quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

14 de dezembro

 S. João da Cruz
Presbítero de nossa Ordem e Doutor da Igreja
 

Nasceu em Fontiveros (Ávila, Espanha) no ano 1542. Em Medina del Campo, com 21 anos de idade, tomou o hábito da Ordem, na qual pediu para viver uma vida mais austera de acordo com a Regra primitiva. Foi um instrumento providencial nas mãos de Teresa de Jesus, a quem ajudou na sua obra desde a primeira fundação de religiosos contemplativos em Duruelo (28.11.1568). Morreu em Úbeda no dia 13 de dezembro de 1591. É um grande mestre dos caminhos do espírito. As suas obras Subida do Monte Carmelo, Noite Escura, Cântico Espiritual e Chama de Amor Viva, valem-lhe o título de Doutor da Igreja universal, conferido por Pio XI em 24 de agosto de 1926.
 
INVITATÓRIO
R. Vinde, adoremos o Senhor Jesus, Palavra única do pai.
 
LAUDES
Hino
Bem eu sei a fonte que mana e corre,
Embora seja noite.
Aquela eterna fonte não a vê ninguém
E bem sei onde é e donde vem,
Embora seja noite.
Não sei a fonte dela, que não há,
Mas sei que toda a fonte vem de lá,
Embora seja noite.
Não pode haver, eu sei, coisa tão bela
E céus e terra beleza bebem dela,
Embora seja noite.
Porque não pode ali o fundo achar,
Eu sei que ninguém a pode atravessar,
Embora seja noite.
A claridade sua não escurece
E sei que toda a luz dela amanhece,
Embora seja noite.
Tão caudalosas são suas correntes
Que regam céus, infernos e as gentes,
Embora seja noite.
E desta fonte nasce uma corrente
E bem sei eu que é forte e onipotente,
Embora seja noite.
E das duas a corrente que procede
Sei que nenhuma delas a precede,
Embora seja noite.
E esta eterna fonte está escondida
Neste vivo pão a dar-nos vida,
Embora seja noite.
Aqui está a chamar as criaturas
Que bebem desta água, e às escuras,
Porque é de noite.
Esta viva fonte que desejo,
Em este pão de vida, aí a vejo,
Embora de noite.
 
Ant.1 Senhor Deus de Israel, ó Salvador, verdadeiramente sois um Deus oculto!
 
Salmos e Cântico do Domingo da I Semana
 
Ant.2 Tudo é vosso, mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus.
 
Ant.3 Cantai ao Senhor, dai-lhe graças de todo coração com cânticos espirituais.
 
Leitura breve - 2Cor 3,17 -18
Senhor é o Espírito, e onde está o Espírito do Senhor aí está a liberdade. E nós todos, que temos a face descoberta, refletimos, como num espelho, a glória do Senhor, e somos transfigurados nesta mesma imagem cada vez mais resplandecente, vinda do Senhor que é Espírito.
 
Responsório breve
V. Então a tua luz brilhará nas trevas * e a tua escuridão
será como a luz do meio-dia. R. Então a tua luz.
V. E o Senhor inundará de luz a tua alma. * E a tua escuridão.
Glória ao Pai. R. Então a tua luz.
 
Cântico evangélico, Ant. à escolha 1) ou 2) ou 3)
Ant1. Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz.
ou
Ant2. O Senhor nascido de Maria vem para iluminar a todos os que jazem entre as trevas e estão sentados na sombra da morte, e para guiar os nossos passos no caminho da paz.
ou
Ant3. Prestai bem atenção à palavra dos Profetas, como a uma lamparina, que brilha em lugar escuro, até que desponte o dia, e a Estrela da Manhã venha raiar nos vossos corações.
 
Preces
Aclamemos o Senhor Jesus Cristo, Cabeça e Esposo da Igreja, que nos alegra hoje com a festa de São João da Cruz; e digamos:
 
R. Senhor Jesus Cristo, vós sois o Rei da Glória!
 
Palavra única do Pai pronunciada desde sempre no eterno silêncio e recebida no seio da Virgem Maria na plenitude dos tempos,
- ensinai-nos hoje a escutar a vossa palavra no íntimo do coração e guardá-la e manifestá-la pelas obras. R.
 
Sabedoria do Pai, que nos revelastes o excesso do vosso amor, quando vos humilhastes na Encarnação e na Cruz,
- concedei aos que redimistes com o vosso Sangue que vivam continuamente em íntima comunhão convosco. R.
 
Imagem perfeita do Pai, em vós nos são revelados e concedidos todos os mistérios do Amor eterno,
- fazei que, movidos pelo vosso Espírito, caminhemos de claridade em claridade até à vossa Luz inacessível. R.
 
Encanto Supremo do Pai, em vós Deus olha com ternura e carinho para todos os homens e mulheres,
- fazei que sejamos perfeitos e misericordiosos como o vosso Pai celeste. R.
 
Jesus, Primogênito de todas as criaturas, por meio de vós o Pai criou e reformou todas as coisas com o seu Amor,
- fazei que passemos das coisas visíveis para a contemplação da vossa beleza, que é invisível. R.
(intenções livres)
Pai nosso
 
Oração
Senhor, que inspirastes a São João da Cruz, a perfeita abnegação de si mesmo e o ardente amor à cruz, concedei que, imitando o seu exemplo, cheguemos à contemplação eterna da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
 
VÉSPERAS
Hino
Do Céu à terra vieste,
Filho de Deus humanado,
e por meu amor quiseste
sofrer e ser desprezado.
 
De igual modo eu quisera
provar-te como és amado:
por ti, Senhor, quem me dera
sofrer e ser desprezado.
 
