correm o risco de “por de pernas para o ar a retórica”. Educa ao amor na oração vocal, convicta como está de que na oração, como na vida, o que importa é o amor; é um axioma, várias vezes repetido: “não está a coisa no muito pensar, mas no muito amar”; um amor que se traduz em atitudes de busca da vontade de Deus, de serviço na justiça, de amor e atividade pela Igreja, de dom de si no amor do próximo,

É acentuada também a gratuidade da oração, que não deve jamais ser interessada, mas totalmente dirigia a Deus e aos seus interesses, à sua vontade por nós.

Obviamente não se nega mas se subordina o conhecimento ao amor, a meditação à contemplação, o pensar ao amar, o intelecto à vontade. Mas na experiência afetiva da oração nasce o verdadeiro conhecimento de um Deus que se revela e fala ao coração do homem. A riqueza do conhecimento de Deus é amplamente documentada ao longo de todos os seus livros. Do encontro pessoal brotou a mais plena revelação de Deus, o mais humilde e sincero conhecimento do homem, no socrático “conhece a ti mesmo” que Teresa traduz como conhecimento de si para ser na verdade-humildade (1M 2,8; 6M 10,7).

3. Ressonâncias bíblicas da oração teresiana
A atualidade da mensagem teresiana sobre a oração deriva da sua forte raiz bíblica que hoje se coloca muito em relevo nos estudos da sua doutrina. Por isso quero colher algumas acentuações ou ressonâncias bíblicas que estão à base do conceito de oração que expusemos.

A. Uma ressonância global: o Deus Amigo revelado em Cristo
No centro da oração teresiana esta a revelação fundamental do N.T.: “Deus é amor” (1Jo
4,16); que Teresa traduz concretamente com a expressão: “Deus é Amigo”; ou melhor: “Deus é-nos Amigo”. Resumindo de fato as motivações do colóquio com Deus em plena familiaridade, recorda os títulos com que se reveste o amor de Deus na revelação: “Conversem com Ele como se fala com um Pai, como com um Irmão, como com um Senhor, como com um Esposo” (C 28,3). Captam-se aqui os acentos da condescendência de Deus, tão queridos à Santa; do Deus que tem suas delícias com os filhos dos homens ou que fala como os homens como com amigos e se entretém com eles” (Cfr. Prov 8,31; Bar 3,38; Ex 33,11); é a mesma revelação de Jesus: “Não vos chama mais servos mas amigos” (cfr. Jo 15,14-15). Teresa falará de comunhão e de conversa com Deus (1M 1,3.6). Mas não se pode esquecer que no próprio centro da oração teresiana se encontra a relação de filiação, expresso por Cristo na invocação inicial do Pai nosso e que Teresa comenta com fortes acentuações bíblicas, até envolver na oração, em dimensão trinitária, o Pai, o Filho e o Espírito Santo (C 27,7). Pressuposta a iniciativa de Deus, ‘por quem sabemos ser amados’, a oração teresiana é vista como uma resposta ao amor, uma acentuação do diálogo no qual Deus tem a iniciativa.

Podem assim captar-se as sintonia da oração teresiana com as que foram definidas as “leis estruturais do diálogo com Deus” na Bíblia, estabelecendo, apesar das críticas de intimismo feitas à oração teresiana, uma perfeita sintonia entre a oração bíblica e a oração teresiana, caracterizada esta pela relação de amizade com todas as suas consequências.

A atualidade desta colocação da relação com Deus na existência cristã, e portanto na oração, foi colocada em realce também pelo teólogo evangélico J. Moltmann que insiste na oportunidade de apresentar a categoria bíblica do Deus Amigo dos homens e da oração como relação de amizade com este Deus que se aproxima do homem. Escreve Moltmann: “A comunhão que Jesus traz aos homens e a comunhão entre os homens a que nos convida apareceriam unilaterais no caso em que não recorrêssemos, para descrevê-las, a outro título que ilustra o íntimo relacionamento existente seja na comunhão com Deus seja na comunhão com os homens. E este título é o de amigo” (Iv. pág. 158); e conclui: De Santo Ambrósio, Agostinho até Tomás de Aquino o amor cristão foi sempre qualificado em termos de amizade: amor é a amizade do homem com Deus e com todas as suas criaturas” (J. MOLTMANN. A Igreja na força do Espírito, Brescia, Queriniana 1976, pg 158-166).

Nesta linha coloca-se toda a teologia teresiana. O teólogo evangélico demonstrou toda a sua simpatia por Teresa e confirmou a sua ideia de centralidade do tema da amizade com Deus, na sua teologia.

