Sta.
Apolônia, virgem e mártir
Bta.
Ana Catarina Emmerick, virgem da Ordem de Sto Agostinho.
1ª
Leitura (1Re 11,29-32; 12,19): Naqueles dias, quando Jeroboão saía de
Jerusalém, veio ao seu encontro o profeta Aías, de Silo, que trazia um manto
novo. Estavam os dois sozinhos no campo. Aías pegou no manto novo que trazia e
rasgou-o em doze pedaços, dizendo a Jeroboão: «Toma para ti dez pedaços, porque
assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘Vou tirar Salomão do seu reino e
dar-te-ei dez tribos, ficando ele, no entanto, com uma tribo, em atenção ao meu
servo David e a Jerusalém, a cidade que Eu escolhi entre as doze tribos de
Israel’». E as dez tribos de Israel separaram-se da casa de David, até ao dia
de hoje.
Salmo
Responsorial: 80
R. Eu sou o Senhor, teu Deus:
escuta a minha voz.
Não terás contigo um deus alheio,
nem adorarás divindades estrangeiras. Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz
sair da terra do Egipto.
Mas o meu povo não ouviu a minha
voz, Israel não me quis obedecer. Por isso os entreguei à dureza do seu coração
e eles seguiram os seus caprichos.
Oh se o meu povo Me escutasse, se
Israel seguisse os meus caminhos, num instante esmagaria os seus inimigos,
deixaria cair a mão sobre os seus adversários.
Aleluia. Abri, Senhor, o nosso
coração, para recebermos a palavra do vosso Filho. Aleluia.
Evangelho
(Mc 7,31-37): Jesus deixou de novo a região de Tiro, passou por Sidônia
e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole.
Trouxeram-lhe, então, um homem que era surdo e mal podia falar, e pediram que
impusesse as mãos sobre ele. Levando-o à parte, longe da multidão, Jesus pôs os
dedos nos seus ouvidos, cuspiu, e com a saliva tocou-lhe a língua. Olhando para
o céu, suspirou e disse: «Efatá!» —que quer dizer: «Abre-te». Imediatamente, os
ouvidos do homem se abriram, sua língua soltou-se e ele começou a falar
corretamente. Jesus recomendou, com insistência, que não contassem o ocorrido
para ninguém. Contudo, quanto mais ele insistia, mais eles o anunciavam. Cheios
de grande admiração, diziam: «Tudo ele tem feito bem. Faz os surdos ouvirem e
os mudos falarem».
«Tudo ele tem feito bem»
Rev. D. Joan MARQUÉS i Suriñach (Vilamarí,
Girona, Espanha)
Hoje o Evangelho apresenta-nos um
milagre de Jesus: fez voltar a ouvir e destravou a língua a um surdo. A gente
ficou admirada e dizia: «Tudo ele tem feito bem» (Mc 7,37).
Esta é a biografia de Jesus feita
pelos seus contemporâneos. Uma biografia curta e completa. Quem é Jesus? É
aquele que tudo tem feito bem. No duplo sentido da palavra: no que e no como,
na substância e na maneira. É aquele que só fez boas obras, e que realizou bem
as boas obras, de uma maneira perfeita, bem-acabada. Jesus é uma pessoa que
tudo faz bem, porque só faz ações boas e aquilo que faz deixa-o acabado. Não
entrega nada a meio fazer; e não espera a depois para terminar.
Procure também você deixar as
coisas totalmente terminadas agora: a oração; o trato com os familiares e as
outras pessoas; o trabalho; o apostolado; a formação espiritual e profissional;
etc. Seja exigente consigo mesmo, e seja também exigente, suavemente com quem
depende de você. Não tolere trabalhos mal-feitos. Deus não gosta e incomodam ao
próximo. Não tenha essa atitude para ficar bem, nem porque é o que más rende,
humanamente; senão porque a Deus não lhe agradam as obras más nem as obras
“boas” mal-feitas. A Sagrada Escritura afirma: «Suas obras são perfeitas» (Dt
32,4). E o Senhor através de Moisés, manifesta ao Povo de Israel: «Nenhuma
coisa, porém, que tiver defeito oferecereis, porque não será aceita a vosso
favor» (Lev 22,20). Pede a ajuda maternal da Virgem Maria. Ela, como Jesus,
também fez tudo bem-feito.
São Josemaria oferece-nos o
segredo para consegui-lo: «Faz o que deves e está no que fazes». É essa a sua
maneira de atuar?
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Tarde Te amei, ó Beleza tão
antiga e tão nova... Tarde Te amei! Tu estavas dentro de mim e eu fora...
Chamaste, clamaste por mim e rompeste a minha cegueira. Exalaste o Teu Perfume
e, respirando-o, suspirei por Ti, Te desejei. Eu Te provei, Te saboreei e,
agora, tenho fome de Ti» (Santo Agostinho)
«Existe uma clausura interior,
que diz respeito ao núcleo mais profundo da pessoa, ao qual a Bíblia chama
"coração". Foi isto que Jesus veio "abrir", libertar, a fim
de nos permitir viver plenamente a relação com Deus e com os outros» (Benedito
XVI)
«(...) Na sua pregação, o Senhor
Jesus serve-Se muitas vezes dos sinais da Criação para dar a conhecer os
mistérios do Reino de Deus. Realiza as suas curas ou sublinha a sua pregação
com sinais materiais ou gestos simbólicos. Dá um sentido novo aos factos e
sinais da Antiga Aliança, sobretudo ao Êxodo e à Páscoa, porque Ele próprio é o
sentido de todos esses sinais» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.151)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* No evangelho de hoje, Jesus
cura um surdo que gaguejava. Este episódio é pouco conhecido. No episódio
da Mulher Cananéia, Jesus ultrapassou as fronteiras do território nacional e
acolheu uma mulher estrangeira que não era do povo e com a qual era proibido
conversar. A mesma abertura continua no evangelho de hoje.
