MEDITAÇÕES PASCAIS - 17ª
Meditação
Cristo ressuscitado, esclarecedor dos
corações
“Naquela mesma hora, levantaram-se e
voltaram para Jerusalém” (Lc 24, 33).
Os discípulos de Emaús voltaram
apressadamente a Jerusalém para anunciar Cristo ressuscitado.
Se cremos que Cristo vive não fiquemos
parados, mas imitemos o exemplo dos discípulos de Emaús e falemos dele a todos
aqueles que vivem congelados espiritualmente.
Aquele que verdadeiramente encontrou a
Cristo Jesus não consegue ficar inativo... não suporta a “poltronice”.
Os discípulos haviam acabado de chegar de
Jerusalém e na mesma hora voltaram para a Cidade Santa; o cansaço não os
impediu de voltar... o amor a Cristo era bem maior e os fez superá-lo.
Se o amor a Jesus arde em nosso peito,
nenhum obstáculo nos impedirá de anunciá-lo. Passaremos sobre todos os
obstáculos sem olhar o tamanho dos mesmos, porque, aquele que ama de verdade
não conhece obstáculos.
Antes uma “nuvem negra” os envolvia, agora
a claridade iluminou o caminho, então, não há motivo para ficarem
“estacionados” na “cama” da preguiça e na “cadeira” do comodismo.
Façamos o mesmo, corramos ao encontro
daqueles que não conhecem a Cristo, “na mesma hora”, isto é, agora, não amanhã,
porque poderá ser tarde.
Se o comodismo nos “pedir” para deixar para
amanhã, não lhe demos ouvido: “...na mesma hora”.
Se a preguiça “deitar” à nossa frente
tentando nos impedir de sair de casa, passemos sobre a mesma com coragem: “…na
mesma hora”.
Se a poltrona nos “acariciar” pedindo que
não levantemos porque já fizemos muito, a empurremos para trás e saiamos
rapidamente: “…na mesma hora”.
Se a boa vida tentar nos cativar com a sua
“voz de sereia”, tapemos os ouvidos e costuremos a sua boca com a “agulha” da
fortaleza: “…na mesma hora”.
Nada deve nos impedir de anunciar Cristo
ressuscitado: nem os gritos do mundo, nem o gemido da carne e muito menos as
armadilhas de Satanás. O amor a Nosso Senhor deve gritar mais forte no nosso
coração.
Tragamos sempre diante de nós a brevidade
da vida e lembremos continuamente de que o tempo de entesourar no céu é agora.
Para que o Senhor da Vida não nos encontre com as mãos vazias, trabalhemos
então com fé, amor, fidelidade e perseverança.
Ó Cristo ressuscitado, Tu és o Amor
Infinito que aquece o nosso coração tão frio e indiferente, tornando-o
fervoroso.
Tu és a Luz Eterna que ilumina o nosso
caminho rumo à Eternidade Feliz. Sem a vossa claridade cairíamos continuamente
nos buracos das paixões e nos feríamos diariamente nos espinhos do pecado.
Ó Jesus ressuscitado, tu és a fonte da
verdadeira alegria; em ti encontramos força e ânimo para suportarmos com
alegria as provações de cada dia. Se não fosses tu, ó Alegria Infinita, a nossa
vida seria um mar de tristeza e angústia.
Querido Senhor, não olhes os nossos pecados
e ingratidões, e sim, o desejo firme que possuímos de servir-te.
Comentário ao Evangelho do Bom Pastor feito por Basílio de Seleuceia (? -c. 468), bispo
«Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem»
Olhemos para o nosso pastor: Cristo. [...] Ele alegra-Se com as Suas ovelhas que estão perto de Si e vai à procura das que se perderam. Não Lhe fazem medo as montanhas nem as florestas; percorre as ravinas para chegar até à ovelha perdida. Mesmo que a encontre em mau estado, não Se encoleriza mas, tocado pela compaixão, põe-na aos ombros e, com a Sua própria fadiga, cura a ovelha fatigada (cf. Lc 15,4ss). [...]
É com razão que Cristo proclama: Eu Sou o Bom Pastor, «procurarei aquela que se tinha perdido, reconduzirei a que se tinha tresmalhado; cuidarei da que está ferida e tratarei da que está doente (Ez 34,16). Eu vi o rebanho dos homens acabrunhado pela doença; vi os meus cordeiros irem para onde moram os demônios; vi o Meu rebanho despedaçado pelos lobos. Vi tudo isto e não foi do alto. Foi por isso que tomei a mão dissecada pelo mal como se tivesse sido mordida por um lobo; libertei aqueles que a febre tinha aprisionado; ensinei a ver aquele que tinha os olhos fechados desde o seio da sua mãe; retirei Lázaro do túmulo onde jazia já há quatro dias (Mc 3,5; 1,31; Jo 9; 11). «Porque Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a vida pelas Suas ovelhas». [...]
Os profetas conheceram este pastor visto que, bem antes da Sua Paixão, já Ele anunciava o que estaria para vir: «Foi maltratado, mas humilhou-se e não abriu a boca, como um cordeiro que é levado ao matadouro, ou como uma ovelha emudecida nas mãos do tosquiador» (Is 53,7). Como uma ovelha, o pastor expôs a sua garganta pelas suas ovelhas. [...] Pela Sua morte, remediou a morte; pelo Seu túmulo, esvaziou os túmulos. [...] Os túmulos estão tristes e a prisão está fechada enquanto o pastor, descido da cruz, não vem trazer às Suas ovelhas encarceradas a alegre notícia da libertação. Vemo-Lo nos infernos, onde dá a ordem de libertação (1Pe 3,19); vemo-Lo chamar de novo as Suas ovelhas, chamá-las como as chamou da morada dos mortos para a vida. «O bom pastor dá a vida pelas Suas ovelhas.» É assim que Ele Se propõe ganhar a afeição das Suas ovelhas e aquelas que sabem ouvir a Sua voz amam a Cristo.
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