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sábado, 27 de julho de 2024

29 de julho - SS. Marta, Maria e Lázaro

1ª Leitura (Ex 32,15-24.30-34):
Naqueles dias, Moisés desceu do monte Sinai, trazendo na mão as duas tábuas da Lei, escritas de ambos os lados, em uma e outra face. As tábuas eram obra de Deus; a escritura era letra de Deus gravada nas tábuas. Josué ouviu a vozearia do povo e disse a Moisés: «Há gritos de guerra no acampamento». Moisés respondeu-lhe: «Não são gritos de vitória, nem lamentos de derrota; o que eu ouço são vozes de gente a cantar». Ao aproximar-se do acampamento, viu o bezerro e as danças. Então Moisés, inflamado em cólera, arremessou as tábuas e fê-las em pedaços no sopé do monte. Pegou no bezerro que eles tinham fabricado, queimou-o e triturou-o até o reduzir a pó; espalhou-o na água e deu-a a beber aos filhos de Israel. Moisés perguntou a Aarão: «Que te fez este povo, para o induzires a pecado tão grave?». Aarão respondeu-lhe: «Não se acenda a cólera do meu senhor. Bem sabes como este povo é inclinado para o mal. Foram eles que me disseram: ‘Faz-nos um deus que vá à nossa frente, porque a esse Moisés, o homem que nos fez sair da terra do Egipto, não sabemos o que lhe aconteceu’. Então eu disse-lhes: ‘Quem tem ouro?’ Eles desfizeram-se do ouro que tinham e deram-mo. Depois eu lancei-o ao fogo e saiu este bezerro». No dia seguinte, Moisés disse ao povo: «Vós cometestes um grande pecado. Mas agora vou subir à presença do Senhor, para ver se posso obter o perdão do vosso pecado». Moisés voltou à presença do Senhor e disse-Lhe: «Este povo cometeu um grande pecado, fabricando um deus de ouro. Se quisésseis ainda perdoar-lhe este pecado... Se não, peço que me risqueis do livro que escrevestes». O Senhor respondeu a Moisés: «Riscarei do meu livro aquele que pecou contra Mim. Agora vai e conduz o povo para onde Eu te disse, que o meu Anjo irá à tua frente. Mas no dia em que Eu tiver de intervir, castigarei o seu pecado».
 
Salmo Responsorial: 105
R. Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom.
 
Fizeram um bezerro no Horeb e adoraram um ídolo de metal fundido. Trocaram a sua glória pela figura de um boi que come feno.
 
Esqueceram a Deus que os salvara, que realizara prodígios no Egipto, maravilhas na terra de Cam, feitos gloriosos no Mar Vermelho.
 
E pensava já em exterminá-los, se Moisés, o seu eleito, não intercedesse junto d’Ele e aplacasse a sua ira para os não destruir.
 
Aleluia. Deus Pai nos gerou pela palavra da verdade, para sermos as primícias das suas criaturas. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 10,38-42): Naquele tempo, Jesus entrou num povoado, e uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. Ela tinha uma irmã, Maria, a qual se sentou aos pés do Senhor e escutava a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com os muitos afazeres da casa. Ela aproximou-se e disse: «Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda pois que ela venha me ajudar!». O Senhor, porém, lhe respondeu: «Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada».
 
«Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária»
 
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, também nós que estamos ocupados com muitas coisas devemos ouvir o que o Senhor nos recorda: «No entanto, uma só é necessária» (Lc 10,42): o amor, a santidade. Este é o objetivo, o horizonte que não podemos perder nunca de vista no meio de nossas ocupações cotidianas.
 
Porque ocupados estaremos sempre se obedecermos à indicação do Criador: «Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a!» (Gn 1,28). A Terra! O mundo: é aqui o nosso lugar de encontro com o Senhor. «Eu não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno» (Jo 17,15). Sim, o mundo é o altar para nós e para nossa entrega a Deus e aos outros.
 
Somos do mundo, mas não podemos ser mundanos. Muito pelo contrário, somos chamados a ser como a bela expressão de João Paulo II sacerdotes da criação, sacerdotes do nosso mundo, de um mundo que amamos apaixonadamente.
 
