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sábado, 12 de maio de 2012

Lectio Divina para a VI Domingo da Páscoa
Ir. Anabela Silva fma

«É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei.»

A liturgia deste Domingo é rica em palavras de amor e sobre o amor. Simples, mas extraordinárias. Parecem ser muitas e repetitivas, mas existe acima de tudo o desejo de, no silêncio, deixar cantar dentro de nós o próprio Amor. Nos dias de hoje, a palavra amor pode confundir-se nas nossas mentes, uma vez que há tantas formas de amar: desde o simples desejo de amar ao amor desinteressado; do amor materialista ao mais espiritual; do amor a si mesmo até ao desprezo por Deus, ao amor de Deus até ao desprezo de si mesmo.
O convite é a andarmos mais além: as palavras que Jesus dirige aos seus discípulos são palavras dirigidas também a nós, ao nosso tempo; o convite a renovar a Aliança fundada sobre o Amor. Por iniciativa de Deus que imprimiu e fez sentir o amor ao longo da história humana é o mesmo amor concretizado em Jesus que nos deixa o seu mandamento: continuar a amar ao modo de Deus, mas como Ele amou, até ao dom total de si mesmo. Eis a raiz de toda a nossa vida cristã (agir, pensar, falar): amar como Ele nos amou.

Evangelho segundo S. João (10, 11-18)
 “Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Assim como o Pai me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. Disse-vos estas coisas, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa. É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai. Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. E assim, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá. O que Vos mando é que vos ameis uns aos outros.»

SEGUNDA FEIRA

PALAVRA - Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Assim como o Pai me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor.
     Naquele tempo… mais um encontro que Jesus tem com os seus discípulos; mais uma palavra de afeto e de amor em relação aos seus; mais um chamamento a viver a partir do amor. O mesmo amor vivido com Pai e manifestado ao longo da sua existência. Naquele tempo… a partilha da alegria e da doação de tudo o que tinha: o amor do Pai.

MEDITAÇÃO
     Jesus sabe que dentro de nós, trazemos uma grande necessidade de amor: necessidade de sermos acolhidos como somos, de nos perdermos nos braços da ternura quando estamos longe de casa, de sermos acompanhados com estima e simpatia principalmente quando caminhamos nas perigosas encruzilhadas da vida; necessidade de autêntico afeto, sem medida e sem interesse. Unirmo-nos a Ele, no amor do Pai, é permanecermos unidos à videira, à vida que nos unifica por dentro, que sacia a nossa sede e fome de verdade e justiça.

ORAÇÃO
         Senhor, só Tu podes ensinar-me a linguagem do amor.
 Só Tu, podes responder às minhas necessidades mais profundas de amor.
Quero permanecer no Teu amor, unir-me a Ti e fazer o que agrada ao Pai.

Na minha oração da manhã direi no silêncio do meu ser:
Como o Pai me amou, Eu vos tenho amado, permanecei no meu amor, permanecei no meu amor.
 Ao longo do dia repetirei as vezes que forem necessárias.

AÇÃO
       Hoje, se a palavra convida- me a permanecer no amor: procurarei ser sinal e expressão desse amor no encontro com as pessoas da minha escola, universidade ou local de trabalho.

TERÇA FEIRA

PALAVRA - Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor.
        Quem vive unido a Jesus, guarda os seus mandamentos e permanece no seu amor, é fiel. Viver como Jesus viveu, é experimentar a fidelidade de Deus que desde sempre nos amou. Jesus acima de tudo faz-nos contemplar a fonte do amor, a mesma fonte que lhe dá a plenitude e a alegria total, isto é, a vida de Deus.

MEDITAÇÃO
Jesus sente-se amado pelo Pai, experimenta sobre si mesmo o amor gratuito e forte, vive em constante e plena comunhão com Ele. Aprendeu de Deus Pai a amar e corresponde com espírito dócil e concreto. Esta experiência de comunhão, de ágape, Jesus quer passá-la para o concreto da nossa existência, pois o Amor oferece-nos a riqueza da vida que ultrapassa os nossos méritos, porque é dom. Se permanecemos no Amor, Jesus é Vida em nós; Ele atual em e através de nós: anuncia a Boa Nova ao pobre, ama, cura, enxuga as lágrimas. Permanecer no Seu Amor é agir segundo o Amor. Que outra coisa se pode esperar de um discípulo de Cristo?  Que observe os seus mandamentos, assumindo a mesma paixão pela humanidade, o mesmo amor gratuito e salvador por todos os homens.

ORAÇÃO
 Senhor Jesus, Filho muito amado do Pai,
 ensina-me a linguagem inefável do amor.
 E como criança pequena, que eu aprenda
 com os fatos e os gestos concretos de cada dia
 a grande lição de viver do Amor.

