Salmo Responsorial: 9
R. Exultarei, Senhor,
com a vossa salvação.
De todo o coração, Senhor, Vos quero louvar e contar todas
as vossas maravilhas. Quero alegrar-me e exultar em Vós, quero cantar o vosso
nome, ó Altíssimo.
Quando batiam em retirada os meus inimigos, vacilavam e
pereciam diante de Vós. Ameaçastes os pagãos, destruístes os ímpios, apagastes
o seu nome para sempre.
Afundaram-se os pagãos no fosso que abriram, ficaram presos
os seus pés na armadilha que prepararam. Mas o pobre jamais será esquecido, não
será iludida a esperança dos humildes.
Aleluia. Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte e fez brilhar a
vida por meio do Evangelho. Aleluia.
Evangelho (Lc 20,27-40): Naquele tempo,
aproximaram-se de Jesus alguns saduceus, os quais negam a ressurreição, e lhe
perguntaram: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: Se alguém tiver um irmão
casado e este morrer sem filhos, deve casar-se com a mulher para dar
descendência ao irmão. Ora, havia sete irmãos. O primeiro casou e morreu, sem
deixar filhos. Também o segundo e o terceiro se casaram com a mulher. E assim
os sete: todos morreram sem deixar filhos. Por fim, morreu também a mulher. Na
ressurreição, ela será esposa de qual deles? Pois os sete a tiveram por
esposa». Jesus respondeu-lhes: «Neste mundo, homens e mulheres casam-se, mas os
que forem julgados dignos de participar do mundo futuro e da ressurreição dos
mortos não se casam; e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos;
serão filhos de Deus, porque ressuscitaram. Que os mortos ressuscitam, também
foi mostrado por Moisés, na passagem da sarça ardente, quando chama o Senhor de
Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó. Ele é Deus não de mortos, mas de
vivos, pois todos vivem para ele». Alguns escribas responderam a Jesus:
«Mestre, falaste muito bem». E não mais tinham coragem de lhe perguntar coisa
alguma.
«Ele é Deus não de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para ele»
Rev. D. Ramon CORTS i
Blay (Barcelona, Espanha)
Se nos amassemos mais e melhor, não estranharíamos que no
céu não houvesse a exclusividade do amor que vivemos na terra, totalmente
compreensível devido à nossa limitação, que nos dificulta o poder sair de
nossos círculos mais próximos. Mas no céu nos amaremos todos e com um coração
puro, sem invejas, nem receios e, não somente ao esposo ou à esposa, aos filhos
ou aos do nosso sangue, mas sim a todo o mundo, sem exceções, nem
discriminações de língua, nação, raça ou cultura, uma vez que o «amor
verdadeiro alcança uma grande força» (São Paulino de Nola).
Faz-nos muito bem escutar essas palavras da Escritura que
saem dos lábios de Jesus. Faz-nos bem, porque nos poderia suceder que, agitados
por tantas coisas que não nos deixam nem tempo para pensar e influenciados por
uma cultura ambiental que parece negar a vida eterna, chegássemos a estar
tocados pela dúvida com respeito a ressurreição dos mortos. Sim, nos faz um
grande bem que o Senhor mesmo seja quem nos diga que existe um futuro além da
destruição do nosso corpo e deste mundo que passa: «Por outra parte, que os
mortos hão de ressuscitar é o que Moisés revelou na passagem da sarça ardente
(Ex 3,6), chamando ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó» (Lc
20,37-38).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 20,27: A
ideologia dos Saduceus. O evangelho de hoje começa com esta afirmação: “os
saduceus afirmam que não existe ressurreição”. Os saduceus eram uma elite
aristocrata de latifundiários e comerciantes. Eram conservadores. Não aceitavam
a fé na ressurreição. Naquele tempo, esta fé começava a ser valorizada pelos
fariseus e pela piedade popular. Ela animava a resistência do povo contra a
dominação tanto dos romanos como dos sacerdotes, dos anciãos e dos próprios
saduceus. Para os saduceus, o reino messiânico já estava presente na situação
de bem-estar que eles estavam vivendo. Eles seguiam a assim chamada “Teologia
da Retribuição” que distorcia a realidade. Segundo esta teologia, Deus retribui
com riqueza e bem-estar os que observam a lei de Deus, e castiga com sofrimento
e pobreza os que praticam o mal. Assim, se entende por que os saduceus não
queriam mudanças. Queriam que a religião permanecesse tal como era, imutável
como o próprio Deus. Por isso, para criticar e ridicularizar a fé na
ressurreição, contavam casos fictícios para mostrar que a fé na ressurreição
levaria a pessoa ao absurdo.
* Lucas 20,28-33: O
caso fictício da mulher que casou sete vezes. Conforme a lei da época, se o
marido morre sem filhos, o irmão dele deve casar com a viúva do falecido. Era
para evitar que, caso alguém morresse sem descendência, a propriedade dele
passasse para outra família (Dt 25,5-6). Os saduceus inventaram a história de
uma mulher que enterrou sete maridos, irmãos um do outro, e ela mesma acabou
morrendo sem filho. E eles perguntam a Jesus: “E agora, na ressurreição, de
quem a mulher vai ser esposa? Todos os sete se casaram com ela!" Caso
inventado para mostrar que a fé na ressurreição cria situações absurdas.
* Lucas 20,34-38: A
resposta de Jesus que não deixa dúvida. Na resposta de Jesus transparece a
irritação de quem não aguenta fingimento. Jesus não aguenta a hipocrisia da
elite que manipula e ridiculariza a fé em Deus para legitimar e defender seus
próprios interesses. A sua resposta tem duas partes:
1) vocês
não entendem nada de ressurreição: "Nesta vida, os homens e as mulheres
se casam, mas os que Deus julgar dignos da ressurreição dos mortos e de
participar da vida futura, não se casarão mais, porque não podem mais morrer,
pois serão como os anjos. E serão filhos de Deus, porque ressuscitaram” (vv.
34-36). Jesus explica que a condição das pessoas depois da morte será
totalmente diferente da condição atual. Depois da morte já não haverá mais
casamento, mas todas serão como os anjos no céu. Os saduceus imaginavam a vida
no céu igual à vida aqui na terra.
2) vocês
não entendem nada de Deus: “E que os mortos ressuscitam, já Moisés indica
na passagem da sarça, quando chama o Senhor de 'o Deus de Abraão, o Deus de
Isaac e o Deus de Jacó'. Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, pois todos
vivem para ele." No fim, Jesus conclui: “Nosso Deus não é um Deus de
mortos, mas sim de vivos! Vocês estão muito errados!” Os discípulos e as
discípulas, que estejam de sobreaviso e aprendam! Quem estiver do lado destes
saduceus estará do lado oposto de Deus!
* Lucas 20,39-40: A
reação dos outros frente à resposta de Jesus. “Alguns doutores da Lei
disseram a Jesus: "Foi uma boa resposta, Mestre." E ninguém mais
tinha coragem de perguntar coisa nenhuma a Jesus”. Muito provavelmente, estes doutores da lei
eram dos fariseus, pois os fariseus acreditavam na ressurreição (cf Atos 23,6).
Para um confronto
pessoal
1. Como hoje os
grupos de poder imitam os saduceus e armam ciladas para impedir mudanças no
mundo e na igreja?
2. Você acredita
na ressurreição? Dizendo que crê na ressurreição, você pensa em algo do
passado, do presente ou do futuro? Já aconteceu alguma vez uma experiência de
ressurreição em sua vida?
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