B. Uma ressonância específica: a oração de Cristo
Como já relevamos, os olhos de Teresa estão fixos em Cristo quando recomenda reza na solidão, pois este conselho nasce do seu ensinamento específico sobre a oração (cfr. Mt 6,6) e do seu exemplo de rezar em lugares solitários e desertos, como testemunham os evangelistas (cfr. Mc 1,35; 6,46; Lc 1,1). É a essa oração de Jesus, pessoal, silenciosa, prolongada, solitária que remete em primeira instância o ensinamento específico de Teresa, até poder encontrar uma secreta sintonia entre o que Teresa diz sobre a oração e o que Jesus fazia quando orava, dirigindo-se com confiança ao Pai: estar em comunhão de amor, entretendo-se muitas vezes, na solidão, com Aquele pelo qual sabia de ser amado, o Pai. De fato, na sua exposição sobre a oração Teresa não substitui o Mestre da oração, mas o indica “único Mestre e Modelo”. Na sua explicação do Pai nosso, apoia-se no ensinamento fundamental de Jesus, acolhe cada palavra do ensinamento do Mestre como brota atualmente “daquela boca divina”, e interpreta as petições do Pai-nosso como oração do próprio Cristo, dirigida em nome nosso ao Pai (C 27).

C. Uma premissa necessária: orar na verdade
Na relação de amizade com Deus que é a oração, Teresa frisa frequentemente a necessidade absoluta de orar na verdade que brota do conhecimento de si, na radical humildade que é caminho na verdade, partindo do conhecimento de si e do abismo que nos separa de Deus. No contexto mesmo da definição da oração tinha escrito: “Sim, para que o amor seja verdadeiro e a amizade duradoura, é necessário que haja igualdade de condições, mas nós sabemos que enquanto nosso Senhor não pode ter algum defeito, nós somos viciosos, sensuais e ingratos, e por isso não podemos amá-Lo como ele merece.

Todavia considerando quanto vos seja vantajoso tê-lo por amigo e quanto ele vos ame, suportai também a pena de estar demoradamente com quem sentis tão diferente de vós” (V 8,5). Na humildade e na conversão está a contínua oportunidade de estabelecer o relacionamento justo com Deus na verdade. Por isso Teresa indica com frequência no publicano da parábola sobre a verdadeira oração o modelo do verdadeiro orante (V 15,19; C 31,6; 7M 3,14).

D. Um convicção básica: Deus presente
O tema da presença de Deus no homem, o conceito antropológico de templo de Deus e de morada de Deus, são essenciais na teologia da oração segundo Santa Teresa. Do viver na presença do Senhor ao procurá-Lo nas mediações em que se revela a sua presença; de uma imagem da natureza até o mistério da inabitação da Trindade no coração do cristão que vive na graça, temos toda uma série de motivações que provocam a possibilidade e a necessidade de uma resposta de amizade a um Deus Amigo e presente. Santa Teresa desenvolveu este grande tema bíblico da presença de Jahvé aplicando-a a uma pedagogia concreta da oração-amizade que é a oração de recolhimento. E propôs no livro das Moradas o longo caminho de interiorização que vai da presença de Deus no homem à presença do homem em Deus (CI 1M 1,1). A presença torna a amizade uma relação imediata, possível sempre, e o diálogo um fácil e suave entrar em si mesmo no meio das ocupações.

O Deus amigo é também o Deus próximo da Bíblia, a comunhão e a aliança são correlativas à presença e à “morada” de Deus no coração do homem... Teresa entenderá a oração também como este “entrar em si mesmos”, no castelo da própria alma, através da porta da oração, como exigência fundamental do encontro pessoal com Deus.

Essas simples observações “atualizadoras” da mensagem teresiana permitem-nos concluir com duas alusões à doutrina do Vaticano II que tornaram muito interessantes em nível de teologia e de catequese, de espiritualidade e também de antropologia cristã, a mensagem teresiano sobre a oração.

A primeira é o princípio antropológico: o homem encontra a razão mais alta da sua dignidade na vocação à comunhão com Deus (GS 19). A mensagem teresiana quer abrir o homem a esta sublime dignidade.

A segunda é a importância do conceito de revelação como manifestação de Deus ao homem (DV 2 e 5). A oração teresiana, como forma global de resposta, quer colocar em realce como a acolhida pessoal da revelação da salvação e a sua história passem necessariamente por uma relação de amizade: a oração-vida.

II. O DINAMISMO DA AMIZADE COM DEUS POR UM CAMINHO DE ORAÇÃO

O conceito de oração proposto por Teresa é rico e dinâmico como a amizade mesma de Deus; abre as portas a uma aventura, a um caminho que deve ser percorrido junto com Deus, ao desenvolver-se de uma história de salvação que é, como foi escrito, com sentido pessoal e dinâmico, “uma história de amizade”.

Procuramos evidenciar alguns traços característicos da oração teresiana, partindo da categoria da amizade ou encontro, com estes qualificativos que servem para sintetizar muito bem toda a experiência e doutrina teresiana sobre a oração: encontro interpessoal, teologal, dinâmico, transformante.

