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segunda-feira, 30 de abril de 2012


MÊS DE MARIA
MEDITAÇÃO - 1º dia
CAPÍTULO 1 - FUNDAMENTO DA VIDA MARIANA: MARIA MEDIANEIRA DAS GRAÇAS
Trata-se da vida mariana ou da vida marieforme, quer dizer, uma vida conforme o beneplácito de Maria ou no espírito de Maria. Isto como uma sequência da vida deiforme ou vida divina.
Antes de concluir o meu livro sobre a vida de Deiforme ou a vida divina em Deus, vida que Deus na divina clemência se dignou inspirar-nos, considero importante acrescentar alguma e mostrar como nós devemos comportar-nos a respeito de nossa Mãe Amável. Nosso amor filial por Ela nos estimula a isso. Portanto como nós já dissemos em outro lugar, devemos viver uma vida Deiforme, quer dizer, segundo o desígnio de Deus ou segundo a exigência da vontade divina. Do mesmo modo, podemos levar uma vida também Marieforme, ou segundo o desígnio da Mãe de Deus, Maria. Por isso, aqueles que tomam a decisão de serem seus bons filhos, se valem de uma mesma regra para discernir se suas ações ou omissões concordam com a vontade de Deus e com a vontade de nossa Mãe bondosa – quando tentam, em tudo o que fazem ou omitem, fixar o olhar tanto em Deus como em Sua Mãe Santíssima – para, com prontidão e alegria, cumprir o que sabem que lhes é agradável e evitar cuidadosamente o que sabem que lhes é desagradável. Para viver uma vida sobrenatural e divina é necessária a Graça Sobrenatural ou o Espírito de Deus, que previne, desperta, auxilia, acompanha e segue a alma. Colaborando fielmente com isso, a alma que ama a Deus vive uma vida sobrenatural e divina.
Deus decidiu, porém, segundo os Padres da Igreja, não dar nenhuma graça senão pelas mãos de Maria. Esta é a razão pela qual eles a dominam “Pescoço da Igreja”, por meio do qual, saindo de Cristo, que é a Cabeça da Igreja, devem fluir todas as graças e bênçãos desta Mãe amantíssima. Como consequência, não somente a Graça ou o Espírito de Deus atua nestas almas e nelas imprime a Vida Divina, mas também a graça ou o espírito de Maria atua e imprime Vida Mariana na alma. Santo Ambrósio desejou que o espírito de Maria  
viesse de tal modo em nós quando disse: “Tomara que esteja à alma de Maria em todos para engrandecer o Senhor e esteja em todos, o espírito de Maria para rejubilar-se em Deus, Seu Salvador”. E eu acrescento: “Tomara que o espírito de Maria esteja em nós todos para que, vivendo neste espírito, ele mesmo faça nossas obras por nós e assim possamos viver por ele”. Por isso, Maria fala através da boca de nossa Mãe, a Santa Igreja: “Meu espírito é mais suave do que o mel” (Eclo 24,27) e “Aqueles que trabalham comigo não pecam” (Eclo 24,30), quer dizer, com as graças, por meu intermédio, conquistadas; “Aquele que me encontra, encontra a Vida e recebe a salvação de Deus” (Prov. 8,35). Num outro lugar, ela diz: “Em mim se encontra toda a graça”, quer dizer: para todas as almas que amam ou buscam a Deus “em mim se encontra toda a esperança de vida e de virtude” (Eclo 24,25), de tal modo que ninguém, de qualquer estado ou modo de vida, recebe a graça alguma ou pode ter esperança de vida divina ou virtude cristã fora da mediação de Maria ou fora das graças de nossa Amável Mãe. Neste sentido, a alma piedosa aos poucos vai vivendo vida divina flui do espírito de Deus e do espírito de Maria, quer dizer, de graça de Deus, que vem para nós, através das mãos de Maria. E, assim, a alma chega a viver uma vida cristã, mariana e divina pode dizer: “não sou eu que vivo, mas vive em mim Cristo” (Gl 2,20) e Maria, ou também: o Espírito de Jesus e Maria “permanece em mim e opera obras” (Jo 14,17). É “o mesmo Espírito” de Jesus e Maria que opera tudo na alma (cf. 1Cor 12,11). Pode-se dize, também, que Maria possui o Seu reino na alma e o trono dela junto ao trono de Jesus, Seu Filho; e, na medida que o Reino de Jesus cresce em influência na alma, ao mesmo tempo o reino de Maria também cresce e floresce nela. Assim, realize-se na alma: “A rainha está à tua direita” (Sl 44,10), porque o Reino de Jesus e o reino de Maria florescem de modo indiviso na alma. Jesus e Maria reinam conjuntamente nela.

domingo, 29 de abril de 2012

     MEDITAÇÕES PASCAIS - 17ª Meditação

Cristo ressuscitado, esclarecedor dos corações

“Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém” (Lc 24, 33).

