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sábado, 3 de agosto de 2024

Segunda-feira da 18ª semana do Tempo Comum

Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior
 
1ª Leitura (Jer 28,1-17):
No quarto ano do reinado de Sedecias, rei de Judá, no quinto mês, Ananias, filho de Asur, profeta natural de Gabaon, falou deste modo a Jeremias no templo do Senhor, na presença dos sacerdotes e de todo o povo: «Assim fala o Senhor do Universo, Deus de Israel: ‘Vou quebrar o jugo do rei de Babilónia. Dentro de dois anos, farei voltar para este lugar todos os objetos do templo do Senhor, que o rei de Babilónia, Nabucodosor, tirou deste lugar e levou para Babilónia. Também farei regressar Jeconias, filho de Joaquim, rei de Judá, e todos os cativos de Judá que foram para Babilónia, – diz o Senhor – porque vou quebrar o jugo do rei de Babilónia’». Então o profeta Jeremias respondeu ao profeta Ananias, na presença dos sacerdotes e de todo o povo, que estavam no templo do Senhor: «Amém! O Senhor assim o faça. O Senhor realize as palavras que profetizaste, fazendo voltar de Babilónia para este lugar os objetos do templo do Senhor e todos os cativos. No entanto, escuta as palavras que vou dizer aos teus ouvidos e aos ouvidos de todo o povo: Os profetas de outrora, que existiram antes de mim e antes de ti, anunciaram para muitos países e reinos poderosos a guerra, a desgraça e a peste. Mas o profeta que anuncia a prosperidade só é reconhecido como verdadeiro enviado do Senhor quando se realiza o que ele profetizou». Então o profeta Ananias tirou o jugo do pescoço do profeta Jeremias e quebrou-o e disse na presença de todo o povo: «Assim fala o Senhor: ‘Deste modo, dentro de dois anos, Eu quebrarei o jugo de Nabucodonosor, rei de Babilónia, tirando-o do pescoço de todas as nações’». E o profeta Jeremias foi-se embora. Depois de Ananias ter quebrado o jugo que estava no pescoço do profeta Jeremias, foi dirigida ao profeta Jeremias a palavra do Senhor: «Vai dizer a Ananias: Assim fala o Senhor: Tu quebraste um jugo de madeira, mas Eu farei em seu lugar um jugo de ferro. Porque assim fala o Senhor do Universo, Deus de Israel: Vou pôr um jugo de ferro no pescoço de todas as nações, para que sirvam Nabucodonosor, rei de Babilónia. Elas ficar-lhe-ão submissas e Eu vou entregar-lhe até os animais do campo». O profeta Jeremias disse ainda ao profeta Ananias: «Escuta, Ananias. O Senhor não te enviou e tu levas este povo a confiar em mentiras. Por isso, assim fala o Senhor: Vou expulsar-te da face da terra e morrerás ainda este ano, porque pregaste a revolta contra o Senhor». E o profeta Ananias morreu no sétimo mês desse ano.
 
Salmo Responsorial: 118
R. Ensinai-me, Senhor, os caminhos da vossa lei.
 
Afastai-me do caminho da mentira e dai-me a graça de cumprir a vossa lei. Não me tireis da boca a palavra da verdade, porque eu espero nos vossos juízos.
 
Voltem-se para mim os que Vos temem e conhecem as vossas ordens. Seja perfeito o meu coração em cumprir os vossos decretos, de modo que eu não seja confundido.
 
Os pecadores esforçam-se por me perder, mas eu medito nas vossas ordens. Não me tenho afastado dos vossos juízos, porque sois Vós quem me ensina.
 
Aleluia. Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel. Aleluia.
 
