domingo, 14 de setembro de 2025

17 de setembro

 Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém
Legislador de Nossa Ordem
 
Nasceu em meados do século XII, em Castro de Gualteri, diocese de Parma, Itália. Pediu sua admissão entre os cônegos regulares da Santa Cruz de Mortara e aí se tornou Prior, no ano de 1180. Foi nomeado Bispo de Bobbio em 1184 e, a seguir, de Vercelli em 1191. Transferido para o Patriarcado de Jerusalém em 1205, com a palavra e com o exemplo, mostrou-se autêntico pastor a serviço da paz. Durante seu patriarcado (1206-1214), reuniu em comunidade os eremitas do Monte Carmelo e escreveu-lhes uma Regra. Devendo repreender e depor por má conduta o administrador do Hospital do Espírito Santo, foi morto por ele no dia 14 de setembro de 1214, em São João de Acre.
 
INVITATÓRIO
R. Vinde, adoremos o Senhor, legislador supremo!
 
LAUDES
Hino
Deus nos chamou à santidade,
A ser louvador de sua glória,
Em Jesus, o Verbo Encarnado,
Que se inseriu em nossa História.
 
Aspirando seguir a Cristo,
Deixemos nele o homem velho,
Que o seu Espírito nos guie,
Para vivermos o Evangelho.
 
A Deus unidos no Amor
E servindo à Humanidade,
Seguiremos a nossa Regra,
Chegaremos à santidade.
 
Que Santo Alberto por nós rogue,
Pra que na santa solidão,
Fiéis ao Espírito de Cristo,
Sempre nos mova a sua unção.
 
Assim louvaremos o Pai
Por seu Filho, nosso Senhor,
Com o Espírito Paráclito
Que em nós derrama o seu amor.
 
Ant.1 – Dai-me o saber, e cumprirei a vossa Lei e de todo coração a guardarei.
 
Salmos do Primeiro Domingo.
 
Ant.2 – A Palavra de Cristo, com toda a sua riqueza habite em vós; do fundo dos vossos corações cantai a Deus.
 
Ant.3 – Esta é uma estrada boa e santa; ide por ela!
 
Leitura breve - Hb 13,7-9a
Lembrai-vos dos vossos dirigentes, que vos pregaram a palavra de Deus e, considerando o fim da sua vida, imitai-lhes a fé. Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje e por toda a eternidade. Não vos deixeis enganar por qualquer espécie de doutrina estranha.
 
Responsório breve
R. Sobre ti, Jerusalém, * coloquei sentinelas R. Sobre ti.
v. Para anunciarem, dia e noite, o nome do Senhor. * Coloquei.
Glória ao Pai. R. Sobre ti.
 
Cântico evangélico (1Mc 2,27)
Ant. "Acompanhe-me quem tiver zelo pela Lei e quiser manter a Aliança!" Então muitos, que amavam a justiça e o direito, desceram para o deserto.
 
Preces
Louvemos o Senhor Jesus, Pastor e Guia das nossas almas, e nele colocando a nossa esperança, supliquemos-lhe confiantemente:
 
R. Protegei, Senhor, o vosso povo!
 
Recebei, Senhor, os nossos anseios e projetos
- como primícias deste novo dia. R.
 
Fazei, Senhor, que nos deixemos guiar pela nossa Regra,
- a fim de proclamarmos o vosso amor diante dos homens. R.
 
Fazei que vos amemos de modo a vos possuirmos
- e que pratiquemos o bem, e a nossa vida vos glorifique. R
 
Concedei-nos fidelidade à vossa Lei,
- para que, guardando-a no coração, perseveremos até o fim. R.
 
Ensinai-nos o caminho, que conduz ao alto do Carmelo,
- para que vos sirvamos de coração puro e consciência reta. R.
 
(intenções livres)
 
Pai Nosso ...
 
Oração
Senhor, que por intermédio de Santo Alberto nos destes uma evangélica Fórmula de Vida, concedei-nos, por sua intercessão, viver sempre na contemplação de Jesus Cristo e servi-lo com fidelidade até a morte.  Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
 
VÉSPERAS
Hino
No decorrer deste dia
O Céu pareceu mais perto
Do Carmelo em alegria,
Por Festejar Santo Alberto.
 
Virtuoso Patriarca
De palavra benfazeja,
Presença que deixou marca
Em tempos duros da Igreja.
 
Legislador santo e prudente,
Que tesouro nos deixaste!
Quem sempre o tiver presente
Tem tudo quanto lhe baste.
 
Na Pátria celestial,
Desse lugar onde habitas,
Protege de todo mal
A Ordem dos Carmelitas!
 
Glória a vós, Pai de bondade,
E a Jesus Cristo Senhor,
E por toda a eternidade!
Com o Espírito de Amor.
 
Ant1. Indicai-me o caminho a seguir, pois a vós eu elevo a minha alma.
 
Do comum dos pastores, exceto:
 
Ant2. Filho, guarda os meus preceitos e a minha lei como a menina dos teus olhos.
 
Ant3. É justo o Senhor em seus caminhos; é santo em todas as obras que Ele faz.
 
Leitura breve - Tg 1,22,25
Sedes praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Aquele, porém, que se debruça sobre a Lei da Liberdade, agora levada à perfeição, e nela persevera, não como um ouvinte distraído, mas praticante do que ela ordena, esse será feliz.
 
Responsório breve
V. lnclinai o meu coração * para as vossas leis. R. lnclinai.
R. E dai-me a vida pelos vossos mandamentos. * Para as
vossas. Glória ao Pai. R. lnclinai.
 