     Os discípulos de Emaús voltaram apressadamente a Jerusalém para anunciar Cristo ressuscitado.
      Se cremos que Cristo vive não fiquemos parados, mas imitemos o exemplo dos  discípulos de Emaús e falemos dele a todos aqueles que vivem congelados espiritualmente.
      Aquele que verdadeiramente encontrou a Cristo Jesus não consegue ficar inativo... não suporta a “poltronice”.
      Os discípulos haviam acabado de chegar de Jerusalém e na mesma hora voltaram para a Cidade Santa; o cansaço não os impediu de voltar... o amor a Cristo era bem maior e os fez superá-lo.
      Se o amor a Jesus arde em nosso peito, nenhum obstáculo nos impedirá de anunciá-lo. Passaremos sobre todos os obstáculos sem olhar o tamanho dos mesmos, porque, aquele que ama de verdade não conhece obstáculos.
      Antes uma “nuvem negra” os envolvia, agora a claridade iluminou o caminho, então, não há motivo para ficarem “estacionados” na “cama” da preguiça e na “cadeira” do comodismo.
      Façamos o mesmo, corramos ao encontro daqueles que não conhecem a Cristo, “na mesma hora”, isto é, agora, não amanhã, porque poderá ser tarde.
      Se o comodismo nos “pedir” para deixar para amanhã, não lhe demos ouvido: “...na mesma hora”.
      Se a preguiça “deitar” à nossa frente tentando nos impedir de sair de casa, passemos sobre a mesma com coragem: “…na mesma hora”.
     Se a poltrona nos “acariciar” pedindo que não levantemos porque já fizemos  muito, a empurremos para trás e saiamos rapidamente: “…na mesma hora”.
     Se a boa vida tentar nos cativar com a sua “voz de sereia”, tapemos os ouvidos e costuremos a sua boca com a “agulha” da fortaleza: “…na mesma hora”.
      Nada deve nos impedir de anunciar Cristo ressuscitado: nem os gritos do mundo, nem o gemido da carne e muito menos as armadilhas de Satanás. O amor a Nosso Senhor deve gritar mais forte no nosso coração.
    Tragamos sempre diante de nós a brevidade da vida e lembremos continuamente de que o tempo de entesourar no céu é agora. Para que o Senhor da Vida não nos encontre com as mãos vazias, trabalhemos então com fé, amor, fidelidade e perseverança.
      Ó Cristo ressuscitado, Tu és o Amor Infinito que aquece o nosso coração tão frio e indiferente, tornando-o fervoroso.
      Tu és a Luz Eterna que ilumina o nosso caminho rumo à Eternidade Feliz. Sem a vossa claridade cairíamos continuamente nos buracos das paixões e nos feríamos diariamente nos espinhos do pecado.
    Ó Jesus ressuscitado, tu és a fonte da verdadeira alegria; em ti encontramos força e ânimo para suportarmos com alegria as provações de cada dia. Se não fosses tu, ó Alegria Infinita, a nossa vida seria um mar de tristeza e angústia.
     Querido Senhor, não olhes os nossos pecados e ingratidões, e sim, o desejo firme que possuímos de servir-te.

Comentário ao Evangelho do Bom Pastor feito por Basílio de Seleuceia (? -c. 468), bispo

«Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem»

     Olhemos para o nosso pastor: Cristo. [...] Ele alegra-Se com as Suas ovelhas que estão perto de Si e vai à procura das que se perderam. Não Lhe fazem medo as montanhas nem as florestas; percorre as ravinas para chegar até à ovelha perdida. Mesmo que a encontre em mau estado, não Se encoleriza mas, tocado pela compaixão, põe-na aos ombros e, com a Sua própria fadiga, cura a ovelha fatigada (cf. Lc 15,4ss). [...]
     É com razão que Cristo proclama: Eu Sou o Bom Pastor, «procurarei aquela que se tinha perdido, reconduzirei a que se tinha tresmalhado; cuidarei da que está ferida e tratarei da que está doente (Ez 34,16). Eu vi o rebanho dos homens acabrunhado pela doença; vi os meus cordeiros irem para onde moram os demônios; vi o Meu rebanho despedaçado pelos lobos. Vi tudo isto e não foi do alto. Foi por isso que tomei a mão dissecada pelo mal como se tivesse sido mordida por um lobo; libertei aqueles que a febre tinha aprisionado; ensinei a ver aquele que tinha os olhos fechados desde o seio da sua mãe; retirei Lázaro do túmulo onde jazia já há quatro dias (Mc 3,5; 1,31; Jo 9; 11). «Porque Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a vida pelas Suas ovelhas». [...]
     Os profetas conheceram este pastor visto que, bem antes da Sua Paixão, já Ele anunciava o que estaria para vir: «Foi maltratado, mas humilhou-se e não abriu a boca, como um cordeiro que é levado ao matadouro, ou como uma ovelha emudecida nas mãos do tosquiador» (Is 53,7). Como uma ovelha, o pastor expôs a sua garganta pelas suas ovelhas. [...] Pela Sua morte, remediou a morte; pelo Seu túmulo, esvaziou os túmulos. [...] Os túmulos estão tristes e a prisão está fechada enquanto o pastor, descido da cruz, não vem trazer às Suas ovelhas encarceradas a alegre notícia da libertação. Vemo-Lo nos infernos, onde dá a ordem de libertação (1Pe 3,19); vemo-Lo chamar de novo as Suas ovelhas, chamá-las como as chamou da morada dos mortos para a vida. «O bom pastor dá a vida pelas Suas ovelhas.» É assim que Ele Se propõe ganhar a afeição das Suas ovelhas e aquelas que sabem ouvir a Sua voz amam a Cristo.

sábado, 28 de abril de 2012

Lectio Divina - IV Semana da Páscoa

«Eu sou o Bom Pastor: o bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas.»

O caminho pascal só tem sentido se continuarmos a fixar o nosso olhar em Cristo, Bom Pastor. Esta passagem completa o discurso que Jesus dirige aos seus discípulos, no qual deseja explicar quem é e qual a razão da sua vinda e ainda ajudá-los a distinguir a Sua presença e o seu modo de agir dos outros mestres, contemporâneos ou futuros, que podem encontrar.
Jesus é o Pastor das nossas almas; um pastor paciente, misericordioso, disposto a sacrificar a sua vida por nós. Com o Evangelho deste Domingo, somos chamados a renovar a confiança, o acolhimento, a adesão a Cristo que Ele abre as portas do seu coração para nos admitir no seu Reino de paz e alegria que não tem fim.
            Ao Evangelista João cabe a missão de trazer à luz a bondade do Pastor, a sua dedicação e o seu amor incondicional pelas suas ovelhas. Para além deste aspecto, sublinha o comportamento daqueles que se proclamam guias do povo, mas mais do que orientar, procuram o poder e o sucesso, colocando em primeiro lugar o interesse pessoal.
            Embora nos possa parecer um pouco ridículo sermos comparados com um rebanho, esta imagem reflete a nossa condição: sem meios de defesa e sem um guia que se revele um pastor verdadeiro, podemos ser arrebatados pelos “lobos”. A vocação cristã nasce do amor de Cristo e é fruto da sua fidelidade ao amor do Pai.

