domingo, 7 de dezembro de 2025

Terça-feira da 2ª semana do Advento

São João Diogo Cuauhtlatoatzin, leigo
 
1ª Leitura (Is 40,1-11):
Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém e dizei-lhe em alta voz que terminaram os seus trabalhos e está perdoada a sua culpa, porque recebeu da mão do Senhor duplo castigo por todos os seus pecados. Uma voz clama: «Preparai no deserto o caminho do Senhor, abri na estepe uma estrada para o nosso Deus. Sejam alteados todos os vales e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas. Então se manifestará a glória do Senhor e todo o homem verá a sua magnificência, porque a boca do Senhor falou». Uma voz dizia: «Clama». E eu respondi: «Que hei de clamar?» – «Todo o ser humano é como a erva, toda a sua glória é como a flor do campo. A erva seca e as flores murcham, quando o vento do Senhor sopra sobre elas. A erva seca e as flores murcham, mas a palavra do nosso Deus permanece eternamente» –. Sobe ao alto dum monte, arauto de Sião; grita com voz forte, arauto de Jerusalém; levanta sem temor a tua voz e diz às cidades de Judá: «Eis o vosso Deus. O Senhor Deus vem com poder, o seu braço dominará. Com Ele vem o seu prémio, precede-O a sua recompensa. Como um pastor apascentará o seu rebanho e reunirá os animais dispersos; tomará os cordeiros em seus braços, conduzirá as ovelhas ao seu descanso».
 
Salmo Responsorial: 95
R. O nosso Deus virá com poder e majestade.
 
Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome, anunciai dia a dia a sua salvação.
 
Publicai entre as nações a sua glória, em todos os povos as suas maravilhas. Dizei entre as nações: O Senhor é Rei. Governa os povos com equidade.
 
Alegrem-se os céus, exulte a terra, ressoe o mar e tudo o que ele contém, exultem os campos e quanto neles existe, alegrem-se as árvores dos bosques.
 
Diante do Senhor que vem, que vem para julgar a terra: julgará o mundo com justiça e os povos com fidelidade.
 
Aleluia. Está próximo o dia do Senhor; Ele vem salvar-nos. Aleluia.
 
Evangelho (Mt 18,12-14): Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos: «Que vos parece? Se alguém tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará as noventa e nove nos morros, para ir à procura daquela que se perdeu? E se ele a encontrar, em verdade vos digo, terá mais alegria por esta do que pelas noventa e nove que não se extraviaram. Do mesmo modo, o Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequenos».
 
«O Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequenos»
 
Fr. Damien LIN Yuanheng (Singapore, Singapura)
 
Hoje, Jesus nos lança um desafio: «´´O que você acha”? (Mt 18,12); que tipo de misericórdia você pratica? Talvez nós, “católicos praticantes”, tendo muitas vezes gostado da misericórdia de Deus em seus sacramentos, estamos tentados a pensar que já estamos justificados diante dos olhos de Deus. Corremos o perigo de converter-nos inconscientemente no fariseu que menospreza ao publicano (cf. Lc 18,9-14). Mesmo que não o digamos em voz alta, talvez pensemos que estamos livres de culpa ante Deus. Alguns sintomas de que este orgulho farisaico cria raízes em nós podem ser a impaciência ante os defeitos dos demais, ou pensar que as advertências nunca vão para nós.
 
O “desobediente” profeta Jonas, um judeu, se manteve inflexível quando Deus mostrou pena pelos habitantes de Nínive. Javé rejeitou a intolerância de Jonas (cf. Jon 4,10-11). Aquela olhada humana punha limites à misericórdia. Por acaso também nós pomos limites à misericórdia de Deus? Devemos prestar atenção à lição de Jesus: «Seja misericordioso como vosso Pai é misericordioso» (Lc 6,36). Com toda probabilidade, ainda nos falta um longo caminho por percorrer para imitar a misericórdia de Deus!
 
Como deveríamos entender a misericórdia de nosso Pai celestial? O Papa Francisco disse que «Deus não perdoa mediante um decreto, e sim com um abraço». O abraço de Deus para com cada um de nós se chama “Jesus Cristo”. Cristo manifesta a misericórdia paternal de Deus. No capítulo quarto do Evangelho de São João, Cristo não ventila os pecados da mulher samaritana. Em lugar de disso, a divina misericórdia cura à Samaritana ajudando-a a afrontar plenamente a realidade de seu pecado. A misericórdia de Deus é totalmente coerente com a verdade. A misericórdia não é uma desculpa para rebaixar-se moralmente. No entanto, Jesus devia ter provocado seu arrependimento com muito mais ternura do que a mulher sentiu mulher adúltera “ferida pelo amor” (cf. Jn 8,3-11). Nós também devemos aprender como ajudar aos demais a encarar seus erros sem envergonhá-los, com grande respeito para com eles como irmãos em Cristo, e com ternura. No nosso caso, também com humildade, sabendo que nós mesmos somos “vasilhas de barro”.
 
«O Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequenos»
 
Rev. D. Joaquim MONRÓS i Guitart (Tarragona, Espanha)
 
Hoje, Jesus faz-nos saber que Deus quer que todos os homens se salvem e que não deseja «que se perca nenhum desses pequenos» (Mt 18,4). Junto à parábola do pastor que procura a ovelha perdida, nos apresenta uma personagem que comoveu os primeiros cristãos. Na capa do Catecismo da Igreja Católica está gravada esta figura de Jesus Bom Pastor, que já nas catacumbas de Roma está presente entre as primeiras imagens do Senhor.
 
É tão forte a vontade do Senhor de salvar-nos, que desde essas palavras até sua entrega incondicional na Cruz, é Cristo quem nos procura a cada um para que —livremente— voltemos à amizade com Ele.
 
Do mesmo jeito que Jesus, os cristãos devemos ter esse mesmo sentimento: que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade! Como dizia São Josemaria Escrivá, «todos somos ovelha e pastor». Há algumas pessoas —o próprio esposo ou a esposa, os filhos, os parentes, os amigos, etc.— para os quais nós talvez sejamos a única oportunidade para poderem recuperar a alegria da fé e da vida da graça.
 
Sempre podemos deixar noventa e nove por cento das coisas que estamos fazendo, para rezar e ajudar as pessoas que temos perto de nós, que amamos e que sabemos que padecem de alguma necessidade em sua alma.
 
Com a nossa oração e mortificação, e nossa fé amorosa, podemos dar-lhes a graça da conversão, como Santa Mônica conseguiu que seu filho Agostinho, se convertesse no “primeiro homem moderno” que sabe explicar em “Confissões” como a graça atuou nele até chegar à santidade.
 
Peçamos à Mãe do Bom Pastor muitas alegrias de conversões.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Onde você pasta, Pastor bom, tu que cargas sobre teus ombros o rebanho todo? Me mostra o lugar de repouso, me guia até o pasto nutritivo, chamamé por meu nome para que eu, ovelha tua, escute tua voz» (Santo Gregório de Nisa)
 
«Uma pessoa é consolada quando sente a misericórdia e o perdão do Senhor. A alegria da Igreja é “dar a Luz”, sair de si mesma para dar vida, ir a buscar às ovelhas que estão extraviadas» (Francisco)
 
« Ao celebrar o sacramento da Penitência, o sacerdote cumpre o ministério do bom pastor, que busca a ovelha perdida; do bom samaritano, que cura as feridas; do Pai, que espera o filho pródigo e o acolhe ao voltar; do justo juiz, que não faz acepção de pessoa e cujo julgamento é, ao mesmo tempo, justo e misericordioso. Em suma, o sacerdote é o sinal e o instrumento do amor misericordioso de Deus para com o pecador» (Catecismo da Igreja Católica, n° 1465)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
 
* Uma parábola não é um ensinamento a ser recebido passivamente e a ser decorado de memória, mas é um convite para participar na descoberta da verdade.
Jesus começa perguntando: “O que vocês acham?” Uma parábola é uma pergunta com resposta não definida. A resposta vai depender da nossa reação e participação como ouvintes. Então, vamos buscar a resposta desta parábola da ovelha perdida.
 
* Jesus conta uma história muito breve e muito simples: um pastor tem 100 ovelhas, perde uma, deixa as 99 nas montanhas e vai em busca da ovelha perdida. E Jesus pergunta: “O que vocês acham?” Ou seja: “Vocês fariam o mesmo?” Qual terá sido a resposta dos pastores e das outras pessoas que ouviram Jesus contar esta história? Fariam a mesma coisa? Qual a minha resposta à pergunta de Jesus? Pense bem antes de responder.
 
