Salmo Responsorial: 23
R. Esta é a geração
dos que procuram o Senhor.
Do Senhor é a terra e o que nela existe, o mundo e quantos
nele habitam. Ele a fundou sobre os mares e a consolidou sobre as águas.
Quem poderá subir à montanha do Senhor? Quem habitará no seu
santuário? O que tem as mãos inocentes e o coração puro, que não invocou o seu
nome em vão nem jurou falso.
Este será abençoado pelo Senhor e recompensado por Deus, seu
Salvador. Esta é a geração dos que O procuram, que procuram a face do Deus de Jacob.
Aleluia. Eu não quero a morte do pecador, diz o Senhor, mas que se
converta e viva. Aleluia.
Evangelho (Lc 13,1-9): Nesse momento, chegaram
algumas pessoas trazendo a Jesus notícias a respeito dos galileus que Pilatos
tinha matado, misturando o sangue deles com o dos sacrifícios que ofereciam.
Ele lhes respondeu: «Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que
qualquer outro galileu, por terem sofrido tal coisa? Digo-vos que não. Mas se
vós não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que
morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais
culpados do que qualquer outro morador de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas,
se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo». E Jesus contou esta
parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi lá
procurar figos e não encontrou. Então disse ao agricultor: Já faz três anos que
venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Para que está
ocupando inutilmente a terra? Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa-a ainda
este ano. Vou cavar em volta e pôr adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se
não der, então a cortarás’».
«Foi lá procurar figos (...) e não encontrou»
+ Rev. D. Antoni ORIOL
i Tataret (Vic, Barcelona, Espanha)
As inventivas de Jesus contra os escribas e os fariseus mais
claras e diretas em outras passagens do Evangelho são terríveis. Não podemos
ler ou ouvir o que acabamos de escutar e ler sem que estas palavras nos cheguem
ao fundo do coração, se realmente as escutamos e entendemos.
O direi no plural, uma vez que todos experimentamos a
distância entre o que parecemos ser e o que realmente somos. É o que se passa
com os políticos quando nos aproveitamos do país, proclamando que estamos ao
seu serviço; com os agentes de segurança quando protegemos grupos corruptos em
nome da ordem pública; com os profissionais de saúde quando eliminamos vidas
incipientes ou terminais em nome da medicina; com os meios de comunicação
social quando falseamos as notícias e pervertemos as pessoas afirmando que as
estamos divertindo; com os administradores dos fundos públicos quando desviamos
parte deles para os nossos bolsos (individuais ou do partido) e alardeamos
honestidade pública; com os leigos quando impedimos a dimensão pública da religião
em nome da liberdade de consciência; com os religiosos quando vivemos das
nossas instituições sem fidelidade ao espírito e às exigências dos fundadores;
com os sacerdotes quando vivemos do altar mas não servimos abnegadamente os
nossos fiéis, com espírito evangélico; etc.
E tu e eu também, na medida em que a nossa consciência nos
diz o que devemos fazer e deixamos de o fazer para nos dedicarmos unicamente a
ver o argueiro no olho dos outros, sem sequer querer dar-nos conta da trave que
cega o nosso. Ou não?
- Jesus, Salvador do mundo, salva-nos das nossas pequenas,
médias e grandes hipocrisias!
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 13,1: O
acontecimento que pede uma explicação. “Nesse tempo, chegaram algumas
pessoas levando notícias a Jesus sobre os galileus que Pilatos tinha matado,
enquanto ofereciam sacrifícios”. Quando lemos os jornais ou quando assistimos
ao noticiário na TV, recebemos muitas informações, mas nem sempre avaliamos
todo o seu significado. Escutamos tudo, mas não sabemos bem o que fazer com
tantas informações e notícias. Notícias terríveis como tsunami, terrorismo,
guerras, fome, violência, crime, atentados, etc. Assim foram levar a Jesus a
notícia do terrível massacre que Pilatos, governador romano, fez com alguns
peregrinos samaritanos. Notícias assim nos incomodam. Elas nos derrubam: “O que
posso fazer?” Para acalmar a consciência, muitos se defendem e dizem: “Culpa
deles! Não trabalharam! Povo preguiçoso!” No tempo de Jesus, o povo se defendia
dizendo: “Castigo de Deus pelos pecados deles!” (Jo 9,2-3). Desde séculos se
ensinava: “Os samaritanos não prestam. Eles tem uma religião errada!” (2Rs
17,24-41)!
* Lucas 13,2-3: A
resposta de Jesus. Jesus tem outra opinião. "Pensam vocês que esses
galileus, por terem sofrido tal sorte, eram mais pecadores do que todos os
outros galileus? De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem,
vão morrer todos do mesmo modo”. Jesus ajuda as pessoas a ler os fatos com
outros olhos e a tirar uma conclusão para a sua vida. Ele diz que não foi
castigo de Deus. Pelo contrário. “E se vocês não se converterem, vão morrer
todos do mesmo modo” Ele procura alertar para o apelo à conversão e mudança.
* Lucas 13,4-5: Jesus
comenta um outro fato. “E aqueles dezoito que morreram quando a torre de
Siloé caiu em cima deles? Pensam vocês que eram mais culpados do que todos os
outros moradores de Jerusalém? Deve ter sido um desastre muito comentado na
cidade. Um temporal derrubou a torre de Siloé e matou dezoito pessoas que
estavam se abrigando debaixo dela. O comentário normal era: “Castigo de Deus!”
Jesus repete: “De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão
morrer todos do mesmo modo". Eles não fizeram a conversão, a mudança, e
quarenta anos depois Jerusalém foi destruída e muita gente morreu assassinado
no Templo como os samaritanos e muito mais gente morreu debaixo dos escombros
das muralhas da cidade. Jesus tentou prevenir, mas não atenderam ao pedido de
paz: “Jerusalém! Jerusalém!” (Lc 13,34). Jesus ensina a descobrir os apelos que
vem dos acontecimentos da vida do dia-a-dia.
* Lucas 13,6-9: Uma
parábola para fazer o povo pensar e descobrir o projeto de Deus. "Certo
homem tinha uma figueira plantada no meio da vinha. Foi até ela procurar figos,
e não encontrou. Então disse ao agricultor: Olhe! Hoje faz três anos que venho
buscar figos nesta figueira, e não encontro nada! Corte-a. Ela só fica aí
esgotando a terra. Mas o agricultor respondeu: Senhor, deixa a figueira ainda
este ano. Vou cavar em volta dela e pôr adubo. Quem sabe, no futuro ela dará
fruto! Se não der, então a cortarás”. Muitas vezes, a vinha é usada tanto para
indicar o carinho que Deus para com seu povo, como a falta de correspondência
da parte do povo ao amor de Deus (Is 5,1-7; 27,2-5; Jr 2,21; 8,13; Ez 19,10-14;
Os 10,1-8; Mq 7,1; João 15,1-6). Na parábola, o proprietário da vinha é Deus
Pai. O agricultor que intercede pela vinha é Jesus. Ele insiste com o Pai para
alargar o espaço da conversão.
Para um confronto
pessoal
1) O povo de Deus
a vinha de Deus. Eu sou um pedaço desta vinha. Aplico a mim a parábola da
vinha. Que conclusões tiro?
2) O que faço com
as notícias que recebo? Procuro ter uma opinião crítica, ou sigo a opinião da
maioria e dos meios de comunicação?
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