1. Encontro interpessoal
À oração Teresa de Jesus confere o sentido personalista do encontro com o outro, aprendido na escola da amizade humana mas aperfeiçoada ainda na escola da amizade divina.

Na doutrina e na pedagogia da oração Teresa põe o acento sobre as pessoas e sobre o relacionamento que nasce do estar com, da procura da presença e da atenção ao interlocutor.

Instintivamente foi levada a procurar em Cristo o rosto amigo do Deus da revelação e a rejeitar métodos e propostas de oração evanescentes que podiam fazer naufragar a certeza de um encontro com o Outro.

Também para a oração vocal, o primeiro conselho será o da consciência de saber com quem falamos e que é Deus a quem nos dirigimos; primeira das fórmulas, a vida; primeira das orações, a oração como relacionamento pessoal. É a necessária passagem da oração vocal à mental (C 22-23).

Isso eleva o valor do estar com Deus na oração até e um novo parâmetro para julgar o valor desta atenção do coração, também quando as distrações parecem comprometer a beleza do encontro com Deus. Estar na presença de Deus, mesmo em meio às distrações, quando é o coração que o quer, faz sempre bem; e Deus aceita de bom grado (2M 1,2; 7M 4,10).

Na emergência das pessoas faz-se mister uma confrontação na verdade. Para o homem é a capacidade de ser verdadeiro diante de Deus, de partir humildemente do conhecimento de si, e de deixar-se iluminar na luz de Deus para compreender finalmente a sua vocação e o seu destino juntamente com a sua realidade atual. Nesta operação de verdade, Deus é implacável; e a oração torna-se, pela luz que Deus projeta sobre o homem, o cadinho de um conhecimento de si que desengonça o homem, cava também os estrados mais subtilmente escondidos, purifica os mais leves traços do pecado. A oração é um caminho do conhecimento de si, provocado por Deus que é Amigo na verdade e leva o homem até as mais profundas confrontações com a sua realidade diante de Deus.

Na fidelidade a esta operação-verdade, a esperança de um verdadeiro caminho de amizade.

A experiência teresiana da oração, narrada no livro da Vida, tem no livro das Moradas a correspondência deste caminho do homem que se realiza na medida em que acolhe a força do tu revelador de Deus que o acompanha na verificação de si, como acontece por exemplos nas terceiras moradas do Castelo Interior. Uma bela oração teresiana, no ponto crucial das terceiras moradas, indica bem a necessidade extrema de verdade que prova o homem diante da implacável purificação de Deus: “Prova-nos, tu Senhor, que conheces as (nossas) verdades, para que nos conheçamos verdadeiramente” (3M 1,9). Mas o dom da amizade de Deus é o progressivo manifestar-se e doar-se da sua pessoa; é a irrupção de Deus como pessoa que provoca e realiza o encontro interpessoal através da progressiva revelação de tudo o que ele é.

Na autobiografia teresiana pode seguir-se este caminho de revelação e dom com que Deus se manifesta em Cristo, revela o mistério da Igreja a Teresa, a introduz ativamente na aventura da salvação. Mas também fora da experiência, propriamente mística, a oração gera um desejo de conhecimento de Deus, um amor grande por sua palavra, uma necessidade de penetrar nos mistérios de Deus que se vai desenvolvendo numa penetração sapiencial da revelação. Cresce, portanto o conhecimento mútuo entre Deus e o homem no relacionamento da amizade. Ao ser, pois, um encontro interpessoal que não comporta somente conhecimento mas também dom recíproco a oração desenvolve ao máximo o dinamismo da doação pessoal, da procura da vontade de Deus. É um axioma teresiano, diversas vezes repetido, que “Deus não se doa completamente enquanto nós não nos doamos totalmente a Deus” (C 28,12; 5M1,3). Põe-se em movimento com a oração o desejo do encontro-dom, de render-se diante de Deus e às suas exigências. Mas tudo se transforma em preparação ou disposição para que se possa realizar em plenitude o dom total de Deus ao homem através de um lento caminho de revelação. No dom de Deus interior, transformante, fortificante, a manifestação de si até a revelação do próprio Deus no mistério da Trindade; a penetração da comunicação de Deus no homem é extremamente dolorosa, purificadora, faz ranger até as engrenagens da psique humana, como nas purificações, iluminações e êxtases das sextas Moradas; mas uma comunicação conformante à imagem de Cristo (7M 4,4 e ss.).

Na teologia da oração como encontro pessoal, Teresa parte de uma premissa de base: a iniciativa da amizade é de Deus. Procuramos aquele que nos procura, fitamos aquele que nos guarda, encontramos aquele que já está presente a nós por seu amor. A oração torna-se assim uma resposta pessoal a Deus que se revela e se doa em Cristo. O caminho da oração será por sua vez a progressiva e dinâmica resposta de Deus ao homem que se insere na história da sua amizade.