Cântico evangélico
Ant. A Palavra de Cristo estabeleça morada em vós abundantemente; cantai a Deus de todo coração; e sede agradecidos.
 
Preces
Glorifiquemos a Cristo, que reconciliou o mundo com Deus e suscitou Santo Alberto para nos oferecer da parte de Deus uma Regra de Vida; peçamos-Lhe com fé.
 
R. Lembrai-vos, Senhor, desta vossa família!
 
Senhor Jesus, em cujo obséquio abraçamos a vida religiosa,
- fazei que vos sirvamos com um coração puro e uma consciência reta. R.
 
Vós, que nos concedeis superiores para nos servirem e orientarem para vós,
- fazei que vos reconheçamos nas suas palavras e nos seus exemplos. R.
 
Vós, que nos chamastes para meditarmos dia e noite na vossa Lei,
- fazei que a vossa palavra habite abundantemente em nós, na boca e no coração. R.
 
Vós, que nos recomendais o silêncio, onde possamos encontrar-vos,
- fazei-nos compreender que é no silêncio e na esperança que se encontra a nossa força. R.
 
Vós, que denominais a vida do homem sobre a terra como um exercício para a guerra,
- dai coragem aos tímidos, levantai os decaídos, e derramai em todos o vosso Espírito. R.
(intenções livres)
 
Lembrai-vos de todos os que em vida associastes à vossa família,
- para que eternamente vos louvem no monte da vossa glória. R.
 
Pai nosso
 
Oração
 Senhor, que por intermédio de Santo Alberto nos destes uma evangélica Fórmula de Vida, concedei-nos, por sua intercessão, viver sempre na contemplação de Jesus Cristo e servi-lo com fidelidade até a morte.  Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
 

Terça-Feira da 24ª semana do Tempo Comum

Santos Cornélio, papa, e Cipriano, bispo, mártires
Santa Ludmila, viúva e mártir
São João Macias, religioso
 
1ª Leitura (1Tim 3,1-13):
Caríssimo: É digna de fé esta palavra: Quem aspira a um cargo de governo na Igreja aspira a uma nobre função. Mas quem exerce esse cargo deve ser irrepreensível, casado uma só vez, sóbrio, ponderado, digno, hospitaleiro, capaz de ensinar, não dado ao vinho, nem violento, mas condescendente, pacífico e desinteressado. Deve governar bem a sua casa, mantendo os filhos submissos com toda a dignidade, pois quem não sabe governar a própria casa, como poderá cuidar da Igreja de Deus? Não deve ser um recém-convertido, não aconteça que se encha de orgulho e venha a incorrer na mesma condenação do diabo. Além disso, deve gozar de boa fama entre os de fora, para não cair no descrédito e em alguma cilada do diabo. Os diáconos devem igualmente ser dignos, homens de palavra, não propensos ao excesso de bebidas nem a lucros desonestos; e conservem o mistério da fé numa consciência pura. Sejam primeiro postos à prova; depois, se não houver nada a censurar-lhes, poderão exercer o diaconato. As suas mulheres devem igualmente ser dignas, não maldizentes, mas sóbrias e fiéis em tudo. Não se casem os diáconos mais que uma vez; governem bem os filhos e a própria casa. Porque aqueles que exercem bem o seu ministério alcança uma posição honrosa e uma firme confiança, fundada sobre a fé em Cristo Jesus.
 
Salmo Responsorial: 100
R. Andarei no caminho perfeito.
 
Quero cantar a bondade e a justiça: a Vós, Senhor, entoarei salmos. Quero seguir o caminho perfeito: quando vireis ao meu encontro?
 
Viverei na inocência do coração no interior da minha casa. Não porei diante de meus olhos qualquer ação perversa.
 
Quem às ocultas calunia o seu próximo, hei de reduzi-lo ao silêncio. Ao de olhar altivo e coração soberbo, não o poderei suportar.
 
Tenho os olhos postos na gente leal da minha terra, para que esteja sempre ao meu lado. Só aquele que segue o caminho perfeito poderá ser meu servo.
 
Aleluia. Apareceu no meio de nós um grande profeta: Deus visitou o seu povo. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 7,11-17): Naquele tempo, Jesus foi a uma cidade chamada Naim. Os seus discípulos e uma grande multidão iam com ele. Quando chegou à porta da cidade, coincidiu que levavam um morto para enterrar, um filho único, cuja mãe era viúva. Uma grande multidão da cidade a acompanhava. Ao vê-la, o Senhor encheu-se de compaixão por ela e disse: «Não chores!». Aproximando-se, tocou no caixão, e os que o carregavam pararam. Ele ordenou: «Jovem, eu te digo, levanta-te!». O que estava morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. Todos ficaram tomados de temor e glorificavam a Deus dizendo: «Um grande profeta surgiu entre nós», e: «Deus veio visitar o seu povo». Esta notícia se espalhou por toda a Judeia e pela redondeza inteira.
 
«Jovem, eu te digo, levanta-te!»
 
Rev. D. Joan SERRA i Fontanet (Barcelona, Espanha)
 
Hoje se encontram duas comitivas. Uma comitiva que acompanha à morte e a outra que acompanha à vida. Uma pobre viúva seguida por seus familiares e amigos, levava o seu filho ao cemitério e de repente, vê a multidão que ia com Jesus. As duas comitivas se cruzam e se param, e Jesus lhe diz à mãe que ia enterrar o seu filho: «Não chores» (Lc 7,13). Todos ficam olhando Jesus, que não permanece indiferente a dor e ao sofrimento daquela pobre mãe, mas, pelo contrário, se compadece e lhe devolve a vida ao seu filho. E, é que encontrar a Jesus é encontrar a vida, pois Jesus disse de si mesmo: «Eu sou a ressurreição e a vida» (Jo 11,25). São Bráulio de Saragoça escreve: «A esperança da ressurreição deve-nos confortar, porque voltaremos a ver no céu a quem perdemos aqui».
 