Tua cruz é minha cruz,
em ti vivo transformado:
na vida só me seduz
sofrer e ser desprezado.
 
Meu Cristo Crucificado!
Todos os bens encontrei
quando de ti alcancei
sofrer e ser desprezado
 
“Quem se humilha é exaltado”!
Bendito sejas, Senhor!
É grande prova de amor
sofrer e ser desprezado
 
Ant.1 Por causa do grande amor, com que nos amou, Deus nos deu a vida com Cristo.
 
Salmos e Cântico do Comum dos santos pastores (para Doutores da Igreja)
 
Ant.2 Nós reconhecemos o amor, que Deus tem por nós, e nós acreditamos no Amor.
 
Ant.3 O Amor de Deus derramou-se sobre nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado.
 
Leitura breve – 1Cor 13,8-10.12-13·14
O amor não acabará nunca! As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência acabará. Com efeito, o nosso conhecimento é limitado e a nossa profecia é imperfeita. Mas quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Agora nós vemos num espelho, confusamente, mas então veremos face a face. Agora conheço apenas de modo imperfeito, mas então conhecerei como sou conhecido. Atualmente permanecem estas três coisas: fé, esperança, amor. Mas a maior delas é o amor. Ambicionai o amor.
 
Responsório breve
R. Forte como a morte é o amor.
* Suas chamas são chamas de fogo, um raio de Javé. R. Forte.
V. Quem nos separará do amor de Cristo? *' Suas chamas.
Glória ao Pai. R. Forte.
 
Cântico evangélico
Ant. Pai, aqueles que me deste quero que estejam comigo onde eu estiver; o amor com que me amaste esteja neles e eu mesmo esteja neles também.
 
Preces
Demos graças a Deus Pai que, por meio do seu amado Filho, nos enviou o seu Espírito, para que participemos da natureza divina e sejamos na Igreja testemunhas do Amor; e imploremos:
 
R. Pela intercessão de São João da Cruz, ouvi-nos, Senhor!
 
Dai à vossa Igreja uma fé viva que conduza todos, homens e mulheres, para vós,
_ e os faça viver em íntima união convosco. R.
 
A todos os que vos procuram com sinceridade concedei a esperança celeste,
_ que tanto mais alcança quanto mais espera. R.
 
Derramai sobre nós o vosso amor,
- para que possamos semear amor onde ele não existir. R.
 
Fazei que, nos Carmelos, as nossas irmãs, a exemplo da Virgem Maria, sua Mãe,
-sempre sejam fiéis e dóceis às inspirações do Espírito. R.
 
(intenções livres)
 
Concedei aos nossos irmãos e irmãs falecidos que, por fim purificados no fogo do vosso Amor,
- possam quanto antes cantar-vos, com Maria e todos os Santos, o seu eterno Cântico de Amor. R.
 
Pai Nosso ...
 
Oração
Senhor, que inspirastes a São João da Cruz, a perfeita abnegação de si mesmo e o ardente amor à cruz, concedei que, imitando o seu exemplo, cheguemos à contemplação eterna da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
 

Sábado II do Advento

Santa Luzia, virgem e mártir
 
1ª Leitura (Si 48,1-4.9-11):
Naqueles dias, apareceu como um fogo o profeta Elias e as suas palavras queimavam como um facho ardente. Fez vir a fome sobre os israelitas e no seu zelo reduziu-os a poucos. Com a palavra do Senhor fechou o céu e por três vezes fez descer o fogo. – Como foste admirável, Elias, pelos teus prodígios! Quem se pode gloriar de ser como tu? Foste arrebatado num turbilhão de chamas e num carro puxado por cavalos de fogo; foste preparado para, em determinado tempo, aplacares a ira divina antes que ela se inflame, para reconciliares o coração dos pais com os filhos e restabeleceres as tribos de Jacob. Felizes os que te viram e os que morreram no amor, porque também nós certamente viveremos.
 
Salmo Responsorial: 79
R. Senhor nosso Deus, fazei-nos voltar, mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos.
 
Pastor de Israel, escutai, Vós que estais sentado sobre os Querubins, aparecei. Despertai o vosso poder e vinde em nosso auxílio.
 
Deus dos Exércitos, vinde de novo, olhai dos céus e vede, visitai esta vinha. Protegei a cepa que a vossa mão direita plantou, o rebento que fortalecestes para Vós.
 
Estendei a mão sobre o homem que escolhestes, sobre o filho do homem que para Vós criastes; e não mais nos apartaremos de Vós: fazei-nos viver e invocaremos o vosso nome.
 
Aleluia. Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas e toda a criatura verá a salvação de Deus. Aleluia.
 
Evangelho (Mt 17,10-13): Descendo Jesus da montanha com eles, os discípulos perguntaram a Jesus: «Por que os escribas dizem que primeiro deve vir Elias?» Ele respondeu: «Sim, Elias vem; e porá tudo em ordem. E eu vos digo mais: Elias já veio, e não o reconheceram. Pelo contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles». Então os discípulos compreenderam que ele lhes havia falado de João Batista.
 
«Elias já veio, e não o reconheceram. Pelo contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram»
 
Rev. D. Xavier SOBREVÍA i Vidal (Sant Just Desvern, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, Jesus conversa com os discípulos, enquanto desce da montanha, onde tinham vivido a Transfiguração. O Senhor não aceitou a proposta de Pedro para ficar aí e, desce respondendo às perguntas dos discípulos. Estes, que acabam de participar por breves instantes da glória de Deus, estão surpreendidos e não compreendem que já tenha chegado o Messias, sem que o profeta Elias tenha vindo primeiro preparar a sua vinda.
 