* Se você tivesse 100 ovelhas e perdesse uma, o que faria? Não esqueça de que as montanhas são lugares de difícil acesso, cheios precipícios, onde rondam animais perigosos e onde ladrões e assaltantes se escondem. E lembre-se que você perdeu apenas uma única ovelha. Você continua na posse de 99 ovelhas. Perdeu pouco! Você iria abandonar as 99 naquelas montanhas? Será que uma pessoa com um pouco de bom senso faria o que fez o pastor da parábola de Jesus? Pense bem!
 
* Os pastores que escutaram a história de Jesus, devem ter pensado e comentado: “Só um pastor sem juízo age desse jeito!” Eles devem ter perguntado a Jesus: “Jesus, desculpe, mas quem é esse pastor de que o senhor está falando? Fazer o que ele fez é uma loucura total!”
 
* Jesus responde: “Esse pastor é Deus, nosso Pai, e a ovelha perdida é você!” Com outras palavras, esta loucura, quem a comete é Deus por causa do seu grande amor para com os pequenos, os pobres, os excluídos! Só mesmo um amor muito grande é capaz de cometer uma loucura assim. O amor com que Deus nos ama é maior que a prudência e o bom senso humano. O amor de Deus comete loucuras. Graças a Deus! Senão fosse assim, estaríamos perdidos!.
 
Para um confronto pessoal
1. Coloque-se na pele da ovelha perdida e anime a sua fé e sua esperança. Você é essa ovelha!
2. Coloque-se na pele do pastor e verifique se o seu amor para com os pequenos é verdadeiro.

8 de dezembro: Imaculada Conceição da Virgem Maria

1ª Leitura (Gen 3,9-15.20):
Leitura do Livro do Génesis Depois de Adão ter comido da árvore, o Senhor Deus chamou-o e disse-lhe: «Onde estás?». Ele respondeu: «Ouvi o rumor dos vossos passos no jardim e, como estava nu, tive medo e escondi-me». Disse Deus: «Quem te deu a conhecer que estavas nu? Terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira comer?». Adão respondeu: «A mulher que me destes por companheira deu-me do fruto da árvore e eu comi». O Senhor Deus perguntou à mulher: «Que fizeste?» E a mulher respondeu: «A serpente enganou-me e eu comi». Disse então o Senhor Deus à serpente: «Por teres feito semelhante coisa, maldita sejas entre todos os animais domésticos e entre todos os animais selvagens. Hás de rastejar e comer do pó da terra todos os dias da tua vida. Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Esta te esmagará a cabeça e tu a atingirás no calcanhar». O homem deu à mulher o nome de ‘Eva’, porque ela foi a mãe de todos os viventes.
 
Salmo Responsorial: 97
R. Cantai ao Senhor um cântico novo: o Senhor fez maravilhas.
 
Cantai ao Senhor um cântico novo, pelas maravilhas que Ele operou. A sua mão e o seu santo braço Lhe deram a vitória.
 
O Senhor deu a conhecer a salvação, revelou aos olhos das nações a sua justiça. Recordou-Se da sua bondade e fidelidade em favor da casa de Israel.
 
Os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor, terra inteira, exultai de alegria e cantai.
 
2ª Leitura (Ef 1,3-6.11-12): Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios: Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, conforme a benevolência da sua vontade, a fim de sermos seus filhos adoptivos, por Jesus Cristo, para louvor da sua glória e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho. Em Cristo fomos constituídos herdeiros, por termos sido predestinados, segundo os desígnios d’Aquele que tudo realiza conforme a decisão da sua vontade, para sermos um hino de louvor da sua glória, nós que desde o começo esperámos em Cristo.
 
Aleluia. Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois Vós entre as mulheres. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 1,26-38): Quando Isabel estava no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse: «Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo». Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo, então, disse: «Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim». Maria, então, perguntou ao anjo: «Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?». O anjo respondeu: «O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, pois para Deus nada é impossível». Maria disse: «Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra». E o anjo retirou-se».
 
«Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo»
 
Rev. D. David COMPTE i Verdaguer (Manlleu, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, o Evangelho toca um acorde de três notas. Três notas, nem sempre bem afinadas na nossa sociedade: a do fazer, a da amizade e a da coerência de vida. Hoje em dia, fazemos muitas coisas, mas, temos um projeto? Hoje, que navegamos na sociedade da comunicação, cabe nos nossos corações a solidão? Hoje, na era da informação, esta permite-nos formar a nossa personalidade?
 
Um projeto. Maria, uma mulher «prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi» (Lc 1,28). Maria tem um projeto. Evidentemente, de proporções humanas. Porém, Deus irrompe na sua vida para apresentar-lhe outro projeto... de proporções divinas. Também hoje, quer entrar em nossa vida e dar proporções divinas ao nosso dia a dia humano.
 
Uma presença. «Não tenhas medo, Maria!» (Lc 1,30). Não construamos de qualquer jeito! Não seja que a adição ao “fazer” esconda um vazio. O matrimônio, a vida de serviço, a profissão não têm de ser uma fuga para diante. «Cheia de graça! O Senhor está contigo» (Lc 1,28). Presença que acompanha e dá sentido. Confiança em Deus, que — por conseguinte— nos leva à confiança com os outros. Amizade com Deus que revigora a amizade com os outros.
 
Formar-nos. Hoje, recebemos tantos estímulos muitas vezes opostos, que é preciso dar forma e unidade à nossa vida. Maria, diz São Luís Maria Grignion, «é o molde vivo de Deus». Existem duas maneiras de fazer uma escultura, expõe Grignion: uma, a mais difícil, à base de batidas de cinzel. A outra, usando um molde. Esta é mais simples do que a primeira. Mas o sucesso depende de que a matéria seja maleável e o molde desenhe com perfeição a imagem. Maria é o molde perfeito. Procuramo-la, sendo matéria maleável?
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Deus é o pai das coisas criadas; e Maria é a mãe das cosas recriadas. Pois Deus engendrou àquele por quem tudo foi feito; e Maria deu à luz àquele por quem tudo foi salvo» (São Anselmo)
 
«O cumprimento do anjo está entretecido com os fios do Antigo Testamento. Maria é o rebento que, na escura noite invernal da história, floresce do tronco abatido de David: de Ela germina a árvore da redenção. Deus não tem fracassado, como podia parecer no início da história: Deus salvou e salva o seu povo» (Bento XVI)
 
«Este esplendor de uma santidade de todo singular, com que foi enriquecida desde o primeiro instante da sua conceição (141), vem-lhe totalmente de Cristo: foi remida dum modo mais sublime, em atenção aos méritos de seu Filho (142)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 492)
 
«Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo».
 
Fr. Pedro Bravo, O.Carm.
 
* v. 26. Ao sexto mês, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré.
O episódio da “anunciação do Senhor” (chamado pelos gregos “evangelização”), próprio de Lucas, é uma “narrativa da infância” de Jesus. O “sexto mês” é o da gravidez de Isabel (v. 36). Evoca o apelo de Ageu (1,1.15) à reconstrução do Templo, em 520 a.C. O anjo (gr. “mensageiro”: v. 11) Gabriel (he. “força de Deus”) é o mesmo que tinha sido “enviado por Deus” a anunciar a Daniel  o tempo do fim (Dn 8,16; 9,21; cf. 8,19; 12,4.9) e, seis meses antes, a Zacarias, a anunciar a conceção de João Batista (v. 19). Chegou o momento destinado por Deus para cumprir as suas promessas, enviando o Messias.
 
* A Galileia (he. “circuito”, “distrito”) é a região norte de Israel, considerada pelos judeus uma terra afastada, contaminada pelo contacto com os gentios. É aí que se acha Nazaré (he. “rebento”: Is 11,1; Mt 2,23), lugar até então desconhecido, quer no AT, quer pelas autoridades judaicas e romanas, sendo, por isso, considerada à margem dos caminhos de Deus pelos círculos religiosos de então (cf. Jo 1,46).
 
v. 27. A uma virgem, desposada com um homem chamado José, que era da casa de David; e o nome da virgem era Maria. Maria (Miriam: do egípcio “muito amada”, cf. Nm 26,59) é “virgem”, ou seja, é uma moça em idade núbil, entre os 12 e os 16 anos (cf. Gn 24,16). O termo, aqui usado duas vezes, evoca Is 7,14 (cf. Mt 1,23).
 
* “Estava desposada” com José (he. “Ele acrescente”), da linhagem real de David. Esta achava-se na época reduzida à humilde condição de uma pobreza honrada que vivia do trabalho das suas mãos (cf. Eus., Hist.eccl. 3,19-20,6). O casamento hebraico decorria em duas fases: 1) os esponsais ou desposório em que os noivos se prometiam um ao outro e, sem coabitarem ainda, se preparavam para o 2) casamento. O vínculo do desposório era tão sério que só podia ser dissolvido pelo divórcio (Mt 1,19), sendo uma infidelidade da noiva reputada como adultério (Dt 22,23s). Se os noivos, entretanto, gerassem um filho, este seria considerado legítimo (Mt 1,24s). José “era da casa de David”, ou seja, descendente de David. Será por seu intermédio, não segundo a carne, mas segundo a promessa, que se vai cumprir a profecia feita por Deus a David de que da sua linhagem haveria de nascer o Messias (cf. v. 32 c).
 
