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sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Domingo III do Tempo Comum

 DOMINGO DA PALAVRA DE DEUS
Festa dos Santos Esposos, Maria e José
S. Ildefonso de Toledo, Bispo e Doutor da Igreja

1ª Leitura (2Esd 8,2-4a.5-6.8-10): Naqueles dias, o sacerdote Esdras trouxe o Livro da Lei perante a assembleia de homens e mulheres e todos os que eram capazes de compreender. Era o primeiro dia do sétimo mês. Desde a aurora até ao meio dia, fez a leitura do Livro, no largo situado diante da Porta das Águas, diante dos homens e mulheres e todos os que eram capazes de compreender. Todo o povo ouvia atentamente a leitura do Livro da Lei. O escriba Esdras estava de pé num estrado de madeira feito de propósito. Estando assim em plano superior a todo o povo, Esdras abriu o Livro à vista de todos; e quando o abriu, todos se levantaram. Então Esdras bendisse o Senhor, o grande Deus, e todo o povo respondeu, erguendo as mãos: «Amém! Amém!». E prostrando-se de rosto por terra, adoraram o Senhor. Os levitas liam, clara e distintamente, o Livro da Lei de Deus e explicavam o seu sentido, de maneira que se pudesse compreender a leitura. Então o governador Neemias, o sacerdote e escriba Esdras, bem como os levitas, que ensinavam o povo, disseram a todo o povo: «Hoje é um dia consagrado ao Senhor vosso Deus. Não vos entristeçais nem choreis». – Porque todo o povo chorava, ao escutar as palavras da Lei –. Depois Neemias acrescentou: «Ide para vossas casas, comei uma boa refeição, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que não têm nada preparado. Hoje é um dia consagrado a nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa fortaleza».

Salmo Responsorial: 18
R. As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida.

A lei do Senhor é perfeita, ela reconforta a alma; as ordens do Senhor são firmes, dão sabedoria aos simples.

Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; os mandamentos do Senhor são claros e iluminam os olhos.

O temor do Senhor é puro e permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros, todos eles são retos.

Aceitai as palavras da minha boca e os pensamentos do meu coração estejam na vossa presença: Vós, Senhor, sois o meu amparo e redentor.

2ª Leitura (1Cor 12,12-30): Irmãos: Assim como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim sucede também em Cristo. Na verdade, todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos batizados num só Espírito para constituirmos um só corpo e a todos nós foi dado a beber um só Espírito. De facto, o corpo não é constituído por um só membro, mas por muitos. Se o pé dissesse: «Uma vez que não sou mão, não pertenço ao corpo», nem por isso deixaria de fazer parte do corpo. E se a orelha dissesse: «Uma vez que não sou olho, não pertenço ao corpo», nem por isso deixaria de fazer parte do corpo. Se o corpo inteiro fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo ele fosse ouvido, onde estaria o olfato? Mas Deus dispôs no corpo cada um dos membros, segundo a sua vontade. Se todo ele fosse um só membro, que seria do corpo? Há, portanto, muitos membros, mas um só corpo. O olho não pode dizer à mão: «Não preciso de ti»; nem a cabeça dizer aos pés: «Não preciso de vós». Pelo contrário, os membros do corpo que parecem mais fracos são os mais necessários; os que nos parecem menos honrosos cuidamo-los com maior consideração; e os nossos membros menos decorosos são tratados com maior decência: os que são mais decorosos não precisam de tais cuidados. Deus organizou o corpo, dispensando maior consideração ao que dela precisa, para que não haja divisão no corpo e os membros tenham a mesma solicitude uns com os outros. Deste modo, se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os membros se alegram com ele. Vós sois corpo de Cristo e seus membros, cada um por sua parte. Assim, Deus estabeleceu na Igreja em primeiro lugar apóstolos, em segundo profetas, em terceiro doutores. Vêm a seguir os dons dos milagres, das curas, da assistência, de governar, de falar diversas línguas. Serão todos apóstolos? Todos profetas? Todos doutores? Todos farão milagres? Todos terão o poder de curar? Todos falarão línguas? Terão todos o dom de as interpretar?

Aleluia. O Senhor enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres, a proclamar aos cativos a redenção. Aleluia.