AÇÃO
      Hoje permaneço na proximidade das relações, no sorriso que faço, na escuta atenta das alegrias e tristezas das pessoas que comigo se encontram; hoje permaneço na serenidade do diálogo e na partilha da vida que me habita.

QUARTA FEIRA

PALAVRA - Disse-vos estas coisas, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa. É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei.
         Das palavras de Cristo chega-nos ao coração a união que Ele vivia com o Pai, assim como a fidelidade aos seus mandamentos. A força desta união e a observância dos mandamentos leva à plenitude da alegria. A alegria que nasce do amor só pode ser uma alegria autêntica e duradoura. Como dizia Madre Mazzarello «A alegria é sinal de um coração que ama muito o Senhor». Se amarmos como Ele amou perceberemos esta alegria.

MEDITAÇÃO
       Se vivermos o amor como o vive Deus e como vive Jesus, a nossa alegria será estonteante, porque manifestará a plena realização da nossa vida. A alegria de que nos fala Jesus não toca a dimensão da renúncia da felicidade, como alguns pensam quando se fala em questões religiosas e de vida cristã. Como se o permanecer em Cristo fosse a maior infelicidade que existe à face da terra. E quantos não nos olham de lado!
       A alegria que nos é proposta é a da união com Ele e com o Pai, a mesma vida de comunhão que os une, mesmo que passe pela dor e pelo sofrimento. Porque a verdadeira morada do cristão, não é um mero espaço ou um lugar, mas o próprio amor de Cristo; nele vivemos, crescemos e agimos. E qual é o seu mandamento? É doar-se totalmente à humanidade até à morte de cruz. É o COMO Jesus amou que muda a nossa qualidade de querer bem e resgata a nossa experiência de amor. O amor é mais do que emotividade, espontaneidade, sexo; é um ato de liberdade de quem se dá para que outro tenha vida.

ORAÇÃO
    No silêncio da manhã ou da noite rezo com calma o salmo 97, agradecendo ao Senhor a alegria de ser fruto do seu amor:

Cantai ao Senhor um cântico novo
Pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória.

O Senhor deu a conhecer a salvação,
Revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-se da sua bondade e fidelidade
Em favor da casa de Israel.

Os confins da terra puderam ver
A salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
Exultai de alegria e cantai.

AÇÃO
       Hoje, apostarei numa presença que irradia alegria. Farei de cada instante, não um momento de alegria vã, ilusória e balofa que derivam do egoísmo e da procura do próprio interesse, mas um momento de manifestação de Deus.

QUINTA FEIRA

PALAVRA - Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai.
     S. João na sua primeira carta escreve: «Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados.» Jesus traduziu plenamente a vontade do Pai ao amar-nos de modo tão radical: colocar-se na nossa pele, unindo-se a nós com tal intensidade, ternura e amizade ao ponto de dizer «Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos»

MEDITAÇÃO
    Jesus veio para que conhecêssemos em profundidade o mistério que nos faz compreender a imensidão do amor de Deus por nós. Jesus deseja que o discípulo partilhe tudo com Ele e sinta que é chamado a uma extraordinária missão, aquela reservada apenas aos amigos. Para Jesus, somos sempre amigos, mesmo quando, como Judas, não somos fieis à Aliança. É por todos os amigos que Jesus está a disposto a dar a vida. Não somos servos ao serviço de um patrão, que não conhecem o projeto ou só externamente o sabem e limitam-se a executar ordens. Somos amigos, confidentes, que vivemos a comunhão de vida e partilha de projetos. Jesus chama-nos amigos porque nos revelou o projeto do Pai e nos chama a colaborar com Ele na realização do mesmo. O amigo não pede o que não dá primeiro, não manda sem que não tenha feito a experiência. Olhando para Jesus conhecemos o Caminho da verdadeira relação com Deus e entre nós. Lendo os sinais entramos no mistério de um amor que deseja que cada um de nós se torne «outro Cristo», a fim de que a Palavra tenha sempre voz.

ORAÇÃO
    Na minha oração deste dia rezarei o Pai Nosso calmamente e de cada frase farei uma pequena meditação.
Pai Nosso...

AÇÃO
    Hoje, debruçar-me-ei durante algum tempo sobre o meu projeto de vida. Analisarei a minha relação com Deus e com os outros: até que ponto dou a minha vida para que o projeto de Deus se realize?

SEXTA FEIRA

PALAVRA -  Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. E assim, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá.
 Por iniciativa e gratuidade é a nossa eleição e salvação. O Senhor escolhe-nos e destina-nos para que levemos o mesmo amor com a mesma força que Ele ama e o fruto da entrega permaneça no mundo. Destina-nos a levar o amor com a força da oração.