* v. 28. Entrando onde ela estava, o Anjo disse: «Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo». Enquadrada a cena, apresenta-se o diálogo entre o anjo e Maria, tecido de passagens do AT, ligadas a relatos de vocação e às profecias messiânicas. Nele ressoa, pela primeira vez, o querigma cristão.
 
* O anjo “entra onde ela está”, ou seja, em casa dela (At 28,8), e interpela-a com uma fórmula de vocação. A saudação “alegra-te” (gr. kairé) é o cumprimento habitual entre os gregos. Caracteriza a mensagem do anjo logo desde início como sendo “boa-nova”, ou seja, em grego, “Evangelho” (v. 19; Jr 20,15). Ela evoca a tradicional saudação hebraica: "A paz esteja contigo". Esta saudação, porém, não é aqui um mero cumprimento humano, mas é o anúncio que a salvação outrora prometida à “filha de Sião” (Sf 3,14s; Zc 2,14; Jr 4,31; é Jerusalém: cf. 2Rs 19, 21; Is 1,8; 12,6) e destinada a todas as nações, está a chegar e vai começar a realizar-se agora.
 
* O epíteto “cheia de graça” (cf. Rt 2,10) é inédito e exclusivamente aplicado a Maria em toda a Sagrada Escritura. Não tem artigo, pelo que não é propriamente um nome novo. O particípio perfeito passivo indica apenas que Maria, em toda a sua pessoa e existência é objeto singular, constante e sempre renovado da predileção e do amor eternos de Deus. A Vulgata, a tradução latina da Sagrada Escritura, traduziu este adjetivo verbal por uma expressão: "gratia plena", "cheia de graça", explicitando depois os autores eclesiásticos que se Maria estava "cheia de graça" é porque nada havia nela que não estivesse na graça de Deus, ou seja, isento de pecado. Como o pecado atinge o género humano desde a nossa conceção, então Maria é isenta também do pecado original desde o primeiro instante da sua conceção, ou seja, é "imaculada" (cf. Ct 4,7; Ef 1,4; 5,27; Cl 1,22; 2Pd 3,14; Jd 1,24). Foi por esta razão que a liturgia escolheu o presente texto para a solenidade que celebramos neste dia: a Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria. A fórmula “o Senhor contigo”, sem verbo (Rt 2,4), é típica dos relatos de vocação (cf. Jz 6,12; Ex 3,12; Jr 1,8; Dn 10,19): o anjo assegura a Maria a presença, direção e assistência de Deus em tudo na execução da missão e da obra divina que lhe são confiadas e ultrapassam as forças humanas.
 
* v. 29. Ela ficou muito perturbada com a palavra e perguntava-se que saudação seria aquela. vv. 29-35: Mt 1,20s. Perante uma irrupção tão íntima, próxima e inesperada do transcendente, Maria fica deveras perturbada (gr. diatarássô, só aqui na Bíblia: cf. Jz 6,22; Dn 8,17s). “Pela palavra”: “palavra” com artigo, no singular, é sinónimo de querigma, “Evangelho” (vv. 2.19; 8,15; At 1,1). Maria, virgem humilde, sábia e prudente, medita (Sl 119,59) no seu íntimo (3,15) sobre “a Palavra” que acaba de lhe ser anunciada, procurando compreender o sentido e o alcance de tão inaudita saudação que lhe é dirigida.
 
v. 30. Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, pois encontraste graça junto de Deus. “Não temas”: o Anjo tranquiliza-a (v. 13; 2,10; Gn 15,1; 26,24; Jz 6,23; Dn 10,12.19) e logo lhe explica o que o título que lhe dirigiu, a modo dum nome novo, significa que ela “achou graça diante de Deus” (2,52; Gn 6,8; 18,3; Ex 33,13.16; Rt 2,10; Pv 12,2; 18,22!; At 7,46), tendo sido por Ele escolhida entre todas as mulheres (Est 2,9.15.17!; 5,8; 7,3; 8,5) para ser a mãe do Messias (v. 43). É esta a Primeira boa-nova: em Maria despontará uma nova era, o tempo da graça (cf. Rm 5,20; Ef 2,5-8; Tt 2,11; 3,7; 1Pd 5,12).
 
v. 31. Conceberás no seio e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. v. 31: Mt 1,21. Revelado o amor de Deus por ela, o Anjo pede-lhe que aceite que nela se realize a promessa divina de Is 7,14: “conceberás” (Jz 13,3) “no seio” (Jz 13,5.7) e “darás à luz um Filho” (cf. Is 9,5) “a quem darás o nome” que indica a missão que Deus lhe confiará (v. 13; Gn 16,11; 17,19), a saber: “Jesus” (aram. Ieshuá, “Deus salva”, em he. “salvação”, o nome de Josué, que introduziu Israel na Terra prometida: Dt 1,31,7s.23; Js 1,6). Segunda boa nova: anúncio da conceção e nascimento dum filho (Jr 20,15), que será o salvador (cf. Is 25,9; 35,4; 43,3.11; 45,15.21; 49,26; 60,16; Os 13,4; Zc 9,16; 12,7; Sl 69,36; 72,4.13).
 
* v. 32. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus dar-lhe-á o trono de David, seu pai. v. 32: Is 9,5s. O Anjo revela-lhe então, a partir das profecias do AT, que este filho é o Messias: a) “Ele será grande” (v. 15; Sl 89,19-30); b) “Filho do Altíssimo” (8,28; cf. 6,35; Sl 2,7; 89,27), ou seja, Deus (vv. 35.76; Sl 91,1.9; Dn 7,18.27); c) será o Messias prometido, descendente de David, que herdará o seu trono (2Sm 7,12s; Sl 132,11; Is 16,5; Jr 23,5s; 33,15ss; Am 9,11s; Ez 34,23s; 37,24-28).
 
v. 33. Reinará para sempre sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». d) Reinará “sobre a casa de Jacob”, ou seja, sobre as doze tribos de Israel, separadas desde Salomão e dispersas no exílio, reunindo-as (Ez 34,23; 37,22ss); e) “e o seu reinado não terá fim” (2Sm 7,16; Is 9,6; Mq 4,7; Sl 89,35-38; Dn 7,14; Hb 7,24). Terceira boa-nova: o seu Filho, Jesus, é o Messias prometido, que vem para cumprir as profecias (24,25s.44).
 
v. 34. Maria disse então ao Anjo: «Como será isso, uma vez que eu não conheço homem?» Maria replica ao anjo, não para levantar uma objeção (cf. Ex 3,11; Jr 1,6), mas para lhe perguntar “como” (8,18; 10,26) quer Deus que ela cumpra a Sua vontade, pois “não conhece homem” (gr. ginósko, com syllambáno, “ter relações sexuais”: vv. 31.24: Gn 4,1.17.25), ou seja, ainda não coabita conjugalmente com José (Mt 1,25). Que devo fazer, como devo agir? é a pergunta que faz quem escuta o querigma cristã e lhe quer aderir plenamente, de corpo e alma, mente e coração (cf. At 2,37; 16,30; 22,10).
 
* v. 35. Respondendo, o Anjo disse-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. v. 35: Mt 1,18. Superando todas as profecias do AT, o anjo responde a Maria, anunciando-lhe a Quarta e inaudita boa-nova: Jesus não será concebido por um homem, mas pelo poder do Espírito Santo, o amor em ação de Deus, que, em nova criação (cf. Gn 1,2; Is 32,15; Sl 104,30), “virá sobre” ela, Maria (Is 32,15; At 1,8; Jz 3,10; 11,29; 1Sm 19,20) e a “cobrirá com a sua sombra” (9,34; Ex 40,35; Sl 91,4), uma alusão à shekinah (he. “habitação” de Deus), a nuvem em que Deus se escondia para habitar entre o seu povo (Ex 13,21s; 33,9s; Nm 9,18-23; 1Rs 8,12). O Espírito Santo vai consagrar desta forma Maria como tabernáculo vivo de Deus (Ex 40,35; Sl 91,1s; Lc 9,34), por Ele defendido (cf. Sl 17,8; Sl 36,8; 63,8; 121,5; Ct 2,3; Is 4,6). Jesus é o Messias, não só porque foi ungido pelo Espírito Santo (v. 15; Is 11,2; Lc 4,18; At 10,38), mas também porque por Ele foi concebido. Em Jesus, tudo é obra do Espírito Santo, desde o princípio (cf. Gn 1,1), desde a sua origem (Mt 1,1).
 