Evangelho (Lc 1,1-4;4,14-21): Muitos tentaram escrever a história dos fatos ocorridos entre nós, assim como nos transmitiram aqueles que, desde o início, foram testemunhas oculares e, depois, se tornaram ministros da palavra. Diante disso, decidi também eu, caríssimo Teófilo, redigir para ti um relato ordenado, depois de ter investigado tudo cuidadosamente desde as origens, para que conheças a solidez dos ensinamentos que recebeste. Jesus voltou para a Galileia, com a força do Espírito, e sua fama se espalhou por toda a região. Ele ensinava nas sinagogas deles, e todos o elogiavam. Foi então a Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, no dia de sábado, foi à sinagoga e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, encontrou o lugar onde está escrito: «O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres: enviou-me para proclamar a libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do Senhor». Depois, fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Os olhos de todos, na sinagoga, estavam fixos nele. Então, começou a dizer-lhes: «Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir».

«Para que conheças a solidez dos ensinamentos que recebeste»

Rev. D. Bernat GIMENO i Capín (Barcelona, Espanha)

Hoje, começamos a ouvir a voz de Jesus através do evangelista que nos acompanhará durante todo o Tempo Comum próprio do Ano C: São Lucas. Que «conheças a solidez dos ensinamentos que recebeste» (Lc 1,4), escreve Lucas ao seu amigo Teófilo. Se é esta a finalidade do que escreve, devemos tomar consciência da importância que tem o fato de meditar todos os dias o Evangelho do Senhor – palavra viva e, portanto, sempre nova.

Como Palavra de Deus, Jesus nos é apresentado hoje como um Mestre, já que «ia ensinando nas sinagogas deles» (Lc 4,15). Começa como qualquer outro pregador: lendo um texto da Escritura, que se cumpre precisamente nesse momento… Está a cumprir-se a palavra do profeta Isaías; mais ainda: toda a palavra, todo o conteúdo das Escrituras, tudo o que os profetas tinham anunciado se concretiza e se cumpre em Jesus. Acreditar ou não em Jesus não é indiferente, porque é o próprio “Espírito do Senhor” que O ungiu e enviou.

A mensagem que Deus quer transmitir à humanidade através da Sua Palavra é uma boa nova para os abandonados, um anúncio de liberdade para os cativos e oprimidos, uma promessa de salvação. Uma mensagem que enche de esperança toda a humanidade. Nós, filhos de Deus em Cristo através do sacramento do batismo, também recebemos esta unção e participamos na Sua missão: levar esta mensagem de esperança a toda a humanidade.

Meditando o Evangelho que dá solidez à nossa fé, vemos que Jesus pregava de um modo diferente dos outros mestres. Pregava como quem tem autoridade (cf. Lc 4,32). E isto porque pregava principalmente com obras, com o exemplo, dando testemunho, entregando até a Sua própria vida. Assim temos de fazer nós, não podemos ficar só pelas palavras: temos de concretizar com obras o nosso amor a Deus e aos irmãos. Podem ajudar-nos as Obras de Misericórdia – sete espirituais e sete corporais – que nos propõe a Igreja, que, como uma mãe, orienta o nosso caminho.

Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Se dirigir o anelo de teu coração à sabedoria, à verdade e à contemplação do Unigênito de Deus, teus olhos vem a Jesus» (Orígenes)

«Em nosso tempo de dispersão e distração, este Evangelho nos invita interrogar a nós mesmos sobre a nossa capacidade de escuta. Antes de poder falar de Deus e com Deus, temos que escutá-lo» (Francisco)

«(...) Temos o sinal da presença de Cristo quando “aos pobres se anuncia a Boa Nova” (Mt 11,5; cf. Lc 4,18)» (Catecismo da Igreja Católica, n°2443)

Programa eleitoral de Cristo.
Pe. Antonio Rivero, L.C.

Esta é a primeira vez que Jesus fala na sua terra e os seus paisanos o escutam sem nenhum problema. Abre a sua campanha eleitoral pelo Reino dos céus. O seu discurso programático está orientado à libertação integral do homem.

Em primeiro lugar, resumindo, o programa eleitoral de Jesus fica assim: evangelização, alívio dos enfermos, preferência pelos pobres, libertação dos explorados, expulsão dos demônios, tira da cadeia os presos, indulto e anistia para todos, perdão dos pecados. Portanto, liberdade, justiças e santidade; eis aqui o programa eleitoral de Cristo. Com esse programa Jesus se apresenta como o Messias profetizado por Isaias (61, 1-2): “Hoje mesmo se cumpriu esta passagem da Escritura”. Como reagiu o povo diante deste programa eleitoral? Jesus esteve três vezes na sua terra: na primeira vez o aplaudiram (Lc 4, 16-22; Mt 4, 15); na segunda vez lhe apitaram (Lc 4, 23-24); na terceira vez o expulsaram (Lc 4, 25-30). Na terceira vez foi a vencida: tiraram-no da sinagoga, empurram-no às periferias, até a orla de um precipício e por pouco dava o seu último adeus. Tudo porque emendou a página de Isaias, fê-la sua, mas suprime “a vingança do nosso Deus” (Is 61,2), pois esse Messias vem para proclamar “o ano da graça do Senhor”. Não estamos celebrando este ano o jubileu da misericórdia? Quem pensa que é esse filho do carpinteiro José? - diziam os seus concidadãos de Nazaré.