Evangelho segundo S. João (10, 11-18)

“Naquele tempo, disse Jesus: «Eu sou o Bom Pastor: o bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas. O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas, logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, enquanto o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário não se preocupa com as ovelhas. Eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-me, do mesmo modo que o Pai me conhece e Eu conheço o Pai; Eu dou a vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor. Por isso o Pai me ama: porque dou a minha vida, para poder retomá-la. Ninguém ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente. Tenho o poder de a dar e de a retomar: foi este o mandamento que recebi de meu Pai.”»

SEGUNDA FEIRA

PALAVRA - Naquele tempo, disse Jesus: «Eu sou o Bom Pastor: o bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas.
            Jesus apresenta-se como Bom Pastor: pastor verdadeiro, autêntico, que sabe fazer o seu trabalho. É um convite a pensá-lo deste modo: amável, doce e próximo. Jesus apresenta-se como Pastor, sabendo que esta imagem, na primeira Aliança, indica o próprio Deus: «Eu sou…», que, revela também a Sua identidade com Deus, traduzindo depois em gestos concretos e significativos as várias imagens deste Deus que se interessa pelos homens.

MEDITAÇÃO
            Para entender bem o que Jesus nos quer dizer, devemos colocar-nos numa atitude de escuta atenta e, mais do que tentar compreender, devemos fazer espaço para experimentá-lo. Jesus cumpre a obra que o Pai iniciou: trata e cuida do seu povo, até dar a vida por ele. Jesus ama até ao ponto de dar a vida. É incrível, como isto possa acontecer: um Deus que nos quer mesmo bem, um bem que nos compete apenas contemplá-lo, e que nos deve encher de alegria. Alegria que deve chegar a tocar o coração e a vida de todos. Jesus está ligado a nós, de modo tão passional que sacrifica a sua vida, tudo e somente por amor. Por isso, como refere o salmista “refugiemo-nos no Senhor, mais do que nos homens” (salmo 117).

ORAÇÃO
            Em ação de graças pelo imenso amor com que Deus me ama, rezo, com calma, o salmo 117:

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
 Porque é eterna a sua misericórdia.
 Mais vale refugiar-se no Senhor,
 Do que fiar-se nos homens.
 Mais vale refugiar-se no Senhor,
 Do que fiar-se nos poderosos.

Eu Vos darei graças, porque me ouvistes
 E fostes o meu salvador.
 A pedra que os construtores rejeitaram
 Tornou-se pedra angular.
 Tudo isto veio do Senhor:
 É admirável aos nossos olhos.

Bendito o que vem em nome do Senhor,
 Da casa do Senhor nós vos bendizemos.
 Vós sois o meu Deus: eu vos darei graças.
 Vós sois o meu Deus: eu vos exaltarei.
 Dai graças ao Senhor, porque ele é bom,
 Porque é eterna a sua misericórdia.

AÇÃO
            Em tudo o me rodeia procurarei ver a bondade de Deus para comigo, mesmo que isso implique a passagem por alguma situação mais difícil e complicada. Que seja capaz de dizer a mim mesmo: Jesus, Tu és o meu bom Pastor, aquele que me salva.

TERÇA FEIRA

PALAVRA - O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas, logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, enquanto o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário não se preocupa com as ovelhas.
            Dando maior relevo à imagem, Jesus contrapõe-na à imagem do mercenário. O mercenário, sendo assalariado, não cria laços com o rebanho, não se liga afetivamente às ovelhas, não se ocupa totalmente delas, não coloca em risco a sua existência. Em caso de perigo “logo que vê vir o lobo”, quer salvar-se, e foge. O motivo é claro: as ovelhas não lhe pertencem.

MEDITAÇÃO
            Uma primeira característica do pastor é o amor e a coragem com que defende as suas ovelhas. Ao contrário do mercenário, o pastor, expõe-se ao perigo. O mercenário é como os ídolos, depois de nos seduzirem e de nos “espremerem”, abandonam-nos nos momentos que mais necessitamos, não mantêm a promessa, desiludem e fazem perder a esperança, deixando-nos nas garras do “lobo”. Acabamos por cair na rede das forças do mal e cada época tem os seus “lobos”; por vezes têm nome e sobrenome, mas a maioria é anônima: indicam mentalidades confusas, falsos modelos de Homem, a “moda” que serpenteia e ataca o interior do grupo. O mal, o pecado arrebata o Homem da verdade e o dispersa, sem sentido, pelo mundo. Este excerto, questiona-nos: o que quero, afinal, para a minha vida? Por quem me deixo guiar?

ORAÇÃO
            Senhor, é maravilhoso, sentir que não me abandonas, mesmo quando Te viro as costas e me deixo levar pelos ídolos que não passam de mercenários, que não se importam comigo, porque não lhes pertenço. Acolhe-me, Senhor, na minha pobreza e na minha fragilidade, e faz que volte a Ti e ao rebanho que vive e sente, quotidianamente, o Teu Amor.

AÇÃO
            Hoje, procurarei estar atento às várias coisas e pessoas que me rodeiam, particularmente, aos meios com os quais mais comunico: internet, televisão, telemóvel... também ali, posso encontrar “mercenários” que me querem guiar, mas que me deixam sozinho no momento difícil e de perigo, pois não me alertam para nada, simplesmente me deixam andar a divagar.

QUARTA FEIRA

PALAVRA - Eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-me, do mesmo modo que o Pai me conhece e Eu conheço o Pai; Eu dou a vida pelas minhas ovelhas.
            Jesus, o Bom Pastor, não ama multidões, mas ama cada um pessoalmente. E usa palavras delicadas que exprimem uma recíproca comunhão e conhecimento.
            No Antigo Testamento os temas da escolha, do amor de Deus, do recíproco conhecimento, da vida comum, da condenação dos falsos pastores, reunir o povo da dispersão, abandono, são muito falados e frutos de relações oportunistas, falsas, de prepotência e de abuso. Temas como a pertença, conhecimento, sacrifício, entrega, fraternidade, são frutos do amor.

