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sábado, 20 de abril de 2019

DOMINGO DE PÁSCOA


“Os cinquenta dias que mediam o domingo de Ressurreição até o domingo de Pentecoste hão de ser celebrados com alegria e júbilo, como se se trata de um só e único dia festivo, como um grande domingo” (Normas Universais sobre o Calendário, de 1969, n.22).

Pe Antonio Rivero L,C.

Na Páscoa não lemos o Antigo Testamento que é promessa e figura, e na Páscoa estamos celebrando a plenitude de Cristo e do seu Espírito. Como primeira leitura, lemos os Atos dos Apóstolos. A segunda leitura, neste ano ou ciclo C, é pega do livro do Apocalipse, em que de um modo muito dinâmico se descrevem as perseguições sofridas pelas primeiras gerações e a força que lhes deu a sua fé no triunfo de Cristo, representado pelo “Cordeiro”. Os evangelhos destes domingos pascais não vão ser tanto de Lucas, o evangelista do ciclo C, mas de João.

Podemos resumir em três aspectos a que nos compromete a páscoa: primeiro, à fé em Cristo Ressuscitado; segundo, essa fé tem que ser vivida em comunidade que se reúne cada domingo para celebrar essa páscoa mediante a Eucaristia e cria laços profundos de caridade e ajuda aos necessitados; e terceiro, essa fé nos impulsiona à missão evangelizadora. 

Inspirados nas famosas perguntas do famoso filósofo alemão do século XVIII, Kant, na sua obra Crítica da Razão Pura, responderemos estas três perguntas: o que posso saber da ressurreição de Cristo, o que devo fazer pela ressurreição de Cristo e o que posso esperar da ressurreição de Cristo.

Hoje é o domingo mais importante do ano. Domingo do que recebem sentido todos os outros domingos do ano. Daremos respostas a essas perguntas

Em primeiro lugar, o que podemos saber da ressurreição de Cristo? Tenhamos em consideração às testemunhas que viram Cristo ressuscitado. Eles terão tido as suas vivencias religiosas, as suas dúvidas, os seus convencimentos e discrepâncias. Mas todos coincidem nisto: três dias depois de ir ao enterro de Jesus, como 35 horas depois de fechar a sua tumba, encontraram-na aberta, com os sentinelas à porta e atordoados. O cadáver…? Sabotagem? Sequestro? Truque? Resulta que as três mulheres madrugadoras, ao chegar no sepulcro e se encontrar com a tumba vazia e dentro a notícia: “ressuscitou”, saíram correndo para levar a notícia aos discípulos. Lendas, mas de um fato. Logo resultou que Jesus apareceu como se nada dizendo que era o jardineiro, caminhante, comensal, animador. Ausências misteriosas e presencias repentinas que os colocavam em xeque. Vivencias místicas, mas de um acontecimento. Sabemos que os Evangelhos, que isso dizem, são livros históricos porque pertencem à época e autores que se diz. Autores que viveram com Jesus, viram-no, conversaram com Ele, conviveram… E até apostaram a própria cabeça pela ressurreição. E a perderam. Ninguém morre por um mito, um bulo, um truque. Isso é assim. A ressurreição é verdade. 

Em segundo lugar, o que devemos fazer pela ressurreição de Cristo? Se realmente acreditamos na ressurreição de Cristo e na sua força transformadora, então temos que fazer algo aqui na terra para levar esta boa notícia por todos os cantos do mundo, a todas as famílias e amigos, e também inimigos. O que posso fazer por essas favelas de São Paulo ou do Rio no Brasil, ou pelas ruas do Bronx negro em Nova York? Não chamam a minha atenção as favelas de canhas e barro de Calcutá, fome em tantas regiões do mundo, guerras loucas, injustiça, pobreza, pecado? Deixam-me dormir tranquilo o analfabetismo, a enfermidade, a exploração, a amargura, a desesperança, o sangue de Abel e da terra que põem o grito no céu? E a situação sanitária, escolar, laboral, humana do mundo é um pecado social, solidário e atroz. E famílias destruídas. E jovens nos paraísos perdidos da droga. Políticos sem escrúpulos que pisoteiam a lei de Deus, a lei natural e a justiça comutativa, social e distributiva. Isto é o que devemos fazer pelos bem dos homens e mulheres do mundo, pelos quais o Filho de Deus tal dia como na sexta-feira santa morreu para a sua libertação e tal dia como hoje ressuscitou para a sua glória imortal.   

Finalmente, o que podemos nós esperar da ressurreição de Cristo? Se formos esses Tomé incrédulos, podemos esperar que Cristo ressuscitado nesta Páscoa nos ressuscite a fé Nele e na sua Igreja, e nos deixe colocar os nossos dedos nas suas chagas abertas. Se formos esses discípulos de Emaús desencantados e sem ilusão, podemos esperar que se cruze pelo nosso caminho e nos renove a esperança Nele, embora tenha que nos chamar de lerdos e sem memória por não crer ou não ler com detenção as Sagradas Escrituras. Se formos essa Madalena triste e compungida, porque caiu para nós o nosso amor, a nossa família, podemos esperar que Cristo ressuscitado nos olhe de novo e nos chame pelo nosso nome como fez com Maria nessa primeira Páscoa, e assim recobrar a alegria da presença de Cristo na nossa vida que se faz presente nos sacramentos, sobretudo da Eucaristia e da Penitência. Se nos parecermos com esses discípulos fechados no cenáculo dos seus medos, contagiando-se de tristeza e dos remorsos por ter falhado o Mestre, deixemos alguma greta do nosso ser aberta para que Cristo ressuscitado entre e nos traga a paz, a sua paz. Se nos sentirmos como Pedro que negou Cristo, esperamos que Cristo ressuscitado se faça presente para nós e possamos renovar o nosso amor: “Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo”.     

Para refletir: Creio em Cristo ressuscitado? Onde encontro Cristo ressuscitado na minha vida de cada dia? Tenho rosto de ressuscitado ou vivo numa perpétua Sexta-feira Santa: triste, pesaroso e cheio de pesar?

Para rezar: rezemos com Santo Agostinho: “Tarde te amei, meu Deus, formosura sempre antiga e sempre nova, tarde te amei. Tu estavas dentro de mim e eu fora de ti e assim por fora te buscava e, deforme como era, lançava-me sobre estas coisas formosas que Tu criaste. Tu estavas comigo, mas eu não estava contigo. Chamaste-me e clamaste e quebrantaste a minha surdez; brilhaste e resplandeceste e curaste a minha cegueira; exalaste o teu perfume e o aspirei, agora te almejo; provei-te e agora sinto fome e sede de Ti” (Confissões, livro 10, cap.27).

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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