Salmo Responsorial: 92
R. O Senhor é rei num
trono de luz.
O Senhor é rei, revestiu-Se de majestade, revestiu-Se e
cingiu-Se de poder.
Firmou o universo, que não vacilará. É firme o vosso trono
desde sempre, Vós existis desde toda a eternidade.
Os vossos testemunhos são dignos de toda a fé, a santidade
habita na vossa casa por todo o sempre.
2ª Leitura (Apoc 1,5-8): Jesus Cristo é a Testemunha
fiel, o Primogênito dos mortos, o Príncipe dos reis da terra. Àquele que nos
ama e pelo seu sangue nos libertou do pecado e fez de nós um reino de
sacerdotes para Deus seu Pai, a Ele a glória e o poder pelos séculos dos
séculos. Amin. Ei-lo que vem entre as nuvens, e todos os olhos O verão, mesmo
aqueles que O trespassaram; e por sua causa hão de lamentar-se todas as tribos
da terra. Sim. Amin. «Eu sou o Alfa e o Ómega», diz o Senhor Deus, «Aquele que
é, que era e que há de vir, o Senhor do Universo».
Aleluia. Bendito o que vem em nome do Senhor, bendito o reino do nosso
pai David. Aleluia.
Evangelho (Jo 18,33-37): Naquele tempo, Pilatos
entrou, de volta, no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe: «Tu és o Rei dos
Judeus?». Jesus respondeu: «Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te
disseram isso de mim?». Pilatos respondeu: “Acaso sou eu judeu? Teu povo e os
sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?”. Jesus respondeu: «O meu
reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas
lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, o meu reino não é
daqui». Pilatos disse: “Então, tu és rei?». Jesus respondeu: «Tu dizes que eu
sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».
«Sou rei. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz»
Rev. D. Frederic RÀFOLS
i Vidal (Barcelona, Espanha)
Certamente, a palavra Rei, aplicada a Deus e a Jesus Cristo,
não tem as conotações da monarquia política tal como a conhecemos. Mas, sim que
há alguma relação entre a linguagem popular e a linguagem bíblica com respeito
à palavra rei. Por exemplo, quando uma mãe cuida ao seu bebê de poucos meses e
lhe diz: - Tu és o rei da casa. Que está dizendo? Algo muito simples: que para
ela este menino ocupa o primeiro lugar, que é tudo para ela. Quando os jovens
dizem que fulano é o rei do Rock querem dizer que não há ninguém igual, o mesmo
quando falam do rei do basquete. Entre no quarto de um adolescente e verá na
parede quem são seus reis. Penso que essas expressões populares se parecem mais
ao que queremos dizer quando clamamos a Deus como nosso Rei e nos ajudam a
entender a afirmação de Jesus sobre sua realeza: «O meu Reino não é deste
mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam
pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste
mundo» (Jo 18,36).
Para os cristãos nosso Rei é o Senhor, quer dizer, o centro
onde se dirige o sentido mais profundo de nossa vida. Ao pedir no Pai Nosso que
venha a nós seu reino, expressamos nosso desejo de que cresça o número de pessoas
que encontrem em Deus a fonte da felicidade e se esforcem por seguir o caminho
que Ele nos ensinou, o caminho das bem-aventuranças. Peçamos de todo coração,
que «onde queira que esteja Jesus Cristo, ali estará nossa vida e nosso reino»
(Santo Ambrósio).
"Um Rei diferente".
Postado por ✝
icatolica.com
Uma pergunta que pode vir – deveria vir! – ao nosso coração
é esta: Jesus é Rei? Como pode ser Rei, num mundo paganizado, num mundo pós-cristão,
num mundo que esqueceu Deus, num mundo que ridiculariza a Igreja por pregar o
Evangelho e suas exigências? Pelo menos do Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus
Cristo o mundo não quer saber. Como, então, Jesus pode ser Rei de um mundo que
não aceita ser o seu reinado? E, no entanto, hoje, no último domingo deste ano
litúrgico de 2021, ao final de um ciclo de tempo, voltamo-nos para o Cristo, e
o proclamamos Rei: Rei de nossas vidas, Rei da história, Rei dos cosmo, Rei do
universo. A Igreja canta, neste dia, na sua oração:
“Cristo Rei, sois dos séculos Príncipe,
Soberano e Senhor das nações!
Ó Juiz, só a vós é devido
julgar mentes, julgar corações”.
