domingo, 19 de outubro de 2014

V Centenário Teresiano

INTRODUÇÃO ÀS OBRAS MAIORES    
APÊNDICES AO LIVRO DA VIDA  
Frei Jesus Castellano Cervera, OCD

NB. Para favorecer a melhor compreensão do livro da Vida, pareceu-nos oportuno acolher aqui algumas chaves de compreensão e de leitura do livro em forma esquemática.  

1. A distribuição do livro e a temática geral dos capítulos
A estrutura do livro da Vida pode ser distribuída em quatro ou cinco blocos. A síntese agora oferecida com títulos para cada capítulo não visa substituir os dados pela Santa, mas facilitar a compreensão. 

I. Prólogo e capítulos 1-10. De caráter autobiográfico. O capítulo 10 serve de ponte para o bloco seguinte.

Prólogo. - A ordem de escrever e as intenções da autora.
1. - O lar familiar, infância e primeiras graças.
2. - A adolescência e os seus problemas.
3. - O valor do bom exemplo, as primeiras graças e a vocação.
4. - Ingresso no Carmelo, primícias de fervor e de oração.
5. - Doenças misteriosas. O sacerdote de Abecedas e a sua conversão.
6. - Retorno ao Mosteiro, doenças e devoção a São José.
7. - Mediocridade na vida religiosa, solidão, apologia da comunhão.
8. - Elogio da oração, amizade com Deus.
9. - A conversão de Teresa e o estilo da sua oração.
10. - As primeiras graças da oração: atraída por Deus. 

II. Capítulos 11-22. Estilo doutrinal. Tratado sobre a oração. O Capítulo 22 funciona como síntese e como capítulo eixo do livro.
11. - O caminho dos servos do amor, o jardim da alma. Primeiro grau da oração.
12. - Orações não místicas. Critério de discernimento.
13. - Tentações, conselhos para a oração, apologia dos teólogos.
14. - Ingresso nas orações místicas. Segundo grau da oração.
15. - Avisos e conselhos para a oração.
16. - Terceiro grau da oração. Sono das potências, orações carismáticas, experiências de comunhão espiritual.
17. - As virtudes fortes que nascem da oração.
18. - União plena. Voo do espírito. Quarto grau da oração.
19. - Locuções de Deus e efeitos das orações místicas.
20. - Oração de união. Efeitos corpóreos: êxtases, penas e purificações.
21. - Intensificação das purificações: entre o céu e a terra.
22. - A humanidade de Cristo na oração. 

III. Capítulos 23-31: autobiográfico-doutrinal. Intensificação das graças místicas.
23. - A Vida nova e as vicissitudes com os confessores.
24. - O primeiro arroubo. Graça da libertação espiritual.
25. - A eficácia da palavra de Deus e o discernimento eclesial.
26. - Contra todo o temor. Promessa do “livro vivo”.
27. - A primeira visão de Cristo. Locuções. Pedro de Alcântara.
28. - A manifestação progressiva de Cristo glorioso e as dificuldades com os confessores.
29. - Da visão de Cristo à graça da transverberação.
30. - Pedro de Alcântara. A samaritana. Tentações.
31. - A experiência do mal e do maligno. 

IV. Capítulos 32-36. Narrativo-eclesial. A fundação de São José de Ávila.
32. - Graças e experiências que abrem à ideia da primeira fundação.
33. - Novas graças em vista da fundação de São José.
34. - Em Toledo. Encontro carismático com frei Garcia de Toledo.
35. - A questão da escolha da pobreza absoluta.
36. A fundação, as dificuldades. Paz no cantinho de Deus. 

V. Capítulos 37-40 e Epílogo. Autobiográfico e graças místicas.
37. - A graça libertadora da humanidade de Cristo.
38. - Experiências escatológicas e de Pentecostes.
39. - Comunhão com a Igreja do céu. Novas graças cristológicas.
40. - Novas e grandes graças: Deus verdade. Ou morrer ou sofrer. Desejo do céu. Como num porto de mar.

