segunda-feira, 30 de junho de 2014

Terça-feira da 13ª semana do Tempo Comum

O mês de julho foi estabelecido pela Igreja como o mês dedicado ao Preciosíssimo Sangue de Jesus e, na nossa Ordem, é o mês mariano por excelência. 

A piedade cristã sempre manifestou, através dos séculos, especial devoção ao Sangue de Cristo derramado para a remissão dos pecados de todo o gênero humano, por ocasião da Paixão e Morte de Jesus e atravessando a história até hoje com Sua presença real no Sacramento da Eucaristia. 

No século passado, foi São Gaspar de Búfalo admirável propagador desta insigne devoção, tendo o merecimento da aprovação da Santa Sé e por isto até hoje é conhecido como o "Apóstolo do Preciosíssimo Sangue". Foi por ordem do Papa Bento XIV que foram compostos a missa e o ofício em honra ao Sangue de Jesus para finalmente ser estendida à Igreja Universal por decreto do Papa Pio IX.

 O Papa João XXIII, cuja família desde a sua infância foi fiel devota ao Preciosíssimo Sangue, também perpetrou esta santa devoção, tendo logo no início de seu pontificado escrito a Carta Apostólica "Inde a Primis", a fim de promover o seu culto, conforme fez menção o Papa João Paulo II em sua Carta Apostólica "Angelus Domini", onde frisa o convite de João XXIII sobre o valor infinito daquele sangue, do qual "uma só gota pode salvar o mundo inteiro de qualquer culpa". 

Sejamos, portanto, também devotos propagadores destas extraordinárias e salutares práticas da piedade cristã, recitando, cada dia, a Ladainha do Preciosíssimo Sangue de Jesus e realizando alguma prática de devoção à Virgem Nossa Senhora, nossa Mãe e Irmã no Carmelo.

Evangelho (Mt 8,23-27): Então Jesus entrou no barco, e seus discípulos o seguiram. Nisso, veio uma grande tempestade sobre o mar, a ponto de o barco ser coberto pelas ondas. Jesus, porém, dormia. Eles foram acordá-lo. «Senhor», diziam, «salva-nos, estamos perecendo!» «Por que tanto medo, homens de pouca fé?», respondeu ele. Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria. As pessoas ficaram admiradas e diziam: «Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?».

Comentário: Fray Lluc TORCAL Monje del Monastério de Sta. Mª de Poblet (Santa Maria de Poblet, Tarragona, Espanha)

Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria

Hoje, terça-feira XIII do tempo comum, a liturgia oferece-nos um dos fragmentos mais impressionantes da vida publica do Senhor. A cena apresenta uma grande vivacidade, contrastando radicalmente a atitude dos discípulos com a de Jesus. Podemos imaginar-nos a agitação que reinou na barca quando «veio uma grande tempestade sobre o mar, a ponto de o barco ser coberto pelas ondas» (Mt 8,24), mas a agitação não foi suficiente para acordar Jesus que dormia. Tiveram que ser os discípulos quem, no seu desespero, acordaram Jesus!: «Senhor, salva-nos, estamos perecendo!» (Mt 8,25).

O Evangelista serve-se de todo este dramatismo para nos revelar o autêntico ser de Jesus. A tempestade não tinha perdido a sua fúria e os discípulos continuavam cheios de agitação quando o Senhor, simples e tranquilamente, «levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria» (Mt 8,26). Da Palavra repreendedora de Jesus seguiu-se a calma, a calma que não estava apenas destinada a realizar-se nas águas agitadas do céu e do mar: a Palavra de Jesus dirigia-se sobre tudo a acalmar os corações temerosos dos seus discípulos. «Por que tanto medo, homens de pouca fé?» (Mt 8,26).

Os discípulos passaram da perturbação e do medo à admiração própria daquele que acaba de assistir a alguma coisa impensável até então. A surpresa, a admiração, a maravilha de uma mudança drástica na situação em que viviam despertou neles uma pergunta central: «Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?» (Mt 8,27). Quem é aquele que pode acalmar as tempestades do céu e da terra e, ao mesmo tempo, as dos corações dos homens? Apenas «quem dormindo como homem numa barca, pode dar ordens aos ventos e ao mar, como Deus» (Nicetas de Remesiana).