* Quinta boa-nova: Maria vai “dar à luz” (Is 9,5) um "santo”, assim chamado porque: a) será consagrado a Deus desde o seu nascimento (2,23!; 4,34; At 2,27; 4,26s), mas não da mesma forma que João Batista, ou seja, não como um nazireu (os quais não podiam beber bebidas alcoólicas: Lc 1,15; Nm 6,2-4; Jz 13,4-6; Jesus, porém, é chamado "beberrão": 7,34; cf. 5,29)  b) e "será chamado Filho de Deus”, aqui sem artigo, numa clara alusão às principais profecias messiânicas (Sl 2,7; 2Sm 7,14p; cf. Sb 2,18; Jo 10,36), cuja expectativa ultrapassa, pois é "o Filho" de Deus, com artigo, em sentido absoluto e pessoal (assim declarado pelo Pai: 3,22; 9,35; afirmado por Cristo: 10,22; 22,70; confessado pelos espíritos impuros: 4,41), ou seja, "o Santo", Filho do Deus “Santo” (v. 49; Lv 19,2; 1Sm 2,2; Is 6,3; 41,14.16.20; 43,3; Ez 39,7).
 
* v. 36. E eis que Isabel, a tua parenta, também concebeu um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela que era chamada estéril. Dos relatos de vocação faz parte um “sinal”, que é pedido pelo destinatário a fim de se certificar que o anúncio é verdadeiro (v. 18; Ex 3,12; Jz 6,17). Maria, porém, não o pede, porque acreditou na palavra do Anjo (cf. v. 45). Mas Deus dá-lho! Porque se trata aqui de uma evangelização, na qual "o testemunho" ilustra a verdade e eficácia da palavra anunciada. É a Sexta boa-nova: a gravidez de Isabel, sua parenta, que era estéril e já está no sexto mês da gravidez (v. 26).
 
* v. 37. Porque ‘para Deus nada será impossível’». O anjo conclui, afirmando: “porque a Deus nenhuma coisa (lit. “palavra”) será impossível” (Zc 8,6; cf. Gn 18,14; Jr 32,27; Jb 42,2). O verbo está no futuro, indicando que não só aconteceu a gravidez de Isabel, graças ao anúncio divino, como também acontecerá a Maria o que ele, anjo, acabou de lhe anunciar, bem como também muitas outras coisas totalmente inauditas, que verá serem realizadas pela palavra e poder de Deus!
 
* v. 38. Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra». E o Anjo deixou-a. Esclarecida sobre o conteúdo da mensagem e o que deve fazer, Maria, ao invés de Eva, escuta a Palavra de Deus, crê nela, medita-a, aprofunda-a e obedece-lhe, aderindo a ela de mente e coração, erigindo Deus como único Senhor da sua vida, a quem se entrega inteiramente, dando-lhe o seu total consentimento em dez palavras (no texto grego, original: Ex 34,28): “Eis a escrava do Senhor”. “Escrava” (gr. doulé, he. ‘amah: v. 48) indica não apenas a humilde e total submissão de Maria a Deus (1Sm 1,11; 25,24s.28.31), mas incute à sua entrega e adesão a Deus um amor todo ele imbuído de caráter esponsal (cf. Rt 3,9.16; 1Sm 25,41).
 
* “Faça-se em mim segundo a tua Palavra” exprime: a) a fé e confiança de Maria no cumprimento integral das promessas divinas (v. 45; 2Sm 7,21.25); b) a aceitação plena da vontade de Deus para ela, numa aliança pessoal com Ele que abarca toda a sua existência e vida (2,29; Gn 24,51; 47,30; 1Rs 12,24); c) a sua entrega incondicional a Deus (Gn 24,51; Jz 11,10; Rt 3,5; 1Rs 17,13), aceitando cooperar com Ele na realização da sua obra.
 
* E o anjo “parte” (9,60), retirando-se da cena, e deixando Maria só a sós com Deus… e com um Filho no ventre (v. 43; Mt 1,18s).
 
MEDITAÇÃO
1. Sinto-me amado, agraciado por Deus? Já pensei que é através de mim que Deus quer agir no mundo para o transformar?
2. Que tempo encontro no meu dia a dia para escutar a Deus, discernir a sua presença na minha vida e alimentar a minha comunhão com Ele?
3. Que atitude assumo perante os projetos de Deus: acolho-os sem reservas, com amor e disponibilidade ou tenho medo e adoto uma atitude de defesa dos meus próprios desejos, planos e interesses?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

II Domingo do Advento

Santo Ambrósio, bispo e doutor da Igreja
 
1ª Leitura (Is 11,1-10):
Naquele dia, sairá um ramo do tronco de Jessé, e um rebento brotará das suas raízes. Sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e de inteligência, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de Deus. Animado assim do temor de Deus, não julgará segundo as aparências, nem decidirá pelo que ouvir dizer. Julgará os infelizes com justiça e com sentenças retas os humildes do povo. Com o chicote da sua palavra atingirá o violento e com o sopro dos seus lábios exterminará o ímpio. A justiça será a faixa dos seus rins, e a lealdade a cintura dos seus flancos. O lobo viverá com o cordeiro, e a pantera dormirá com o cabrito; o bezerro e o leãozinho andarão juntos, e um menino os poderá conduzir. A vitela e a ursa pastarão juntamente, suas crias dormirão lado a lado; e o leão comerá feno como o boi. A criança de leite brincará junto ao ninho da cobra, e o menino meterá a mão na toca da víbora. Não mais praticarão o mal nem a destruição em todo o meu santo monte: o conhecimento do Senhor encherá o país, como as águas enchem o leito do mar. Nesse dia, a raiz de Jessé surgirá como bandeira dos povos; as nações virão procurá-la, e a sua morada será gloriosa.
 
Salmo Responsorial: 71
R. Nos dias do Senhor, nascerá a justiça e a paz para sempre.
 
Ó Deus, dai ao rei o poder de julgar e a vossa justiça ao filho do rei. Ele governará o vosso povo com justiça e os vossos pobres com equidade.
 
Florescerá a justiça nos seus dias e uma grande paz até ao fim dos tempos. Ele dominará de um ao outro mar, do grande rio até aos confins da terra.
 
Socorrerá o pobre que pede auxílio e o miserável que não tem amparo. Terá compaixão dos fracos e dos pobres e defenderá a vida dos oprimidos.
 
O seu nome será eternamente bendito e durará tanto como a luz do sol; nele serão abençoadas todas as nações, todos os povos da terra o hão de bendizer.
 
2ª Leitura (Rom 15,4-9): Irmãos: Tudo o que foi escrito no passado foi escrito para nossa instrução, a fim de que, pela paciência e consolação que vêm das Escrituras, tenhamos esperança. O Deus da paciência e da consolação vos conceda que alimenteis os mesmos sentimentos uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que, numa só alma e com uma só voz, glorifiqueis a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo. Acolhei-vos, portanto, uns aos outros, como Cristo vos acolheu, para glória de Deus. Pois Eu vos digo que Cristo Se fez servidor dos judeus, para mostrar a fidelidade de Deus e confirmar as promessas feitas aos nossos antepassados. Por sua vez, os gentios dão glória a Deus pela sua misericórdia, como está escrito: «Por isso eu Vos bendirei entre as nações e cantarei a glória do vosso nome».
 
Aleluia. Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas, e toda a criatura verá a salvação de Deus. Aleluia.
 
Evangelho (Mt 3,1-12): Naqueles dias, apresentou-se João Batista, no deserto da Judeia, proclamando: «Convertei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo». É dele que falou o profeta Isaías: «Voz de quem clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas para ele». A veste de João era feita de pelos de camelo, e ele usava um cinto de couro à cintura; o seu alimento era gafanhotos e mel silvestre. Então Jerusalém, toda a Judeia e toda a região do Jordão saíam à sua procura e, confessando os seus pecados, eram por ele batizados no rio Jordão. Quando viu que muitos dentre os fariseus e os saduceus vinham para o batismo, João lhes disse: «Víboras que sois, quem vos ensinou a fugir da ira que está para chegar? Produzi fruto que mostre vossa conversão. Não penseis que basta dizer: ‘Nosso pai é Abraão’, pois eu vos digo: destas pedras Deus pode suscitar filhos para Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores. Toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada ao fogo. Eu vos batizo com água, para a conversão. Mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu não sou digno nem de levar suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele traz a pá em sua mão e vai limpar sua eira: o trigo, ele o guardará no celeiro, mas a palha, ele a queimará num fogo que não se apaga».
 
