M E D I T A Ç Õ E S Q U A R E S M A I S
O SERVO SOFREDOR - A história da paixão de Cristo XVI
Pequei, traindo sangue
inocente
Então, Judas, o que o traiu, vendo que
Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos
principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo:
Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos
importa? Isso é contigo. Então, Judas,
atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se
(Mateus 27.3-5).
A consciência de Judas entra em colapso.
Até há pouco, ele estava calmo e feliz. Tinha as trinta moedas de prata no
bolso. Quanta felicidade. Porém, esta felicidade durou pouco. Vendo que Jesus
fora condenado à morte, teve remorsos. Por que a condenação de Jesus à morte o
perturbou? Sem dúvida, porque Satanás havia enganado a Judas. Em que sentido?
Dizendo-lhe: Jesus é todo- poderoso. Mesmo que o prendam, na hora precisa, ele
se libertará, como das vezes anteriores. (Lc 4.29,30; Jo 8.58; 10.38). Não vão
conseguir matá-lo. Tu ficarás com o dinheiro, pedirás perdão a Jesus e tudo
estará bem. Que engano, que cegueira. Agora viu que Jesus fora açoitado, como
lhe cuspiram no rosto e lhe deram bofetadas, o condenaram à morte, e não
acontecia nada. Jesus não se libertou. Nesta hora, Satanás tinha mais uma
preocupação em relação à Judas: Não permitir que Judas lhe escapasse das mãos.
Portanto conduzi-lo o quanto antes ao desespero e à morte. Deve ter-lhe pintado
o pecado da traição com todas as cores negras. A consciência de Judas passou a
acusá-lo e Satanás lhe fazia ver: Teu pecado é grande de mais para ser
perdoado. Atormentado por sua consciência, Judas foi ao palácio do sumo
sacerdote e exclamou: Pequei, traindo sangue inocente. Os fariseus lhe
responderam: Que importa? Isto é contigo. Então Judas, atirando para o
santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se. Pobre Judas.
Alguém talvez poderia dizer: Mas o que Judas
poderia fazer? Sua morte horrenda fora profetizada. Sim, Deus em sua
onisciência a previu. A onisciência de Deus, no entanto, não foi a causa do
pecado nem do suicídio de Judas. Judas pecou por sua própria vontade. Jesus
morreu também pelo pecado de Judas e o advertiu o suficiente, mas Judas
rejeitou todo o amor de Jesus e se precipitou à eterna condenação.
Pedro também traiu Jesus. Não havia, em si,
diferença entre o pecado de Judas e de Pedro. O cantar do galo acordou a Pedro
e o olhar complacente de Jesus confortou a Pedro. Ele chorou amargamente, em
verdadeiro arrependimento e o evangelho o confortou, o levou a confiar no amor
de Jesus, para que não desesperasse. Judas devolveu o dinheiro por remorsos,
mas não havia nele verdadeiro arrependimento, num sentido de voltar a Deus e
suplicar o perdão, confiante na graça de Cristo.
Satanás continua a rodear todo cristão, como leão que ruge (1 Pedro 3.8). Muitas
são nossas quedas. Importa viver diante da face de Deus em verdadeiro
arrependimento e confiança na graça de Cristo.
Sabemos quão difícil é confiar em Cristo,
quando a consciência nos acusa de pecado. Não conseguimos orar. Parece que
temos que esperar até sentimo-nos melhores. Nossa consciência não para de nos
acusar. Nisso Satanás ganha forças. Importa ir logo a Cristo, suplicar o
perdão, cantar hinos, recitar versículos bíblicos para silenciar a consciência. Mas quem rejeitar este amor divino pela
incredulidade, voltando a amar o pecado, a este valerão as palavras de Jesus: Melhor
lhe fora não haver nascido! (Mateus 26.24 )
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