Quando pensamos que a terra se afunda, não esqueçamos que o nosso Salvador é o próprio Deus feito homem, o qual se nos dá pela fé.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* Mateus escreve para as comunidades de judeus convertidos dos anos setenta que se sentiam como um barquinho perdido no mar revolto da vida, sem muita esperança de poder alcançar o porto desejado. Jesus parecia estar dormindo no barco, pois não aparecia para elas nenhum poder divino para salvá-las da perseguição. Em vista desta situação de angústia e desespero, Mateus recolheu vários episódios da vida de Jesus para ajudar as comunidades a descobrir, no meio da aparente ausência, a acolhedora e poderoso presença de Jesus vencedor que domina o mar (Mt 8,23-27), que vence e expulsa o poder do mal (Mt 9,28-34) e que tem poder de perdoar os pecados (Mt 9,1-8). Com outras palavras, Mateus quer comunicar esperança e sugerir que não há motivo para as comunidades terem medo. Este é o motivo do relato da tempestade acalmada do evangelho de hoje.

* Mateus 8,23: O ponto de partida: entrar no barco.
Mateus segue o evangelho de Marcos, mas o abrevia e o ajeita dentro do novo esquema que ele adotou. Em Marcos, o dia foi pesado de muito trabalho. Terminado o discurso das parábolas (Mc 4,3-34), os discípulos levaram Jesus no barco e, de tão cansado que estava, Jesus dormiu em cima de um travesseiro (Mc 4,38). O texto de Mateus é bem mais breve. Ele apenas diz que Jesus entrou no barco e os discípulos o acompanhavam. Jesus é o Mestre, os discípulos seguem o mestre.

* Mateus 8,24-25: A situação desesperadora: “Estamos afundando!”
O lago da Galileia é cercado de altas montanhas. Às vezes, por entre as fendas das rochas, o vento cai em cima do lago e provoca tempestades repentinas. Vento forte, mar agitado, barco cheio de água! Os discípulos eram pescadores experimentados. Se eles achavam que iam afundar, então a situação era perigosa mesmo! Mas Jesus nem sequer acorda, e continua dormindo. Eles gritam: "Senhor, salva-nos, porque estamos afundando!" Em Mateus, o sono profundo de Jesus não é só sinal de cansaço. É também expressão da confiança tranquila de Jesus em Deus. O contraste entre a atitude de Jesus e dos discípulos é grande!

* Mateus 8,26: A reação de Jesus: “Por que vocês têm medo?”
Jesus acorda, não por causa das ondas, mas por causa do grito desesperado dos discípulos. Ele se dirige a eles e diz: “Por que vocês têm medo? Homens de pouca fé!” Em seguida, ele se levanta, ameaça os ventos e o mar, e tudo fica calmo. A impressão que se tem é que não era preciso acalmar o mar, pois não havia nenhum perigo. É como quando você chega na casa de um amigo e o cachorro, preso na corrente, ao lado do dono, late muito contra você. Mas você não precisa ter medo, pois o dono está aí e controla a situação. O episódio da tempestade acalmada evoca o Êxodo, quando o povo, sem medo, passava pelo meio das águas do mar (Ex 14,22). Jesus refaz o Êxodo. Evoca ainda o profeta Isaías que dizia ao povo: “Quando passares pelas águas eu estarei contigo!” (Is 43,2). Por fim, o episódio da tempestade acalmada evoca e realiza a profecia anunciada no Salmo 107:
23 Desciam de navio pelo mar, comerciando na imensidão das águas.
24 Eles viram as obras de Javé, suas maravilhas em alto-mar.
25 Ele falou, levantando um vento impetuoso, que elevou as ondas do mar.
26 Eles subiam até o céu e baixavam até o abismo, a vida deles se agitava na desgraça.
27 Rodavam, balançando como bêbados, e de nada adiantou a perícia deles.
28 Na sua aflição, clamaram para Javé, e ele os libertou de suas angústias.
29 Ele transformou a tempestade em leve brisa e as ondas emudeceram.
30 Ficaram alegres com a bonança, e ele os guiou ao porto desejado. (Sl 107,23-30)

* Mateus 8,27: O espanto dos discípulos: “Quem é este homem?”
Jesus perguntou: “Por que vocês têm medo?” Os discípulos não sabem o que responder. Admirados, se perguntam: “Quem é este homem a quem até o mar e o vento obedecem?” Apesar da longa convivência com Jesus, ainda não sabem direito quem ele é. Jesus parece um estranho para eles! Quem é este homem?