MEDITAÇÃO
   Jesus escolheu-nos não para nos ligar a Si, mas para nos enviar aos irmãos. Esta circularidade do amor é sinal que grita e quer continuar a gritar a presença de Deus no mundo: Jesus que vive a perfeita união com o Pai, introduz-nos nessa comunhão, para que bebendo da fonte, possamos ser amor e tornar visível o rosto de Deus nas nossas realidades, até ao dom total de nós mesmos. Como aconteceu com Jesus, como cristãos, devemos  ter a coragem de dar a vida pela Igreja. Este é o fruto da missão, da evangelização e do testemunho e assim «todos os confins da terra podem ver a salvação do nosso Deus». Ser cristão, não é uma filosofia mental. Não é uma ideia bela para se partilhar: é vida. E a vida vive-se com as pernas, com os braços, com a mente, com a palavra, no mundo, na escola, na família… por todo o lado e com todos!

ORAÇÃO
 Senhor,
 amar sem medida parece absurdo
 e encontramos mil motivações
 para nos justificarmos.
 Amamos com facilidade
 quem não nos dá trabalho
 quem está longe
 e não nos pisa os pés.
 Testemunhar o amor gratuito é um grande desafio.
 Dá-me, Senhor Jesus, o Amor que vem de Ti,
 que tem como lei o amor oblativo.
 Dá-me o Amor- dom- serviço- sorriso- partilha
 que só Tu podes dar.
 Faz, Senhor,
 que o mundo saboreie o céu. Amém

AÇÃO
    Hoje, viverei o meu ser enviado: as minhas palavras e atitudes sejam reflexo da minha vocação ao amor; o olhar atento, o sorriso no momento de tristeza, a mão estendida para as necessidades dos irmãos.

SÁBADO

PALAVRA - O que Vos mando é que vos ameis uns aos outros.
    O amor é dado de mãos cheias para que cada um de nós encontre em Jesus a plenitude da vida.
     «O amor de Deus não conhece limites e confins de qualquer espécie, mas supera o tempo e espaço. Ultrapassa qualquer barreira de raça, de cultura, de nação e de fé. O ágape é eterna: tudo passa, mesmo a esperança e a fé, mas o amor permanece sempre. Nem mesmo a morte o pode apagar, pois este é mais forte que ela.»

MEDITAÇÃO
   O convite é sempre antigo e sempre novo: viver a partir do Amor. A capacidade de olhar o outro/ o irmão nos olhos e dizer-lhe «Quero-te bem» mesmo quando não estamos de acordo sobre pensamentos e modos de fazer, é sinal de quanto nos sentimos amados.  
     Amar é capacidade de sairmos dos nossos esquemas e dos nossos pontos de vista… amar é procurar e desejar o bem do outro. É uma experiência que nos leva a transformar os inimigos em amigos, a ser e a viver em comunhão com toda a criatura. «Quem não ama permanece na morte» (1Jo 3, 14) e não «na casa» que é Cristo. A nossa fé manifesta-se no amor por Deus e pelos irmãos. Se o amor não gera alegria não vem de Deus, fecha-se em si mesmo e não cria reciprocidade e fraternidade. Se como cristãos deixamos morrer o fogo do amor que Deus acendeu em nossos corações, o mundo morrerá de frio! Então será bom questionarmo-nos: O que entendi do mandamento do amor? Como o vivo? Já descobri qual a minha missão na Igreja?

ORAÇÃO
     Senhor, Tu deste a vida pelos teus amigos: ensina-me a viver como Tu viveste, para que seja benção para os meus irmãos:
 Senhor Jesus,
 ajuda-me a difundir por toda a parte
 o Teu perfume.
 Inunda a minha alma
 com o Teu Espírito e com a tua vida.
 Invade-me completamente
 e faz-me “mestre” de todo o meu ser
 para que a minha vida seja sinal da tua.
 Ilumina, servindo-te de mim
 e toma-me de tal maneira
 ao ponto de quem se aproxima
 possa sentir a Tua presença em mim.
 Permanece em mim.
 Então resplandecerei e serei luz para os outros.
 Mas esta luz terá a sua fonte
 Unicamente em Ti, Jesus,
 e de mim não sairá um único raio.
 Louva em mim, Senhor,
 e que esse louvor ilumine
 quem está comigo;
 Que eu não anuncie com palavras
 mas com o exemplo das minhas ações
 e do amor que o meu coração
 recebe de Ti.
 (Adaptado John Henry Newman)

AÇÃO
  Hoje, procurarei querer o bem dos meus irmãos, mas sobretudo darei pequenos passos para amar e querer bem aqueles que não estão tão próximos de mim devido ao orgulho e aos conflitos gerados. Aproximar-me-ei de quem não me é tão simpático, deixando que a graça e o amor de Deus trabalhem em mim e eu possa viver do verdadeiro Amor.

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