Santa
Escolástica, virgem
São José Luis Sanchez del Rio, mártir
1ª
Leitura (1Re 12,26-32; 13,33-34): Quando Jeroboão se tornou rei das dez
tribos de Israel, pensou consigo: «A realeza pode voltar para a casa de David.
Se o povo continuar a subir a Jerusalém, para oferecer sacrifícios no templo do
Senhor, o seu coração voltará para o seu soberano, Roboão, rei de Judá, e
acabarão por matar-me». Depois de ter tomado conselho, Jeroboão mandou fazer
dois bezerros de ouro e disse ao povo: «Não subireis mais a Jerusalém. Israel,
aqui estão os teus deuses, que te fizeram sair da terra do Egipto». Colocou um
bezerro em Betel e outro em Dan, o que constituiu uma ocasião de pecado para
Israel, porque o povo ia a Dan, para adorar o bezerro. Jeroboão construiu
santuários nos lugares altos e estabeleceu como sacerdotes homens do povo que
não eram descendentes de Levi. Instituiu também uma festa no dia quinze do
oitavo mês, semelhante à festa celebrada em Judá, e ele próprio subiu ao altar
que fizera em Betel, para oferecer sacrifícios aos bezerros feitos por ele. E
estabeleceu em Betel sacerdotes para os lugares altos que tinha construído. Jeroboão
nunca se converteu do seu mau caminho e continuou a nomear como sacerdotes
homens do povo. Dava a investidura a quem o quisesse, para se tornar sacerdote
nos lugares altos. Semelhante procedimento fez pecar a casa de Jeroboão, causou
a sua ruína e o seu extermínio da face da terra.
Salmo
Responsorial: 105
R. Lembrai-Vos de nós, Senhor,
por amor do vosso povo.
Pecámos como os nossos pais,
fizemos o mal e praticámos a impiedade. No Egipto não entenderam os vossos
prodígios, não compreenderam a imensidade dos vossos favores.
Fizeram um bezerro no Horeb e
adoraram um ídolo de metal fundido. Trocaram a sua glória pela figura de um boi
que come feno.
Esqueceram a Deus que os salvara,
que realizara prodígios no Egipto, maravilhas na terra de Cam, feitos gloriosos
no Mar Vermelho.
Aleluia. Nem só de pão vive o
homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Aleluia.
Evangelho
(Mc 8,1-10): Naqueles dias, novamente se juntou uma grande multidão e
não tinham o que comer. Jesus, então, chamou os discípulos e disse: «Sinto
compaixão desta multidão! Já faz três dias que estão comigo e não têm o que
comer. Se eu os mandar embora sem comer, vão desfalecer pelo caminho; e alguns
vieram de longe». Os discípulos responderam: «De onde conseguir, aqui em lugar
deserto, pão para saciar tanta gente?». Ele perguntou-lhes: «Quantos pães tendes?
“Eles responderam: “Sete». Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão.
Depois, pegou os sete pães, deu graças, partiu-os e deu aos discípulos para que
os distribuíssem. E distribuíram à multidão. Tinham também alguns peixinhos.
Jesus os abençoou e mandou distribuí-los. Comeram e ficaram saciados, e ainda
recolheram sete cestos com os pedaços que sobraram. Eram umas quatro mil. Então
ele os despediu. Logo em seguida, Jesus entrou no barco com seus discípulos e
foi para a região de Dalmanuta.
«Não têm o que comer»
Rev. D. Carles ELÍAS i Cao (Barcelona,
Espanha)
Hoje, tempo de inclemência e
ansiedade, também Jesus nos chama para dizer-nos o que sente «Tenho compaixão
dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo e não têm nada para
comer» (Mc 8,2). Hoje, com a paz em crise, pode abundar o medo, a apatia, o
recurso à banalidade e à evasão: «Não têm o que comer».
A quem chama o Senhor? Diz o
texto: «Naqueles dias, havia de novo uma grande multidão e não tinham o que
comer. Jesus chamou os discípulos e disse:» (Mc 8,1), quer dizer, me chama a
mim, para não os despedir em jejum, para dar-lhes algo. Jesus se compadeceu
—esta vez em terra de pagãos porque também têm fome.