* Marcos 7,31. A região da
Decápole . “Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e
continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole”. Decápole
significa, literalmente, Dez Cidades. Era uma região de dez cidades ao sudeste
da Galileia, cuja população era pagã.
* Marcos 7,31-35. Abrir o
ouvido e soltar a língua. Um surdo gago é levado a Jesus. O jeito de curar
é diferente. O povo queria que Jesus apenas impusesse as mãos sobre ele. Mas
Jesus foi muito além do pedido. Ele levou o homem para longe da multidão,
colocou os dedos nas orelhas e com saliva tocou na língua, olhou para o céu,
fez um suspiro profundo e disse: “Éfata!”, isto é, “Abra-se!” No mesmo
instante, os ouvidos do surdo se abriram, a língua se desprendeu e o homem
começou a falar corretamente. Jesus quer que o povo abra o ouvido e solte a
língua!
* Marcos 7,36-37: Jesus não
quer publicidade. “Jesus recomendou com insistência que não contassem nada
a ninguém. No entanto, quanto mais ele recomendava, mais eles pregavam. Estavam
muito impressionados e diziam: "Jesus faz bem todas as coisas. Faz os
surdos ouvir e os mudos falar". Ele proíbe a divulgação da cura, mas não
adiantou. Quem teve experiência de Jesus, vai contar para os outros, queira ou
não queira! As pessoas que assistiram à cura começaram a proclamar o que tinham
visto e resumiram a Boa Notícia assim: “Jesus faz bem todas as coisas. Faz os
surdos ouvir e os mudos falar". . Esta afirmação do povo faz lembrar a
criação, onde se diz: “Deus viu que tudo era muito bom!” (Gn 1,31). E evoca
ainda a profecia de Isaías, onde este diz que no futuro os surdos vão ouvir e
os mudos vão falar (Is 29,28; 35,5. cf Mt 11,5).
* A recomendação de não contar
nada a ninguém. Às vezes, se exagera
a atenção que o evangelho de Marcos atribui à proibição de divulgar a cura,
como se Jesus tivesse um segredo a ser preservado. Na maioria das vezes que
Jesus faz um milagre, ele não pede silêncio. Uma vez até pediu publicidade (Mc
5,19). Algumas vezes, porém, ele dá ordem para não divulgar a cura (Mc 1,44;
5,43; 7,36; 8,26), mas ele obtém o resultado contrário. Quanto mais proíbe,
tanto mais a Boa Nova se espalha (Mc 1,28.45; 3,7-8; 7,36-37). Não adianta
proibir! Pois a força interna da Boa Nova é tão grande que ela se divulga por
si mesma!
* Abertura crescente no
evangelho de Marcos. Ao longo das páginas do evangelho de Marcos há uma
abertura crescente em direção aos outros povos. Assim, Marcos leva os leitores
e as leitoras a abrirem-se, aos poucos, para a realidade do mundo ao redor e a
superar os preconceitos que impediam a convivência pacífica entre os povos. Na
sua passagem pela Decápole, região pagã, Jesus atende ao pedido do povo do
lugar e cura um surdo gago. Ele não tem medo de contaminar-se com a impureza de
um pagão, pois ao curá-lo, toca-lhe os ouvidos e a língua. Enquanto as
autoridades dos judeus e os próprios discípulos têm dificuldades de escutar e
entender, um pagão que era surdo e gago passa a ouvir e a falar pelo toque de
Jesus. Lembra o cântico do servo “O Senhor Iahweh abriu-me os ouvidos e eu não
fui rebelde” (Is 50,4-5). Ao expulsar os vendedores do templo, Jesus critica o
comércio injusto e afirma que o templo deve ser casa de oração para todos os
povos (Mc 11,17). Na parábola dos vinhateiros homicidas, Marcos faz alusão ao
fato de que a mensagem será tirada do povo eleito, os judeus, e será dada aos
outros, aos pagãos (Mc 12,1-12). Depois da morte de Jesus, Marcos apresenta a
profissão de fé de um pagão ao pé da cruz. Ao citar o centurião romano e seu
reconhecimento de Jesus como Filho de Deus, está dizendo que o pagão é mais
fiel do que os discípulos e mais fiel do que os judeus (Mc 15,39). A abertura
para os pagãos aparece de maneira muito clara na ordem final dada por Jesus aos
discípulos, depois da sua ressurreição: ”Ide por todo o mundo, proclamai o
Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
Para um confronto pessoal
1. Jesus teve muita
abertura para as pessoas de outra raça, de outra religião e de outros costumes.
Será que nós cristãos hoje temos a mesma abertura? Será que eu tenho?
2. Definição da Boa Nova:
“Jesus fez bem todas as coisas!” Sou Boa Nova de Deus para os outros?
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