2. Encontro teologal
Na perspectiva de nossa explicação da oração teresiana, esta não é uma ocupação marginal, mas um ponto de convergência da própria experiência cristã. Quis ver-se na própria definição as ressonâncias implícitas de um encontro plenamente teologal; a oração torna-se então o exercício da fé, da esperança e da caridade, e portanto um momento qualificado de vida teologal e fator de crescimento nas virtudes teologais. A forma mais autêntica para qualificar a oração é próprio a de carregá-la, para poder depois qualificar na verdade, de energias teologais, para ser vida cristã em ato e em dinamismo.

Essas ressonâncias, sem dúvida se encontram na oração teresiana.
- Um encontro de fé que faz crescer a fé. Para Teresa é essencial na oração dirigir-se ao Deus que “sabemos” nos ama. Nesse sabemos está a densidade da fé que nasce da palavra e se consolida na progressiva experiência cristã da oração; um movimento de adesão na fé, mesmo nas escuridões das ausências de Deus, na apaixonada procura de muitos anos de aridez, na fiel expectativa daquele que crê no amor de Deus. E com a adesão da fé o seu crescimento, numa procura mais profunda da revelação de Deus na Escritura, num apego mais radical à fé da Igreja. Uma fé, enfim, que dirigida a Deus torna-se contínua confissão das maravilhas que Ele cumpre e estupor que admite que Deus pode cumprir coisas ainda maiores (7M 1,1).

- Uma experiência de pobreza na esperança. Igualmente, na oração teresiana, há o sentido da esperança que nasce da pobreza e da inadequação: “suportar também a pena de estar demoradamente com alguém que sentis tão diferente de vós” (V 8,5). O “saber que Deus nos ama” gera o movimento da esperança, convalidado em Teresa pela constatação que Deus a esperou por tanto tempo sem por isso ficar cansado com ela (Exclamação 4; V 14,10.12). Assim a oração alimenta a esperança e a fortalece em diferentes níveis: confiança em Deus aumentada pela experiência de sua misericórdia; audácia que ousa esperar tudo de Deus, até a recuperação do tempo perdido; desejo irrefreável de ver a Deus que desencadeia o sentido escatológico da vida cristã, tencionada ao encontro definitivo com Cristo de quem a oração faz pré-saborear a certeza e desejar a estabilidade (5M 2,8-14). Mas na oração se forja a esperança ativa que é desejo de servir, como forma concreta de aguardar o Reino e trabalhar por Cristo.

- Um crescimento no amor de Deus e do próximo. A oração teresiana, nós o vimos, por seu caráter afetivo privilegia o aspecto do amor como atitude da vontade. Na amizade divina a caridade teologal coloca-se como resposta do homem a Deus que é seu Amigo. Mas a oração que é alicerçada sobre o “muito amar” faz crescer a própria experiência do amor de Deus. A experiência concreta que Teresa faz na sua vida: primeira é a libertação afetiva que a torna capaz de concentrar todas as suas energias em Deus, depois o crescimento da caridade no seu coração, pela efusão do Espírito Santo como consequência do encontro com Cristo. Mas paralelamente desenvolvem-se as ânsias de servir o Senhor, concentra-se a atenção sobre a Igreja, dilata-se a capacidade de amar o próximo. Na oração cresce a caridade que se concentra no amor dos irmãos até o esquecimento de si, até deixar o Deus da oração pelo Deus que está presente e é servido nos irmãos (C 17,5-7; 7M 3 e 4).

3. Um encontro dinâmico
A amizade é uma relação dinâmica, aberta a uma evolução e a uma história. Quando é Deus que faz amizade, supõe-se que seja Ele quem abre as estradas deste caminho e trace as etapas desta história de salvação. Um Deus inesgotável, perene novidade, - e um homem aberto ao dinamismo desta aventura. A oração teresiana como experiência está toda marcada pelo dinamismo da divina amizade. Teresa, após tantas resistências, inicia a sua marcha rumo ao infinito. O dinamismo, ou, se queremos, a historização salvífica da sua experiência de vida cristã é tão evidente que todos os seus livros, testemunho e mensagem de oração, tem irrefreável força dinâmica.