«Produzi fruto que mostre vossa conversão»
 
Pe. Walter Hugo PERELLÓ (Rafaela, Argentina)
 
Hoje, o Evangelho de São Mateus nos apresenta João Batista convidando-nos à conversão: «Fazei penitência porque está próximo o Reino dos céus.» (Mt 3,2).
 
A ele acudiam muitas pessoas querendo batizar-se e «confessando seus pecados» (Mt 3,6). Mas entre tanta gente, João Batista põe o olhar em alguns em particular, os fariseus e saduceus, tão necessitados de conversão como obstinados em negar tal necessidade. A eles se dirigem as palavras do Batista: «Dai, pois, frutos de verdadeira penitência» (Mt 3,8).
 
Tendo já começado o tempo de Advento, tempo de gozosa espera, encontramo-nos com a exortação de João, que nos faz compreender que esta espera não se identifica com o “quietismo”, nem se arrisca a pensar que já estamos salvos por ser cristãos. Esta espera é a busca dinâmica da misericórdia de Deus, é conversão de coração, é busca da presença do Senhor que veio, vem e virá.
 
O tempo de Advento é, definitivamente, «conversão que passa do coração às obras e, consequentemente, à vida inteira do cristão» (São João Paulo II).
 
Aproveitemos, irmãos, este tempo oportuno que nos dá o Senhor para renovar nossa opção por Jesus Cristo, eliminando do nosso coração e de nossa vida tudo o que não nos permita recebê-lo adequadamente. A voz de João Batista continua ressoando no deserto dos nossos dias: «Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas» (Mt 3,3).
 
Assim como João Batista foi para seu tempo essa “voz que clama no deserto”, assim também os cristãos somos convidados pelo Senhor a ser vozes que proclamem aos homens a esperança da vigilante espera: «Preparemos os caminhos, já se aproxima o Salvador e vamos, peregrinos, ao encontro do Senhor. Vem, Senhor, liberar-nos, vem teu povo redimir; purifica nossas vidas e não demores em vir» (Hino de Advento da Liturgia das Horas).
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Se confessar, chamado por Cristo, derribara-se os muros, desatara-se as cadeias, embora seja muito forte o fedor da corrupção corporal» (Santo Ambrósio de Milão)
 
«João Batista prega a fé reta e as obras boas, para que a forca da graça penetre, a luz da verdade resplandeça, os caminhos para Deus se endireitem. O precursor de Jesus é como uma estrela que precede o nascer do sol, de Cristo» (Bento XVI)
 
«São João Batista, “profeta do Altíssimo” (Lc 1,76), ele supera todos os profetas, deles é o último, e inaugura o Evangelho. Saúda a vinda de Cristo desde o seio de sua mãe e encontra sua alegria em ser “o amigo do noivo” (Jn 3,29), que designa como “o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo” (Jn 1,29) (...)» (Catecismo da Igreja Católica, n° 523)
 
“Arrependei-vos! Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas!”
 
Pe. Joaquim Domingos Luís
 
*
O Evangelho apresenta-nos João Baptista, figura especial do tempo de Advento. São Mateus apresenta-o como pessoa de vida muito austera, representada no que come e no que veste: “Tinha uma veste tecida com pelos de camelo e uma cintura de cabedal à volta dos rins. O seu alimento eram gafanhotos e mel silvestre”. A sua mensagem está resumida numa frase: “Arrependei-vos porque está perto o Reino dos Céus”.
 
* Os tempos eram difíceis, mas tudo iria melhorar com a Vinda d’Aquele que ele vinha anunciar. “O mundo antigo estava a chegar ao fim e um mundo novo estava a surgir… As dores do presente não deviam ser interpretadas como sinais de morte, mas como o sofrimento de um parto difícil: antecediam o nascimento de tempos novos”.
 
* Ao anunciar o Messias que vai chegar, João Baptista mostra como se prepara a sua chegada: com humildade, o arrependimento dos pecados, a conversão que se concretiza na mudança de sentimentos, de hábitos e de comportamentos; a esperança confiante; a vigilância na atenção à vida e às pessoas; a oração mais frequente e mais intensa no diálogo com Deus.
 
* Nos dias de hoje, para proclamar e viver os valores do Reino que João Batista anuncia com a vida e com a palavra, somos convidados a viver com sobriedade no vestuário e no alimento, a um certo desapego de estruturas e esquemas de defesa (o homem do deserto só em Deus tem o seu apoio); à independência de grupos e partidos para poder anunciar a todos, livremente, as exigências do Reino e denunciar tudo o que se lhe opõe; a mostrar pelas ações, que mudámos de vida; é necessário dar bons frutos e não apenas boa ramagem ou boa palha.
 
Meditação:
1. Porque é que João Batista chama “raça de víboras” aos fariseus e saduceus?
2. Em que é que preciso de mudar de vida? Que vou fazer esta semana?
3. Que preço estou disposto a pagar para pertencer ao Reino dos céus?
4. Vem aí o Natal. Já pensei em participar numa celebração penitencial, para manifestar o arrependimento pelos meus desvios, receber a graça do perdão divino e viver a mudança interior de coração?

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Sábado I do Advento

São Nicolau, bispo de Mira
 
1ª Leitura (Is 30,19-21.23-26):
Eis o que diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: «Povo de Sião, que habitas em Jerusalém, tu não voltarás a chorar. À voz da tua súplica, o Senhor terá compaixão de ti; logo que ouvir os teus clamores, Ele te responderá. O Senhor poderá dar-te a comer o pão da angústia e a beber a água da tribulação; mas Aquele que te ensina não Se esconderá mais e os teus olhos verão Aquele que te ensina. Se te desvias para a direita ou para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão dizer atrás de ti: ‘É este o caminho; segui por ele’. O Senhor te dará a chuva para a semente que tiveres lançado à terra e o pão que a terra produzir será farto e nutritivo. Nesse dia, os teus rebanhos pastarão em extensos prados; os  bois e os jumentos que lavram a terra comerão forragem com sal, limpa com a pá e a joeira. Em todo o alto monte e em toda a colina elevada, haverá regatos e águas correntes, no dia da grande mortandade, quando as torres se desmoronarem. Então a claridade da lua será como a luz do sol e a luz do sol ficará sete vezes mais forte; nesse dia, o Senhor tratará as chagas do seu povo e curará as feridas dos seus golpes».
 
Salmo Responsorial: 146
R. Felizes os que esperam no Senhor.
 
Louvai o Senhor, porque é bom cantar, é agradável e justo celebrar o seu louvor. O Senhor edificou Jerusalém, congregou os dispersos de Israel.
 
Sarou os corações dilacerados e ligou as suas feridas. Fixou o número das estrelas e deu a cada uma o seu nome.
 
Grande é o nosso Deus e todo-poderoso, é sem limites a sua sabedoria. O Senhor conforta os humildes e abate os ímpios até ao chão.
 
Aleluia. O Senhor é o nosso legislador, o nosso juiz, o nosso rei: Ele próprio vem salvar-nos. Aleluia.
 
Evangelho (Mt 9,35-10,1.6-8): Naquele tempo, Jesus começou a percorrer todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, proclamando a Boa Nova do Reino e curando todo tipo de doença e de enfermidade. Ao ver as multidões, Jesus encheu-se de compaixão por elas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse aos discípulos: «A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita!». Chamando os doze discípulos, Jesus deu-lhes poder para expulsar os espíritos impuros e curar todo tipo de doença e de enfermidade. «Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! No vosso caminho, proclamai: O Reino dos Céus está próximo. Curai doentes, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expulsai demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar!».
 
«Pedi (...) ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita»
 
Rev. D. Xavier PAGÉS i Castañer (Barcelona, Espanha)
 
Hoje, depois de uma semana dentro do itinerário de preparação para a celebração do Natal, já constatamos que uma das virtudes que queremos fomentar durante o Advento é a esperança. Mas, não passivamente, como quem espera que passe o trem e, sim uma esperança ativa, que nos move a dispor-nos, pondo da nossa parte o que seja necessário para que Jesus possa nascer novamente em nossos corações.
 
Mas devemos tentar não nos conformar somente com o que esperamos, mas — sobretudo — descobrir o que é que Deus espera de nós. Como os doze Apóstolos, nós também estamos chamados a seguir os seus caminhos. Tomara que hoje possamos escutar a voz do Senhor que —por meio do profeta Isaías — nos diz: «O caminho é este: por aqui deves andar!» (Is 30,21, da primeira leitura de hoje). Seguindo cada um o seu caminho, Deus espera de todos que com a nossa vida anunciemos que «O Reino dos Céus está próximo» (Mt 10,7).
 
