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sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

O Batismo do Senhor

 S. André Corsini, Bispo de nossa Ordem

1ª Leitura (Is 42, 1-4.6-7): Diz o Senhor: «Eis o meu servo, a quem Eu protejo, o meu eleito, enlevo da minha alma. Sobre ele fiz repousar o meu espírito, para que leve a justiça às nações. Não gritará, nem levantará a voz, nem se fará ouvir nas praças; não quebrará a cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega: proclamará fielmente a justiça. Não desfalecerá nem desistirá, enquanto não estabelecer a justiça na terra, a doutrina que as ilhas longínquas esperam. Fui Eu, o Senhor, que te chamei segundo a justiça; tomei-te pela mão, formei-te e fiz de ti a aliança do povo e a luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas».

Salmo Responsorial: 28

R. O Senhor abençoará o seu povo na paz.

Tributai ao Senhor, filhos de Deus, tributai ao Senhor glória e poder. Tributai ao Senhor a glória do seu nome, adorai o Senhor com ornamentos sagrados.

A voz do Senhor ressoa sobre as nuvens, o Senhor está sobre a vastidão das águas. A voz do Senhor é poderosa, a voz do Senhor é majestosa.

A majestade de Deus faz ecoar o seu trovão e no seu templo todos clamam: Glória! Sobre as águas do dilúvio senta-Se o Senhor, o Senhor senta-Se como Rei eterno.

2ª Leitura (At 10, 34-38): Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Na verdade, eu reconheço que Deus não faz acepção de pessoas, mas, em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável. Ele enviou a sua palavra aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio, porque Deus estava com Ele».

Aleluia. Abriram-se os céus e ouviu-se a voz do Pai: «Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». Aleluia.

Evangelho (Lc 3,15-16.21-22): Como o povo estivesse na expectativa, todos se perguntavam interiormente se João era ou não o Cristo, e ele respondia a todos: «Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desatar a correia de as suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo». Enquanto todo o povo estava batizado. Quando Jesus, também batizado, se pôs em oração, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele, em forma corpórea, como uma pomba. E do céu veio uma voz: «Tu és o meu filho amado; em ti está meu pleno agrado».

«Tu és o meu filho amado; em ti está meu pleno agrado»

+ Pe. Joan BUSQUETS i Masana (Sabadell, Barcelona, Espanha)

Hoje contemplamos Jesus já adulto. O menino da Manjedoura faz-se homem completo, maduro e respeitável e, chega o momento em que deve trabalhar na obra que o Pai lhe confiou. É assim como o encontramos no Jordão no momento de começar esta labor. Outro mais na fila daqueles contemporâneos seus que iam ouvir a João e lhe pedir o banho do batismo, com signo de purificação e renovação interior.

Ali, Jesus é descoberto e assinalado por Deus: «Enquanto todo o povo estava batizado Quando Jesus, também batizado, se pôs em oração, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele, em forma corpórea, como uma pomba. E do céu veio uma voz: “Tu és o meu filho amado; em ti está meu pleno agrado» (Lc 3,21-22). É o primeiro ato da sua vida pública, sua investidura como Messias.

É também o prefácio de seu modo de agir: Não agirá com violência, nem com gritos e aspereza, senão com silêncio e suavidade. Não cortará a canha quebrada, senão que a ajudará a se manter firme. Abrirá o olhos aos cegos e liberará os cativos. Os sinais messiânicos que descrevia Isaías, cumpriram-se nele. Nós somos os beneficiários de tudo isso porque, como lemos hoje na carta de São Paulo: «Ele nos salvou, não por causa dos atos de justiça que tivéssemos praticado, mas por sua misericórdia, mediante o banho da regeneração e renovação do Espírito Santo. Este Espírito, ele o derramou copiosamente sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador para que, justificados pela sua graça, nos tornemos, na esperança, herdeiros da vida eterna» (Tit 3,5-7).

A festa do Batismo de Jesus deve nos ajudar a lembrar nosso próprio Batismo e compromissos que por nós tomaram nossos pais e padrinhos ao nos apresentar na Igreja para nos fazer discípulos de Jesus: «O Batismo nos liberou de todos os males, que são os pecados, mas com a graça de Deus devemos cumprir com bondade» (San Cesáreo de Arles).