- O livro da Vida enquanto relata a sua experiência, testemunha a força dinâmica do encontro com Cristo na oração. Abre-se para Teresa uma aventura de etapas imprevisíveis e de crescente comunicação com Deus. A nível doutrinal o dinamismo da oração é expresso com o pequeno tratado sobre a oração, baseado sobre a imagem do horto ou do jardim do Senhor no qual crescem as flores das virtudes desde o contato com a água viva haurida na oração. As quatro formas de irrigar o horto-paraíso do Senhor marcam a progressividade metódica e a eficácia crescente da comunicação de Deus: a água haurida fadigosamente de um poço; água metodicamente haurida com a ajuda de uma nora; água viva que vem da torrente, suavemente endereçada a irrigar o horto; água abundante da chuva que embebe toda a terra e a torna fecunda (V 11-21). Na imagem literária resplandece a experiência do dinamismo da oração.

No Caminho de perfeição coloca em realce o dinamismo metódico da oração que de oração vocal torna-se meditação, recolhimento, quietude. É o caminho rumo à água viva que Teresa ousadamente propõe a todos em nome de Cristo (C 19,21). Ma na explicação do Pai nosso como método e conteúdos da oração cristã, temos todo o dinamismo original da exegese teresiana: da soleira da oração cristã que é a graça da filiação divina (Pai nosso!), ao termo da vida cristã que é a escatologia: o desejo de morar junto de Deus na glória, já libertados de todo o mal (livra-nos de todo o mal!). E neste dinamismo um caminho rumo à interioridade onde finalmente o homem se dobra amorosamente à vontade de Deus (Seja feita a tua vontade!), e um caminho rumo ao irmão, até o amor misericordioso no perdão das ofensas e uma vida marcada pelo amor e pelo temor de Deus.

O Castelo Interior marca a progressividade da oração e da vida cristã na síntese melhor lograda. Há dinamismo na própria elaboração da teologia do Castelo Interior que parte de três conceitos chaves da teologia bíblica: o homem criado a imagem e semelhança de Deus, o homem templo e morda de Deus, o homem aberto e chamado à comunicação com Deus. Na tensão entre a vocação do homem expressa nesses conceitos e a sua realidade radical de pecado (é esta a elaboração apresentada nos capítulos 1 e 2 das primeiras Moradas), o caminho da vida cristã alcança a imagem ideal de cristão; à oração é confiado este processo de crescimento e de realização do homem, tendo chegado às sétimas Moradas, será perfeita imagem e semelhança de Deus em Cristo, com o os santos; viverá então em Deus, como na sua mais verdadeira morada; terá total comunhão com Deus no mistério da Trindade (7M 1-4). Eis em síntese a proposta teresiana da oração no seu desenvolver-se.

Podemos ilustrar também este dinamismo da oração de outro ponto de vista. Inspirando-nos no texto da Carta aos Efésios 5,13 podemos dizer que a oração de Santa Teresa atingiu as quatro dimensões do amor de Cristo. E nestas quatro dimensões pode operar-se um dinamismo crescente da amizade divina.

- Crescimento em cumprimento: a oração é caminho de crescimento cristão. Teresa assinala as etapas: luta, provações, graça, união com Deus que se desenvolve até a transformação. Um percurso linear que se cumpre com a oração, na qual e deve verificar as etapas do caminho conforme as exigências de Deus. A vida de oração torna-se caminho de maturidade cristã. É este um ensinamento característico de Santa Teresa, mestre em descrever estes passos sucessivos da experiência de Deus, como faz magistralmente no Castelo Interior.

- Abertura em largura: na oração, conforme a experiência teresiana, existe a capacidade de uma abertura de horizontes, de ampla compreensão da realidade da Igreja, de inserção na história. No mesmo ritmo abrem-se na oração teresiana, como: em círculos concêntricos as realidades que constituem os interesses de Deus: na oração a sensibilidade e a capacidade de abraçá-los como motivação à santidade e empenho de intercessão. O olhar torna-se universal, o amor ecumênico (5M 2,10).

- Penetração em profundidade: o dinamismo da oração tem também no ensinamento de
Santa Teresa um típico aspecto de “psicologia cristã” na percepção do homem interior e das suas possibilidades, dos seus abismos onde Deus está presente e se doa, da progressiva integração e sanação que na oração alcança o homem espiritual. A interioridade é característica da oração teresiana: o entrar dento de si mesmos, a premissa para conduzir-nos ao nosso centro de gravidade. A oração é também, mas não exclusivamente, este caminho rumo ao profundo, através simplificações da oração e forças interiorizantes da graça, até o encontro, no mais profundo de nós mesmos, da realidade que sustenta a nossa existência, até a morada onde habita Deus. O caminho rumo a este encontro interior é equilibrado no pensamento teresiano por um constate referimento ao exterior, numa harmonia de introversão e extroversão, e por uma unidade de vida que recolhe a nativa dispersão numa forte unidade espiritual e psicológica (7M 2,10-14; 4,10-11).