Acontece que a preparação já se tinha realizado: «Eu vos digo mais: Elias já veio» (Mt 17,12): João Batista preparou o caminho. Mas os homens do mundo não reconhecem os profetas de Deus, nem os poderosos da Terra reconhecem a divindade de Jesus Cristo.
 
É preciso um olhar novo e um coração novo para reconhecer os caminhos de Deus e responder com generosidade e alegria ao chamamento exigente dos seus enviados. Nem todos estão dispostos a entendê-lo e, menos ainda, a vivê-lo. Senão também, as nossas vidas e os nossos projetos podem estar em oposição à vontade de Deus. Uma oposição que pode até converter-se em luta e rejeição do nosso Pai do Céu.
 
Precisamos descobrir o amor intenso que guia os desígnios de Deus quanto a nós e, se formos consequentes com a fé e a moral que Jesus nos revela, não estranharemos os maus-tratos, as difamações e as perseguições. É que, estar no bom caminho, não nos evita as dificuldades e Ele ensina-nos a continuar, apesar do sofrimento.
 
À Mãe de Jesus, Rainha dos Apóstolos, pedimos que interceda para que a ninguém faltem amigos que, como os profetas, anunciem a Boa Nova da salvação que nos traz o nascimento de Jesus Cristo. Temos a missão, você e eu, de fazer com que este Natal seja vivido mais cristãmente pelas pessoas que encontraremos no nosso caminho.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«O amor não pode ficar sem ver o que ama: por isso os santos desprezaram todos seus merecimentos, se não iam poder ver a Deus. Moises se atreve por isso a dizer: Se obteve teu favor, mostra-me tua glória» (Santo Pedro Crisólogo)
 
«A vivência de Elias no Sinai, que não viu a presença de Deus no furacão, o fogo ou o terremoto, senão numa brisa suave e silenciosa, tem cumprimento aqui. O poder de Deus se manifesta agora em sua mansidão, sua grandeza, em sua simplicidade e proximidade» (Bento XVI)
 
-«João é “Elias que deve vir” (Mt17,10-13): o fogo do Espírito habita nele e o faz correr à frente [na qualidade de “precursor”] do Senhor que vem. Em João, o Precursor, o Espírito Santo conclui a obra de “preparar um povo bem-disposto para o Senhor” (Lc 1,17)» (Catecismo da Igreja Católica, n°718)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
 
* Os discípulos acabaram de presenciar Moisés e Elias reverenciando Jesus na transfiguração sobre o Monte (Mt 17,3).
Era crença geral do povo de que Elias devia voltar para preparar a vinda do Reino. Dizia o profeta Malaquias: “Vejam! Eu mandarei a vocês o profeta Elias, antes que venha o grandioso e terrível Dia de Javé. Ele há de fazer que o coração dos pais volte para os filhos e o coração dos filhos para os pais; e assim, quando eu vier, não condenarei o país à destruição total. (Mal 3,23-24; cf. Eclo 48,10). Os discípulos querem saber: "O que significa o ensinamento dos doutores da Lei, quando dizem que Elias deve vir antes?" Pois Jesus, o messias, já estava aí, já tinha chegado, e Elias ainda não veio. Qual o valor desse ensinamento do retorno de Elias?
 
* Jesus responde: “Elias já veio, e eles não o reconheceram. Fizeram com ele tudo o que quiseram. E o Filho do Homem será maltratado por eles do mesmo modo”. Então os discípulos compreenderam que Jesus falava de João Batista.
 
* Naquela situação de dominação romana que desintegrava o clã e a convivência familiar, o povo esperava que Elias voltasse para reconstruir as comunidades: reconduzir o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais. Esta era a grande esperança do povo. Hoje, da mesma maneira, o sistema neoliberal do consumismo desintegra as famílias e promove a massificação que destrói a vida comunitária.
 
* Reconstruir e refazer o tecido social e a convivência comunitária das família é perigoso, pois mina pela base o sistema de dominação. Por isso, João Batista foi morto. Ele tinha um projeto de reforma da convivência humana (cf. Lc 3,7-14). Ele realizava a missão de Elias (Lc 1,17). Por isso foi morto.
 
* Jesus continua a mesma missão de João de reconstruir a vida em comunidade. Pois se Deus é Pai, somos todos irmãos e irmãs. Jesus reuniu os dois amores: amor a Deus e amor ao próximo e lhe deu visibilidade na nova maneira de conviver . Por isso, como João foi morto. Por isso, Jesus, o Filho do Homem será morto do mesmo jeito.
 
Faça um confronto pessoal da leitura com a vida
1) Colocando-me na posição dos discípulos: a ideologia do consumismo tem poder sobre mim?
2) Colocando-me na posição de Jesus: tenho força para reagir e criar nova convivência humana?

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

12 de dezembro: Nossa Senhora de Guadalupe, Rainha das Américas


1ª Leitura: Gl 4,4-7
- Irmãos, quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá – ó Pai! Assim, já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus.
 
Salmo Responsorial Sl 96,1-2a.2b-3.10 (R: 3a)
R. Manifestai a sua glória entre as nações.
 
– Cantai ao Senhor Deus um canto novo, cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! Cantai e bendizei seu Santo nome.
 
– Dia após dia anunciai sua salvação, manifestai a sua glória entre as nações, e entre os povos do universo seus prodígios!
 
– Publicai entre as nações: “Reina o Senhor! Ele firmou o universo inabalável, e os povos ele julga com justiça”.
 
Aleluia. Maria alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor é contigo; és bendita entre todas as mulheres da terra! Aleluia.
 
Evangelho (Lc 1,39-48): Naqueles dias, Maria partiu apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidade de Judá. Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com voz forte, ela exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Logo que a tua saudação ressoou nos meus ouvidos, o menino pulou de alegria no meu ventre. Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!». Maria então disse: «A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque ele olhou para a humildade de sua serva. Todas as gerações, de agora em diante, me chamarão feliz».
 
«Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada»
 
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, o Continente Americano celebra solenemente a festa de Nossa Senhora de Guadalupe, venerada como Rainha do povo americano. Toda a América a celebra como sua Padroeira. Mas ainda há mais: todo o mundo se alegra com esta festa da nossa Mãe. Não foi em vão que o Espírito Santo lhe inspirou estas palavras: «Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada» (Lc 1,48).
 
Todas as gerações e de todo o mundo! Parece exagero? Pois não é. Perguntemo-nos, por exemplo: quantas vezes hoje mesmo repetiremos no mundo inteiro “bendita és tu entre as mulheres”? Milhões e milhões de vezes. Num só dia! E assim todos os dias! Afinal, o Espírito Santo não se enganou!
 
Santa Maria é um caso único: nenhuma outra pessoa é tão recordada como ela em todos os lugares do mundo. É um “caso único”, como o é também o seu Filho Jesus, pois «debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos» (At 4,12).
 
Em relação à Virgem ainda há outro fato impressionante: Ela é venerada em tantas regiões e lugares diferentes do mundo e, por vezes, frequentemente, é representada de acordo com a fisionomia e os traços próprios do lugar. Isto acontece porque Maria é Mãe de todos e, logicamente, cada um, cada povo a representa de acordo com a sua própria imagem. Os filhos parecem-se fisicamente com a sua Mãe! Por isso, no México, a vemos morena e com traços mestiços. E também não foi por acaso que Maria tenha falado a Juan Diego na língua asteca.
 
Mas tratemos de nos parecer a Ela, sobretudo, espiritualmente. A Virgem de Guadalupe reflete nos seus olhos o seu querido filho Juan Diego. A Nossa Mãe observa-nos! Que responsabilidade tão grande temos! - Mãe, quisera que nos teus preciosos olhos só se refletissem coisas boas, como a piedade, humildade e obediência de S. Juan Diego… e as flores que tu própria lhe deste e de que tanto gostas…
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
* Hoje, festa de Nossa Senhora de Guadalupe - Padroeira das Américas, o evangelho fala da visita de Maria à sua prima Isabel.
Quando Lucas fala de Maria, ele pensa nas comunidades do seu tempo que viviam espalhadas pelas cidades do império romano e lhes oferece em Maria o modelo de como devem relacionar-se com a Palavra de Deus. Certa vez, ao ouvir Jesus falar de Deus, uma mulher do povo exclamou: "Feliz o seio que te carregou, e os seios que te amamentaram". Elogiou a mãe de Jesus. Imediatamente, Jesus respondeu: "Mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática" (Lc 11,27-28). Maria é o modelo da comunidade fiel que sabe ouvir e praticar a Palavra de Deus. Descrevendo a visita de Maria a Isabel, ele ensina como as comunidades devem fazer para transformar a visita de Deus em serviço aos irmãos e às irmãs.
 
* O episódio da visita de Maria a Isabel mostra ainda um outro aspecto bem próprio de Lucas. Todas as palavras e atitudes, sobretudo o cântico de Maria, formam uma grande celebração de louvor. Parece a descrição de uma solene liturgia. Assim, Lucas evoca o ambiente litúrgico e celebrativo, em que Jesus foi formado e em que as comunidades devem viver a sua fé.
 
* Lucas 1,39-40: Maria sai para visitar Isabel. Lucas acentua a prontidão de Maria em atender às exigências da Palavra de Deus. O anjo lhe falou da gravidez de Isabel e, imediatamente, Maria se levanta para verificar o que o anjo lhe tinha anunciado, e sai de casa para ir ajudar a uma pessoa necessitada. De Nazaré até as montanhas de Judá são mais de 100 quilômetros! Não havia ônibus nem trem.
 
* Lucas 1,41-44: Saudação de Isabel. Isabel representa o Antigo Testamento que termina. Maria, o Novo que começa. O Antigo Testamento acolhe o Novo com gratidão e confiança, reconhecendo nele o dom gratuito de Deus que vem realizar e completar toda a expectativa do povo. No encontro das duas mulheres manifesta-se o dom do Espírito que faz a criança estremecer de alegria no seio de Isabel. A Boa Nova de Deus revela a sua presença numa das coisas mais comuns da vida humana: duas donas de casa se visitando para se ajudar. Visita, alegria, gravidez, criança, ajuda mútua, casa, família: é nisto que Lucas quer que as comunidades (e nós todos) percebamos e descubramos a presença do Reino. As palavras de Isabel, até hoje, fazem parte do salmo mais conhecido e mais rezado da América Latina, que é a Ave Maria.
 
* Lucas 1,45: O elogio que Isabel fez a Maria. "Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor vai acontecer". É o recado de Lucas às Comunidades: crer na Palavra de Deus, pois ela tem força para realizar aquilo que ela nos diz. É Palavra criadora. Gera vida nova no seio de uma virgem, no seio do povo pobre e abandonado que a acolhe com fé.
 