Com a leitura do fragmento do Evangelho que nos fala da ressurreição do jovem de Naim, poderia salientar a divindade de Jesus e insistir nela, dizendo que somente Deus pode voltar um jovem à vida; mas hoje preferiria salientar a sua humanidade, para não ver Jesus como um ser alheio, como um personagem tão diferente de nós, ou como alguém tão excessivamente importante que não nos inspire a confiança que pode nos inspirar um bom amigo.
 
Os cristãos devemos saber imitar Jesus. Devemos pedir a Deus a graça de ser Cristo para os demais. Tomara que todo aquele que nos veja, possa contemplar uma imagem viva de Jesus na terra! Quem via São Francisco de Assis, por exemplo, via a imagem viva de Jesus. Os santos são aqueles que levam Jesus nas suas palavras e obras e imitam seu modo de atuar e a sua bondade. A nossa sociedade precisa de santos e você pode ser um deles no seu lugar.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Cristo é a encarnação definitiva da misericórdia, seu sinal vivente » (São Joao Paulo II)
 
«O que mexia a Jesus em todas as circunstâncias não era senão a misericórdia, com a qual leia o coração dos interlocutores e respondia a suas necessidades mais reais» (Francisco)
 
«Jesus liga a fé na ressurreição a sua própria pessoa: “Eu sou a Ressurreição e a Vida” (Jo 11,25). (...) Ele dá um sinal disto mesmo e uma garantia, restituindo a vida a alguns mortos e preanunciando assim a sua própria ressurreição» (Catecismo da Igreja Católica, n° 994)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
* O evangelho de hoje traz o episódio da ressurreição do filho da viúva de Naim.
É esclarecedor o contexto literário deste episódio no capítulo 7 do Evangelho de Lucas. O evangelista quer mostrar como Jesus vai abrindo o caminho, revelando a novidade de Deus que avança através do anúncio da Boa Nova. A transformação e a abertura vão acontecendo: Jesus acolhe o pedido de um estrangeiro não judeu (Lc 7,1-10) e ressuscita o filho de uma viúva (Lc 7,11-17). A maneira como Jesus revela o Reino surpreende aos irmãos judeus que não estavam acostumados com tão grande abertura. Até João Batista ficou perdido e mandou perguntar: “É o senhor ou devemos esperar por outro?” (Lc 7,18-30). Jesus chegou a denunciar a incoerência dos seus patrícios: "Vocês parecem crianças que não sabem o que querem!" (Lc 7,31-35). E no fim, a abertura de Jesus para com as mulheres (Lc 7,36-50).
 
* Lucas 7,11-12: O encontro das duas procissões. “Jesus foi para uma cidade chamada Naim. Com ele iam os discípulos e uma grande multidão. Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto para enterrar; era filho único, e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade ia com ela”. Lucas é como um pintor. Com poucas palavras consegue pintar o quadro tão bonito do encontro das duas procissões: a procissão da morte que sai da cidade e acompanha a viúva que leva seu filho único para o cemitério; a procissão da vida que entra na cidade e acompanha Jesus. As duas se encontram na pequena praça junto à porta da cidade de Naim.
 
* Lucas 7,13: A compaixão entra em ação. “Ao vê-la, o Senhor teve compaixão dela, e lhe disse: Não chore!" É a compaixão que leva Jesus a falar e a agir. Compaixão significa literalmente “sofrer com”, assumir a dor da outra pessoa, identificar-se com ela, sentir com ela a dor. É a compaixão que aciona em Jesus o poder, o poder da vida sobre a morte, poder criador.
 
* Lucas 7,14-15: "Jovem, eu lhe ordeno, levante-se!"
Jesus se aproxima, toca no caixão e diz: "Jovem, eu lhe ordeno, levante-se!" O morto sentou-se, e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe”. Às vezes, na hora de um grande sofrimento provocado pelo falecimento de uma pessoa querida, as pessoas dizem: “Naquele tempo, quando Jesus andava pela terra havia esperança de não perder uma pessoa querida, pois Jesus poderia ressuscitá-la”. Elas olham o episódio da ressurreição do filho da viúva de Naim como um evento do passado que apenas suscita saudade e uma certa inveja. A intenção do evangelho, porém, não é suscitar saudade nem inveja, mas sim ajudar-nos a experimentar melhor a presença viva de Jesus em nós. É o mesmo Jesus, capaz de vencer a morte e a dor da morte, que continua vivo no meio de nós. Ele está hoje conosco e, diante dos problemas e do sofrimento que nos abatem, ele nos diz: “Eu lhe ordeno: levante-se!”
 
* Lucas 7,16-17: A repercussão. “Todos ficaram com muito medo, e glorificavam a Deus, dizendo: "Um grande profeta apareceu entre nós, e Deus veio visitar o seu povo." E a notícia do fato se espalhou pela Judéia inteira, e por toda a redondeza”  É o profeta que foi anunciado por Moisés (Dt 18,15). O Deus que nos veio visitar é o “Pai dos órfãos e o protetor das viúvas” (Sl 68,6; cf. Judite 9,11).
 
Para um confronto pessoal
1) Foi a compaixão que levou Jesus a ressuscitar o filho da viúva. Será que o sofrimento dos outros provoca em nós a mesma compaixão? O que faço para ajudar o outro a vencer a dor e criar vida nova?
2) Deus visitou o seu povo. Percebo as muitas visitas de Deus na minha vida e na vida do povo?

sábado, 13 de setembro de 2025

15 de setembro: Virgem Santa Maria das Dores

1ª Leitura: Hb 5,7-9
: Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.
 
