Salmo Responsorial: 1Sam
R. O meu coração
exulta no Senhor, meu Salvador.
Exulta o meu coração no Senhor, no meu Deus se eleva a minha
fronte. Abre-se a minha boca contra os inimigos, porque me alegro com a vossa
salvação.
A arma dos fortes foi destruída e os fracos foram revestidos
de força. Os que viviam na abundância andam em busca de pão e os que tinham
fome foram saciados.
A mulher estéril deu à luz muitos filhos e a mãe fecunda
deixou de conceber. É o Senhor quem dá a morte e dá a vida, faz-nos descer ao
túmulo e de novo nos levanta. É o Senhor quem despoja e enriquece, é o Senhor
quem humilha e exalta.
Levanta do chão os que vivem prostrados, retira da miséria
os indigentes; fá-los sentar entre os príncipes e destina-lhes um lugar de
honra.
Aleluia. Escutai o que diz o Senhor, não como palavra dos homens, mas
como palavra de Deus. Aleluia.
Evangelho (Mc 1,21-28): Entraram em Cafarnaum. No
sábado, Jesus foi à sinagoga e pôs-se a ensinar. Todos ficaram admirados com
seu ensinamento, pois ele os ensinava como quem tem autoridade, não como os
escribas. Entre eles na sinagoga estava um homem com um espírito impuro; ele
gritava: «Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei
quem tu és: o Santo de Deus!». Jesus o repreendeu: «Cala-te, sai dele!». O
espírito impuro sacudiu o homem com violência, deu um forte grito e saiu. Todos
ficaram admirados e perguntavam uns aos outros: «Que é isto? Um ensinamento
novo, e com autoridade: ele dá ordens até aos espíritos impuros, e eles lhe
obedecem!». E sua fama se espalhou rapidamente por toda a região da Galileia.
«Todos ficaram admirados com seu ensinamento, pois ele os ensinava como
quem tem autoridade, não como os escribas»
+ Rev. D. Antoni ORIOL
i Tataret (Vic, Barcelona, Espanha)
Mas, num segundo momento, a cena da cura do homem possuído
por um espírito maligno incorpora à motivação admirativa pessoal o dado
doutrinal: «Que é isto? Um ensinamento novo, e com autoridade» (Mc 1,27).
Porém, notemos que o qualificativo não é tanto de conteúdo quanto de
singularidade: a doutrina é «nova». Está é outra razão de contraste: Jesus
comunica algo inaudito (nunca como aqui este qualificativo tem sentido).
Acrescentamos uma terceira advertência. A autoridade provem,
também, do fato que a Jesus «até os espíritos imundos lhe obedecem». Estamos
diante uma contraposição tão intensa quanto as duas anteriores. À autoridade do
Mestre e à novidade da doutrina há que somar a força contra os espíritos do
mal.
Irmãos! Pela fé sabemos que esta liturgia da palavra nos faz
contemporâneos do que acabamos de escutar e que estamos comentando.
Perguntemo-nos com humilde agradecimento: Tenho consciência de que nenhum outro
homem tenha jamais falado como Jesus, a Palavra de Deus Pai? Me sinto rico de
uma mensagem que não tem comparação? Dou-me conta da força libertadora que
Jesus e seu ensino tem na vida humana e, mais precisamente na minha vida?
Movidos pelo Espírito Santo, digamos ao nosso Redentor: Jesus-vida,
Jesus-doutrina, Jesus-vitória, faz que, como lhe comprazia dizer ao memorável
Ramon Llull, vivamos na continua “maravilha” de Você!
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«O amor de Deus não é algo que se aprenda com regras e
preceitos, não é algo que se possa ensinar, mas desde que este vivente a quem
chamamos homem começa a existir, uma força espiritual se deposita nele, como
uma semente, que contém em si a tendência para o amor» (São Basílio Magno)
«A novidade de Jesus é que ele carrega consigo a Palavra de
Deus, o amor de Deus por cada um de nós. Jesus busca o coração das pessoas. E
procura também trazer Deus para mais perto das pessoas e as pessoas para mais
perto de Deus» (Francisco)
«As suas obras e as suas palavras tornaram-no conhecido como
'o santo de Deus' (Mc 1,24)» (Catecismo da Igreja Católica, n. 438)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Jesus ensina com
autoridade, diferente dos escribas. A primeira coisa que o povo percebe é o
jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o jeito de
ensinar, que impressiona. Por este seu jeito diferente, Jesus cria consciência
crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O povo percebe,
compara e diz: Ele ensina com autoridade, diferente dos escribas. Os escribas
da época ensinavam citando autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas
fala a partir da sua experiência de Deus e da vida. Sua palavra tem raiz no
coração.
* Vieste para nos
destruir! Em Marcos, o primeiro milagre é a expulsão de um demônio. Jesus
combate e expulsa o poder do mal que tomava conta das pessoas e as alienava de
si mesmas. O possesso gritava: “Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!” O
homem repetia o ensinamento oficial que apresentava o messias como “Santo de
Deus”, isto é, como um Sumo Sacerdote, ou como rei, juiz, doutor ou general.
Hoje também, muita gente vive alienada de si mesma, enganada pelo poder dos
meios de comunicação, da propaganda do comércio. Repete o que ouve dizer. Vive
escrava do consumismo, oprimida pelas prestações em dinheiro, ameaçada pelos
cobradores. Muitos acham que sua vida ainda não é como deveria ser se eles não
puderem comprar aquilo que a propaganda anuncia e recomenda.
* Jesus ameaçou o
espírito mau: “Cale-se, e saia dele!” O espírito sacudiu o homem, deu um
grande grito e saiu dele. Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a
consciência e a liberdade. Faz a pessoa recuperar o seu perfeito juízo (cf. Mc
5,15). Não é nem era fácil, nem ontem, nem hoje, fazer com que a pessoa comece
a pensar e atuar diferentemente da ideologia oficial.
* Ensinamento novo!
Ele manda até nos espíritos impuros. Os dois primeiros sinais da Boa Nova que o
povo percebe em Jesus, são estes: o seu jeito diferente de ensinar as coisas de
Deus, e o seu poder sobre os espíritos impuros. Jesus abre um novo caminho para
o povo conseguir a pureza. Naquele tempo, uma pessoa declarada impura já não
podia comparecer diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida por
Deus a Abraão. Ela teria que purificar-se primeiro. Esta e muitas outras leis e
normas dificultavam a vida do povo e marginalizavam muita gente como impura,
longe de Deus. Agora, purificadas pelo contato com Jesus, as pessoas impuras
podiam comparecer novamente na presença de Deus. Era uma grande Boa Notícia
para eles!
Para um confronto
pessoal
1) Será que posso
dizer: “Eu sou plenamente livre, senhor de mim mesmo”? Se não o posso dizer de
mim mesmo, então algo em mim é possesso por outros poderes. Como faço para
expulsar este poder estranho?
2) Hoje muita
gente não vive, mas é vivido. Não pensa, mas é pensado pelos meios de
comunicação. Já não tem pensamento crítico. Já não é dono de si mesmo. Como
expulsar este “demônio”?
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