* Lucas 1,46-56: O cântico de Maria. Muito provavelmente, este cântico já era conhecido e cantado nas Comunidades. Ele ensina como se deve rezar e cantar. Lucas 1,46-50: Maria começa proclamando a mudança que aconteceu na sua própria vida sob o olhar amoroso de Deus, cheio de misericórdia. Por isso, ela canta feliz: "Exulto de alegria em Deus, meu Salvador".  Lucas 1,51-53: Em seguida, canta a fidelidade de Deus para com seu povo e proclama a mudança que o braço de Javé estava realizando a favor dos pobres e famintos. A expressão "braço de Deus" lembra a libertação do Êxodo. É esta força salvadora de Deus que faz acontecer a mudança: dispersa os orgulhosos (1,51), destrona os poderosos e eleva os humildes (1,52), manda os ricos embora sem nada e aos famintos enche de bens (1,53).  Lucas 1,54-55: No fim, ela lembra que tudo isto é expressão da misericórdia de Deus para com o seu povo e expressão da sua fidelidade às promessas feitas à Abraão. A Boa Nova veio não como recompensa pela observância da Lei, mas como expressão da bondade e da fidelidade de Deus às promessas. É o que Paulo ensinava nas cartas aos Gálatas e aos Romanos.
 
* O segundo livro de Samuel conta a história da Arca da Aliança. Davi quis colocá-la em sua casa, mas ficou com medo e disse. "Como virá a Arca de Javé para ficar na minha casa?" (2 Sam 6,9) Davi mandou que a Arca fosse para a casa de Obed-Edom. "E a Arca de Javé ficou três meses na casa de Obed-Edom, e Javé abençoou a Obed-Edom e a toda a sua família" (2 Sam 6,11). Maria, grávida de Jesus, é como a Arca da Aliança que, no Antigo Testamento, visitava as casas das pessoas trazendo benefícios. Ela vai para a casa de Isabel e fica lá três meses. E enquanto está na casa de Isabel, ela e toda a sua família é abençoada por Deus. A comunidade deve ser como a Nova Arca da Aliança. Visitando a casa das pessoas, deve trazer benefícios e graça de Deus para o povo.
 
Para um confronto pessoal
1) O que nos impede de descobrir e de viver a alegria da presença de Deus em nossa vida?
2) Onde e como a alegria da presença de Deus está acontecendo hoje na minha vida e na vida da comunidade?

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Quinta-feira da 2ª semana do Advento

Sta. Maria Maravilhas de Jesus, virgem de nossa Ordem
Bto. Franco Líppi, de Siena, eremita da nossa Ordem
 
1ª Leitura (Is 41,13-20):
«Sou Eu, o Senhor, teu Deus, que te seguro pela mão direita e te digo: ‘Não temas, Eu venho em teu auxílio’. Não temas, pobre verme de Jacob, bichinho de Israel. Eu venho socorrer-te – oráculo do Senhor –, o teu redentor é o Santo de Israel. Eu te converterei em trilho aguçado, novo e bem cortante; calcarás e triturarás os montes e transformarás em palha as colinas. Hás de joeirá-los e o vento os levará, o vendaval os dispersará. Mas tu exultarás no Senhor e te gloriarás no Santo de Israel. Os infelizes e os pobres buscam água e não a encontram e a sua língua está ressequida pela sede. Eu, o Senhor, os atenderei, Eu, o Deus de Israel, não os abandonarei. Farei brotar rios nos montes escalvados e fontes por entre os vales. Transformarei o deserto em lago e a terra seca em nascentes de água. No deserto farei crescer o cedro, a acácia, a murta e a oliveira; na estepe plantarei o cipreste, o olmo e o pinheiro, para que todos vejam e saibam, considerem e compreendam que a mão do Senhor fez estas coisas, que o Santo de Israel as realizou».
 
Salmo Responsorial: 144
R. O Senhor é clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade.
 
Quero exaltar-Vos, meu Deus e meu Rei, e bendizer o vosso nome para sempre. O Senhor é bom para com todos e a sua misericórdia se estende a todas as criaturas.
 
Graças Vos deem, Senhor, todas as criaturas e bendigam-Vos os vossos fiéis. Proclamem a glória do vosso reino e anunciem os vossos feitos gloriosos;
 
Para darem a conhecer aos homens o vosso poder, a glória e o esplendor do vosso reino. O vosso reino é um reino eterno, o vosso domínio estende-se por todas as gerações.
 
Aleluia. Desça o orvalho do alto dos céus e as nuvens chovam o justo; abra-se a terra e germine o Salvador. Aleluia.
 
Evangelho (Mt 11,11-15): Naquele tempo, Jesus disse: «Em verdade, eu vos digo, entre todos os nascidos de mulher não surgiu quem fosse maior que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele. A partir dos dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e violentos procuram arrebatá-lo. Pois até João foi o tempo das profecias — de todos os Profetas e da Lei. E, se quereis aceitar, ele é o Elias que há de vir. Quem tem ouvidos, ouça».
 
«O Reino dos Céus sofre violência, e violentos procuram arrebatá-lo»
 
Rev. D. Ignasi FABREGAT i Torrents (Terrassa, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, o Evangelho nos fala de São João Batista, o Precursor do Messias, aquele que veio preparar os caminhos do Senhor. Também a nós, ele nos acompanhará desde hoje até o dia dezesseis, dia que acaba a primeira parte do Advento.
 
João é um homem firme, que sabe o quanto as coisas custam, é consciente de que há de se lutar para melhorar e ser santo, e por isso Jesus exclama: «A partir dos dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e violentos procuram arrebatá-lo» (Mt 11,12). Os “violentos” são os que se fazem a si mesmos a violência: —Eu me esforço para crer que o Senhor me ama? Eu me sacrifico para ser “pequeno”? Eu me esforço para ser consciente e viver como um filho do Pai?
 
Santa Teresinha de Lisieux se refere também a estas palavras de Jesus dizendo algo que pode nos ajudar na nossa conversa pessoal e intima com Jesus: «Ó pobreza, meu primeiro sacrifício, até a morte por toda à parte me seguirás, pois eu sei que para correr no estádio, o atleta tem de despojar-se de tudo. Provai, mundanos, o remorso e a pena, esses frutos amargos da vossa vaidade; alegremente, eu acolho na arena, as palmas da Pobreza». —E eu, por que reclamo quando me dou conta de que me falta alguma coisa que considero necessária? Tomara que eu veja, nos diversos aspectos da minha vida, tão claramente como a Doutora!
 