O Evangelho de hoje narra como, diante daquela multidão, Jesus teve compaixão e lhes disse: «A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita» (Mt 9,37-38). Ele quis confiar em nós e quer que nas mais diversas circunstâncias respondamos à vocação de nos convertermos em apóstolos de nosso mundo. A missão para a qual Deus Pai enviou o seu Filho ao mundo requer que nós sejamos seus continuadores. Nos nossos dias também encontramos uma multidão desorientada e sem esperança, que tem sede da Boa Nova da Salvação que Cristo nos trouxe, da qual somos mensageiros. É uma missão confiada a todos. Conhecedores de nossas fraquezas e handicaps, apoiemo-nos na oração constante e estejamos contentes por chegar a ser assim colaboradores do plano redentor que Cristo nos revelou.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Para uma colheita abundante, há poucos trabalhadores. Ao ouvir isso, não podemos deixar de sentir uma grande tristeza, porque devemos reconhecer que, embora existam pessoas que desejam ouvir coisas boas, existem poucos que se dedicam a anunciá-las. Rogai também por nós, para que a nossa voz nunca cesse de vos exortar» (São Gregório Magno)
 
«O mundo não é uma coleção de tristezas e dores. Todas as angústias que existem nele são protegidas por uma misericórdia amorosa. Quem assim celebra o Advento, pode falar de um Natal alegre, abençoado e misericordioso» (Bento XVI)
 
«Com o Credo Niceno-Constantinopolitano respondemos confessando: 'Para nós, homens e para a nossa salvação, ele desceu do céu e, pela força do Espírito Santo, encarnou-se de Maria, a Virgem, e tornou-se homem'» (Catecismo do Igreja Católica, nº 456)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
 
* O evangelho de hoje consta de duas partes:
(1) Um breve resumo da atividade apostólica de Jesus (Mt 9,35-38) e
(2) o início do “Sermão da Missão” (Mt 10,1.5-8). O evangelho da liturgia de hoje omite os nomes dos apóstolos que constam no evangelho de Mateus (Mt 10,2-4).
 
* Mateus 9,35: Resumo da atividade missionária de Jesus. “Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade”. Em poucas palavras Mateus descreve os pontos centrais da atividade missionária de Jesus:
(1) Percorrer todas as cidades e povoados.  Jesus não espera até que o povo venha até ele, mas ele mesmo vai em busca do povo percorrendo todas as cidades e povoados.
(2) Ensinar nas sinagogas, isto é, nas comunidades. Jesus vai lá onde o povo está reunido ao redor da sua fé em Deus. É lá que ele anuncia a Boa Nova do Reino, isto é, a Boa Nova de Deus. Jesus não ensina doutrinas como se a Boa Nova fosse um novo catecismo, mas em tudo que diz e faz ele deixa transparecer algo da grande Boa Nova que o anima por dentro, a saber, Deus, o Reino de Deus.
(3) Curar todo tipo de doença e enfermidade. O que mais marcava a vida do povo pobre era a doença, todo tipo de doença, e o que mais marca a atividade de Jesus, é consolar o povo, aliviar sua dor.
 
* Mateus 9,36: Compaixão de Jesus frente à situação do povo.  “Vendo as multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas sem pastor”. Jesus acolhe as pessoas do jeito que elas se encontram diante dele: doentes, abatidas, cansadas. Ele se comporta como o Servo de Isaías, cuja mensagem central consistia em “consolar o povo” (cf. Is 40,1). A atitude de Jesus para com o povo era como a atitude do Servo, cuja missão era definida assim: “Ele não grita, nem levanta a voz, não solta berros pelas ruas, não quebra  a planta machucada, nem apaga o pavio de vela que ainda solta um pouco de fumaça” (Is 42,2-3). Como o Servo, Jesus se comove diante da situação sofrida do seu povo “cansado e abatido, como ovelhas sem pastor”. Ele começa a ser Pastor identificando-se com o Servo que dizia: “O Senhor me concedeu o dom de falar como seu discípulo, para eu saber dizer uma palavra de conforto a quem está desanimado” (Is 49,4ª). Como o Servo, Jesus se faz discípulo do Pai e do povo e diz: “Cada manhã, ele me desperta, para que eu o escute, de ouvidos abertos, como o fazem os discípulos” (Is 49,4b). É do contato com o Pai que Jesus colhe a palavra de consolação a ser comunicada aos pobres.
 
* Mateus 9,37-38: Jesus envolve os discípulos na missão. Diante da imensidão da tarefa missionária, a primeira coisa que Jesus pede aos discípulos é rezar: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos! Por isso, peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita". A oração é a primeira forma de compromisso dos discípulos com a missão. Pois se você acredita na importância da missão que você tem, você fará todo o possível para que ela não morra com você, mas que continue nos outros através de você e depois de você.
 
* Mateus 10,1: Jesus confere aos discípulos o poder de curar e de expulsar os demônios. “Então Jesus chamou seus discípulos e deu-lhes poder para expulsar os espíritos maus, e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade". A segunda coisa que Jesus pede aos discípulos não é que eles comecem a ensinar doutrinas e leis, mas sim que ajudem o povo a vencer o medo dos maus espíritos e que o ajudem na luta contra as enfermidades. Hoje, os que mais metem medo nos pobres são certos missionários que ameaçam o povo com o castigo de Deus e com o perigo do demônio. Jesus faz o contrário. O que ele mais faz é ajudar o povo a vencer o medo do demônio: “Se eu expulso os demônios, é sinal de que chegou para vocês o Reino de Deus” (Lc 11,20). É triste dizê-lo, mas hoje existem pessoas que precisam do demônio para poder expulsá-lo e assim ganhar dinheiro. Para estes vale a pena ler o que Jesus falou contra os fariseus e doutores da lei que roubavam as casas das viúvas (Mt 23,14).
 
* Mateus 10,5-6: Vão primeiro para as ovelhas perdidas de Israel. “Jesus enviou os Doze com estas recomendações: "Não tomem o caminho dos pagãos, e não entrem nas cidades dos samaritanos. Vão primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Inicialmente, a missão de Jesus era dirigida para “as ovelhas perdidas de Israel”. Quem eram estas ovelhas perdidas de Israel? Eram as pessoas excluídas, como as prostitutas, os publicanos, os impuros, considerados perdidos e condenados pelas autoridades religiosas da época? Eram os dirigentes como os fariseus, saduceus, anciãos e sacerdotes que se consideravam o povo fiel de Israel? Ou eram as multidões que estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor? Provavelmente, aqui no contexto do evangelho de Mateus, trata-se deste povo pobre e abandonado que é acolhido por Jesus (Mt 9,36-37). Jesus queria que os discípulos participassem com ele na missão junto a esse povo. Mas na medida em que ele ia atendendo a este povo, o próprio Jesus ia alargando o horizonte. No contato com a mulher Cananéia, ovelha perdida de outra raça e de outra religião, que pedia para ser atendida, Jesus repetiu aos discípulos: "Eu fui enviado somente para as ovelhas perdidas do povo de Israel" (Mt 15,24). E diante da insistência da mãe que desistia de interceder pela filha, Jesus se defendeu dizendo: "Não está certo tirar o pão dos filhos, e jogá-lo aos cachorrinhos" (Mt 15,26). Mas a reação da mãe derrubou a defesa de Jesus: "Sim, Senhor, é verdade; mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos" (Mt 15,27). E de fato, havia muitas migalhas! Doze cestos cheios de pedaços que sobraram da multiplicação do pão para as ovelhas perdidas de Israel (Mt14,20). A resposta da mulher desfez os argumentos de Jesus. Ele atendeu a mulher: Jesus atende a mulher: "Mulher, é grande a sua fé! Seja feito como você quer." E desde esse momento a filha dela ficou curada”. (Mt 15,28). Foi através da atenção contínua dada às ovelhas perdidas de Israel que Jesus descobriu que no mundo inteiro existem ovelhas perdidas que querem comer das migalhas.
 
* Mateus 10,7-8: Resumo da atividade de Jesus.  “Vão e anunciem: O Reino do Céu está próximo. Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, deem também de graça!”. Como revelar a proximidade do Reino? A resposta é simples e concreta: curando doentes, ressuscitando os mortos, purificando os leprosos, expulsando os demônios e servindo de graça, sem se enriquecer pelo serviço ao povo. Onde isto acontece o Reino se revela.
 
Faça um confronto pessoal da leitura com a vida
1) Todos nós recebemos a mesma missão que Jesus deu aos discípulos e discípulas. Você tem consciência de ter esta missão? Como você vive sua missão?
2) Na sua vida você já teve algum contato com as ovelhas perdidas, com o povo cansado e abatido? Qual a lição que você tirou?