Eis aqui a questão: o mundo e a santidade, o trabalho diário e a única coisa necessária. Não são duas realidades opostas: temos que procurar a confluência de ambas. E essa confluência se produz em primeiro lugar e sobretudo em nosso coração, que é onde se pode unir o céu e a terra. Porque no coração humano é onde pode nascer o diálogo entre o Criador e a criatura.
 
É necessário, portanto, a oração. «O nosso tempo é um tempo em constante movimento, que frequentemente desemboca no ativismo, com o risco fácil de acabar fazendo por fazer. Temos que resistir a essa tentação, procurando ser antes de fazer. Recordamos a este respeito a reprovação de Jesus a Marta: «Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária (Lc 10,41-42)» (João Paulo II).
 
Não há oposição entre o ser e o fazer, mas sim há uma ordem de prioridade, de precedência: «Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada» (Lc 10,42).
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«A vida de Marta, é nosso mundo; a vida de Maria é o mundo que esperamos. Vivamos a de aqui com retitude para obter plenamente a outra» (Santo Agostinho)
 
«A palavra de Cristo é muito clara: não desprecia a vida ativa, e muito menos a generosa hospitalidade; mas lembra o fato de que a única coisa verdadeiramente necessária é outra: escutar a Palavra do Senhor» (Bento XVI)
 
«É tão grande a força e a virtude de Palavra de Deus, que ela se torna para a Igreja apoio e vigor e, para os filhos da Igreja, solidez da fé, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual» (Catecismo da Igreja Católica, n° 131)
 
Santos Marta, Maria e Lázaro,  amigos de Jesus
 
do site da Opus Dei

JESUS não pode se aproximar da aldeia onde vivem os seus amigos sem os visitar. A espontaneidade com que o evangelista Lucas narra a cena enfatiza a profunda confiança que existia entre o Senhor e os três irmãos de Betânia: Marta, Maria e Lázaro. Não era preciso que Ele anunciasse a sua chegada; nem sequer era necessário que Ele se preocupasse com levar um presente. Sabia que que era sempre bem-vindo e que os seus amigos ficavam sempre contentes com a sua presença e com a possibilidade de manifestar o seu carinho. O Evangelho diz-nos que Marta recebeu Jesus quando chegou à sua casa. É fácil imaginar a emoção que ela deve ter sentido quando viu o Mestre chegar. Mas essa alegria foi acompanhada de um certo nervosismo. Como boa dona de casa, ela quer que a estadia do seu amigo seja o mais agradável possível e, por isso, rapidamente coloca mãos à obra. Enquanto Ele fala, Marta segue os costumes de qualquer anfitriã: oferece a água para purificar as mãos, um pouco de óleo para a ungir a cabeça... Ao mesmo tempo, garante que os pratos cheguem na hora certa e que não falte nada. É a sua maneira de exprimir o seu amor pelo Senhor.
 
Mas a agitação do trabalho pode estar começando a ser maior do que a esperado. O seu estado de ânimo piora pouco a pouco. Enquanto continua a executar os serviços, vai raciocinando interiormente. Sente-se angustiada por não conseguir cuidar de tudo e, num cálculo fácil, chega à conclusão de que, se a sua irmã Maria a ajudasse, as coisas mudariam. Maria, por sua vez, está sentada aos pés do Senhor. Por isso, diante da sua aparente indiferença, Marta coloca-se diante de Jesus: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar” (Lc 10, 40). Marta podia ter disfarçado a sua angústia, a sua ansiedade; podia ter-se aproximado discretamente da irmã, procurando que ninguém percebesse, e pedido ajuda. Em vez disso, optou por se dirigir abertamente ao Mestre e se sente “até no direito de criticar Jesus”[Bento XVI, Audiência geral, 18/07/2010]. Mas, no final de contas, esta também é uma manifestação de proximidade com o Senhor, pois na presença de um bom amigo não precisamos disfarçar o que pensamos. Podemos pedir a Santa Marta que nos ajude a ter a mesma familiaridade com Jesus, a nos mostrarmos como somos quando falamos com Ele, mesmo que, às vezes, essa seja a oportunidade de o Mestre nos mostrar uma maneira melhor de ordenar a nossa vida.
 