De uma forma enigmática Jesus nos diz hoje também: «João (...) é o Elias (...). Quem tem ouvidos, ouça» (Mt 11,14-15). O que quer dizer? Quer nos aclarar que João era verdadeiramente o precursor, quem finalizou a mesma missão do Elias, conforme a crença que existia naquele então, de que o profeta Elias teria que voltar antes do Messias.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Moises foi um grande legislador e admiráveis foram igualmente, todos os profetas mas, não o foram mais que João. Não sou eu quem se atreve a comparar profeta com profeta, mas sim aquele que é seu e nosso Senhor» (São Cirilo de Jerusalém)
 
«Sempre me impressionou o encontro do Senhor com Elias. O Senhor não estava no granizo, nem na chuva, nem na tormenta... O Senhor estava numa brisa suave. Esta é a música da linguajem do Senhor. Preparando-nos para o Natal, temos que a ouvir» (Francisco)
 
«São João Baptista (...) precedendo a Jesus «com o espírito e o poder de Elias» (Lc 1, 17), dá testemunho d'Ele pela sua pregação, pelo seu batismo de conversão e, finalmente, pelo seu martírio» (Catecismo da Igreja Católica, nº523)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
 
* No evangelho de hoje, Jesus dá uma opinião sobre João Batista.
Comparado com as pessoas do Antigo Testamento, não há ninguém maior que João. João é o maior de todos: maior que Jeremias, maior que Abraão, maior que Isaías! Mas comparado com o Novo Testamento, João é inferior a todos. O menor no Reino é maior que João. Como entender esta qualificação aparentemente contraditória que Jesus fez de João?
 
* Pouco antes, João tinha mandado perguntar a Jesus: “É o senhor, ou devemos esperar por outro?” (Mt 11,3). João parecia ter dúvidas a respeito a Jesus. Pois Jesus não correspondia à ideia de que ele, João, se fazia do messias. João imaginava o messias como um juiz severo que devia vir realizar o julgamento da condenação e da chegada da ira (Mt 3,7). Devia cortar as árvores pela raiz (Mt 3, 10), limpar a área e jogar a palha seca no fogo (Mt 3,12). Mas Jesus, em vez de ser um juiz severo, era amigo de todos, “manso e humilde de coração” (Mt 11,29), que acolhia os pecadores e comia com eles (Mc 2,16).
 
* Jesus respondeu a João citando o profeta Isaias: “Vão contar para João o que estão vendo e ouvindo: cegos veem, coxos andam, leprosos são limpos, surdos ouvem, mortos ressuscitam, aos pobres é anunciada a Boa Nova. E feliz quem não se escandalizar comigo!” (Mt 11,5-6; cf. Is 33,5-6;29,18). Resposta dura. Jesus manda João analisar melhor as Escrituras para ele poder mudar a visão errada que tinha do messias.
 
* João foi grande! O maior de todos! Mas o menorzinho no Reino dos céus é maior que João! João é o maior, porque ele era o último elo do AT. Foi João que, pela sua fidelidade, pôde, finalmente, apontar o messias para o povo: “Eis o cordeiro de Deus!” (Jo 1,36), e a longa história desde Abraão alcançou o seu objetivo. Mas João por si mesmo não foi capaz de entender todo o alcance da presença do Reino de Deus em Jesus. Ele estava na dúvida: “É o senhor ou devemos esperar por outro?” A história antiga, ela sozinha, não comunica luz suficiente para a pessoa poder entender toda a novidade da Boa Notícia de Deus que Jesus nos trouxe. O Novo não cabe no Antigo. Santo Agostinho dizia: “Novum in Vetere latet, Vetus in Novo patet”. Traduzido significa: “O Novo já está escondido no Antigo. Mas o Antigo só revela seu sentido pleno é no Novo”. Quem está com Jesus e convive com ele recebe dele uma luz que lhe dá olhos novos para descobrir um significado mais profundo no Antigo. E qual é esta novidade?
 
* Jesus oferece uma chave: “A lei e os profetas anunciaram o Reino até João. E se quiserem saber João é Elias que deve vir!” Jesus não explica, mas dá a dica: “Quem tem ouvidos ouça” Elias devia vir para preparar a vinda do Messias e refazer a comunidade: “Reconduzir o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais” (Mal 3,24). João anunciou o Messias e tentou refazer a comunidade (Lc 1,17). Mas o mistério mais profundo da vida em comunidade, lhe escapava. Foi só Jesus que o comunicou anunciando que Deus é Pai e, portanto, somos todos irmãos e irmãs. Este anúncio traz uma força nova que nos torna capazes de superar as divergências e criar comunidade.
 
* São estes os violentos que conseguem conquistar o Reino. O Reino não é uma doutrina, mas é um novo modo de conviver como irmãos e irmãs a partir do anúncio que Jesus fez de que Deus é Pai de todos.
 
Para um confronto pessoal
1. O Reino é dos violentos, isto é, é dos que, como Jesus, têm a coragem de criar comunidade. Você tem?
2. Jesus ajudou João a entender melhor os fatos por meio da Bíblia. A Bíblia me ajuda a entender melhor os fatos da minha vida?

