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sábado, 20 de abril de 2019

VIGÍLIA DA PÁSCOA


Repassemos as partes desta Solene Vigília Pascal, desentranhando o significado profundo sacramental e espiritual.

                                                                                  Pe. Antonio Rivero, L.C.

Depois de um dia transcorrido na oração e no silêncio, no Sábado, ao redor do sepulcro do Senhor, a comunidade cristã se reúne nesta noite para a celebração principal de todo a ano; a passagem da morte e do sepulcro à vida nova. Esta Vigília é o ponto de partida para os cinquenta dias da Páscoa, sete semanas de prolongação festiva que nos levarão à solenidade conclusiva, Pentecoste.

Em primeiro lugar, tudo começa desde fora da igreja, com o fogo novo, abençoado pelo sacerdotes, aspergindo-o com água benta. Iniciamos uma procissão seguindo o Círio Pascal, símbolo de Cristo Luz do mundo, e progressivamente com círios acesos nas mãos dos fiéis. É a figura do amor de Cristo que deseja arder como uma tocha acesa em cada alma. É como uma chama divina que deseja abrasar todas as almas para acendê-las no desejo das coisas eternas. Mas é também um fogo que deve queimar as nossas misérias, um fogo abrasador que nos purifique do nosso amor próprio, que nos vazie de nós mesmos para encher-nos de Deus. Depois escutamos o pregão inicial – “Exsultet” -, da festa pascal. Hino belíssimo que se remonta aos primeiros séculos do Cristianismo; cântico impregnado de júbilo pela ressurreição de Cristo, sobre o telão de fundo do pecado do homem e da misericórdia de Deus. Júbilo do céu, da terra e da Igreja. É o rito de entrada, hoje mais solene. Poderíamos chamar festa da luz ou “lucernário”.

Em segundo lugar, a proclamação da Palavra tem hoje mais leituras, sobretudo do Antigo Testamento, que vão nos conduzindo desde a criação até a nova criação ou ressurreição de Jesus. Aqui se cumpre o que Jesus disse aos de Emaús: “tudo o que está escrito na lei de Moisés e nos profetas e salmos sobre mim, tinha que se cumprir”. Estas leituras resumem as maravilhas de Deus a favor dos homens, culminando com a do evangelho da ressurreição que nos relata São Lucas. Palavras sagradas as que devemos recorrer com frequência para alimentar a alma, para saciar a sede de eternidade. Palavras que brotam do Senhor como da sua fonte para esclarecer a nossa inteligência e acender em nós o entusiasmo pelas coisas celestiais. É a festa da Palavra.

Em terceiro lugar, a parte sacramental desta noite é mais rica: antes de tudo celebramos o Batismo, junto com a renovação das promessas batismais por parte dos que estão já batizados. Pelo batismo fomos enxertados em Cristo. Foi a nossa ressurreição espiritual, pois graças a Ele passamos da morte a vida. Nesta parte invocamos a Deus para que com o seu poder santifique a água com que serão batizados, os catecúmenos. Recorremos para isso à Igreja triunfante, à Igreja do céu, através das ladainhas, rogando aos anhos e aos santos que intercedam diante do trono de Deus por nós e pelos que serão batizados. Ao abençoar a água, o sacerdote introduz nela o círio pascal, imagem de Cristo, com cujo contato adquire a sua virtude santificadora. É a festa da água.

Em quarto lugar, passamos agora aa Eucaristia, a principal de todo ano, na que participamos do Corpo e do Sangue do Ressuscitado. É Cristo como alimento para o caminho e para a luta pela santidade. É a festa do Pão e do Vinho, convertidos em comida celestial para a nossa salvação. A Eucaristia é um banquete. Venham e comam! Não fiquem com fome! É um banquete no qual Deus Pai nos serve o Corpo e o Sangue, a alma e a divindade do seu próprio Filho, feito Pão celestial. Pão singelo, pão terno, pão sem fermento… Mas já não é pão, mas o Corpo de Cristo. Venham e comam! Só se necessita o traje de gala da graça e da amizade com Deus, senão, não podemos nos aproximar da comunhão, pois “quem comer o Corpo de Cristo indignamente, come a sua própria condenação”, diz-nos São Paulo (1 Cor 11,27). Este pão da Eucaristia nos liberta desta morte e nos dá a vida imortal. Todo alimento nutre de acordo as suas propriedades. O alimento da terra alimenta para o tempo. O alimento celestial, Cristo Eucaristia, alimenta para a vida eterna.

Finalmente, especial esta noite é também a conclusão da Eucaristia, com os “aleluias” da despedida, a saudação cantada à Virgem e a prolongação, se for possível, de um pequeno ágape dos participantes no salão principal da paróquia. É a festa da vida pascal, feita convívio e caridade fraterna.       

Para refletir: Do Pregão Pascal da Vigília Pascal, meditemos:
Esta é a noite em que,
Quebradas as correntes da morte,
Cristo ascende vitorioso do abismo.
De que serviria termos nascido
Se não fossemos sido resgatados?
Que assombroso benefício do vosso amor por nós!
Que incomparável ternura e caridade!
Para resgatar o escravo, entregaste o Filho!
Necessário foi o pecado de Adão,
Que foi apagado pela morte de Cristo.
Feliz culpa que mereceu tão grande Redentor!

Para rezar: Louvamos-te, Senhor, pela vossa ressurreição maravilhosa! Obrigado por morrer como o grão de trigo para nos gerar como os muitos grãos cheios com a vossa vida divina! Obrigado por morrer como o Unigênito de Deus e ressuscitar como o Primogênito, conosco como os muitos irmãos! Agora somos filhos e irmãos de Cristo! Obrigado por fazer-nos a semente corporativa, vossa continuação e vossa produção! Senhor, só queremos colaborar convosco o melhor possível hoje, permitindo-Vos viver em nós para nós poder viver-vos! Somos a vossa expressão e a vossa continuação, somos os vossos “longos dias”!

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