Evangelho (Mt 14,13-21): Naquele tempo, ao ser informado da morte de João, Jesus partiu dali e foi, de barco, para um lugar deserto, a sós. Quando as multidões o souberam, saíram das cidades e o seguiram a pé. Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se dele e disseram: «Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!». Jesus porém lhes disse: «Eles não precisam ir embora. Vós mesmos dai-lhes de comer!». Os discípulos responderam: «Só temos aqui cinco pães e dois peixes». Ele disse: «Trazei-os aqui». E mandou que as multidões se sentassem na relva. Então, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção, partiu os pães e os deu aos discípulos; e os discípulos os distribuíram às multidões. Todos comeram e ficaram saciados, e dos pedaços que sobraram recolheram ainda doze cestos cheios. Os que comeram foram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.
 
«Ergueu os olhos para o céu...»
 
Rev. D. Xavier ROMERO i Galdeano (Cervera, Lleida, Espanha)
 
Hoje, o Evangelho toca nossos "esquemas mentais"... Por isso, hoje, como nos tempos de Jesus, podem surgir as vozes dos prudentes para sopesar se vale a pena determinado assunto. Os discípulos, ao ver que se fazia tarde e, como não sabiam como atender àquelas pessoas reunidas em torno de Jesus, encontraram uma saída honrosa: «Que possam ir aos povoados comprar comida!» (Mt 14,15). Não podiam esperar que seu Mestre e Senhor contrariasse esse raciocínio, aparentemente tão prudente, dizendo-lhes: «Vós mesmos dai-lhes de comer!» (Mt 14,16).
 
Um ditado popular diz: «Aquele que deixa Deus fora de suas contas, não sabe contar». E é verdade, os discípulos —e nós também— não sabemos contar, porque nos esquecemos frequentemente, de acrescentar o elemento de maior importância na soma: Deus mesmo entre nós.
 
Os discípulos fizeram bem as contas; contaram com exatidão o número de pães e peixes, mas ao dividi-los mentalmente entre tanta gente, eles obtinham sempre um zero periódico; por isso optaram pelo realismo prudente: «Só temos aqui cinco pães e dois peixes» (Mt 14,17). Não percebem que eles têm a Jesus —verdadeiro Deus e verdadeiro homem— entre eles!
 
Parafraseando a São Josemaria, não nos seria mal recordar aqui que: «os empreendimentos de apostolado, está certo —é um dever— que consideres os teus meios terrenos (2 + 2 = 4). Mas não esqueças nunca! Que tens de contar, felizmente, com outra parcela: Deus + 2 + 2...». O otimismo cristão não é baseado na ausência de dificuldades, de resistências e de erros pessoais, mas em Deus que nos diz: «Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos» (Mt 28,20).
 
Seria bom se você e eu, quando confrontados com as dificuldades, antes de darmos uma sentença de morte à ousadia e ao otimismo do espírito cristão, contássemos com Deus. Tomara que possamos dizer como São Francisco, naquela oração genial: «Onde houver ódio que eu leve o amor», isto é, onde as contas não baterem, que contemos com Deus.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Possivelmente não nos encontremos em situação de dar muito, mas sempre podemos dar a alegria que brota dum coração que ama a Deus» (Santa Teresa de Calcutá)
 
«Esses poucos pães e peixes, partilhados e abençoados por Deus, foram suficientes para todos. E atenção! Não é magia, mas é um 'sinal': um sinal que convida a ter fé em Deus, Padre providente» (Francisco)
 
«A sagrada Comunhão do corpo e sangue de Cristo aumenta a união do comungante com o Senhor, perdoa-lhe os pecados veniais e preserva-o dos pecados graves. E uma vez que os laços da caridade entre o comungante e Cristo são reforçados, a recepção deste sacramento reforça a unidade da Igreja, corpo Místico de Cristo» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.416)
 
Reflexão
 
• O capítulo 14 de Mateus, que inclui a história da multiplicação dos pães, propõe um itinerário que leva o leitor à descoberta progressiva da fé em Jesus: desde a falta de fé dos conterrâneos de Jesus até o reconhecimento do Filho de Deus passando pelo dom do pão. Os concidadãos de Jesus estão surpreendidos com a sua sabedoria, mas não compreendem que ela age através de suas obras. Tendo até mesmo um conhecimento direto da família de Jesus, de sua mãe, irmãos e irmãs, não conseguem aceitar a Jesus, a não ser apenas sua condição humana: é o filho do carpinteiro. Incompreendido em sua terra natal, a partir de agora Jesus viverá entre o povo ao qual dedicará toda a sua atenção e solidariedade, curando e alimentando as multidões.
 