Salmo Responsorial
R. Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!
 
Senhor, eu ponho em vós minha esperança;* que eu não fique envergonhado eternamente! Porque sois justo, defendei-me e libertai-me* apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me! R.
 
Sede uma rocha protetora para mim,* 3c um abrigo bem seguro que me salve! Sim, sois vós a minha rocha e fortaleza;* por vossa honra orientai-me e conduzi-me! R.
 
Retirai-me desta rede traiçoeira, * porque sois o meu refúgio protetor! Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, * porque vós me salvareis, ó Deus fiel! R.
 
A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio, * e afirmo que só vós sois o meu Deus! Eu entrego em vossas mãos o meu destino; * libertai-me do inimigo e do opressor! R.
 
Como é grande, ó Senhor, vossa bondade, * que reservastes para aqueles que vos temem! Para aqueles que em vós se refugiam, * mostrando, assim, o vosso amor perante os homens. R.
 
Aleluia. Feliz a Virgem Maria, que sem passar pela morte, do martírio ganha a palma, ao pé da cruz do Senhor! Aleluia.

Evangelho: Jo 19,25-27: Naquele tempo: Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cleofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: "Mulher, este é o teu filho". Depois disse ao discípulo: "Esta é a tua mãe". Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo.
 
«Uma espada traspassará tua alma»
 
Dom Josep Mª SOLER OSB Abade de Montserrat (Barcelona, Espanha)
 
Hoje, na festa de Nossa Senhora, a Virgem das Dores, escutamos palavras pungentes de boca do ancião Simeão: «E a ti, uma espada traspassará tua alma!» (Lc 2,35). Afirmação que, no seu contexto, não aponta unicamente à paixão de Jesus Cristo, senão que ao seu mistério, que provocará uma divisão no povo de Israel e, por conseguinte uma dor interna em Maria. Ao longo da vida pública de Jesus, Maria experimentou o sofrimento pelo fato de ver a Jesus rejeitado pelas autoridades do povoado e ameaçado de morte.
 
Maria, como todo discípulo de Jesus, teve de aprender a colocar as relações familiares em outro contexto. Também Ela, por causa do Evangelho, tem que deixar ao Filho (cf. Mt 19,29), e há de aprender a não valorizar a Cristo segundo a carne, ainda quando tinha nascido dela segundo a carne. Também Ela há de crucificar sua carne (cf. Ga 5,24) para poder ir se transformando a imagem de Jesus Cristo. Mas, o momento forte do sofrimento de Maria, no que Ela vive mais intensamente a cruz, é o momento da crucificação e a morte de Jesus.
 
Também na dor, Maria é modelo de perseverança na doutrina evangélica ao participar nos sofrimentos de Cristo com paciência (cf. Regra de São Bento, Prólogo 50). Assim tem sido perante sua vida toda e, sobretudo, no momento do Calvário. Assim, Maria transforma-se em figura e modelo para todo cristão. Por ter estado estreitamente unida à morte de Cristo, também está unida a sua ressurreição (cf. Rm 6,5). A perseverança de Maria na dor, fazendo a vontade do Pai, lhe dá uma nova irradiação no bem da Igreja e da Humanidade. Maria nos precede no caminho da fé e do seguimento de Cristo. E o Espírito Santo nos conduz a nós a participar com Ela nessa grande aventura.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Assim como devemos estar agradecidos a Jesus pela Sua Paixão, suportada pelo Seu amor por nós, assim também devemos estar cheios de gratidão a Maria Santíssima pelo martírio que, ao morrer o Seu Filho, quis suportar voluntariamente para nos salvar» (Santo Alberto Magno)
 
«Aos pés da cruz, Maria junto a João, é testemunha das palavras de perdão que saem da boca de Jesus. Dirijamos a Ela a antiga e sempre nova oração da Salve Rainha, para que, nunca se canse de volver a nós os seus olhos misericordiosos e nos faça dignos de contemplar o rosto da misericórdia, o seu Filho, Jesus» (Francisco)
 
«Maria é a orante perfeita, figura da Igreja. Quando Lhe oramos, aderimos com Ela ao desígnio do Pai, que envia o seu Filho para salvar todos os homens. Como o discípulo amado, nós acolhemos em nossa casa a Mãe de Jesus que se tornou Mãe de todos os viventes. Podemos orar com Ela e orar-Lhe a Ela. A oração da Igreja é como que sustentada pela oração de Maria. Está-lhe unida na esperança» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.679)

 Reflexão de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
* Hoje, festa de Nossa Senhora das Dores, o evangelho do dia traz a passagem em que Maria, a mãe de Jesus, e o discípulo amado se encontram no calvário diante da Cruz. A Mãe de Jesus aparece duas vezes no evangelho de João: no começo, nas bodas de Caná (Jo 2,1-5), e no fim, ao pé da Cruz (Jo 19,25-27). Estes dois episódios, exclusivos do evangelho de João, têm um valor simbólico muito profundo. O evangelho de João, comparado com os outros três evangelhos é como quem tira raio-X onde os outros três só tiram fotografia. O raio-X da fé ajuda a descobrir dimensões nos acontecimentos que os olhos comuns não chegam a perceber. O evangelho de João, além de descrever os fatos, revela a dimensão simbólica que neles existe. Assim, nos dois casos, em Caná e na Cruz, a Mãe de Jesus representa simbolicamente o Antigo Testamento que aguarda a chegada do Novo Testamento e, nos dois casos, ela contribui para que o Novo chegue. Maria aparece como o elo entre o que havia antes e o que virá depois. Em Caná, ela simboliza o AT, percebe os limites do Antigo e toma a iniciativa para que o Novo possa chegar. Ela vai falar ao Filho: “Eles não têm mais vinho!” (Jo 2,3). E no Calvário? Vejamos:
 
