São Cirilo, monge, e São Metódio, bispo
Salmo
Responsorial: 118
R. Desça sobre mim a vossa
misericórdia, Senhor e viverei.
Errei antes de ser atribulado,
mas agora cumpro a vossa palavra. Vós sois bom e generoso: ensinai-me os vossos
decretos.
Foi bom para mim ter sido atribulado,
para aprender os vossos preceitos. Para mim vale mais a lei da vossa boca do
que milhões em ouro e prata.
Senhor, eu sei que os vossos
juízos são justos e que a vossa fidelidade me põe à prova. Console-me a vossa
bondade, segundo a promessa que fizestes ao vosso servo.
Aleluia. Eu sou o caminho, a
verdade e a vida, diz o Senhor. Ninguém vai ao Pai senão por mim. Aleluia.
Evangelho
(Mc 8,11-13): Os fariseus vieram e começaram a discutir com ele. Para
pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal do céu. Jesus deu um suspiro profundo e
disse: «Por que esta geração pede um sinal? Em verdade vos digo: nenhum sinal
será dado a esta geração!». E, deixando-os, entrou de novo no barco e foi para
a outra margem.
«Em verdade vos digo: nenhum
sinal será dado a esta geração!»
Rev. D. Jordi POU i Sabater (Sant
Jordi Desvalls, Girona, Espanha)
Também hoje em dia se pedem
sinais a Jesus: que nos mostre a sua presença no mundo ou que nos diga como
devemos atuar. O Papa faz-nos ver que a negação de Jesus Cristo em dar um sinal
aos judeus —e, portanto, a nós também— se deve a que quer mudar a lógica do
mundo, orientada na procura de signos que confirmem o desejo de autoafirmação e
de poder do homem». Os judeus não queriam um signo qualquer, mas aquele que
indicasse que Jesus era o messias que eles esperavam. Não esperavam o que viria
para os salvar, mas aquele que viria dar segurança às suas visões de como se deveriam
fazer as coisas.
Definitivamente, quando os judeus
do tempo de Jesus, como também os cristãos de hoje pedimos —de uma forma ou de
outra— um sinal, o que fazemos é pedir a Deus que atue à nossa maneira, da
forma que julgamos mais correta e, que por isso apoia o nosso modo de pensar. E
Deus, que sabe e pode mais (e por isso pedimos no Pai-Nosso que se faça a “sua”
vontade), tem os seus caminhos, mesmo que não nos seja fácil compreendê-los.
Mas Ele, que se deixa encontrar por todos os que O procuram, também se lhe
pedirmos discernimento, nos fará compreender qual é a sua forma de atuar e,
como podemos distinguir hoje os seus signos.
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O perigo da ideologia
dominante. - Aqui se percebe
claramente como o “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15), a ideologia
dominante da época, fazia as pessoas perder a capacidade de analisar com
objetividade os acontecimentos. Esse fermento já vinha de longe e tinha raízes
profundas na vida do povo. Chegou a contaminar a mentalidade dos próprios
discípulos e neles se manifestava de muitas maneiras. A formação que Jesus lhes
dava procurava combater e erradicar esse “fermento”. Eis alguns exemplos desta
ajuda fraterna de Jesus aos discípulos.
* 1. Mentalidade de grupo
fechado. Certo dia, alguém que não era da comunidade, usava o nome de Jesus
para expulsar os demônios. João viu e proibiu: “Impedimos, porque ele não anda
conosco” (Mc 9,38). João pensava ser o monopólio sobre Jesus e queria proibir
que outros usassem o nome dele para realizar o bem. Queria uma comunidade
fechada sobre si mesma. Era o fermento de "Povo eleito, Povo
separado!". Jesus responde: "Não impeçam!... Quem não é contra é a
favor!" (Mc 9,39-40).
* 2. Mentalidade de grupo que
se considera superior aos outros. Certa vez, os samaritanos não queriam dar
hospedagem a Jesus. A reação de alguns discípulos foi imediata: “Que um fogo do
céu acabe com esse povo!” (Lc 9,54). Achavam que, pelo fato de estarem com
Jesus, todos deveriam acolhê-los. Pensavam ter Deus do seu lado para
defendê-los. Era o fermento de “Povo eleito, Povo privilegiado!”. Jesus os
repreende: "Vocês não sabem de que espírito estão sendo animados" (Lc
9,55).
* 3. Mentalidade de competição
e de prestígio. Os discípulos brigavam entre si pelo primeiro lugar (Mc
9,33-34). Era o fermento de classe e de competição, que caracterizava a
religião oficial e a sociedade do Império Romano. Ela já se infiltrava na
pequena comunidade ao redor de Jesus. Jesus reage e manda ter a mentalidade contrária:
"O primeiro seja o último" (Mc 9, 35).
* 4. Mentalidade de quem
marginaliza o pequeno. Os discípulos afastavam as crianças. Era o fermento
da mentalidade da época, segundo a qual criança não contava e devia ser
disciplinada pelos adultos. Jesus os repreende:” Deixem vir a mim as crianças!”
(Mc 10,14). Ele coloca criança como professora de adulto: “Quem não receber o
Reino como uma criança, não pode entrar nele” (Lc 18,17).
* Como no tempo de Jesus,
também hoje, a mentalidade neoliberal da ideologia dominante renasce e
reaparece até na vida das comunidades e das famílias. A leitura orante do
Evangelho, feita em comunidade, pode ajudar-nos a mudar em nós a visão das
coisas e a aprofundar em nós a conversão e a fidelidade que Jesus pede de nós.
Para um confronto pessoal
1) Diante da alternativa: ter
fé em Jesus ou pedir um sinal do céu, os fariseus queriam um sinal do céu. Não
foram capazes de crer em Jesus. Será que já aconteceu algo assim comigo? Que
escolha eu fiz?
2) O fermento dos fariseus
impedia os discípulos e as discípulas de perceber a presença do Reino em Jesus.
Será que existe algum resto do fermento dos fariseus em mim?
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