MEDITAÇÃO
            Sabemos que na Bíblia, o verbo conhecer, implica uma experiência profunda, indica o envolvimento completo no amor. Passa mais pelo coração do que pela mente. De fato há um conhecimento, uma intimidade, um amor recíproco entre pastor e ovelhas. Ele chama cada uma pelo seu nome, conhece-as por causa da afetividade/amor que os uniu. Assim, acontece conosco: chamados pelo nome, amados pelo que somos, não perdemos a nossa personalidade mas Deus quer que sejamos aquilo para o qual fomos chamados: a viver como filhos de Deus. O conhecimento íntimo por parte de Jesus é comparado com o conhecimento recíproco entre Pai e Filho. Permanecer no “rebanho” é possibilidade de experimentar o seu amor e de conhecer o seu coração. Estar com Jesus é conhecer o Pai, viver com o Filho é entrar na dinâmica do amor trinitário. O dom de Jesus continua a fazer-se presente: um dar-se contínuo, na obediência a um projeto; ser transparência, sinal e benevolência do Pai. Serei capaz de corresponder assim à vontade do Pai?

ORAÇÃO
            Senhor, Pastor e Guia seguro da minha vida, Tu que me chamas pelo nome, faz que em cada instante do meu quotidiano reconheça a Tua voz, que sinta o calor da Tua presença que me envolve, mesmo quando a estrada se manifesta impraticável e a noite é profunda e interminável. Seguindo-te, sem resistências e sem medo, chegarei aos prados verdejantes, às fontes de água pura, onde Tu me farás repousar. Amém.

AÇÃO
            Hoje, procurarei um tempo, na minha jornada, para encontar-me com Deus. Num momento por mim escolhido, entrarei em mim mesmo e viajarei até ao profundo do coração e aí colocarei a pergunta: Quem sou eu? Quem é Deus para mim? Quem é Jesus para mim? A minha opção é fazê-lo com seriedade: um tempo de conhecimento para mim e para o meu Deus.

QUINTA FEIRA

PALAVRA - Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor.
            Alguém escrevia: «Parece longínquo o dia em que toda a humanidade fará esta experiência de conhecimento recíproco com Deus». Jesus faz a vontade do Pai, porque sabe que esta O leva à verdadeira liberdade. Mas também sabe que são muitas as pessoas que não acolheram o seu amor «Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de reuni-las». E como um bom pastor, Ele nunca desistirá se perder uma só das suas ovelhas, por isso fará todo o esforço para reuni-las.

MEDITAÇÃO
            De fato existem outros recintos, outros movimentos religiosos ou laicos, existem outros lugares que possivelmente não deixam o Homem livre. Jesus, no seu imenso amor, quer que todos vivam segundo a liberdade proposta pelo Pai: a liberdade dos filhos de Deus, que vivem a partir do amor. O seu zelo, a sua paixão pela humanidade, leva-o a desejar que todos os que se encontram longe escutem a sua voz, reconheçam a voz do Pastor e todos falem a mesma linguagem. Deus ama demasiado o mundo, pois tudo foi feito por Ele, para excluir quem quer que seja. Seremos nós a fazê-lo? Com que autoridade? Como cristãos, somos chamados à unidade no amor, pois só o amor salva.
            Um só rebanho, um só Pastor, uma Igreja “una”, aberta a todos que respeita a diferença como lugar de esperança e de crescimento. Um só espírito, um só Senhor que é servo de todos, um só Deus que é tudo em todos. Queremos melhor programa de vida?

ORAÇÃO
            Medito nas palavras do apóstolo João: «Vede que admirável amor, o Pai nos consagrou em nos chamarmos filhos de Deus. E somo-lo de fato. Se o mundo não nos conhece, é porque não O conheceu a Ele.» (1 Jo 3, 1)

AÇÃO
            Como cristão sou convidado a dar testemunho da minha fé: empenhar-me-ei em aproximar-me das pessoas que hoje passarão por mim, e não deixarei de dar o meu contributo para que o amor de Deus passe através de mim: um gesto, uma atitude, uma palavra farão a diferença e brilharei como astro no mundo, porque levo em mim a luz de Cristo.

SEXTA FEIRA

PALAVRA - Por isso o Pai me ama: porque dou a minha vida, para poder retomá-la. Ninguém ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente.
            Jesus revela-se homem livre. Apresenta a liberdade nesta dinâmica de amor. Jesus entrega a Sua vida voluntariamente. Faz-nos pensar que o seu não é um morrer qualquer, é a realização da própria existência como dom total de amor. «Retomá-la» significa que o destino de quem dá a vida não é a morte, mas a plenitude da vida.

MEDITAÇÃO
            Em Jesus a vida torna-se aquilo que é: circulação viva do amor, dom recebido e dado. A vida dá-se, entrega-se por amor; o amor dá a vida gratuitamente, sem forçar nada nem ninguém. É nesta dimensão do dom que compreendemos o gesto de Jesus: a sua morte nos salva porque é um livre gesto de amor. É nesta dinâmica que cada um de nós também está convidado a viver. Como cristãos, como filhos de Deus, a nossa vocação passa pelo caminho da doação aos outros, sempre num serviço de amor, numa atitude de confiança em Deus Pai. «Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; se morrer dá muito fruto. Quem se ama a si mesmo, perde-se; quem se despreza a si mesmo, neste mundo, assegura para si a vida eterna» (Jo 12, 24-25).

ORAÇÃO
            Obrigado, Senhor, porque és o Bom Pastor, que conheces e dás a vida. És o Bom Pastor que amas na intimidade e me convidas a seguir-Te. Se eu estou no espaço do amor, qual a minha resposta, Senhor? Ajuda-me a dizer: «Eis-me aqui».