* João 19, 25: As mulheres e o Discípulo Amado junto à Cruz. Assim diz o Evangelho: “A mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cleofas, e Maria Madalena estavam junto à cruz”. A “fotografia” mostra a mãe junto do filho, em pé. Mulher forte, que não se deixa abater. “Stabat Mater Dolorosa!” Ela é uma presença silenciosa que apoia o filho na sua entrega até à morte, e morte de cruz (Fl 2,8). Além disso, o “raio-X” da fé mostra como se realiza a passagem do AT para o NT. Como em Caná, a Mãe de Jesus representa o AT. O Discípulo Amado representa o NT, a comunidade que cresceu ao redor de Jesus. É o filho que nasceu do AT, a nova humanidade que se forma a partir da vivência do Evangelho do Reino. No fim do primeiro século, alguns cristãos achavam que o AT já não era necessário. De fato, no começo do segundo século, Márcion recusou todo o AT e ficou só com uma parte do NT. Por isso, muitos queriam saber qual a vontade de Jesus a este respeito.
 
* João 19,26-28 : O Testamento ou a Vontade de Jesus. As palavras de Jesus são significativas. Vendo sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: "Mulher, eis aí o seu filho." Depois disse ao discípulo: "Eis aí a sua mãe." Os Antigo e o Novo Testamento devem caminhar juntos. A pedido de Jesus, o discípulo amado, o filho, o NT, recebe a Mãe, o AT, em sua casa. É na casa do Discípulo Amado, na comunidade cristã, que se descobre o sentido pleno do AT. O Novo não se entende sem o Antigo, nem o Antigo é completo sem o Novo. Santo Agostinho dizia: “Novum in vetere latet, Vetus in Novo patet”. (O Novo está escondido no Antigo. O Antigo desabrocha no Novo). O Novo sem o Antigo seria um prédio sem fundamento. E o Antigo sem o Novo seria uma árvore frutífera que não chegou a dar fruto.
 
*  Maria no Novo Testamento. De Maria se fala pouco no NT, e ela mesma fala menos ainda. Maria é a Mãe do silêncio. A Bíblia conservou apenas sete palavras de Maria. Cada uma destas sete palavras é como uma janela que permite olhar para dentro da casa de Maria e descobrir como ela se relacionava com Deus. A chave para entender tudo isso é dada por Lucas nesta frase: “Felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática." (Lc 11,27-28)
1ª Palavra: "Como pode ser isso se eu não conheço homem algum!" (Lc 1,34)
2ª Palavra: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra!" (Lc 1,38)
3ª Palavra: "Minha alma louva o Senhor, exulta meu espírito em Deus meu Salvador!" (Lc 1,46-55)
4ª Palavra: "Meu filho por que nos fez isso? Teu pai e eu, aflitos, te procurávamos" (Lc 2,48)
5ª Palavra: “Eles não têm mais vinho!" (Jo 2,3)
6ª Palavra: "Fazei tudo o que ele vos disser!" (Jo 2,5)
7ª Palavra:  O silêncio ao pé da Cruz, mais eloquente que mil palavras! (Jo 19,25-27)
 
Para um confronto pessoal
1) Maria ao pé da Cruz. Mulher forte, silenciosa. Como é minha devoção a Maria, a mãe de Jesus?
2) Na Pietá de Miguelangelo, Maria aparece bem jovem, mais jovem que o próprio filho crucificado, quando já devia ter no mínimo em torno de 50 anos. Perguntado porque tinha esculpido o rosto da Maria tão jovem, Miguelangelo respondeu: “As pessoas apaixonadas por Deus não envelhecem nunca”. Apaixonada por Deus! Existe paixão por Deus em mim?

14 de setembro: Exaltação da Santa Cruz

 Ven. João de São Sansão, religioso de nossa Ordem.
 
1ª Leitura (Nm 21,4b-9):
Naqueles dias, o povo de Israel impacientou-se e falou contra Deus e contra Moisés: «Porque nos fizeste sair do Egipto, para morrermos neste deserto? Aqui não há pão nem água e já nos causa fastio este alimento miserável». Então o Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas que mordiam nas pessoas e morreu muita gente de Israel. O povo dirigiu-se a Moisés, dizendo: «Pecámos, ao falar contra o Senhor e contra ti. Intercede junto do Senhor, para que afaste de nós as serpentes». E Moisés intercedeu pelo povo. Então o Senhor disse a Moisés: «Faz uma serpente de bronze e coloca-a sobre um poste. Todo aquele que for mordido e olhar para ela ficará curado». Moisés fez uma serpente de bronze e fixou-a num poste. Quando alguém, era mordido por uma serpente, olhava para a serpente de bronze e ficava curado.
 
Salmo Responsorial: 77
R. Não esqueçais as obras do Senhor.
 
Escuta, meu povo, a minha instrução, presta ouvidos às palavras da minha boca. Vou falar em forma de provérbio, vou revelar os mistérios dos tempos antigos.
 
Quando Deus castigava os antigos, eles O procuravam, tornavam a voltar-se para Ele e recordavam-se de que Deus era o seu protetor, o Altíssimo o seu redentor.
 
Eles, porém, enganavam-no com a boca e mentiam-Lhe com a língua; o seu coração não era sincero, nem eram fiéis à sua aliança.
 