Sexta-feira da 1ª semana do Advento

Beato Bartolomeu Fanti, presbítero de nossa Ordem
 
1ª Leitura (Is 29,17-24):
Assim fala o Senhor Deus: Daqui a muito pouco tempo, não há-de o Líbano transformar-se num jardim e o jardim parecer uma floresta? Nesse dia, os surdos ouvirão ler as palavras do livro; libertos da escuridão e das trevas, os olhos dos cegos tornarão a ver. Os humildes alegrar-se-ão cada vez mais no Senhor e os mais pobres dos homens rejubilarão no Santo de Israel. O tirano deixará de existir, o escarnecedor desaparecerá e serão exterminados os que só pensam no mal: aqueles que fazem condenar os outros pelas suas palavras, os que armam ciladas no tribunal a quem promove a justiça e sem razão arruínam o justo. Por isso, o Senhor, que libertou Abraão, assim fala à casa de Jacob: ‘Doravante Jacob não terá de que se envergonhar, o seu rosto não voltará a empalidecer, porque, ao verem no meio dele os seus filhos, obras das minhas mãos, proclamarão santo o meu nome’. Proclamarão a santidade do Santo de Jacob e temerão o Deus de Israel. Os espíritos desnorteados aprenderão a sabedoria e os murmuradores hão de aceitar a instrução».
 
Salmo Responsorial: 26
R. O Senhor é a minha luz e a minha salvação.
 
O Senhor é minha luz e salvação: a quem hei de temer? O Senhor é protetor da minha vida: de quem hei de ter medo?
 
Uma coisa peço ao Senhor, por ela anseio: habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para gozar da suavidade do Senhor e visitar o seu santuário.
 
Espero vir a contemplar a bondade do Senhor na terra dos vivos. Confia no Senhor, sê forte. Tem coragem e confia no Senhor.
 
Aleluia. O Senhor virá com poder e majestade e iluminará os olhos dos seus fiéis. Aleluia.
 
Evangelho (Mt 9,27-31): Partindo Jesus dali, dois cegos o seguiram, gritando: «Tem compaixão de nós, filho de Davi!» Quando entrou em casa, os cegos se aproximaram dele, e Jesus lhes perguntou: «Acreditais que eu posso fazer isso?» Eles responderam: «Sim, Senhor». Então tocou nos olhos deles, dizendo: «Faça-se conforme a vossa fé». E os olhos deles se abriram. Jesus os advertiu: «Tomai cuidado para que ninguém fique sabendo». Mas eles saíram e espalharam sua fama por toda aquela região.
 
«Jesus lhes perguntou: Acreditais que eu posso fazer isso? Eles responderam: Sim, Senhor»
 
Frei Josep Mª MASSANA i Mola OFM (Barcelona, Espanha)
 
Hoje, nesta primeira Sexta-Feira de Advento, o Evangelho apresenta-nos três personagens: Jesus no centro da cena, e dois cegos que se aproximam cheios de fé e com o coração esperançado. Tinham ouvido falar Dele, da sua ternura para com os doentes e do seu poder. Estes traços identificavam-No como o Messias. Quem melhor que Ele podia tomar a seu cargo a sua desgraça?
 
Os dois cegos unem-se e, em comunidade, dirigem-se ambos a Jesus. Em uníssono fazem uma oração de petição ao Enviado de Deus, ao Messias, a quem chamam “Filho de Davi”. Querem, com a sua oração, provocar a compaixão de Jesus: «Tem compaixão de nós, filho de Davi!» (Mt 9,27).
 
Jesus interpela a sua fé: «Acreditais que eu posso fazer isso?» (Mt 9,28). Se eles se aproximaram do Enviado de Deus é precisamente porque acreditam Nele. A uma só voz fazem uma bela profissão de fé, respondendo: «Sim, Senhor» (Ibidem). E Jesus concede a vista àqueles que já viam pela fé. De fato, acreditar é ver com os olhos do nosso interior.
 
Este tempo de Advento é o adequado, também para nós, para procurar Jesus com um grande desejo, como o dos cegos, fazendo comunidade, fazendo Igreja. Com a Igreja proclamamos no Espírito Santo: «Vem, Senhor Jesus» (cf, Ap 22,17-20). Jesus vem com o seu poder de abrir completamente os olhos do nosso coração, e fazer que vejamos, que acreditemos. O Advento é um tempo forte de oração: tempo para fazer oração de petição e, sobretudo, oração de profissão de fé. Tempo de ver e de acreditar.
 
Recordemos as palavras do Pequeno Príncipe: «O essencial só se vê com o coração».
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Ensina-me a procurar-te e mostra-te a quem te procura; porque não posso procurar por ti, a menos que me ensines, e não posso encontrar-te se não te manifestares. Desejando, te procurarei; procurando, te desejarei; amando, te encontrarei e encontrando-te, te amarei» (Santo Anselmo)
 
«Jesus mesmo, quando ensinava a rezar, dizia que se fizera como um amigo inoportuno. Rezar é um pouco como incomodar a Deus para que nos escute. É atrair os olhos, atrair o coração de Deus para conosco» (Francisco)
 
«O pedido insistente dos cegos: “Tem compaixão de nós, filho de Davi” (Mt 9,27) ou “Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim” (Mc 10,47) foi retomado na tradição da oração a Jesus: “Jesus Cristo, Filho de Deus, Senhor, tem piedade de mim, pecador!”. Quer na cura das enfermidades, quer na remissão dos pecados, Jesus responde sempre à oração que implora com fé: “Vai em paz, tua fé te salvou!”» (Catecismo da Igreja Católica, n° 2616)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
 
* Novamente, o evangelho de hoje coloca diante de nós o encontro de Jesus com a miséria humana.
Jesus não se retrai nem se esquiva. Ele acolhe as pessoas e na sua acolhida cheia de ternura revela o amor de Deus.
 
* Dois cegos seguem Jesus e gritam: “Filho de Davi, tem piedade de nós!”. Jesus não gostava muito deste título Filho de Davi. Ele chegou a criticar o ensinamento dos escribas que diziam que o Messias devia ser filho de Davi: “Se o próprio Davi o chama Senhor, como pode ser seu filho? (Mc 12,37).
 
* Chegando em casa, Jesus pergunta aos cegos: “Vocês acreditam que eu possa fazer isso?” Eles respondem: “Sim, Senhor!” Uma coisa é ter a doutrina correta na cabeça, outra é ter a fé correta no coração e nos pés. A doutrina dos dois cegos não era muito correta, pois eles chamam Jesus de Filho de Davi. Mas Jesus não se importa se o chamam assim. Ele quer saber se eles têm a fé correta.
 
* Ele toca nos olhos e diz: “Aconteça conforme a fé de vocês!” Imediatamente, os olhos se abriram. Apesar de não terem a doutrina correta, os dois cegos tinham uma fé correta. Hoje muita gente está mais preocupada com a doutrina correta do que com a fé correta.
 
* Vale a pena anotar um pequeno detalhe de hospitalidade. Jesus chega em casa e os dois cegos também entram com ele na casa dele, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Eles se sentem em casa na casa de Jesus! E hoje? Uma religiosa dizia: “Hoje, a situação do mundo é tal que fico desconfiada até dos pobres!” Mudou muito, de lá para cá!
 
* Jesus pede para não divulgar o milagre. Mas a proibição não adiantou muito. Os dois saíram e espalharam a Boa Notícia. Anunciar o Evangelho, isto é, a Boa Notícia, é partilhar com os outros o bem que Deus nos faz na vida.
 
Para um confronto pessoal
1. Será que tenho alguma Boa Notícia de Deus na minha vida a partilhar com os outros?
2. Em que ponto eu insisto mais: em ter doutrina correta ou em ter a fé correta?

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

5 de dezembro

 Beato Bartolomeu Fanti
Presbítero de nossa Ordem
       

Nasceu em Mântua (Itália), desconhecendo-se o ano do seu nascimento. Em 1452 já era sacerdote carmelita da Congregação Mantuana. Foi durante 35 anos, na Igreja carmelita da sua cidade, diretor espiritual e reitor da Confraria da B. Virgem Maria, para a qual escreveu a Regra e os Estatutos. Distinguiu-se pelo seu amor à Eucaristia. Morreu em 1495. O seu culto foi confirmado por S. Pio X a 18 de março de 1909.
 
LAUDES E VÉSPERAS
Hino
Ó Eterno e Imenso Ser,
Deus de infinita grandeza,
quem pode compreender
vossos abismos de riqueza?
 
Juventude sempre nova!
Ó Graça de pura luz!
Em nossa alma renova
a imagem de Jesus!
 
É ele a Sabedoria,
a Justiça, a Santidade,
que por meio de Maria
deu o Pai à humanidade.
 
Dom gratuito do Amor,
Misericórdia sem par,
que se glorie no Senhor
quem se quiser gloriar.
 
Espírito vivo e operante,
que entre nós a caridade
seja o louvor incessante
à Santíssima Trindade.
 