AÇÃO
            Viverei este dia em ação de graças: agradeço o dom da vida, o dom da fé, o dom da amizade, o dom do serviço. um bom projeto de vida: viver na lógica do dom, cada instante da vida, pois é a forma de a recuperar.

SÁBADO

PALAVRA - Tenho o poder de a dar e de a retomar: foi este o mandamento que recebi de meu Pai.
            O dom da salvação não nos foi dado como um privilégio mas como um verdadeiro chamamento a participar da missão do Pastor: salvar todo o gênero humano. É verdade que é Deus que salva, mas serve-se de pessoas. Pessoas chamadas a viver a 100% o mandamento do amor.

MEDITAÇÃO
            O Evangelho de hoje, termina apelando ao Mandamento do Amor, o mandamento que o Pai entregou ao Filho e o Filho a nós. Passarão os céus e a terra, mas o amor não passará. Este é o poder, livre e libertador do Filho. Até que ponto me insiro nesta dinâmica? Que “voz” escuto? Estou atenta aos sinais que o Senhor me vai mandando? Não é tempo de reter o amor, mas é tempo de dar-se. É tempo de abrir as mãos, e partir ao encontro; é tempo de ser palavra, pão, coração junto de todos. E fazê-lo com Cristo, por Cristo e em Cristo.

ORAÇÃO
            Num lugar onde possa encontrar silêncio faço a minha oração pessoal a partir o mandamento do amor «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei. Não há maior prova de amor do que dar vida».

AÇÃO
            Valorizarei as atitudes que sejam sinais do amor proveniente de Deus. Se conseguir fazer algum voluntariado junto de alguma família, de alguma associação, de um lar de crianças ou idosos da zona... (verás se não haverá mais alegria em dar do que em receber).
MEDITAÇÕES PASCAIS - 16ª Meditação

Cristo ressuscitado, amigo fiel

“Permanece conosco, pois cai a tarde e o dia já declina” (Lc 24, 29).

     Os discípulos de Emaús, mesmo envolvidos por uma “nuvem negra”, gostaram imensamente da presença do Amável Senhor... quando o mesmo fez menção de ir além, lhe disseram: “Permanece conosco”.
      Sejamos sábios e fervorosos, jamais deixemos o Senhor se afastar da nossa vida, somente com a Sua ajuda permaneceremos de pé.
      Quando o ciclone das tentações soprarem furiosamente contra a nossa “casa espiritual”, peçamos ajuda ao Divino Amigo que caminha conosco.
      Se a tempestade das calúnias e críticas desencadearem contra a “barca” de nossa vida, prostremo-nos aos pés do Doce Jesus e peçamos-Lhe proteção.
      Quando o raio do desânimo tentar nos atingir, aproximemos do Senhor e peçamos-Lhe força.
      A caminhada para a Pátria Celeste é difícil e cheia de armadilhas. Precisamos continuamente da ajuda de Nosso Senhor... peçamos-Lhe diariamente com humildade e confiança: “Permanece conosco”.
      Jamais rejeitemos a presença amiga de Cristo Jesus em nossa vida e não deixemos também a Sua graça passar em vão; mas, como cervos sedentos pela água pura e  corrente, agarremos a Ele e peçamos-Lhe humildemente: “Permanece conosco”.
      Não nos envergonhemos de pedir a Jesus para que permaneça conosco.
      “Permanece conosco” Luz Eterna, porque sem Ti cairemos em buracos.
      “Permanece conosco” Imaculado Cordeiro, sem a vossa proteção seremos vencidos pelas tentações contra a pureza.
      “Permanece conosco” Humilde Senhor, longe de Ti o orgulho sufocará o nosso coração.
      “Permanece conosco” Silencioso Jesus, porque sem a vossa ajuda a nossa alma se tornará inquieta.
      “Permanece conosco” Amor Eterno, sem a vossa graça o nosso coração se encherá de ódio.
      “Permanece conosco” Deus Forte, porque sem a vossa força não conseguiremos fazer o bem e vencer os obstáculos.
      Ó Querido Jesus, “permanece conosco”, não vá Senhor, não caminhe mais, fique conosco... “permanece conosco”, venha para a nossa “pobre casa”, isto é, nossa alma, não olhe a poeira que a cobre e a sua desorganização, mas entre e “permanece conosco”, porque somente em Ti encontramos a verdadeira paz e segurança.
      Amado Senhor, a nossa alma é imortal e sente sede do Infinito... somente Tu, Deus Eterno, é capaz de saciá-la com o vosso imenso amor.
      “Permanece conosco” Senhor para sempre. Tu és o doce hóspede da nossa alma.
      Nós, pobres criaturas, limitadas e pecadoras, prostremo-nos aos pés do Querido Senhor e Lhe peçamos com fé e insistência: “Permanece conosco”.

Comentário ao Evangelho do dia (Jo 6,61-70) feito por São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia, depois bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilias sobre o evangelho de Mateus n° 82; PG 58, 743

«As palavras que vos disse são espírito e são vida»

     «Tomai e comei, disse Jesus, isto é o Meu corpo entregue por vós» (cf 1Co 11,24). Porque é que os discípulos não ficaram perturbados quando ouviram estas palavras? Foi porque Cristo lhes havia já dito muitas coisas sobre este assunto (Jo 6). [...] Tenhamos, nós também, plena confiança em Deus. Não apresentemos objecções, mesmo quando o que Ele diz parece contrário aos nossos raciocínios e ao que vemos. Que a Sua palavra seja dona da nossa razão e mesmo da nossa vista. Assumamos esta atitude perante os mistérios sagrados: não vejamos neles apenas o que é apreendido pelos nossos sentidos, mas tenhamos sobretudo em conta as palavras do Senhor. A Sua palavra nunca nos pode enganar, ao passo que os nossos sentidos nos enganam facilmente; Ela nunca erra, mas eles erram frequentemente. Quando o Verbo diz: «Isto é o Meu corpo», confiemos n'Ele, acreditemos e contemplemo-Lo com os olhos do espírito. [...]
      Quantas pessoas dizem hoje em dia: «Gostaria de ver Cristo em pessoa, o Seu rosto, as Suas vestes, as Suas sandálias». Pois bem, na Eucaristia, é Ele que tu vês, que tocas, que recebes! Desejavas ver as Suas vestes; e é Ele que Se dá a ti, não apenas para O veres, mas para O tocares, O receberes, O acolheres no teu coração. Que ninguém se aproxime, pois, com indiferença ou frouxidão, mas que todos venham a Ele animados de um amor ardente.

sexta-feira, 27 de abril de 2012


MEDITAÇÕES PASCAIS - 15ª Meditação

Cristo ressuscitado, companheiro consolador

     “Ora, enquanto conversavam e discutiam entre si, o próprio Jesus aproximou-se e pôs-se a caminhar com eles” (Lc 24, 15).