Mas Deus, compadecido, perdoava o pecado e não os exterminava. Muitas vezes reprimia a sua cólera e não executava toda a sua ira.
 
2ª Leitura (Flp 2,6-11): Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
 
Aleluia. Nós Vos adoramos e bendizemos, Senhor Jesus Cristo, que pela vossa santa cruz remistes o mundo. Aleluia.
 
Evangelho (Jo 3,13-17): Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu: o Filho do Homem. Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também será levantado o Filho do Homem, a fim de que todo o que nele crer tenha vida eterna. De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele».
 
«A fim de que todo o que nele crer tenha vida eterna»
 
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, o Evangelho é uma profecia, isto é, uma olhada no espelho da realidade que nos introduz em sua verdade, mais além do que nos dizem nossos sentidos: a Cruz, a Santa Cruz de Jesus Cristo, é o Trono do Salvador. Por isso, Jesus afirma que «deve que ser levantado o Filho do homem» (Jo 3,14).
 
Bem sabemos que a cruz era o suplício mais atroz e vergonhoso de seu tempo. Exaltar a Santa Cruz não deixaria de ser um cinismo se não fosse porque aí está o Crucificado. A cruz, sem o Redentor, é simples cinismo; com o Filho do Homem é a nova árvore da sabedoria. Jesus Cristo, «oferecendo-se livremente à paixão» da Cruz abriu o sentido e o destino de nosso viver: subir com Ele à Santa Cruz para abrir os braços e o coração ao Dom de Deus, num intercâmbio admirável. Também aqui nos convém escutar a voz do Pai desde o céu: «Este é meu Filho (...), em quem me comprazo» (Mc 1,11). Encontrarmos crucificados com Jesus e ressuscitar com Ele: Eis aqui o porquê de tudo! Há esperança, há sentido, há eternidade, há vida! Nós os cristãos não estamos loucos quando na Vigília Pascal, de maneira solene, quer dizer, no Pregão Pascal, cantamos, louvando o pecado original: «Oh!, Culpa tão feliz, que tem merecido a graça de tão grande Redentor», que com sua dor tem impresso sentido à mesma dor.
 
«Olhai a árvore da cruz, foi sacrificado o Salvador do mundo: vem e adoremos» (Liturgia da sexta-feira Santa). Se conseguirmos superar o escândalo e a loucura de Cristo crucificado, não há nada mais que adorá-lo e agradecer-lhe seu Dom. E procurar decididamente a Santa Cruz em nossa vida, para termos a certeza de que, «por Ele, com Ele e Nele», nossa doação será transformada, nas mãos do Pai, pelo Espírito Santo, em vida eterna: «Derramada por vós e por muitos para o perdão dos pecados».
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Onde quer que um cristão gaste a sua vida honradamente, aí deve colocar, com o seu amor, a Cruz de Cristo, que atrai a Si todas as coisas» (S. Josemaria)
 
«O cristianismo não existe sem a Cruz e não existe Cruz sem Jesus Cristo. Assim um cristão que não se sabe glorificar em Cristo crucificado não percebeu o que significa ser cristão» (Francisco)
 
«A oração da Igreja venera e honra o Coração de Jesus, tal como invoca o seu santíssimo Nome. Adora o Verbo encarnado e o seu Coração que, por amor dos homens, Se deixou trespassar pelos nossos pecados. A oração cristã gosta de percorrer o caminho da cruz (Via-Sacra) no seguimento do Salvador. As estações, do Pretório ao Gólgota e ao túmulo, assinalam o caminho de Jesus que, pela sua santa cruz, remiu o mundo.» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.669)
 
COMENTÁRIO
 
* Essa festa litúrgica tem destaque maior nas Igrejas do Oriente, onde é comparada com a Festa de Páscoa.
A sua celebração tem as suas origens ligadas à dedicação das basílicas constantinianas construídas nos lugares tradicionalmente identificados com Calvário e o Santo Sepulcro.
 
* O título “Exaltação da Santa Cruz” chama a atenção, pois destaca o grande paradoxo da nossa fé - foi exatamente através da Cruz, o mais terrível entre os suplícios, que veio a salvação. Humanamente falando, a morte de Jesus na cruz significava o fracasso total da sua vida e missão, mas, de fato, escondia a vitória de Deus sobre o mal, da vida sobre a morte, da graça sobre o pecado - uma vitória que se manifestaria ao terceiro dia, na Ressurreição. No mistério pascal da vida-morte-ressurreição de Jesus verifica-se o que proclama Paulo na Primeira Carta aos Coríntios: “Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios; e Deus escolheu o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte. E aquilo que o mundo despreza, acha vil e diz que não tem valor, isso Deus escolheu para destruir o que o mundo pensa que é importante.” (1Cor 1, 27s).
 
* Torna-se muito importante resgatar uma sadia teologia e espiritualidade da Cruz. De um lado temos que superar uma pregação errada que identificava a Cruz com qualquer sofrimento, como se o sofrimento em si fosse um valor positivo. Quantas pessoas sofreram injustiças a vida toda, aguentando situações quase insuportáveis, por causa de tal pregação que levava à passividade diante das injustiças e opressões. No fundo, faziam de Deus um sádico! Do outro lado, na sociedade de hoje, a Cruz não está muito popular, pois o sacrifício, a autodoação em favor de outros, está na contramão da sociedade hedonista e consumista. Até dentro da Igreja muitas vezes há uma busca da Ressurreição e vitória, sem que se mencione que o triunfo de Jesus veio através de uma vida de doação que o levou à cruz - e como consequência dessa coerência, à Ressurreição.
 