Epílogo. Para o frei Garcia de Toledo. Um Deus que se doa a nós sem medida.  

2. Correspondências entre biografia teresiana e “autobiografia” no livro da Vida. 

Primeira etapa da vida: 1515-1535: Vida em família. 
1515-1523: Teresa criança (capítulo 1).
1523-1531: Adolescência frívola (capítulo 2).
1531-1532: No colégio de Santa Maria das Graças (capítulo 3).
1532-1535: Iniciação à oração, vocação (capítulo 3).  

Segunda etapa da vida: 1535-1562: No mosteiro da Encarnação
1535-1536: ingresso no Carmelo, primícias da vida religiosa (Capítulo 4).
1537-1538: Doenças e permanência em Becedas (capítulos 4-5).
1538-1539: Próxima da morte, retorno ao convento (capítulo 6).
1540-1554: Frivolidade, morte do pai (1543), década de luta (capítulo 7).
1554-1555: Conversão e vida nova (capítulos 9 e 23-34).
1556-1560: progressos e graças místicas com a ajuda dos confessores (capítulos 25-31).
1560-1562: Primeira ideia da fundação e execução do projeto (capítulos 32-36).
1562-1565: Novas graças místicas (capítulos 37-40).
1565…: Redação final da Vida para João de Ávila. 

3. Correspondência entre os anos de vida e graças interiores

1521-1532: primeiros fervores infantis e crise, vocação (capítulos 1-4).
1535-1539: Fervores de vida religiosa e iniciação à oração (capítulo 4).
1540-1543: Tibieza, abandono da oração (capítulo 7).
1544-1554: Uma década de luta (capítulo 7).
154-1556: Conversão e vida nova (capítulos 9-10, 23-24).
1557: Primeiros fenômenos místicos (capítulo 24).
1559: A promessa do livro vivo (capítulo 26).
1560: Primeira visão intelectual de Cristo (capítulo 27).
1561: Visão completa da sua humanidade (capítulo 28)
         Transverberação (capítulo 29).
1561-1565: Novas graças cristocêntricas (capítulos 29 e 37 e seguintes).  

4. Guia temática à leitura dos graus de oração (Vida 11-21)
(Indicam-se capítulos e parágrafos)

Capítulo 11: A oração dos principiantes
Para ser servos do amor (1-5). O jardim da alma (6-8). Fitar o Cristo, recolher o pensamento, perseverar em oração (9-10). Esperança e humildade, crer no amor de Deus (11-12). A “determinada determinação”, opção vital pela vida de oração (13-14). Dificuldades na oração e realismo nas soluções (15). Com suavidade e discrição (16).

Capítulo 12: Continua o primeiro grau de oração
Pensar nos mistérios de Cristo em suave conversação amorosa com ele (1-3). Evitar de deixar a humanidade de Cristo por técnicas que convidavam a subir sobre si (4-5). Perigos por permanecer no vazio mental. Deus ensina na oração (6-7).

Capítulo 13: Avisos e conselhos aos principiantes
Empreender o caminho da oração com alegria, liberdade, confiança em Deus, com grandes anseios e decisão firme (1-6). Busca da solidão como os Santos e com largueza de espírito (7). Evitar de julgar o próximo e o zelo indiscreto (8-10). Favorecer a atitude contemplativa na oração fitando o Cristo com simplicidade e meditando nos seus mistérios (11-13). Necessidade de mestres sábios para ter a justa orientação (14-16). Apologia dos doutos na polêmica com quem não confia neles (17-21). Síntese da oração: “Mire que le mira” (“fite quem o fita”) (22).

Capítulo 14: Segundo grau de oração
Ingresso na oração de quietude, recolhimento das potências (1-2). Abrir-se ao amor como exercício mais proveitoso e sem fadiga (3-4). Efeitos desta oração: dom de si a Deus (5), uma graça especial (6), renovação interior (7-8). Floresce nas virtudes o jardim da alma (9). Oração teresiana e canto das misericórdias do Senhor (10-11).