     Vejam que os discípulos de Emaús caminham em direção ao seu povoado, e durante a viagem eles conversam e discutem: sobre qual assunto? Sobre a vaidade do mundo? Não. Sobre os prazeres passageiros da terra?  Não. Falam sobre o que aconteceu com o Amado Jesus.
     Eles confiaram em Jesus e agora estão tristes porque o Senhor morrera crucificado.
     Também nós caminhamos, não para um povoado, e sim, para a Pátria Eterna; e durante essa caminhada, que pode durar anos, devemos usar bem o tempo, isto é, nos entreter com as coisas do alto, principalmente quando “nuvens negras” nos ameaçarem.
    Eles estavam tristes, mas não revoltados; estavam cercados por uma “nuvem negra”, mas eis que a Luz Eterna se coloca entre os mesmos para dissipar tal nuvem... e eles aceitaram a presença da Luz.
     Às vezes, durante essa caminhada rumo à eternidade, sentimo-nos sozinhos, confusos, corremos o risco de perder o verdadeiro sentido e de entrarmos por desvios perigosos. Diante dessas dificuldades, abramos o nosso coração para a Luz Eterna... o nosso caminho será iluminado e não teremos mais dúvida.
      Felizes dos discípulos de Emaús que aceitaram a presença de Jesus Cristo; tudo estava “escuro” e logo a “escuridão” desapareceu e surgiu a claridade.
     Aceite você também a doce presença de Cristo em sua vida. Como é agradável e seguro caminhar com Ele; caminhamos em plena claridade mesmo quando a escuridão nos ameaça.
     Eles discutiam pelo caminho e a discussão cessou quando a Verdade chegou e se pôs a caminhar com eles.
     Caminhemos também sempre unidos a Cristo Jesus... abramos o nosso coração somente para Ele e não vacilaremos pelo caminho.
     Se aceitarmos a Sua doce presença seremos atacados pelos inimigos, mas Ele nos sustentará e não deixará que a “nuvem negra” das provações nos sufoquem.
     Dialoguemos com Cristo Jesus, sejamos dóceis aos seus sábios conselhos, abramos os ouvidos e o coração para Nosso Senhor e caminharemos seguros e sem dúvida.
     Vem Senhor, aproxime-se de nós, caminhe conosco, somos pobres cegos e sem a vossa doce presença cairemos em perigosos abismos.
     Jesus Querido, amigo fiel, não nos abandone nessa caminhada rumo à Eternidade Feliz. Ó Senhor, como é suave a vossa presença, como é doce a vossa amizade, somente em Ti encontramos a verdadeira segurança. 

Comentário ao Evangelho do dia (Jo 6, 52-59) feito por Bem-aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionários da Caridade - Jesus, a Palavra, cap. 6

«Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue fica a morar em Mim e Eu nele»
     Com que ternura nos fala Jesus quando Se oferece aos Seus na Sagrada Comunhão: «A Minha carne é uma verdadeira comida e o Meu sangue uma verdadeira bebida. Quem realmente come a Minha carne e bebe o Meu sangue fica a morar em Mim e Eu nele». Que mais poderia dar-me o meu Jesus que o Seu corpo em alimento? Não, Deus não poderia ter feito mais, nem revelar-me maior amor. 
     A Sagrada Comunhão, como a própria palavra o diz, é a união íntima de Jesus com a nossa alma e o nosso corpo. Se queremos ter a vida e possuí-la de maneira mais abundante, temos de viver do corpo de Nosso Senhor. Efetivamente, os santos compreenderam-no tão bem que passavam horas em preparação e mais ainda em ação de graças. Quem poderá explicá-lo? «Oh, que profundidade de riqueza, de sabedoria e de ciência é a de Deus! Como são insondáveis as Suas decisões, exclama Paulo, e impenetráveis os Seus caminhos! Quem conheceu o pensamento do Senhor? (Rm 11,33-34). 
     Quando acolheis Cristo no vosso coração após a fração do Pão Vivo, lembrai-vos do que Nossa Senhora terá sentido enquanto o Santo Espírito a envolvia na Sua sombra, e que Ela, que era cheia de graça, recebeu o corpo de Cristo (Lc 1,26ss). O Espírito era tão forte nela que de imediato «levantou-se à pressa» (v. 39) para ir servir.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