11 de dezembro

 Beato Franco de Siena
Leigo eremita de nossa Ordem
 

Nasceu em Grotti (Sena, Itália), provavelmente no séc. XIII. Reconhecido pelas suas ásperas penitências, foi converso carmelitano. Sepultado em Sena, seu culto difundiu-se no séc. XVII, depois de aprovado pelo Papa Clemente X em 1670, na diocese e também na Ordem do Carmelo. Entre os conversos religiosos da Ordem no passado a devoção do B. Franco ocupou um lugar privilegiado e por isso foi por eles escolhido como protetor. Em sua honra também foram dedicados altares e nasceram confrarias, especialmente as espanholas do séc. XVII.
 
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, concedei-nos, por intercessão do Beato Franco, a graça de nos considerarmos peregrinos neste mundo e caminhando ao vosso encontro com espírito de penitência, nos reconheçamos necessitados de vossa misericórdia. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
 

11 de dezembro

 Santa Maria Maravilhas de Jesus
Virgem de nossa Ordem
       
Maria de las Maravillas de Jesus Pidal y Chico de Guzmán nasceu em Madrid no ano 1891. Entrou nas Carmelitas Descalças de El Escorial, Madrid (Espanha) no dia 12 de outubro de 1919. Em 1924, movida por uma inspiração divina, fundou um Carmelo no “Cerro de los Ángeles” (o centro geográfico de Espanha), junto ao monumento do Coração de Jesus. A esta fundação seguiram-se outras nove na sua pátria e uma na Índia. Concedeu sempre a primazia à oração e à imolação. Tinha verdadeira paixão e zelo pela glória de Deus e pela salvação das almas. A partir da clausura, e vivendo uma vida pobre, socorreu os necessitados, fomentando iniciativas apostólicas e obras sociais e caritativas. Ajudou de modo particular a sua Ordem, os sacerdotes e diversas congregações religiosas. Morreu com 83 anos no mosteiro de La Aldehuela (Madrid) no dia 11 de dezembro de 1974. Foi beatificada a 10 de maio de 1998 e canonizada no dia 4 de maio de 2003 por João Paulo II.
 
Salmodia, leitura, responsório breve e preces do dia corrente.
 
Oração
Senhor, nosso Deus, que atraístes Santa Maria Maravilhas de Jesus aos segredos do Coração do vosso Filho, concedei-nos, pelo seu exemplo e intercessão, que, experimentando as delícias do vosso amor, trabalhemos pela salvação das almas Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Quarta-feira da 2ª semana do Advento

Virgem Santa Maria de Loreto.
Sta. Joana Francisca de Chantal, viúva e religiosa.
 
1ª Leitura (Is 40,25-31):
«A quem Me comparareis que seja semelhante a Mim? – diz o Deus Santo – Erguei os olhos para o alto e olhai. Quem criou estas estrelas? Aquele que as conta e as faz marchar como um exército e as chama a todas pelos seus nomes. Tal é a sua força e tão grande é o seu poder, que nenhuma falta à chamada. Jacob, porque dizes; Israel, porque afirmas: ‘O meu destino está oculto ao Senhor e a minha causa passa despercebida ao meu Deus’? Não o sabes, não o ouvistes dizer? O Senhor é um Deus eterno, criador da terra até aos seus confins. Ele não Se cansa nem Se fatiga e a sua inteligência é insondável. Dá força ao que anda exausto e vigor ao que anda enfraquecido. Os jovens cansam-se e fatigam-se e os adultos tropeçam e vacilam. Mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, formam asas como as águias. Correm sem se fatigarem, caminham sem se cansarem».
 
Salmo Responsorial: 102
R. Ó minha alma, louva o Senhor.
 
Bendiz, ó minha alma, o Senhor e todo o meu ser bendiga o seu nome santo. Bendiz, ó minha alma, o Senhor e não esqueças nenhum dos seus benefícios.
 
Ele perdoa todos os teus pecados e cura as tuas enfermidades; salva da morte a tua vida e coroa-te de graça e misericórdia.
 
O Senhor é clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade; não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos castigou segundo as nossas culpas.
 
Aleluia. O Senhor vem salvar o seu povo; felizes os que estão preparados para ir ao seu encontro. Aleluia.
 
Evangelho (Mt 11,28-30): Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: «Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve».
 
«Meu jugo é suave e o meu fardo é leve»
 
P. Jacques PHILIPPE (Cordes sur Ciel, França)
 
Hoje; Jesus leva-nos a repousar em Deus. Ele, certamente, é um Pai exigente, porque nos ama e nos convida a dar-lhe tudo, não é um verdugo. Quando nos exige alguma coisa é para nos fazer crescer no seu amor. O único mandamento é o de amar. Pode-se sofrer por amor, mas também nos podemos alegrar e descansar por amor...
 
A docilidade de Deus libera e enaltece o coração. Por isso Jesus, convida-nos a renunciar a nós mesmos para tomarmos a nossa cruz e segui-lo, diz-nos: «O meu jugo é suave e o meu fardo é leve» (Mt 11,30). Mesmo que por vezes nos custe obedecer à vontade de Deus, cumpri-la com amor acaba por nos encher de gozo: «Dirige-me na senda dos teus mandamentos, porque nela está minha alegria» (Sal 119,35).
 
Gostava de vos contar uma coisa. Por vezes, quando depois de um dia bastante esgotante, me vou deitar, percebo uma ligeira sensação dentro de mim que me diz: —Não entrarias um momento na capela para me fazeres companhia? Após uns instantes de desconcerto e resistência, termino por consentir e passar uns momentos com Jesus. Depois vou dormir em paz e tão contente, no dia seguinte não acordo mais cansado que de costume.
 
Não obstante, por vezes sucede-me o contrário. Perante um problema grave que me preocupa, penso: —Esta noite, durante uma hora, na capela, rezarei para que se resolva. E ao dirigir-me para a dita capela, uma voz diz-me no fundo do meu coração: —Sabes? Conformava-me mais que te fosses deitar imediatamente e confiasses em mim; eu ocupo-me do teu problema. E recordando a minha feliz condição de “servidor inútil”, vou dormir em paz, abandonando tudo nas mãos do Senhor...
 