Capítulo 15: Avisos e conselhos para o segundo grau de oração
Descrição da quietude como experiência de oração (1-2). Não voltar atrás para as panelas do Egito (3). A centelha do amor de Deus que acende outros no amor (5). Paz e quietude da alma (6-7). Iluminações interiores a partir da oração de quietude (8). Orações ardentes da Santa (9). Não temer o demônio, mas olhar com confiança para o Cristo (10-11). Perigos e tentações (12-13). Critérios de discernimento (14-16).

Capítulo 16: Terceiro grau de oração
Sono das potências e oração de louvor em línguas (1-3). Orações ardentes (4-5) Diálogos abrasados com Garcia de Toledo e os outros amigos em Cristo, unidos num grupo espiritual (6- 8).

Capítulo 17: Avisos e conselhos para o terceiro grau de oração
A experiência do terceiro grau de oração e conselhos (1-2). Efeitos desta oração: obras grandes para Deus, humildade profunda, unidade de vida, Marta e Maria juntas (3-4). Experiência da união e critérios de discernimento para não permanecer turbados pela fadiga da imaginação (5-7). Senso profundo a da união com Deus (8).

Capítulo 18: Quarto grau de oração
Excelência deste grau de oração perfeita (1-2). Descrição desta graça (3-6). Diversas experiências: elevação e voo do espírito (7). Desejos de dizer em alta voz as verdades que sente na oração (8). A água que chove do céu com grande deleite (9-10). A experiência e a sua duração (11-13). Certeza Absoluta da presença de Deus na alma (14-15).

Capítulo 19: Outras experiências do quarto grau de oração
Oração das lágrimas (1). Efeitos: fortaleza interior (2), amor do próximo (3); testemunho da renovação interior realizada por Deus (4). Comunhão com a Igreja e os seus santos, e amor pelos sacramentos (5). Pareceres positivos e negativos sobre a sua pessoa (6-8). A primeira palavra do Senhor e a grande misericórdia de Deus com ela (9-10). O canto das misericórdias e o risco de comportar-se como Judas (11). Memória dos pecados e confiança em Deus (12-13). O próprio testemunho: vede como Deus se comportou comigo. 

Capítulo 20: Novas experiências: êxtase
Terminologia e descrição dos fenômenos (1-4). Penosas experiências em público (5-6). Grandes efeitos: humildade, experiência da majestade de Deus, desapego (7-8). Uma estranha pena: saudade de Deus e do céu (9-11). Desejos de morrer ou sofrer pelo Senhor (12). Anseio de solidão ou de poder compartilhar a própria experiência com outros que compreendam (13- 15). A alma purifica-se como ouro no cadinho (16-19).  Arroubo e os seus efeitos (20-21). Ousadia apostólica: levar erguida a bandeira de Cristo (22). Efeitos de renovação produzidos na vida (23-24). Domínio e liberdade interior (25). Caducidade da vida (26). Humildade profunda, desapego de tudo, vida fecunda para Deus (27-29).

Capítulo 21: Intensificação do quarto grau de oração
Viver na verdade que Deus fixa na alma (1). Desejos de dizer em alta voz também aos poderosos as verdades de Deus (2-3), com grande ousadia (4). Os desejos e as obras caminham juntos (5). Vaidade desta vida e oração para que Deus nos livre dela (6). Desejo de comunicar com quem a compreende a partir da mesma experiência de Deus (7). Deus atua soberanamente na vida e a renova desde dentro (8-9). Experiência de viver como do mesmo patamar de Deus, mas sempre com a cruz (10). Efeitos de renovação: fortaleza e humildade (11). Aqui a vida mística abre-se a novas experiências: as visões e outras graças para conhecer a Deus; são o prêmio que Deus reserva desde esta vida ao seus amigos e servidores. É uma antecipação do céu (12). 

NB: Uma síntese dos graus de oração realizada pela própria Teresa na Relação nº 5 , escrita em Sevilha para o Pe Rodrigo Alvarez, S.J.

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