* A festa de hoje celebra a Cruz, não o sofrimento. Jesus não nos salvou porque sofreu três horas na cruz - ele nos salvou porque a sua vida foi totalmente fiel à vontade do Pai. Por causa dessa fidelidade, as suas opções concretas o colocaram em conflito com as estruturas de dominação sociopolítico-religiosas, o que causou o seu assassinato judicial. A morte de Jesus foi muito mais do que uma tentativa de eliminar alguém que incomodasse! Era tentativa de aniquilar o seu movimento, a sua pregação, a visão de Deus e do projeto de Deus que Ele ensinava. A Cruz então se tornava o símbolo de doação total através de uma vida de fidelidade absoluta ao projeto do Pai. Era o último passo de coerência, consequência lógica da fidelidade à vontade de Deus.
 
* Assim, Jesus deixa bem claro nas páginas dos Evangelhos que a Cruz é a característica do discípulo/a. “Se alguém quer me seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz, e me siga.” (Mc 8, 24). Jesus não nos convida a buscar o sofrimento, mas a carregar a cruz - consequência de uma religião que é vivencial, que acarreta ações e atitudes coerentes com o Deus em que acreditamos, e que traz em seu bojo as sementes de conflito com todo poder opressor, pois “os meus projetos não são os projetos de vocês, e os caminhos de vocês não são os meus caminhos” (Is 55, 8).
 
* Paulo descobriu que pregar Cristo sem a Cruz era esvaziar a evangelização. Assim declara à comunidade de Corinto: “Entre vocês eu não quis saber outra coisa a não ser Jesus Cristo e Jesus Cristo crucificado.”(1Cor 2, 2). A Cruz de Cristo é inseparável da sua vida, pois é a consequência dela. Mas, a Cruz também não se separa da Ressurreição, pois ela é o resultado de tal coerência e fidelidade. A festa de hoje nos desafia para que respondamos ao convite de Jesus para carregar a nossa cruz numa vida de discipulado e missionariedade, continuando a sua missão ao mundo. Pois, como diz o nosso texto hoje, “Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por meio dele” (Jo 3, 17)

Meditação
1. Tenho consciência do amor de Deus na minha vida?
2. Quais são as manifestações de recusa do amor de Deus que observo hoje na minha vida, na vida da minha comunidade e no mundo?
3. A cruz de Jesus é para mim castigo ou o maior sinal do amor de Deus? É derrota ou vitória? Condenação ou libertação? Humilhação ou glorificação? Apenas sofrimento ou salvação?
4. A minha vida e a vida da nossa comunidade cristã são expressão do amor de Deus manifestado por Jesus na cruz? Que posso fazer para ser sinal vivo deste amor no meio dos homens?

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Sábado XXIII do Tempo Comum

São João Crisóstomo, bispo e doutor da Igreja
 
1ª Leitura (1Tim 1,15-17):
Caríssimo: É digna de fé esta palavra e merecedora de toda a aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores e eu sou o primeiro deles. Mas alcancei misericórdia, para que, em mim primeiramente, Jesus Cristo manifestasse toda a sua magnanimidade, como exemplo para os que hão de acreditar n’Ele, para a vida eterna. Ao Rei dos séculos, Deus imortal, invisível e único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém.
 
Salmo Responsorial: 112
R. Bendito seja o nome do Senhor para sempre.
 
Louvai, servos do Senhor, louvai o nome do Senhor. Bendito seja o nome do Senhor, agora e para sempre.
 
Desde o nascer ao pôr do sol, seja louvado o nome do Senhor. O Senhor domina sobre todos os povos, a sua glória está acima dos céus.
 
Quem se compara ao Senhor nosso Deus, que Se inclina lá do alto a olhar o céu e a terra? Levanta do pó o indigente e tira o pobre da miséria, para o fazer sentar com os grandes do seu povo.
 
Aleluia. Se alguém Me ama, guardará a minha palavra, diz o Senhor; meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 6,43-49): Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: «Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons. Cada árvore se reconhece pelo seu fruto. Não se colhem figos de espinheiros, nem uvas de urtigas. Quem é bom tira coisas boas do tesouro do seu coração, que é bom; mas quem é mau tira coisas más do seu tesouro, que é mau. Pois a boca fala daquilo de que o coração está cheio. Por que me chamais: Senhor! Senhor!, mas não fazeis o que vos digo? Vou mostrar-vos com quem se parece todo aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as põe em prática. É semelhante a alguém que, para construir uma casa, cavou fundo e firmou o alicerce sobre a rocha. Veio a enchente, a correnteza atingiu a casa, mas não conseguiu derrubá-la, porque estava bem construída. Aquele, porém, que ouve e não põe em prática, é semelhante a alguém que construiu uma casa no chão, sem alicerce. A correnteza atingiu a casa, e ela, imediatamente, desabou e ficou totalmente destruída».
 
«Cada árvore se reconhece pelo seu fruto»
 
P. Raimondo M. SORGIA Mannai OP (S. Domenico di Fiesole, Florença, Itália)
 
Hoje, o Senhor nos surpreende fazendo “publicidade” de si mesmo. Não tenho a intenção de “escandalizar” ninguém com essa afirmação. É nossa publicidade em sentido mundano o que minimiza as coisas grandes e sobrenaturais. É prometer, por exemplo, que daqui a poucas semanas uma pessoa gorda possa perder cinco ou seis quilogramas usando um determinado “produto-engano” (e outras promessas semelhantes) o que nos faz olhar a publicidade com desconfiança. Mas quando a gente tiver um “produto” garantido cem por cento, —e como o Senhor— não vende nada por dinheiro, somente nos pede que acreditemos tendo Ele como guia e modelo de um perfeito estilo de vida, então essa “publicidade” não nos surpreenderá e nos parecerá a mais lícita do mundo. Não tem sido Jesus o maior “publicitário” ao dizer de si mesmo «Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vida» (Jo 14,6)?
 