O texto do Apocalipse citado no início desta meditação dá o
sentido da realeza de Jesus: ele é o Cordeiro que foi imolado. É Rei não porque
é prepotente, não porque manda em tudo, até suprimir nossa liberdade e nossa
consciência. É Rei porque nos ama, Rei porque se fez um de nós, Rei porque por
nós sofreu, morreu e ressuscitou, Rei porque nos dá a vida. Ele é aquele Filho
do Homem da primeira leitura: “Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos
os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe
será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá”. Com efeito, o
reinado de Cristo não tem as características dos reinados do mundo.
(1) Ele é
Rei não porque se distancia de nós, mas precisamente porque se fez “Filho do
homem”, solidário conosco em tudo. Ele experimentou nossas pobrezas e
limitações; ele caminhou pelas nossas estradas, derramou o nosso suor,
angustiou-se com nossas angústias e experimentou tantos dos nossos medos. Ele
morreu como nós, de morte humana, tão igual à nossa. Ele reina pela
solidariedade.
(2) Ele é
Rei porque nos serviu: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para
servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Serviu com toda a sua
existência, serviu dando sempre e em tudo a vida por nós, por amor de nós. Ele
reina pelo amor.
(3) Ele é
Rei porque tudo foi criado pelo Pai “através dele e para ele” (Cl 1,15); tudo
caminha para ele e, nele, tudo aparecerá na sua verdade: “Quem é da verdade,
ouve a minha voz”. É nele que o mundo será julgado. A televisão, os modismos,
os sabichões de plantão podem dizer o que quiserem, ensinarem a verdade que
lhes forem conveniente… mas, ao final, somente o que passar pelo teste de cruz
do Senhor resistirá. O resto, é resto: não passa de palha. Ele reina pela
verdade.
(4) Ele é
Rei porque é o único que pode garantir nossa vida; pode fazer-nos felizes agora
e pode nos dar a vitória sobre a morte por toda a eternidade: “Jesus Cristo é a
testemunha fiel e verdadeira, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o
soberano dos reis da terra”. Ele reina pela vida.
Sim, Jesus é Rei: “Eu sou Rei! Para isto nasci, para isto
vim ao mundo!” Mas seu Reino nada tem a ver com o triunfalismo dos reinos
humanos – de direita ou de esquerda! Nunca nos esqueçamos que aquele que entrou
em Jerusalém como Rei, veio num burrico, símbolo de mansidão e serviço. Como
coroa teve os espinhos; como cetro, uma cana; como manto, um farrapo escarlate;
como trono, a cruz. Se quisermos compreender a realeza de Cristo, é necessário
não esquecer isso! A marca e o critério da realeza de Cristo é e será sempre, a
cruz!
Hoje, assistimos, impressionados, a paganização do mundo, e
perguntamos: onde está a realeza do Cristo? – Onde sempre esteve: na cruz: “O
meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas
lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é
daqui”. O Reino de Jesus não é segundo o modelo deste mundo, não se impõe por
guardas, pela força, pelas armas: meu Reino não é daqui! É um Reino que vem do
mundo do amor e da misericórdia de Deus, não das loucuras megalomaníacas dos
seres humanos. E, no entanto, o Reino está no mundo: “Cumpriu-se o tempo; o
Reino de Deus está próximo” (Mc 1,15); “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso
os demônios, então o Reino de Deus já chegou para vós” (Lc 11,20). O Reino que
Jesus trouxe deve expandir-se no mundo! Onde ele está? Onde estiverem o amor, a
verdade, a piedade, a justiça, a solidariedade, a paz. O Reino do Cristo deve
penetrar todos os âmbitos de nossa existência: a economia, as relações
comerciais, os mercados financeiros, as relações entre pessoas e povos, nossa
vida afetiva, nossa moral pessoal e comunitária.
Celebrar Jesus Cristo Rei do Universo é proclamar diante do
mundo que somente Cristo é o sentido último de tudo e de todos, que somente
Cristo é definitivo e absoluto. Proclamá-lo Rei é dizer que não nos submetemos
a nada nem a ninguém, a não ser ao Cristo; é afirmar que tudo o mais é relativo
e menos importante quando confrontado com o único necessário, que é o Reino que
Jesus veio trazer. Num mundo que deseja esvaziar o Evangelho, tornando Jesus
alguém inofensivo e insípido, um deus de barro, vazio e sem utilidade,
proclamar Jesus como Rei é rejeitar o projeto pagão do mundo atual e proclamar:
“O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a
sabedoria, a força e a honra. A ele a glória e poder através dos séculos”. Amém
(Ap 5,12; 1,6).
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