Em segundo lugar, a Igreja de Cristo continuará e deve continuar esse mesmo programa eleitoral, está claro, se não quiser desvirtuar a missão redentora de Cristo e aguá-la ou ideologizá-la. O documento de Aparecida diz o seguinte: “O rico magistério social da Igreja nos indica que não podemos conceber uma oferta de vida em Cristo sem um dinamismo de libertação integral, de humanização, de reconciliação e de inserção social” (n. 359). E no número 362: “Assumimos o compromisso de uma grande missão em todo o Continente, que nos exigirá aprofundar e enriquecer todas as razoe e motivações que permitam converter cada crente num discípulo missionário. Necessitamos desenvolver a dimensão missionária da vida em Cristo. A Igreja necessita uma forte comoção que a impeça de se instalar na comodidade, na parada e na tibieza, à margem do sofrimento dos pobres do Continente. Necessitamos que cada comunidade cristã se converta num poderoso centro de irradiação da vida em Cristo. Esperamos um novo Pentecostes que nos livre da fatiga, da desilusão, de acomodar-nos ao ambiente; uma vinda do Espírito que renove a nossa alegria e a nossa esperança. Por isso, tornar-se-á imperioso fomentar cálidos espaços de oração comunitária que alimentem o fogo de um ardor desbordante e façam possível um testemunho atrativo de unidade “para que o mundo creia” (Jo 17,21). Isto não é política e nem tem cheiro de socialismo, mas de evangelho puro. Eis ai a Igreja na vanguarda: curando, cuidando, consolando, libertando a alma dos pecados, animando à conversão do coração, convidando à justiça, à solidariedade, ao perdão e à paz. Porém, os Organismos Internacionais e Nacionais escutam a voz da Igreja? Os sacerdotes e os bispos escutam o gemido de tantos pobres de corpo e de alma, ou estão nas trincheiras nas suas posições políticas e ideológicas, ou pior, nos seus escritórios paroquiais e episcopais, entre mil papéis? Muito cuidado!

Finalmente, agora compete também a nós, leigos, pois também nós somos Igreja. A melhor maneira de nos unir ao programa eleitoral de Cristo é continuar com alegria e consciência o conselho de São Paulo na segunda leitura de hoje: viver unidos na missão incumbida por Cristo, colaborando cada um nos diversos campos da vida eclesial. Quais? Na catequese, na caridade prestativa, nas missões, nos meios de comunicação social, etc. Objetivo? Levar o programa de Cristo por todos os cantos do mundo. Finalidade? Para que todos conheçam Cristo e se salvem. Modo? Com amor e no respeito, guiados pelo Espírito Santo e todos unidos no mesmo ideal, sem querer passar por cima de ninguém e nem pretensão de fazer panelinhas. Neemias, leigo, e Esdras, sacerdote (1ª leitura) nos dão um bom exemplo de cooperação entre todos os estamentos de uma comunidade, no nosso caso para levar o programa eleitoral de Cristo. Que bom que nos últimos anos experimentamos uma crescente e muito proveitosa participação dos leigos nas tarefas comuns da Igreja e na obra da re-evangelização. Aqueles aos quais levemos esse programa de Cristo- pobres, cegos, oprimidos, tristes, ricos-, escutar-nos-ão? Rejeitar-nos-ão? Colaborarão conosco? Jogar-nos-ão pelo barranco da sua indiferença e desprezo? Não importa, pois Cristo também passou por tudo isso.

Para refletir: Conheço bem o programa eleitoral de Cristo? Já o assimilei na minha própria vida? Transmito-o por todos os cantos da minha geografia pessoal, familiar, no meu bairro, no campo? Como reagem aqueles aos quais falo do programa eleitoral de Cristo: com amor, com indiferença, com hostilidade?

Para rezar: Senhor, para mim é difícil entender o vosso programa eleitoral. Gostaria mais que fosse triunfalista, mais fácil. Não obstante, confio em Vós. Dai-me a graça de assimilar bem este vosso programa de liberação e salvação total, de corpo e alma. Colocai na minha boca as palavras justas e apropriadas para saber decifrar o vosso programa aos homens e mulheres deste tempo.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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