* Trabalhar sabendo que Deus está em nossa casa
 
JESUS não responde à frustração de Marta com palavras duras. Conhece a sua boa intenção. Por isso, em sinal de especial afeto, refere-se a ela repetindo o seu nome: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada” (Lc 10, 41). Em nenhum momento o Senhor censura Marta por não ter feito o que era correto. Nem a convida a sentar-se aos seus pés, como Maria, e a esquecer os deveres da casa. Como é que os outros companheiros de viagem poderiam ter comido e descansado da viagem? A mudança que Ele pede é sobretudo interior: convida-a a viver as suas tarefas com uma atitude diferente. Marta fazia muitas coisas, mas tinha esquecido o mais importante: Jesus estava em casa e talvez não estivesse ouvindo as suas palavras.
 
Muitas vezes, durante o dia, podemos sentir-nos sobrecarregados como Marta. Talvez pensemos que as nossas obrigações profissionais ou familiares tornam impossível encontrar o tempo que gostaríamos para estar com Deus. No entanto, Jesus não nos propõe que deixemos de lado os nossos deveres. Como a Marta, convida-nos precisamente a encontrar o Senhor nessas ocupações, a realizar cada tarefa sabendo que o Senhor está sempre em casa na nossa alma. Deste modo, o trabalho torna-se um ato de amor constante, um contínuo “eu te amo” que vai além do que podemos repetir com os nossos lábios ou com os pensamentos. “Sobram as palavras - dizia São Josemaria -  porque a língua não consegue expressar-se; começa a serenar-se a inteligência. Não se raciocina, fita-se! E a alma rompe outra vez a cantar com um cântico novo, porque se sente e se sabe também fitada amorosamente por Deus, em todos os momentos” [São Josemaria, Amigos de Deus, n. 307].
 
* Encher de amor o nosso trabalho
 
NÃO FORAM as obras em si que distraíram Marta de Jesus. O desejo santo de lhe proporcionar um acolhimento bom e reparador, acabou em tensão e angústia, porque ela não conseguiu fazer tudo o que tinha planejado. Tinha perdido de vista a finalidade de todas as suas ações. Talvez estivesse fazendo todos estes pormenores de serviço por inércia, como faria com qualquer outro hóspede. Mas Jesus a incentiva a não esquecer o que é realmente importante: Deus estava em sua casa. Ela não estava simplesmente cumprindo o seu papel de anfitriã: estava fazendo tudo para que o Senhor descansasse. “O problema nem sempre é o excesso de atividades, mas sobretudo as atividades mal vividas, sem as motivações certas, sem uma espiritualidade que impregne a ação e a torne desejável. Daí que as tarefas sejam mais cansativas do que o razoável e, por vezes, nos façam adoecer. Não se trata de um cansaço feliz, mas de um cansaço tenso, pesado, insatisfeito e, em suma, não aceito”[Papa Francisco, Evangelii Gaudium, n. 82].
 
Todos nós, que desejamos encontrar Deus no meio do mundo, podemos ser como Marta. Temos muitas coisas a fazer que exigem a nossa atenção e esforço constantes. Isso, naturalmente, leva ao cansaço. No entanto, quando sabemos que todo esse trabalho tem um significado maior do que podemos perceber à primeira vista, é mais difícil que esse cansaço nos tire a paz, porque sabemos que nosso sucesso não pode ser medido através de cálculos humanos. No diálogo pessoal com Deus, podemos redescobrir que tudo o que fazemos tem o objetivo de amá-lo; que cuidamos deste mundo porque é d'Ele. Assim, não seremos movidos apenas pela inércia ou pelo que as circunstâncias exigem, mas pelo desejo de encontrar o Deus escondido em tudo o que fazemos. “Sem amor, mesmo as atividades mais importantes perdem valor e não dão alegria. Sem um sentido profundo, toda a nossa ação se reduz a um ativismo estéril e desordenado. E quem nos dá o amor e a verdade senão Jesus Cristo?” [Bento XVI, Ângelus, 18/07/2010]. E a quem podemos pedir que interceda por nós nesta missão de amar a Deus no nosso trabalho cotidiano senão a Santa Maria?

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