Com tudo isto quero dizer que a vontade de Deus está onde existe o máximo amor mas não forçosamente onde está o máximo sofrimento... Há mais amor em descansar, graças à confiança do que em nos angustiarmos pela inquietude!
 
«Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso»
 
Rev. D. Jaume GONZÁLEZ i Padrós (Barcelona, Espanha)
 
Hoje, acaba o ciclo de leituras semanais que tem como protagonista o profeta Isaías. Ele nos faz ver que a atualidade da vinda do Messias foi anunciada profeticamente.
 
Esperar o regresso do Senhor, seu “adventus”, exige do crente um claro propósito de não desfalecer, aconteça o que acontecer até então. Porque não podemos ignorar que a espera nem sempre resulta ligeira, e se pode chegar a pensar que, de fato, considerando a própria fraqueza, não se alcançará a perseverança de uma vida cristã com tenacidade. A tentação do desânimo está sempre perto dos que somos fracos por natureza.
 
Também pode nos trair o esquecimento de que o Reino vai abrindo passagem, sobretudo pela vontade de Deus, apesar das resistências dos que não temos uma “determinação determinada”, suficientemente decidida, para buscá-lo acima de tudo e com absoluta prioridade. Muitas vezes nos lamentamos do nosso cansaço: refletimos um pouco e damo-nos conta dos poucos resultados obtidos e, sem o poder evitar, sai-nos da alma uma queixa dirigida ao Senhor, mais ou menos explicita, perguntando-lhe como é que não nos ajudou o suficiente, como é possível que não tenha reparado no trabalho que realizamos. Aqui está nosso pecado! Convertemos Deus em nosso ajudante, ao invés de compreender que a iniciativa é sempre dele e que é dele o esforço principal.
 
Isaías, nesta perspectiva escatológica que marca as primeiras semanas do Advento, nos lembra quanto é grande e irresistível o poder do Senhor.
 
Em Jesus Cristo vemos cumprirem-se estas palavras do Profeta. «Vinde a mim (...) e encontrareis descanso» (Mt 11,28). No Senhor, no seu coração amoroso, todos encontramos o descanso necessário e a força para não desfalecer e, assim, poder esperá-lo com uma renovada caridade, enquanto nossa alma não cessa de O bendizer e nossa memória não esquece seus favores.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Tão leve é a carga de Cristo, que não só não oprime, senão que alivia. Convém que leves esta carga para sentir-te aligeirado; se a tiras de cima de ti, encontrar-te-ás oprimido» (São Agostinho)
 
«Quando Deus põe o seu braço sobre o nosso ombro, como “seu jugo suave”, não se trata de um peso que nos faz sentir carregados, senão do gesto de aceitação cheio de amor. o “jugo” de este braço não é um peso, mas é a prenda do amor que nos sustém e nos converte em filhos» (Bento XVI)
 
«O Verbo fez-Se carne, para ser o nosso modelo de santidade: ‘Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim [...]’ (Mt 11,29)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 459)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
 
* Certos textos dos Evangelhos só revelam todo o seu sentido quando colocados diante do pano de fundo do Antigo Testamento.
Assim é este texto tão breve e tão bonito do evangelho de hoje. Nele ressoam dois temas muito amados e lembrados do Antigo Testamento, um de Isaías e outro dos livros chamados sapienciais.
 
* Isaías fala do Messias-Servo e o apresenta como um discípulo que está sempre em busca de uma palavra de conforto para poder animar os desanimados: “O Senhor me concedeu o dom de falar como seu discípulo, para eu saber dizer uma palavra de conforto a quem está desanimado. Cada manhã, ele me desperta, para que eu o escute, de ouvidos abertos, como o fazem os discípulos”. (Is 50,4) E o Messias servo faz um convite: “Vocês que estão com sede, venham buscar água. Venham também os que não têm dinheiro: comprem e comam sem dinheiro e bebam vinho e leite sem pagar” (Is 55,1). Estes textos povoavam a memória do povo. Eram como os cânticos da nossa infância. Quando a gente os escuta dá uma nostalgia, uma saudade! Assim, a palavra de Jesus: “Venham a mim!” despertava a memória e trazia para perto o eco longínquo daqueles textos bonitos de Isaías.
 
* Os livros sapienciais apresentam a sabedoria divina sob a figura de uma mulher, uma mãe, que transmite aos filhos a sua sabedoria e lhes diz: "Comprem a sabedoria sem dinheiro. Coloquem o pescoço debaixo do seu jugo e acolham a sua instrução. A sabedoria está próxima, e pode ser encontrada. Vejam com seus próprios olhos como trabalhei pouco, e acabei encontrando profundo repouso”.(Eclo 51,25-27). Jesus repete quase a mesma frase: “Vocês encontrarão repouso!”
 
* Por esta sua maneira de falar ao povo, Jesus despertava a memória do povo e fazia com que o coração se alegrasse e dissesse: “Chegou o messias que tanto esperamos!” Jesus transformava a saudade em esperança. Fazia o povo dar um passo. Em vez de agarrar-se à imagem de um messias glorioso, rei e dominador, ensinadas pelos escribas, o povo mudava de visão e aceitava Jesus como o messias servidor. Messias humilde e manso, acolhedor e cheio de ternura, que fazia os pobres se sentirem em casa junto de Jesus.
 
Para um confronto pessoal
1. A lei de Deus é para mim um jugo leve que me anima, ou é um peso que me cansa?
2. Já senti alguma vez a alegria e a leveza do jugo da lei de Deus que Jesus nos revelou?