Quem é este homem? Quem é Jesus para nós, para mim? Esta deve ser a pergunta que nos leva a continuar a leitura do Evangelho, todos os dias, com o desejo de conhecer sempre melhor o significado e o alcance da pessoa de Jesus para a nossa vida. É desta pergunta que nasceu a cristologia. Ela nasceu, não de altas considerações teológicas, mas sim do desejo dos primeiros cristãos de encontrar sempre novos nomes e títulos para expressar o que Jesus significava para eles. São dezenas os nomes, títulos e atributos, desde carpinteiro até filho de Deus, que Jesus recebe: Messias, Cristo, Senhor, Filho amado, Santo de Deus, Nazareno, Filho do Homem, Noivo, Filho de Deus, Filho do Deus altíssimo, Carpinteiro, Filho de Maria, Profeta, Mestre, Filho de Davi, Rabboni, Bendito o que vem em nome do Senhor, Filho, Pastor, Pão da vida, Ressurreição, Luz do mundo, Caminho, Verdade, Vida, Videira, Rei dos judeus, Rei de Israel, etc., etc. Cada nome, cada imagem, é uma tentativa para expressar o que Jesus significava para eles. Mas um nome, por mais bonito que seja, nunca chega a revelar o mistério de uma pessoa, muito menos da pessoa de Jesus. Jesus não cabe em nenhum destes nomes, em nenhum esquema, em nenhum título. Ele é maior, ultrapassa tudo! Ele não pode ser enquadrado. O amor capta, a cabeça, não! É a partir da experiência viva do amor que os nomes, os títulos e as imagens recebem o seu pleno sentido. Afinal, quem é Jesus para mim, para nós?

Para um confronto pessoal
1. Qual era o mar agitado no tempo de Jesus? Qual era o mar agitado na época em que Mateus escreveu o seu evangelho? Qual é hoje o mar agitado para nós? Alguma vez, as águas agitadas do mar da vida já ameaçaram afogar você? O que te salvou?
2. Quem é Jesus para mim? Qual o nome de Jesus que melhor expressa minha fé e meu amor?

Ladainha do Preciosíssimo Sangue

Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.

Deus Pai do Céu, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Sangue de Cristo, Sangue do Filho Unigênito do Eterno Pai, salvai-nos.
Sangue de Cristo, Sangue do Verbo de Deus encarnado, 
Sangue de Cristo, Sangue do Novo e Eterno Testamento, 
Sangue de Cristo, derramado pela primeira vez na circuncisão,
Sangue de Cristo, correndo pela terra na agonia, 
Sangue de Cristo, manando abundante na flagelação, 
Sangue de Cristo, gotejando na coroação de espinhos, 
Sangue de Cristo, derramado na cruz, salvai-nos.
Sangue de Cristo, preço da nossa salvação, 
Sangue de Cristo, sem o qual não pode haver redenção, 
Sangue de Cristo, que apagais a sede das almas e as purificais na Eucaristia, 
Sangue de Cristo, torrente de misericórdia, 
Sangue de Cristo, vencedor dos demônios, 
Sangue de Cristo, fortaleza dos mártires, 
Sangue de Cristo, virtude dos confessores, 
Sangue de Cristo, que suscitais almas virgens, 
Sangue de Cristo, força dos tentados, 
Sangue de Cristo, alívio dos que trabalham,
Sangue de Cristo, consolação dos que choram, 
Sangue de Cristo, esperança dos penitentes, 
Sangue de Cristo, conforto dos moribundos, 
Sangue de Cristo, paz e doçura dos corações, 
Sangue de Cristo, penhor de eterna vida, 
Sangue de Cristo, que libertais as almas do Purgatório, 
Sangue de Cristo, digno de toda a honra e glória,

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

V. Remistes-nos, Senhor com o Vosso Sangue.
R. E fizestes de nós um reino para o nosso Deus.

Oremos:
Todo-Poderoso e Eterno Deus, que constituístes o Vosso Unigênito Filho, Redentor do mundo, e quisestes ser aplacado com o seu Sangue, concedei-nos a graça de venerar o preço da nossa salvação e de encontrar, na virtude que Ele contém, defesa contra os males da vida presente, de tal modo que eternamente gozemos dos seus frutos no Céu. Pelo mesmo Cristo, Senhor nosso. Assim seja.

Oferecimento
Eterno Pai, eu Vos ofereço o Sangue preciosíssimo de Jesus Cristo em desconto dos meus pecados, em sufrágio das santas almas do Purgatório e pelas necessidades da Santa Igreja e por todos os doentes.

Súplica a Nossa Senhora
Mãe Dolorosa, peço-vos pelo Vosso sofrimento na morte de Vosso Filho, que ofereçais ao Pai Eterno o precioso Sangue que jorrou das Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo Crucificado pelos pobres Sacerdotes transviados, que se tornaram infiéis a sua sublime vocação, para que quanto antes voltem junto ao Bom Pastor.

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