Dinâmica da narrativa. Mateus narra acuradamente o episódio da multiplicação dos pães. O episódio está narrado entre duas expressões de transição nas quais se diz que Jesus se retira "à parte" das multidões, dos discípulos e da barca (vv.13-14; vv.22-23). O versículo 13 não só serve como uma transição, mas também fornece o motivo pelo qual Jesus está em um lugar deserto. Esta estratégia serve para especificar o ambiente em que ocorre o milagre. O evangelista enfoca a história na multidão e na atitude de Jesus a respeito da mesma.
 
Jesus se comove em seu interior. No momento em que chega, Jesus encontra uma multidão que o espera; ao ver as multidões se comove e cura os seus doentes. É uma multidão "cansada e abatida como ovelhas sem pastor" (9,36; 20,34) O verbo que expressa a compaixão de Jesus é verdadeiramente expressivo: a Jesus "se lhe despedaça o coração", corresponde ao verbo hebraico que expressa amor visceral da mãe. É o mesmo sentimento que tinha Jesus diante do túmulo de Lázaro (Jo 11,38). Compaixão é o aspecto subjetivo da experiência de Jesus, que se faz efetiva com o dom do pão.
 
O dom do pão. O relato da multiplicação dos pães se abre com uma expressão: "Caía a tarde" (v.15), que também introduz o relato da Última Ceia (Mt 26,20) e do sepultamento de Jesus (Mt 27,57 ). À tarde, então, Jesus convida os apóstolos para alimentar a multidão, em meio ao deserto longe de vilas e cidades. Jesus e os discípulos estão diante de um problema humano muito forte: alimentar a grande multidão que segue Jesus. Mas eles não conseguem suprir as necessidades materiais da multidão, sem o poder de Jesus. A resposta imediata dos discípulos é mandá-los para casa. Diante dos limites humanos, Jesus intervém e realiza o milagre saciando a todos os que o seguem. Dar de comer é aqui a resposta de Jesus, de seu coração que se faz em pedaços diante de uma necessidade humana muito específica. O dom do pão não é apenas suficiente para satisfazer a multidão, mas é tão abundante que se deve recolher as sobras. No v. 19b parece que Mateus deu um significado eucarístico ao episódio da multiplicação dos pães: "elevando os olhos ao céu, abençoou-os. Partindo em seguida os pães, deu-os aos seus discípulos," o papel da discípulos também fica muito evidente na função de mediação entre Jesus e a multidão: "os discípulos distribuíram ao povo" (v. 19c). Os gestos que acompanham o milagre são idênticos aos que Jesus adotará mais tarde na "noite em que foi entregue": levanta os olhos, abençoa o pão e o parte. Disto se deduz o valor simbólico do milagre: pode se considerar uma antecipação da Eucaristia. Além disso, alimentar a multidão por parte de Jesus é um "sinal" de que ele é o Messias e de que prepara um banquete de festa para toda a humanidade. De Jesus, que distribuiu os pães, os discípulos aprendem o valor da partilha. É um gesto simbólico que contém um fato real que vai além do episódio mesmo e se projeta para o futuro: o dom da nossa Eucaristia diária, em que revivemos aquele gesto do pão partido, é necessário que seja reiterado ao longo do jornada.
 
Para um confronto pessoal
1. Você se esforça para fazer gestos de solidariedade com aqueles que estão perto de você partilhando o caminho da vida? Diante dos problemas concretos de seus amigos ou parentes, você sabe oferecer sua ajuda e tua disponibilidade de colaborar para encontrar maneiras de resolver?
2. Jesus, antes de partir o pão, levanta os olhos para o céu, você sabe agradecer ao Senhor pelo dom pão diário? Você sabe compartilhar seus bens com os outros, especialmente com os pobres?

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