Pensamentos para o Evangelho de hoje

«Reconhece, cristão, a tua dignidade e, visto que foste feito partícipe da natureza divina, não penses em regressar com um comportamento indigno às velhas vilezas... O teu preço é o sangue de Cristo!» (São Leão Magno)

«No Baptismo somos consagrados pelo Espírito Santo. A palavra “cristão” significa isto: consagrado como Jesus, no mesmo Espírito. Se quiserem que os vossos filhos se tornem cristãos autênticos, ajudem-os a crescer no calor do amor de Deus, na luz da sua Palavra» (Francisco)

«Pelo Batismo, o cristão é sacramentalmente assimilado a Jesus que, no seu baptismo, antecipa a sua morte e ressurreição. Deve entrar neste mistério de humilde abatimento e de penitência, descer à água com Jesus, para de lá subir com Ele, renascer da água e do Espírito para se tornar, no Filho, filho-amado do Pai e ‘viver numa vida nova’ (Rm 6, 4) (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 537).

Reflexão do Pe. Antonio Rivero, L.C.

O batismo- nascimento no Espírito- é o segundo presente da misericórdia divina, depois do nosso nascimento na carne.

Com o batismo Deus nos faz seus filhos adotivos, dá-nos o seu Filho Jesus como irmão, converte a nossa alma no templo do Espírito Santo onde habitará para formar em nós a imagem de Cristo Jesus, capacita-nos para ser membros ativos e comprometidos da Igreja santa e missionária, e nossa dá como herança a vida eterna. Diante tamanho presente, só nos resta: agradecer e corresponder a Deus com uma vida santa e reta.

Em primeiro lugar, Jesus não tinha necessidade do batismo para si, porque não tinha pecado. Porém, sim teve necessidade do batismo para significar a sua missão: veio para carregar sobre si os nossos pecados, para morrer ao pecado no nosso lugar, para ressurgir a uma vida nova: vida que agora está a nossa disposição. João prevê que o que vem detrás dele administrará um batismo muito mais eficaz que o seu: “Ele os batizará com o Espírito Santo e fogo”. O batismo de Jesus será eficaz. O batismo de João é um sinal: serve para indicar o batismo de Jesus, e Jesus o recebe como sinal da sua própria missão, que consiste em morrer e ressuscitar por nós, a fim de poder administrar-nos o batismo no Espírito Santo. Por isso, no evangelho de Lucas que lemos hoje se produz a manifestação do Espírito Santo. Abrindo-se o céu, desce sobre Jesus o Espírito Santo, como uma aparência corpórea, como uma pomba.

Em segundo lugar, o Pai celestial queria estar também presente nesse momento sublime: “Este é o meu Filho amado, o predileto”. Com estas palavras, o Pai glorifica e eleva o seu Filho. A humilhação de Jesus de colocar-se na fila dos pecadores para ser batizado por João é uma humilhação que produz uma glorificação, porque o Pai celestial confirma a missão salvadora e redentora de Cristo. Deste modo, temos aqui todo o mistério pascal de Jesus, anunciado com o rito do batismo de João: descer e se submergir na água, purificar essas águas com a sua divindade para que tenham a propriedade de lavar os nossos pecados e de sepultá-los, e depois ressurgir para começar uma vida nova de ressuscitado. Por isso o batismo é purificação, lavagem, regeneração, iluminação, destruição do pecado e começo de uma vida nova em Cristo Jesus.

Finalmente, será São Paulo na segunda leitura de hoje a Tito quem nos lembra o nosso batismo, a dignidade com a que somos revestidos e as consequências morais a que nos compromete o dom do batismo na nossa vida. Paulo chama isso de “banho do segundo nascimento... renovação pelo Espírito Santo”. Presente saído do coração misericordioso de Deus. Com gratuito, não baseado nas boas obras realizadas previamente por nós. Graça divina para nos dedicar “às boas obras” e “renunciar a impiedade e aos desejos mundanos, e levar desde já uma vida sóbria, honrada e religiosa”.

Para refletir: Agradeço com frequência ao dom do batismo? Como festejo o dia grandioso do meu santo batismo? Se sou pai ou mãe de família, batizo quanto antes os meus filhos? Ponho nomes de santos aos meus filhos? Quem me vê, pode deduzir pela minha conduta justa, santa e reta que sou batizado, seguidor de Cristo?

Para rezar: Obrigado, Senhor, pelo dom do batismo, por ter me feito filho adotivo vosso, irmão de Cristo, templo do Espírito Santo e membro comprometido da vossa Igreja. Que nunca manche o vestido da minha dignidade cristã. Que nunca permita que apaguem a luz da minha fé recebida no meu batismo. Que seja fiel às promessas do meu batismo, que renovei na minha confirmação. Amém.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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