MEDITAÇÕES PASCAIS - 14ª Meditação

Cristo ressuscitado, companheiro consolador
“Ora, enquanto conversavam e discutiam entre si, o próprio Jesus aproximou-se e pôs-se a caminhar com eles” (Lc 24, 15).
Vejam que os discípulos de Emaús caminham em direção ao seu povoado, e durante a viagem eles conversam e discutem: sobre qual assunto? Sobre a vaidade do mundo? Não. Sobre os prazeres passageiros da terra?  Não. Falam sobre o que aconteceu com o Amado Jesus.
Eles confiaram em Jesus e agora estão tristes porque o Senhor morrera crucificado.
Também nós caminhamos, não para um povoado, e sim, para a Pátria Eterna; e durante essa caminhada, que pode durar anos, devemos usar bem o tempo, isto é, nos entreter com as coisas do alto, principalmente quando “nuvens negras” nos ameaçarem.
Eles estavam tristes, mas não revoltados; estavam cercados por uma “nuvem negra”, mas eis que a Luz Eterna se coloca entre os mesmos para dissipar tal nuvem... e eles aceitaram a presença da Luz.
Às vezes, durante essa caminhada rumo à eternidade, sentimo-nos sozinhos, confusos, corremos o risco de perder o verdadeiro sentido e de entrarmos por desvios perigosos. Diante dessas dificuldades, abramos o nosso coração para a Luz Eterna... o nosso caminho será iluminado e não teremos mais dúvida.
Felizes dos discípulos de Emaús que aceitaram a presença de Jesus Cristo; tudo estava “escuro” e logo a “escuridão” desapareceu e surgiu a claridade.
Aceite você também a doce presença de Cristo em sua vida. Como é agradável e seguro caminhar com Ele; caminhamos em plena claridade mesmo quando a escuridão nos ameaça.
Eles discutiam pelo caminho e a discussão cessou quando a Verdade chegou e se pôs a caminhar com eles.
Caminhemos também sempre unidos a Cristo Jesus... abramos o nosso coração somente para Ele e não vacilaremos pelo caminho.
Se aceitarmos a Sua doce presença seremos atacados pelos inimigos, mas Ele nos sustentará e não deixará que a “nuvem negra” das provações nos sufoquem.
Dialoguemos com Cristo Jesus, sejamos dóceis aos seus sábios conselhos, abramos os ouvidos e o coração para Nosso Senhor e caminharemos seguros e sem dúvida.
Vem Senhor, aproxime-se de nós, caminhe conosco, somos pobres cegos e sem a vossa doce presença cairemos em perigosos abismos.
Jesus Querido, amigo fiel, não nos abandone nessa caminhada rumo à Eternidade Feliz. Ó Senhor, como é suave a vossa presença, como é doce a vossa amizade, somente em Ti encontramos a verdadeira segurança.

Comentário ao Evangelho do dia (Jo 6,44-51) feito por Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita, Doutora da Igreja - Caminho de Perfeição, cap. 33-34

«Este é o pão que desce do Céu; se alguém comer dele, não morrerá»

     Vendo o bom Jesus a necessidade, buscou um meio admirável por onde nos mostrou o máximo de amor que nos tem, e em Seu nome e no de Seus irmãos fez esta petição: «O pão nosso de cada dia nos dai hoje» (Mt 6,11). [...] Era mister vermos o Seu [amor] para despertarmos, e isto não uma vez, mas cada dia; por isso Se deve ter determinado a ficar conosco. [...]
     Tenho reparado que só nesta petição duplica as palavras, porque diz primeiro e pede que Lhe deis este pão de cada dia, e torna a dizer: «dai-no-lo hoje, Senhor». Põe-Se diante de Seu Pai, como a dizer-Lhe: já que uma vez no-Lo deu para que morresse por nós, já que é «nosso», não no-Lo torne a tirar, mas O deixe servir cada dia, até se acabar o mundo. [...] O Ele ser nosso cada dia é porque O possuímos aqui na terra e O possuiremos também no céu, se nos aproveitarmos bem da Sua companhia. [...]  
O dizer «hoje» me parece que é para um dia, isto é, enquanto durar o mundo, e não mais. E é bem verdade que é um só dia! [...] E assim Lhe diz Seu Filho que, pois não é mais que um dia, Lho deixe passar em servidão; e que Sua Majestade já no-Lo deu e enviou ao mundo só por Sua vontade, que Ele quer agora por Sua própria vontade não nos desamparar, mas ficar-Se aqui connosco para maior glória de Seus amigos e pena de Seus inimigos. Que agora novamente não pede mais que «hoje» ao dar-nos este Pão sacratíssimo; Sua Majestade no-Lo deu para sempre, como já disse, este mantimento e maná da humanidade, que O achamos como queremos; e, a não ser por nossa culpa, não morreremos de fome, pois de todos os modos e maneiras que a alma quiser comer, achará no Santíssimo Sacramento sabor e consolação.

quarta-feira, 25 de abril de 2012


MEDITAÇÕES PASCAIS - 13ª Meditação

“Não ardia o nosso coração quando ele nos falava?” (Lc 24, 32).

Felizes de vocês, discípulos de Emaús, que conversaram amigavelmente com o Senhor da vida e que tiveram o coração atingido pelo fogo do amor que saiu da fornalha ardente de caridade.
Se quisermos que o nosso pobre coração, tão frio e indiferente, arda de alegria, viremos as costas para a voz do mundo e dialoguemos piedosamente com Jesus Cristo. Assim como o fogo reduz em cinza a palha seca, a conversação com o Senhor inflama o coração sedento de Seu amor.
Abramos o nosso coração e tiremos dele toda a “água turva”, isto é, tudo aquilo que não agrada a Nosso Senhor; somente assim o mesmo será aquecido pelo fogo Divino.
Se quisermos que o nosso coração seja uma brasa em nosso peito, desapeguemo-nos de tudo aquilo que o mundo oferece e dialoguemos continuamente com Cristo Jesus, fogo Divino.
O diálogo com as criaturas deixa o coração frio e vazio, enquanto que o diálogo com Cristo o deixa em chamas.
Dialogar com Cristo! Que tempo bem empregado! Que momento de felicidade e paz... é a criatura que mergulha no Infinito.
É preciso ouvir o Senhor, ouvi-Lo sempre; que feche a nossa boca e abra o nosso coração para o fogo Divino, e ele arderá de dor e de amor: de amor por ter encontrado a fonte da verdadeira alegria, e de dor por ter perdido tanto tempo com as criaturas.
                Aquele que ouve com atenção o Senhor receberá contínua consolação: “Bem-aventurada a alma que ouve falar-lhe o Senhor e de sua boca recebe palavras de consolação!” (Tomás de Kempis).