Ah! e nós —refugiados em nosso
pequeno mundo— dizemos que nada podemos fazer. «Os discípulos disseram: «Onde
alguém poderia saciar essa gente de pão, aqui no deserto?» Como poderá alguém
saciar de pão estes aqui no deserto?» (Mc 8,4). De onde tiraremos uma palavra
de esperança certa e firme, sabendo que o Senhor estará conosco cada dia até o
fim dos tempos? Como dizer aos crentes e aos incrédulos que a violência e a
morte não são soluções?
Hoje, o Senhor nos pergunta,
simplesmente, quantos pães temos. Os que sejam eles necessitam. O texto diz
«sete», símbolo para pagãos, como doze era símbolo para o povo judeu. O Senhor
quer chegar a todos —por isso a Igreja quer ser reconhecida a si mesma desde
sua catolicidade— e pede tua ajuda. Dá tua oração: é um pão! Da tua Eucaristia
vivida: é outro pão! Dá tua decisão pela reconciliação com os teus, com os que
te ofenderam: é outro pão! Dá tua reconciliação sacramental com a Igreja: é
outro pão! Dá teu pequeno sacrifício, teu jejum, tua solidariedade: é outro
pão! Dá teu amor a sua Palavra, que te dá consolo e forças: é outro pão! Dá,
finalmente, o que Ele te peça, mesmo que creias que só é um pouco de pão.
Como nos diz são Gregório de
Nisa, «aquele que compartilha seu pão com os pobres se constitui em parte
daquele que, por nós, quis ser pobre. “Pobre foi o Senhor, não temas a
pobreza».
Pensamentos para o Evangelho de
hoje
«"Partir o pão" para o
Senhor significa a manifestação do mistério da Eucaristia. A sua ação de graças
significa a alegria que a salvação do género humano lhe dá. A entrega do pão
aos seus discípulos para que o repartam significa que transmitiu aos Apóstolos
a tarefa de distribuírem o sustento da vida, á Sua Igreja» (São Beda, o
Venerável)
«Este milagre não pretende
satisfazer a fome apenas de um dia, mas é um sinal do que Cristo está disposto
a fazer para a salvação de toda a humanidade, oferecendo a Sua carne e Seu
sangue» (Francisco)
«Fração do Pão, porque este rito,
próprio da refeição dos judeus, foi utilizado por Jesus quando abençoava e
distribuía o pão como chefe de família (...). É por este gesto que os
discípulos O reconhecerão depois da sua ressurreição e é com esta expressão que
os primeiros cristãos designarão as suas assembleias eucarísticas (...)»
(Catecismo da Igreja Católica nº 1.329)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O texto do evangelho de hoje
traz a segunda multiplicação dos pães. O fio que costura os vários
episódios desta parte do evangelho de Marcos é o alimento, o pão. Depois do
banquete de morte (Mc 6,17-29), vem o banquete da vida (Mc 6,30-44). Durante a
travessia do lago, os discípulos têm medo, porque não entenderam nada do pão
multiplicado no deserto (Mc 6,51-52). Em seguida, Jesus declara puros todos os
alimentos (Mc 7,1-23). Na conversa de Jesus com a mulher Cananéia, os pagãos
vão comer das migalhas que caem da mesa dos filhos (Mc 7,24-30). E aqui no
evangelho de hoje, Marcos relata a segunda multiplicação do pão (Mc 8,1-10).
* Marcos 8,1-3: A situação do
povo e a reação de Jesus . A multidão, que se juntou ao redor de Jesus no
deserto, estava sem comida. Jesus chama os discípulos e coloca o problema:
Tenho dó desse povo. Estão três dias comigo e não têm o que comer. Não posso
mandá-los de volta para casa, porque alguns deles vieram de longe e poderiam
desfalecer pelo caminho! Nesta preocupação de Jesus transparecem duas coisas
muito importantes: 1) O povo esqueceu casa e comida e foi atrás de
Jesus no deserto! Sinal de que Jesus deve ter sido uma simpatia ambulante, a
ponto de o povo andar atrás dele no deserto e ficar com ele durante três dias! 2) Jesus não manda resolver o problema. Ele
apenas manifesta a sua preocupação aos discípulos. Parece um problema sem
solução.