- Elevação para as realidades sobrenaturais: através da oração, ou por experiência mística ou por sensibilidade de fé, alcança-se o sublime conhecimento do mundo sobrenatural. Teresa aparece nos seus escritos como uma cosmonauta do Espírito, que gira ao redor da órbita de Deus, é testemunha do mistério e contempla, das alturas sublimes de Deus, as realidades deste mundo. A narração das graças místicas do Livro da Vida são o testemunho deste desabrochar-se diante de seus olhos do vasto mundo sobrenatural: Deus, Cristo, a Igreja, os santos... Vê tudo do alto, como uma cosmonauta do espírito (V 40,21-22).

Se é verdade que nem todos são chamados a este dinamismo da oração, é todavia verdadeiro que em certa medida e analogia o dinamismo da amizade com Deus conduz a ser participantes destas dimensões da experiência cristã. A oração, para ser autêntica, deve, portanto, ser capaz de inserir-se no vasto dinamismo de Deus que atua na história e deve oferecer à verificação do relacionamento com Deus a real densidade de uma existência que vive a história dos homens que é história de Deus. Em Teresa de Jesus encontramos o exemplo e o ensinamento deste dinamismo da oração-vida.

4. Um encontro transformante
Na apologia da oração, citada no início do nosso trabalho, há uma consciência básica: a oração é caminho para alcançar os bens de Deus; estrada de salvação e caminho real de santificação. Teresa pode afirmá-lo por experiência própria. A perseverança na oração floresceu numa conversão sobrenatural e tornou-se uma “vida nova”, a vida de Deus nela, a experiência de ser já vivida interiormente por outro (V 23,1).

No começo da amizade há também a lógica consequência da identificação; torna-se “da condição de Deus”, porque Ele é quem dita a lei da identificação. Para Teresa porém é certo que Deus por primeiro “se fez da nossa condição”, na humanidade sacratíssima de Cristo e veio ao encontro dela na sua fraqueza, para iniciar a configuração transformante à imagem do Filho.

Todos os livros teresianos que falam da oração coincidem em algumas teses que constituem os axiomas do pensamento teológico da Santa no campo da oração. Dois princípios complementares, quase paradoxais são estes:
- O exercício da oração requer a coerência da vida, o exercício das virtudes.
- A oração autêntica produz furtos, deixa novas virtudes; a graça da oração interior, e especialmente da oração mística, é um fator de santificação interior.

Nesses dois princípios encontramos o dinamismo de coerência da amizade com Deus, perseguida tenazmente pela oração que não pode ser reduzida à exercitação acadêmica de diálogo com Deus, nem a simples elevação do coração. Frisa-se o aspecto de escuta, de olhar, de submissão, para adequar-se à vontade de Deus Amigo e encontrar no Cristo a resposta exata às atitudes evangélicas que devem guiar a conduta do cristão. Mas, à medida que cresce a amizade com Deus, florescem as virtudes; consolidam-se, resgatam-se energias adormecidas ou represadas pelo pecado; nascem novas energias para o dinamismo transformante da comunicação de Deus.

No primeiro momento têm-se as exigências fundamentais da oração, apesar da fragilidade e ambiguidade das virtudes adquiridas pelo homem com a graça de Deus. No segundo momento realça a eficácia da presença de Deus que renova as virtudes do homem, cria novas energias de fé, esperança e de amor.

Entre as virtudes características que Teresa propõe para um caminho de oração eis algumas: humildade, determinação, desapego, amor, verdade. Mas os esforços do homem na sua ascese do coração (a isto tende a oração teresiana, mais do que à uma ascese externa ou penitencial), são retribuídos pelo dom mesmo de Deus que faz crescer novas virtudes no jardim da alma. É a admirada constatação de Teresa: “ela parece estar admirada por ver que o Senhor é um jardineiro tão bom e que não quer que ela tenha trabalho, mas que se deleite em começar a aspirar o perfume das flores... As virtudes ficam agora mais fortes... Ela começa a realizar grandes coisas ao odor que as flores exalam, pois o Senhor deseja que estas desabrochem para que ela veja que tem virtudes, embora bem consciente de não as podia - nem pôde - obter em muitos anos, enquanto naquele pouco tempo, as recebeu do jardineiro celestial. Aqui, a humildade em que alma fica é muito maior e mais profunda do que antes; ela vê com mais clareza que a única coisa que fez foi consentir que o Senhor lhe concedesse favores e que a vontade os abraçasse” (V 17,2-3). Uma página emblemática que se repete sempre da colocação teresiana.

Por isso Teresa propõe constantemente, ao longo do caminho da vida espiritual, a verificação do cumprimento da vontade de Deus como critério de assimilação a Cristo na oração (1M 22,17; 2M 1,8; 3M 2,10; 5M 3,4-12).