Comentário ao Evangelho do dia (Jo6,35-40) feito por João Paulo II, Papa entre 1978 e 2005 Carta Apostólica «Novo Millennio Inuente», §§16-17

«Esta é, pois, a vontade do meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e n'Ele crê tenha a vida eterna»

     «Queríamos ver a Jesus» (Jo 12,21). Este pedido, feito ao apóstolo Filipe por alguns gregos que tinham ido em peregrinação a Jerusalém por ocasião da Páscoa, ecoou espiritualmente também aos nossos ouvidos. [...] Como aqueles peregrinos de há dois mil anos, os homens do nosso tempo, talvez sem se darem conta, pedem aos crentes de hoje não só que lhes «falem» de Cristo, mas também que de certa forma a eles O façam «ver». E não é porventura a missão da Igreja refletir a luz de Cristo em cada época da história, e por conseguinte fazer resplandecer o Seu rosto também diante das gerações do novo milênio?

     Mas o nosso testemunho seria excessivamente pobre, se não fôssemos primeiro contemplativos do Seu rosto. [...] A contemplação do rosto de Cristo não pode inspirar-se senão naquilo que se diz d'Ele na Sagrada Escritura, que está, do princípio ao fim, permeada pelo Seu mistério; este aparece obscuramente esboçado no Antigo Testamento e revelado plenamente no Novo [...]. Permanecendo ancorados na Sagrada Escritura, abrimo-nos à ação do Espírito (cf Jo 15,26), que está na origem dos seus livros, e simultaneamente ao testemunho dos Apóstolos (cf Jo 15,27), que fizeram a experiência viva de Cristo, o Verbo da vida: viram-No com os seus olhos, escutaram-No com os seus ouvidos, tocaram-No com as suas mãos (cf 1 Jo 1,1). Por seu intermédio, chega-nos uma visão de fé, sustentada por um testemunho histórico concreto.

terça-feira, 24 de abril de 2012


MEDITAÇÕES PASCAIS – 12ª Meditação
Cristo ressuscitado, Deus vivo

Alegremo-nos! O Senhor ressuscitou: “Ele não está aqui, pois ressuscitou, conforme havia dito” (Mt 28, 6).
Jubilemo-nos! É Páscoa, aquele que jazia no túmulo agora vive: “É Páscoa, a Páscoa do Senhor… Não figura, não história, não sombra, mas a verdadeira Páscoa do Senhor…” (Santo Hipólito de Roma, Das orações dos primeiros cristãos, 44).
Cantemos alegremente! Nosso Senhor ressuscitou glorioso! É Páscoa: “Ó Jesus ressuscitado dos mortos por divino poder, abristes para nós a eternidade e nos ensinastes os caminhos da vida…” (São Boaventura, O lenho da vida 34-35, Obr.  Mist., pp. 113-114).
O Amor Eterno não está mais no sepulcro, Ele ressuscitou! Corramos então apressadamente ao Seu encontro sem temer a escuridão das tentações, da secura espiritual, do desânimo, do pessimismo, etc. O desejo ardente de contemplarmos a luz deverá ser mais forte do que a escuridão.
O Doce Amigo não está mais no sepulcro! Saiamos com entusiasmo ao Seu encontro... que a “pedra” das críticas, invejas, calúnias, perseguições, etc., não obstaculize o nosso caminho, mas que a removamos com o nosso fervor.
O Imaculado Cordeiro está vivo, Ele ressuscitou! Busquemo-Lo de coração, jamais duvidemos das suas santas Palavras.
Exultemo-nos, porque adoramos e servimos a um Deus ressuscitado: “Põe teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e não sejas incrédulo, mas crê! ‘Respondeu-lhe Tomé: ‘Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20, 27-28).
A pedra não está mais tapando a entrada do túmulo... a terra treme e o Rei Imortal ressuscita glorioso.
Cristo ressuscitou! Seu triunfo foi total! Ele venceu a morte para nunca mais morrer... venceu os inimigos para não mais ser crucificado no Calvário.
Não deixemos para amanhã o que se pode fazer hoje. Corramos ao encontro do Rei triunfante, prostremo-nos por terra, abracemos com devoção os seus pés e O adoremos (Cfr. Mt 28, 9).
Adoremos o Deus vivo! A ressurreição de Cristo Jesus enche o nosso coração da verdadeira alegria e tira da alma a nuvem da tristeza: “A ressurreição de Cristo abre a mansão dos mortos… é vida para os mortos, perdão para os pecadores, glória para os santos” (Dos Sermões de São Máximo de Turim, bispo).
Não sejamos apenas admiradores de Cristo ressuscitado, mas O imitemos na ressurreição. Assim como Ele saiu glorioso do sepulcro, saiamos também nós do túmulo do pecado deixando a escuridão do túmulo, isto é, os vícios. Vivamos continuamente com a graça santificante na nossa alma.
Alegremo-nos! Cristo ressuscitou! Unamo-nos a Ele e jamais O deixemos.


Criar as nossas próprias vidas - Thomas Merton
Toda vida cristã destina-se a ser ao mesmo tempo profundamente contemplativa e rica em obra ativa. É verdade que somos chamados a criar um mundo melhor. 
Mas somos chamados, antes de tudo, a uma tarefa mais imediata e elevada: a de criar as nossas próprias vidas. Ao fazer isso, agimos como cooperadores de Deus. Assumimos o nosso lugar na grande obra do gênero humano, pois, com efeito, a criação do nosso próprio destino em Deus é impossível em puro isolamento. 
Cada um de nós realiza o seu próprio destino em inseparável união com todos os outros com os quais Deus quis que vivêssemos. Partilhamos uns com os outros a obra criativa de viver no mundo.  E é através da nossa luta com a realidade material, com a natureza, que nos ajudamos mutuamente a criar ao mesmo tempo o nosso próprio destino e um mundo novo para os nossos descendentes. 
Essa obra do homem, que é a sua vocação peculiar e inescapável, é um prolongamento da obra criadora do próprio Deus. Deixar de enfrentar esse desafio e cumprir essa responsabilidade criadora é deixar de dar à vida a resposta que nos é solicitada pela vontade de nosso Pai e Criador.”