* Marcos 8,4: A reação dos
discípulos: o primeiro mal-entendido. Os discípulos pensam logo numa
solução, segundo a qual alguém deve arrumar pão para o povo. Não lhes passa
pela cabeça que a solução possa vir do próprio povo. Eles dizem: “Como poderia
alguém, aqui no deserto, saciar com pão a tanta gente?” Com outras palavras,
eles pensam numa solução tradicional. Alguém deve juntar dinheiro, comprar pão
e distribuir ao povo. Eles mesmos percebem que, naquele deserto, esta solução
não é viável, mas não veem outra possibilidade para resolver o problema. Ou
seja: se Jesus insiste em não mandar o povo de volta para casa, não haverá
solução para a fome do povo!
* Marcos 8,5-7: A solução
encontrada por Jesus. Primeiro, ele pergunta quantos pães eles têm: “Sete!”
Em seguida, manda o povo sentar-se. Depois, tomou os sete pães, deu graças,
partiu-os e deu aos seus discípulos para que os distribuíssem. E fez o mesmo
com os peixes. Como na primeira multiplicação (Mc 6,41), a maneira de Marcos
descrever a atitude de Jesus lembra a Eucaristia. A mensagem é esta: a
participação na Eucaristia deve levar-nos à doação e à partilha do pão com os
que não têm pão.
* Marcos 8,8-10: O resultado .
Todos comeram, ficaram saciados e ainda sobrou! Solução inesperada, nascida
de dentro do próprio povo, a partir do pouco que eles mesmos tinham trazido. Na
primeira multiplicação, sobraram doze cestos. Aqui, sete. Na primeira, foi para
cinco mil pessoas. Aqui, para quatro mil. Na primeira, havia cinco pães e dois
peixes. Aqui, sete pães e alguns peixes.
* O perigo da ideologia
dominante. Os discípulos pensavam de um jeito, Jesus pensa de outro jeito.
No modo de pensar dos discípulos transparece a ideologia dominante, o modo
comum de pensar das pessoas. Jesus pensa diferente. Não é pelo fato de uma
pessoa andar com Jesus e de viver na comunidade que ela já é santa e renovada.
No meio dos discípulos, cada vez de novo, a mentalidade antiga levantava a
cabeça, pois o “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15), isto é, a
ideologia dominante, tinha raízes profundas na vida daquele povo. A conversão
que Jesus pede vai longe e fundo. Ele quer atingir a raiz e erradicar os vários
tipos de “fermento”:
+ o “fermento” da comunidade
fechada sobre si mesma sem abertura. Jesus responde: “Quem não é contra é a
favor!" (Mc 9,39-40). Para Jesus, o que importa não é se a pessoa faz
ou não faz parte da comunidade, mas sim se ela faz ou não o bem que a
comunidade deve realizar.
+ o “fermento” do grupo que se
considera superior aos outros. Jesus responde "Vocês não sabem de que
espírito estão sendo animados" (Lc 9,55).
+ o “fermento” da mentalidade
de classe e de competição, que caracterizava a sociedade do Império Romano e
que já se infiltrava na pequena comunidade que estava apenas começando.
Jesus responde: "O primeiro seja o último" (Mc 9, 35). É o ponto em
que ele mais insistiu e em que mais deu o próprio testemunho: “Não vim para ser
servido, mas para servir” (Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-16).
+ o “fermento” da mentalidade
da cultura da época que marginalizava os pequenos, as crianças. Jesus responde:
“Deixem vir a mim as crianças!” (Mc 10,14). Ele coloca criança como professora
de adulto: “Quem não receber o Reino como uma criança, não pode entrar nele”
(Lc 18,17).
* Como no tempo de Jesus,
também hoje, a mentalidade neoliberal renasce e reaparece na vida das
comunidades e das famílias. A leitura orante do Evangelho, feita em
comunidade, pode ajudar-nos a mudar de vida e de visão e a continuar na
conversão e na fidelidade ao projeto de Jesus.
Para um confronto pessoal
1. Mal-entendidos podem
ocorrer sempre, com amigos e com inimigos. Qual o mal-entendido entre Jesus e
os discípulos por ocasião da multiplicação dos pães? Como Jesus enfrenta todos
estes mal-entendidos? Você já teve algum mal-entendido em casa, com os vizinhos
ou na comunidade? Como foi que você reagiu? A sua comunidade já enfrentou algum
mal-entendido ou conflito com as autoridades do município ou da igreja? Como
foi?
2. Qual o fermento que
hoje impede a realização do evangelho e que deve ser eliminado?
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