Mas é também consciente de que mais ela se adéqua à vontade de Deus, mas esta se imprime no coração, é interiorizada pelo amor e pela presença ativa do Espírito Santo. Uma tese forte do pensamento teresiano a respeito da oração é que, quando esta se acompanha com o fiel, ativo e perseverante cumprimento da vontade de Deus, pode alcançar-se por graça de Deus a total comunhão com Ele (5M 3,6.12). No homem de oração, o “contemplativo”, segunda a expressão de Teresa, constata-se pela maturidade da sua vida cristã, a profunda transformação que nele se realizou. Como o bicho-da-seda que se transforma em borboleta, assim o homem carnal torna-se homem espiritual, o homem velho criatura nova, numa transformação que precisas características cristológicas, eclesiais e antropológicas.

Mas sobre o rosto do cristão perfeito que alcançou os cumes da comunhão com Deus são visíveis os traços próprios do Cristo, na espessura da caridade vivida até o esquecimento de si, o amor dos inimigos, o serviço desinteressado à Igreja e aos irmãos na unidade de vida entre ação e contemplação (7M 3).

No auge do dinamismo da oração alcança-se o seu objetivo: tornar o homem semelhante a Cristo, tornar-se como Ele o “Servo” que dá a vida para o cumprimento da vontade do Pai e pela salvação do mundo.

Na transformação realizada pela oração reside o dinamismo de uma santidade eficaz e significativa pela Igreja: “A isto tende o matrimônio espiritual: produzir obras, obras...” (7M, 4,6). “Não deveis fazer consistir o vosso fundamento somente no rezar e contemplar, porque se não procurais adquirir as virtudes e não vos exercitais nelas, permanecereis sempre anãs” (7M 4,9). Nas palavras de Teresa há uma mensagem e um desafio: não tornar vã a oração não torná-la deformação espiritual e humana. Sobre o rosto do verdadeiro homem de oração, à confirmação da sua ação assimilante e transformante, aparece o rosto do Cristo, a sua amável humanidade, a sua total dedicação às coisas do Pai celeste (7M 4,4-8).

CONCLUSÃO: Atualidade da mensagem teresiana
Eis uma breve síntese do ensinamento de Teresa sobre a essência da oração cristã como amizade com Deus. Na síntese a fraqueza da exposição e o necessário envio à leitura da Santa com este esboço oferecido para uma renovada compreensão da sua mensagem no hoje da Igreja.

Na amplidão das perspectivas, a consciência de que a Teresa foi doado por Deus o carisma da oração evangélica, compreendida como amizade divina, a capacidade de oferecer uma síntese harmônica, coerente, dinâmica da mensagem evangélica a partir da oração que, ao ser amizade divina, se resolve , como todas as palavras do Evangelho, na caridade.

Por isso a sua mensagem é atual como o próprio Evangelho e tem a autoridade que nasce da palavra mesma de Deus de quem Teresa tornou-se “evangelista” para a boa nova da oração cristã, com o olhar fixo em Cristo, que para Teresa é o Mestre e o Modelo da oração, mas também o termo de comparação e de assim ilação desta aventura da amizade com Deus.

O magistério teresiano sobre a oração e sobre a vida mística continua sendo ponto de referimento abalizado na Igreja, como tinha auspiciado o Papa Paulo VI. Seria prolixo recordar aqui o contínuo referimento que à doutrina da Santa fazem o magistério da Igreja, os pastores, os fiéis, os teólogos e os espirituais. Mas é necessário fazer referimento a dois abalizados e recentes documentos da Igreja nos quais de modo explícito e implícito se recorre à autoridade magistral da nossa Santa no âmbito da oração, da contemplação e da mística.

Em primeiro lugar é oportuno recordar o recurso à autoridade magistral da santa de Ávila no documento da Congregação para a Doutrina da Fé, a Carta aos bispos da Igreja católica sobre alguns aspectos da meditação cristã, documento que traz a data da sua festa, 15 de outubro de 1989.

Sabemos que este documento importante quis esclarecer alguns aspectos da meditação cristã, especialmente em relação às métodos orientais, com o cuidado de salvaguardar a intrínseca relação entre fé e oração, entre crescimento na oração e abertura ao mistério cristão em toda a sua extensão.

A autoridade da Santa é citada nas notas em diferentes passagens decisivas do documento.