Salmodia, leitura, responsório breve e preces do dia corrente.
 
Oração
Deus, nosso Pai, fizestes do Beato Bartolomeu Fanti um apóstolo do culto à Divina Eucaristia e da devoção à Smma Virgem Maria, concedei-nos, a nós também, a mesma riqueza espiritual, que ele encontrou mediante a prática destas devoções.  Por NSJC     

Quinta-feira da 1ª semana do Advento

São João Damasceno, presbítero e doutor da Igreja
Santa Bárbara, virgem e mártir
 
1ª Leitura (Is 26,1-6):
Naquele dia, cantarão este hino na terra de Judá: «Nós temos uma cidade forte; muralhas e fortificações foram postas para nos proteger. Abri as portas para que entre um povo justo, um povo que pratica a fidelidade. O seu coração está firme: dar-lhe-eis a paz, porque em Vós tem confiança». Confiai sempre no Senhor, porque o Senhor é a nossa fortaleza eterna. Humilhou os habitantes das alturas, abateu a cidade inacessível, derrubou-a por terra, arrasou-a até ao solo. Ela é calcada aos pés, os pés dos infelizes, os passos dos pobres.
 
Salmo Responsorial: 117
R. Bendito o que vem em nome do Senhor.
 
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Mais vale refugiar-se no Senhor, do que fiar-se nos homens. Mais vale refugiar-se no Senhor, do que fiar-se nos poderosos.
 
Abri-me as portas da justiça: entrarei para dar graças ao Senhor. Esta é a porta do Senhor: os justos entrarão por ela. Eu Vos dou graças porque me ouvistes e fostes o meu salvador.
 
Senhor, salvai os vossos servos, Senhor, dai-nos a vitória. Bendito o que vem em nome do Senhor, da casa do Senhor nós vos bendizemos. O Senhor é Deus e fez brilhar sobre nós a sua luz.
 
Aleluia. Procurai o Senhor, enquanto Se pode encontrar, invocai-O, enquanto está perto. Aleluia.
 
Evangelho (Mt 7,21.24-27): Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos: «Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus. Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática é como um homem sensato, que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não desabou, porque estava construída sobre a rocha. Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e ela desabou, e grande foi a sua ruína!».
 
«Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor! ’, entrará no Reino dos Céus»
 
Abbé Jean-Charles TISSOT (Freiburg, Suíça)
 
Hoje, o Senhor pronuncia estas palavras no final do Seu “Sermão da Montanha”, no qual dá um sentido novo e mais profundo aos Preceitos do Antigo Testamento, a “palavra” de Deus aos homens. Manifesta-se como Filho de Deus, e como tal pede-nos que recebamos o que nos diz como palavras de suma importância; palavras de vida eterna que devem ser postas em prática, e não são só para serem ouvidas, mas sem implicação pessoal – com o risco de serem esquecidas ou de nos contentarmos em admirá-las ou em admirar o seu autor.
 
«Construir uma casa sobre a areia» (cf. Mt 7,26) é uma imagem para descrever um comportamento insensato, que não leva a nenhum resultado e acaba no fracasso de uma vida, depois de um esforço longo e penoso para construir algo. “Bene curris, sed extra viam”, dizia Sto. Agostinho: corres bem, mas fora do curso aprovado, podemos traduzir assim. Que pena só chegar até aí: o momento da prova, das tempestades e das inundações que a nossa vida necessariamente contém!
 
O Senhor quer ensinar-nos a usar um fundamento sólido, cujo crescimento deriva do esforço para pôr em prática os seus ensinamentos, vivendo-os todos os dias com pequenas decisões que tentaremos seguir. A nossa resolução diária de viver os ensinamentos de Cristo deve terminar em propósitos concretos, se não definitivos, mas dos quais possamos tirar alegria e reconhecimento na hora do nosso exame de consciência, à noite. A alegria de ter conseguido uma pequena vitória sobre nós próprios é uma preparação para outras batalhas, e – com a graça de Deus – não nos faltará a força para perseverar até ao fim.
 
«Entrará no Reino dos Céus(...)aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus»
 
Rev. D. Antoni ORIOL i Tataret (Vic, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, a palavra do Evangelho convida-nos a meditar com seriedade sobre a infinita distância que há entre o mero “escutar-invocar” e o “fazer” quando se trata da mensagem e da pessoa de Jesus. E dizemos “mero” porque não podemos esquecer que há modos de escutar e de invocar que não comportam o fazer. De fato, todos os que —tendo escutado o anúncio evangélico— acreditam, não serão confundidos; e todos os que, tendo acreditado, invocam o nome do Senhor, se salvarão ensina-o São Paulo na Carta aos Romanos (ver 10,9-13). Trata-se, neste caso, dos que acreditam com fé autêntica, aquela que «atua mediante a caridade», como escreve também o Apóstolo.
 
Mas é um fato que muitos acreditam e não fazem. A carta do apóstolo Santiago denuncia-o de uma maneira impressionante: «Sede, pois executores da palavra e não vos conformeis com ouvi-la somente, enganando-vos a vós mesmos» (1,22); «a fé, se não tem obras, está verdadeiramente morta» (2,17); «como o corpo sem alma está morto, assim também a fé sem obras está morta» (2,26). É o que rejeita, também inolvidavelmente, São Mateus quando afirma: «Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus» (7,21).
 
É necessário, portanto, escutar e cumprir; é assim que construímos sobre a rocha e não em cima da areia. Como cumprir? Perguntemo-nos: Deus e o próximo enchem-me a cabeça —sou crente por convicção? E quanto ao bolso, compartilho os meus bens com critério de solidariedade?; No que se refere à cultura, contribuo para consolidar os valores humanos no meu país?; No aumento do bem, fujo do pecado de omissão?; Na conduta apostólica, procuro a salvação eterna dos que me rodeiam? Numa palavra: sou uma pessoa sensata que, com obras, edifico a casa da minha vida sobre a rocha de Cristo?
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Permanecei vigilantes porque, quando a alma está dominada por um pesado torpor, é o inimigo que a domina e a conduz, mesmo contra a sua vontade. Por isso, o Senhor recomendou ao homem a vigilância tanto da alma como do corpo» (Santo Efrem)
 
«O Evangelho de hoje (Mt 7,21ss) trata de uma equação matemática: Eu conheço a Palavra e a coloco em prática. Eu sou construído sobre a rocha. Agora, como faço para colocar a palavra em prática? É mesmo como construir uma casa na rocha, onde a imagem da pedra refere-se ao Senhor» (Francisco)
 
«A oração de fé não consiste somente em dizer «Senhor, Senhor!», mas em preparar o coração para fazer a vontade do Pai (Mt 7,21). Jesus exorta os seus discípulos a levar para a oração esta solicitude em cooperar com o desígnio de Deus (cf. Mt 9,38)» (Catecismo da Igreja Católica,2.611)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
 
* O evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Montanha.
O Sermão da Montanha é uma nova leitura da Lei de Deus. Começa com as bem-aventuranças (Mt 5,1-12) e termina aqui com a casa na rocha.
 
* Trata-se de adquirir a verdadeira sabedoria. A fonte da sabedoria é a Palavra de Deus expressa na Lei de Deus. A verdadeira sabedoria consiste em ouvir e praticar a Palavra de Deus (Lc 11,28). Não basta dizer “Senhor, Senhor!” O importante não é falar bonito sobre Deus, mas sim fazer a vontade do Pai e, desse modo, ser uma revelação do seu amor e da sua presença no mundo.
 
* Quem ouve e pratica a palavra constrói a casa sobre a rocha. A firmeza da casa não vem da casa em si, mas vem do terreno, da rocha. O que significa a rocha? É a experiência do amor de Deus que se revelou em Jesus (Rom 8,31-39). Tem gente que pratica a palavra para poder merecer o amor de Deus. Mas amor não se compra nem se merece (Ct 8,7). O amor de Deus se recebe de graça. Praticamos a Palavra não para merecer, mas para agradecer o amor recebido. Este é o terreno bom, a rocha, que dá segurança à casa. A segurança verdadeira vem da certeza do amor de Deus! É a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.
 
* O evangelista encerra o Sermão da Montanha (Mt 7,27-28) dizendo que a multidão ficou admirada com o ensinamento de Jesus, pois "ele ensinava com autoridade, e não como os escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência crítica do povo com relação às autoridades religiosas da época. Admirado e agradecido, o povo aprovava os ensinamentos tão bonitos e tão diferentes de Jesus.
 
Para um confronto pessoal
1. Sou dos que dizem “Senhor, Senhor”, ou dos que praticam a palavra?
2. Observo a lei para merecer o amor e a salvação ou para agradecer o amor e a salvação de Deus?