Hoje afirma que quem «vem a mim, ouve as minhas palavras e as põe em prática» é prudente, «semelhante a alguém que, para construir uma casa, cavou fundo e firmou o alicerce sobre a rocha» (Lc 6,47-48), desse jeito obtém uma construção sólida e firme, que pode desafiar as batidas do mau tempo. Se, do outro jeito, quem edifica não tiver prudência, encontrará à casa derrubada, e se ele mesmo estiver no interior, no momento da batida da chuva, perderá a casa, mas também à vida.
 
Não é suficiente aproximar-se de Jesus, também é preciso ouvir com muita atenção seus ensinamentos e, principalmente, pô-los em prática, já que, inclusive, o curioso se aproxima dele, também o herege, o estudioso da história e da filologia… Mas apenas será aproximando-nos, ouvindo, e fundamentalmente praticando a doutrina de Jesus, que levantaremos o edifício da santidade cristã, para exemplo de fiéis peregrinos e para glória da Igreja celestial.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Os preceitos evangélicos nada mais são do que ensinamentos divinos, fundamentos que edificam a esperança, fundamentos que corroboram a fé, alimentos para o coração, garantia para a obtenção da salvação» (São Cipriano)
 
«Sejam prudentes e sábios, construam as vossas vidas sobre o firme fundamento que é Cristo. Então sereis bem-aventurados e a vossa alegria contagiará aos outros» (Bento XVI)
 
«(…) Os preceitos do Decálogo assentam os alicerces da vocação do homem, feito à imagem de Deus: proíbem o que é contrário ao amor de Deus e do próximo e prescrevem o que lhe é essencial (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1962)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
*
O evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Planície que é a versão que Lucas dá do Sermão da Montanha do evangelho de Mateus. Neste final, Lucas reúne:
 
*  Lucas 6,43-45: A parábola da árvore que dá bons frutos. "Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons; porque toda árvore é conhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros, nem se apanham uvas de plantas espinhosas”. A carta do apóstolo Tiago serve como comentário para esta palavra de Jesus: “Por acaso, a fonte pode fazer jorrar da mesma mina água doce e água salobra?  Meus irmãos, por acaso uma figueira pode dar azeitonas, e uma videira pode dar figos? Assim também uma fonte salgada não pode produzir água” (Tiago 3,11-12). A pessoa bem formada na tradição da convivência comunitária faz crescer dentro de si um bom índole que a leva a praticar o bem. Ele “tira coisas boas do bom tesouro do seu coração”, mas a pessoa que descuidou da sua formação terá dificuldade de produzir coisas boas. Ao contrário, “ele tira do seu mal coisas más, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio".  A respeito do “bom tesouro do coração” vale a pena lembrar o que diz o livro do Eclesiástico sobre o coração como fonte do bom conselho: “Siga o conselho do seu próprio coração, porque mais do que este ninguém será fiel a você. O coração do homem frequentemente o avisa melhor do que sete sentinelas colocadas em lugar alto. Além disso tudo, peça ao Altíssimo que dirija seu comportamento conforme a verdade” (Eclo 37,13-15).
 
* Lucas 6,46: Não basta dizer Senhor, Senhor. O importante não é falar bonito sobre Deus, mas é fazer a vontade do Pai e ser assim uma revelação do seu rosto e da sua presença no mundo.
 
* Lucas 6,47-49: Construir a casa sobre a rocha. Ouvir e praticar, esta é a conclusão final do Sermão da Montanha. Muita gente procurava segurança e poder religioso através de dons extraordinários ou de observâncias. Mas a segurança verdadeira não vem do poder, não vem de nada disso. Ela vem de Deus! E Deus se torna fonte de segurança, quando procuramos praticar a sua vontade. Aí, Ele será a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.
 
* Deus como rocha da nossa vida. No livro dos Salmos, frequentemente encontramos a expressão: “Deus é a minha rocha e a minha fortaleza... Meus Deus, rocha minha, meu refúgio, meu escudo, força que me salva...”(Sl 18,3). Ele é a defesa e a força de quem nele acredita e busca a justiça (Sl 18,21.24). As pessoas que confiam neste Deus, tornam-se, por sua vez, uma rocha para os outros. Assim, o profeta Isaías faz um convite ao povo que estava no cativeiro: "Vocês que estão à procura da justiça e que buscam a Deus! Olhem para a rocha da qual foram talhados, para a pedreira da qual foram extraídos. Olhem para Abraão, seu pai, e para Sara, sua mãe” (Is 51,1-2). O profeta pede para o povo não esquecer o passado e lembrar como Abraão e Sara pela fé em Deus se tornaram rocha, começo do povo de Deus. Olhando para esta rocha, o povo devia criar coragem para lutar e sair do cativeiro. Do mesmo modo, Mateus exorta as comunidades para que tenham como alicerce a mesma rocha (Mt 7,24-25) e possam, dessa maneira, elas mesmas ser rocha para fortalecer os seus irmãos na fé. Este é também o sentido do nome que Jesus deu a Pedro: “Você é Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Esta é a vocação das primeiras comunidades, chamadas a unir-se a Jesus, a pedra viva, para tornarem-se, também elas, pedras vivas pela escuta e pela prática da Palavra (Pd 2,4-10; 2,5; Ef 2,19-22).
 
Para um confronto pessoal
1) Qual a qualidade do meu coração?
2) Minha casa está construída sobre a rocha?