No nº 11, nota 11, quando se fala de alguns modos e métodos errôneos da oração, como busca do vazio mental e a rejeição das mediações sensíveis, como as imagens; são métodos já a seu tempo reprovados pela Santa. No número 11, nota 12, encontramos também uma importante citação do Papa João Paulo II que no seu discurso de Ávila, na comemoração do IV Centenário da morte da Santa tinha indicado o caminho autêntico da oração cristã com forte insistência sobre a necessidade a centralidade da humanidade de Cristo, caminho, verdade e vida da autêntica oração cristã. Ainda no nº 23 quando se fala da gratuidade da experiência mística que é sempre dom e não técnica humana, recorda-se o dito teresiano, tantas vezes repetido: Deus concede seus dons a quem quer, como quer e quando quer, manifestando assim a sua infinita liberdade e a absoluta gratuidade da mística. Finalmente, no nº 28 é resumida uma das afirmações basilares da Santa sobre o influxo da oração na vida e na missão, quando afirma: “A oração autêntica de fato, como sustentam os grandes mestres espirituais, desperta nos orantes ardente caridade que os impulsiona a colaborar na missão da Igreja e no serviço dos irmãos para a maior glória de Deus”. Na nota 35 cita-se a notíssima passagem da Santa no Castelo interior 7M 4,6.

Outro documento importante que apela para a autoridade magistral de Teresa é o Catecismo da Igreja Católica. A presença da Santa neste importante compêndio da fé católica, vai além das simples cinco ou seis citações explícitas que se encontram no índice dos autores citados, para colher a sua presença implícita em todo o discurso sobre a oração na quarta parte do Catecismo dedicada à oração.

De fato no nº 227 o Catecismo conclui as considerações sobre a confiança em Deus com o noto texto teresiano: “Nada te perturbe”. No nº 1011 recolhe-se o grito teresiano de intenso sabor escatológico do desejo de Deus: “Quero ver Deus!”. No nº 1821 o texto da Exclamação 15 frisa a esperança que não decepciona.

Mas é sobretudo nos nº 2704 e 2709 que se recorda a doutrina da santa sobre a oração como relação de comunhão e de amizade com o Senhor, quase marcando o profundo sentido teológico e psicológico da oração cristã, como exposta ao longo de toda a quarta parte do catecismo.

Queremos todavia neste contexto fazer referência a outras duas passagens fundamentais do Catecismo onde, mesmo não sendo presente uma citação da Santa, encontra-se a plena sintonia com o seu magistério com dois grandes capítulos da sua doutrina: o senso religioso do homem que aspira à comunhão com Deus e o senso profundo da mística cristã.

O Catecismo da Igreja Católica abre as suas considerações sobre a fé na primeira seção da primeira parte com um capítulo de título sugestivo: O homem é “capaz de Deus”.

Os temas da revelação e da fé são estruturados a partir de uma das mais sugestivas pesquisas filosóficas e existenciais: o desejo de Deus, que se torna desejo de bem-aventurança (n. 27- 30).

A primeira citação do Vaticano II que oferece espessura ao tema é um texto clássico da Gaudium et Spes n. 19, de fino sabor teresiano: A razão mais alta da dignidade do ser humano consiste na sua vocação à comunhão com Deus. Desde o seu nascer, o homem é convidado ao diálogo com Deus: existe, de fato, somente porque criado por amor de Deus, por ele sempre por amor conservado, nem vive plenamente segundo verdade se não o reconhece livremente e não se abandona ao seu criador”.

O Catecismo oferece assim uma espécie de princípio e fundamento da reflexão sobre a antropologia cristã na qual se delineia a chamada universal ao diálogo com Deus, melhor à comunhão de vida com Deus.

Esta apresentação do Catecismo encontra concreta aplicação na quarta parte, onde se fala da oração cristã. De fato nos n. 2566-2567 fala-se do chamado universal à oração e recordam-se os dois grandes princípios que estão na base do diálogo com Deus. O Homem está à procura de Deus. Traz consigo, melhor é em si mesmo, a imagem e a semelhança de Deus. Deus por primeiro chama o homem ao diálogo com ele. O chamado de Deus e a resposta da pessoa humana entrelaçam o diálogo da oração cristã.

Uma leitura teresiana destes textos do Catecismo da Igreja Católica colhe logo a sintonia com o início do Castelo Interior de Teresa de Jesus, onde a santa de Ávila prospecta uma espécie de antropologia religiosa, aberta à plena realização da vocação do homem em Cristo. E confere logo um dinamismo religioso à existência humana, aberta ao sobrenatural, e, portanto, ao diálogo com Deus através da oração e à perfeita comunhão com ele ao longo do itinerário da perfeição cristã.

Em sintonia com o esboço do Catecismo podemos colher em realidade o princípio fundamental da antropologia cristã que Teresa propõe e desenvolve no Castelo Interior: a vocação à comunhão com Deus. Estamos diante de um dos conceitos mais fortemente frisados pela teologia moderna da revelação, como presente na Dei Verbum n. 2: Deus se autocomunica à pessoa humana numa doação de verdade e de vida: “Deus no seu imenso amor fala aos homens como a amigos e se entretém com eles, para convidá-los e admiti-los à comunhão consigo”. Nesta linha de progressiva comunhão de Deus com o homem realiza-se, como história de salvação, a progressiva experiência do Castelo Interior até à plena comunhão com a Trindade.

Bibliografia
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